15/02/2007

Joalharia histórica da Cartier no Museu Gulbenkian

In Diário de Notícias (15/2/2007)
Maria João Pinto

«Pensada em 1973 com o intuito de documentar o legado da casa-mãe e de cumprir uma carreira de itinerância pelo mundo, a colecção de joalharia histórica da Cartier está em Lisboa para traçar O Percurso de um Estilo. Percurso balizado pelos anos de 1899 e 1949, numa selecção de mais de 230 peças adaptadas àquela que será a sua casa até 29 de Abril: a Galeria de Exposições Temporárias do Museu Gulbenkian.

Nesse conjunto, uma peça sobressai, por justamente estabelecer a ponte entre a colecção residente e a colecção que, a partir de hoje, poderá ser apreciada pelo público: o pendente 'Coluna Grega', executado em 1913 e posteriormente adquirido por Calouste Gulbenkian, de que a Cartier conservava o desenho preparatório e a base de moldagem em gesso, mas cuja peça final conhecia apenas através de fotografia.

Capa de catálogo, cabe-lhe também ser peça de abertura da exposição - após um primeiro núcleo documental versando os passos iniciais da casa joalheira e a sua ligação a Portugal, como uma das fornecedoras da Casa Real -, sinalizando, assim, um reencontro e uma redescoberta. Como lembrou Pierre Rainero, director de Património da Cartier, em visita de imprensa ontem realizada, "foi com particular emoção que (re)encontrámos esta peça na Fundação Gulbenkian".

Comissariada por Nuno Vassallo e Silva e por Maria Fernanda Passos Leite, Cartier 1899-1949. O Percurso de um Estilo faz desfilar jóias, mas também objectos decorativos e relojoaria, com especial realce para os "relógios misteriosos" cujos ponteiros, por ilusão de óptica, parecem operar sem ponto de fixação, recriando "o mistério do Tempo".

Nesta passagem por Lisboa, houve também a preocupação de encontrar pontos de contacto com motivos recorrentes na colecção residente. Neste caso, por via da escolha de joalharia inspirada nas artes egípcia, persa ou chinesa, em estreita ligação com a exposição permanente do museu. Paris, Tóquio, Nova Iorque, Londres, Chicago, Xangai, Berlim e Milão foram, desde 1989, algumas das escalas da Colecção Cartier. A próxima cumprir-se-á em Moscovo, no Museu do Kremlin


Mais uma excelente exposição em perspectiva, mais um exemplo do que a Gulbenkian pode fazer como verdadeiro ministério da cultura que sempre foi ... foi pena a extinção da companhia de bailado; irreversível?

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