31/12/2009

Para a Avenida mais infeliz de Lisboa....

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....um melhor Ano Novo !

Passagem do ano em Lisboa

Estação do Rossio, em 1890

Que espera a multidão

com este frio,

plantada ali defronte à estação

do Rossio?

Nada que justifique uma pneumonia...

Nada, afinal, para que assim se afoite:

- Espera apenas o fim de mais um dia,

quando o relógio marque a meia-noite.

Só há que o fim do dia por que espera

é, simultaneamente, o fim de um desengano

e o princípio de mais uma quimera

que, para muitos, vai durar um ano...

E a multidão - que vive o seu presente

em sonhos sem tom nem som -

está de nariz no ar, ansiosamente

à espera do Ano-Bom!

Espera, como quem espera

depois da fome, o pão;

depois do Inverno, a Primavera;

no tribunal - a salvação!

E quando, enfim, se cruzam os ponteiros

e a meia-noite soa,

o delírio electrisa os mais ordeiros

e sai fora de si o povo de Lisboa!...

O chinfrim ensurdece

e dir-se-ia que tudo se conhece,

tantos são

os abraços que se dão!

Soltam-se vivas, gargalhadas, gritos!

Bate-se em latas, tachos, caçarolas!

Tocam-se gaitas, sopram-se apitos

e dizem-se graçolas!...

Mas passada a vertigem de balburdia

da eterna farça da passagem do ano

- sobre a cidade em esturdia

cai o pano!

A vida, como sempre, continua

nem melhor nem pior: - tal qual o que era.

E a multidão dispersa, rua em rua,

mas... não desiste de ficar à espera!

Silva Tavares (1893-1964), in Calendário de Lisboa

30/12/2009

A Pequena Palmeira

Era uma vez uma pequena Palmeira que vivia muito bem e bem acompanhada num canteiro na Prç. do Pr. Real:




fig. 1. A pequena Palmeira, a sua amiga a Grande Palmeira e as outras amigas

Mas eis senão, que quem devia cuidar dela, resolveu calcetar o canteiro:

fig. 2. A pequena Palmeira, ainda sem saber a sorte que lhe ia calhar

e tirá-la de ao pé da sua amiga a Grande Palmeira para a por muito bem alinhadinha com ela e as outras duas Grandes Palmeiras que estão no outro canteiro, também já empedrado:

fig. 3. A pequena Palmeira depois de transplantada

A pequena Palmeira ficou muito triste, muito triste por a tirarem de ao pé das suas amigas e ficar no meio de um empedrado mal amanhado e morreu.

No nº 1 da newsletter da APHA:


A Associação Portuguesa de Historiadores da Arte divulga, a partir de hoje, o n.º 01 da APHA_Newsletter, publicação online da associação com periodicidade trimestral.
Neste primeiro número, damos especial destaque à Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, às obras ilegais na Sé de Lisboa e a uma tábua atribuída ao Mestre da Lourinhã leiloada na Christie's. Mas muitos outros assuntos chamaram a nossa atenção.
Esperamos que esta nova publicação contribua para dinamizar a intervenção, cívica e disciplinar, dos historiadores da arte.
Aguardamos as sugestões e ideias de todos para os próximos números.
A Direcção da APHA
30 de Dezembro de 2009
www.apha.pt


...

Obrigado pela menção e parabéns pela newsletter!

Chegado por e-mail:

ontem no jardim fernando pessa caiu um pinheiro com mais de 60 anos. na ultima reuniao com o presidente da junta, responsavel pela manutençao dos espaços verdes, ja o tinha advertido sobre a instabilidade da dita arvore em virtude da incuria e incompetencia do pessoal que faz a manutençao do jardim, cortando ramadas de sustentaçao e de estrutura. a verdade é que ha muito que a queriam deitar abaixo e tudo foi feito no sentido de ajudar a natureza a terminar com ela. no outro lado do campo de jogos encontra-se outro pinheiro, da mesma idade, nas mesmas circunstancias e decepado pelos mesmos incautos incompetentes. que havemos de fazer? ver uma arvore tombar pela vontade dos ignobeis. assim acaba este ano, tristemente. feliz 2010
p





Fonte: CML

Metro deve crescer no centro da cidade

In Jornal de Notícias (30/12/2009)
CRISTIANO PEREIRA

«No dia em que se comemoraram 50 anos do Metro de Lisboa, o secretário de Estado dos Transportes, Carlos Correia Fonseca, defendeu o alargamento da rede dentro da cidade em detrimento da expansão para a periferia.

