26/06/2008

Falta de reabilitação urbana está a prejudicar comércio de rua

In Diário de Notícias (26/6/2008)
MÁRCIO ALVES CANDOSO

«Estudo. Consultora imobiliária conclui que leis são ineficazes

Investidores antecipam melhores dias, mas mudanças tardam

As medidas legislativas recentemente aprovadas que pretendem agilizar a reconversão urbana dos centros históricos das grandes cidades não estão a surtir efeito prático. Quem o afirma é a consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W), que ontem divulgou o seu primeiro relatório sobre comércio tradicional em Lisboa e Porto. "Continuamos a assistir a processos de licenciamento demasiadamente longos, que em muitos casos acabam por impor restrições de tal modo exigentes que provocam o abandono dos projectos [de reabilitação] por parte dos investidores", afirma o documento a que o DN teve acesso. (...)»

A hipocrisia dos poderes públicos é ENORME:

Ao mesmo tempo que choram lágrimas-de-crocodilo, recusam ajudar a modernizar (atenção, modernizar não é colocar alumínios e tectos falsos, modernizar é saber montar montras, atender e fidelizar os clientes, pela vantagem comparativa em relação às grandes superfícies, etc.) as lojas, mas também (e isso é incrível) proteger e classificar as lojas de carácter e de tradição da 'Baixa-Chiado', nem sequer iniciar processos de classificação como Imóveis de Interesse Municipal, com a desculpa oficial que sendo a Baixa, no seu todo, uma zona classificada de Monumento Nacional (veja-se a hipocrisia!), será uma 'descida de nível' classificar individualmente, por exemplo, a Ourivesaria Aliança, a Tabacaria Mónaco ou a Retrosaria Bijou, verdadeiros ícones do comércio da Baixa. As mais de 30 lojas da zona cuja classificação urge iniciar, antes que desapareçam da face da terra e se transformem em balcões bancários ou lojas de telemóveis, terão assim os dias contados.

Mas a hipocrisia não se fica por aqui, não senhor. Do inventário municipal de património constams inúmeras lojas, inúmeros prédios, até, que, ano após ano, vão desaparecendo da face da terra, mas que continuam, alegremente, a constar no papel como fazendo parte do inventário ... como fantasmas - apropriados à zona, dir-me-ão, e com razão.

1 comentário:

  1. Pois, já nem sei que dizer destas ambiguidades.

    A CML é um monstro que se devora a si prório mas as grandes marcas conseguem ultrapassá-lo e as casas de má qualidade também...

    Entretanto não há meio termo.

    Neste momento, o centro da cidade definha não porque ninguém queira para lá ir mas porque é-nos impedido o acesso.

    É o ridículo da situação.

    Queremos habitar. Não podemos. Ou as casas estão podres, ou não se pode recuperar, ou não se deixa recuperar ou os licenciamento demora tantos anos que os custos tornam-se incomportáveis.

    Queremos abiri um negócio e os preços de um lugar podre são mais altos que um centro comercial de nova geração, o que torna os preços incomportáveis.

    Os poderes públicos demitem-se do espaço público, não investem na animação, na segurança, no turismo, na reabilitação, nos incentivos.

    Lisboa: a cidade definha e investe-se na expnsão da cidade para a alta de lisboa e aeroporto e pensa-se em piscinas artificiais, com praias fabulosas pertíssimo (não sabem o que é complementariedade?).

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