Num discurso integrado na sessão comemorativa do 50.º aniversário da exploração do Metro de Lisboa, o Secretário de Estado dos Transportes alertou que "que o futuro do Metro tem de ser repensado". Carlos Correia da Fonseca considerou ainda que "a situação financeira do Metro é preocupante".

Na sua intervenção no auditório da estação de Alto dos Moinhos, em Lisboa, o governante começou por referir que perante os diagramas de carga da rede "compreende-se que enquanto o nó central da cidade tem um forte volume de procura, à medida que caminhamos para a periferia cada estação vai registando um volume decrescente de passageiros".

Como tal, disse que se afigura importante "rever o plano de investimentos da empresa, privilegiando a densificação da rede no centro da cidade e as soluções de articulação entre modos de transporte, sem esquecer, é claro, a coroa suburbana, para a qual os autocarros ou os metros de superfície deverão constituir resposta adequada".

O secretário de Estado dos Transportes frisou também que deve ser encontrada "uma boa articulação do sistema de transportes com a política de criação e gestão de parques de estacionamento periféricos", citando esta medida como apenas um exemplo que "deverá traduzir-se num passo importante para diminuir o flagelo da entrada diária de mais de 400 mil carros em Lisboa".

"Será importante oferecer um sistema de transporte público que seja dissuasor da utilização do automóvel", prosseguiu, referindo que tal "só será possível se o cidadão tiver uma oferta de estacionamento e de transporte público que ele sinta como sendo competitivo em relação ao uso exclusivo do automóvel".

Carlos Correia da Fonseca lembrou que o metropolitano "assegura um transporte rápido, seguro, cómodo e inclusivo, já que os seus preços não são tão altos que excluam a população de menores recursos" e que "o Metro tem uma vocação própria". Neste sentido, "ele deverá ser, cada vez mais, a espinha dorsal do sistema de mobilidade urbana em especial para os maiores percursos" e, como tal, "a articulação com os modos de superfície é fundamental, devendo estes, antes de tudo, garantir a alimentação do primeiro". Elogiou, todavia, o Metro de Lisboa porque "ajudou a estruturar a cidade" e deu "um contributo determinante para uma mobilidade mais sustentável do ponto de vista energético e ambiental".»

29/12/2009

Grupo Leya vai explorar Livraria Barata

O grupo editorial Leya vai passar a explorar a livraria Barata, na Avenida de Roma, em Lisboa, para revitalizar e dinamizar «um dos ícones do universo livreiro da capital», anunciou esta segunda-feira a empresa.

O acordo prevê «uma parceria económica que junta «know how» e experiências para dinamizar uma das mais emblemáticas livrarias de Lisboa», disse à Lusa fonte do gabinete de comunicação da Leya, sem adiantar mais pormenores concretos sobre a parceria.

«É também objectivo fundamental desta parceria a manutenção do excelente serviço pelo qual a Livraria Barata é conhecida entre os seus clientes», refere a empresa em comunicado
In Agência Financeira

Cruz Vermelha Portuguesa abate árvores em terrenos municipais


O inacreditável aconteceu. A Cruz Vermelha Portuguesa, entidade que pugna pela Defesa da Vida, na semana de 5 a 11 de Dezembro de 2009, invadiu terrenos municipais e procedeu ao abate de uma árvore da espécie Chorisia sp. sem o conhecimento da Junta de Freguesia dos Prazeres nem o parecer dos técnicos do pelouro dos Espaços Verdes da Câmara Municipal de Lisboa.

Tal procedimento abusivo sobre um bem que não lhe pertencia mas antes fazia parte integrante do Jardim 9 de Abril, espaço verde abrangido pela Zona Especial de Protecção do Museu Nacional de Arte Antiga, exige, quanto a nós, Associação Lisboa Verde, uma denúncia pública e uma tomada de posição para que este acto não fique impune.



Pinto Soares

PS avança com proposta contra corrupção urbanística

In Diário de Notícias (28/12/2009)
por SUSETE FRANCISCO

«Socialistas vão apresentar projecto para criminalizar infracções no domínio do ordenamento do território. CDS já entregou proposta na Assembleia da República com o mesmo objectivo.

O PS vai avançar com uma proposta para a criação da figura do crime urbanístico. De acordo com fonte da bancada parlamentar socialista, esta é uma das questões que está a ser abordada no grupo de trabalho interno que está a discutir um pacote de medidas contra a corrupção. E será alvo de uma proposta concreta, a discutir no âmbito da comissão parlamentar que, durante os próximos seis meses, tentará consensualizar medidas legislativas anti-corrupção.

Os socialistas juntam-se assim ao CDS, que apresentou já na Assembleia da República um projecto a defender a consagração na lei do crime urbanístico. Uma figura legal que terá como principal alvo os licenciamentos e autorizações urbanísticas que muitas vezes resultam em operações imobiliárias. Neste âmbito inclui-se a violação de instrumentos de ordenamento do território, caso dos Planos Directores Municipais (PDM) ou planos de pormenor, por exemplo em questões como a reclassificação de terrenos (de uso agrícola para uso habitacional), a construção em zonas interditas ou acima da volumetria permitida.

O diploma do CDS é aplicável aos funcionários da Administração - central ou local -, bem como aos detentores de cargos políticos. Os centristas propõem um aditamento ao Código Penal, prevendo uma pena de prisão para quem favoreça licenciamentos ou autorizações urbanísticas "conscientemente e contrariando as leis e regulamentos aplicáveis e com intenção de prejudicar ou beneficiar indevidamente alguém". No caso de funcionários da Administração, a pena prevista é de um a seis anos. No caso dos decisores políticos, o quadro legal proposto é de dois a oito anos.

Muito embora a proposta do PS não esteja ainda no papel, a concordância com o CDS na criação deste tipo de crime abre a porta a um entendimento nesta matéria.

Actualmente, o desrespeito às regras de ordenamento urbanístico constitui uma violação administrativa, só configurando um ilícito penal se for provado um acto de corrupção ou tráfico de influência.

A alteração ao actual quadro legal nesta matéria é há muito reclamada por vários agentes da Justiça. Ontem, em entrevista ao Correio da Manhã, o juiz Carlos Alexandre (que tem em mãos alguns dos processos mais complexos da Justiça portuguesa) defendeu que "o crime de abuso urbanístico merece ser pensado porque há uma lacuna na lei".

"Tenho vindo a perceber que depois de aturado trabalho neste tipo de processos se chega à conclusão de que não há ilícito, não há chapéu", refere o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal. Para acrescentar ainda: "Está ali o jeitinho feito, está ali o resultado alcançado, mas não existe instrumento jurídico na nossa lei para o combater."

Quem defende também a criação deste novo de crime é a associação sindical da Polícia Judiciária. A ASFIC fez, aliás, chegar aos vários grupos parlamentares uma proposta em que defende a criação da figura do crime urbanístico, propondo a punição de funcionários e de decisores políticos que desrespeitem o ordenamento urbanístico com o objectivo de benefício próprio ou a terceiros.»

...

Trata-se de uma excelente notícia, que só peca por tardia. Mas é bom que seja para valer e não para fazer de conta. E é bom que seja aplicada já em 2010 e com retroactivos.

Só falta é saber em que moldes: violação dos PDM, inclusive dos inventários municipais? Violação do RGEU? PP feitos à medida de terceiros? Aumentar o grau de exigência dos pareceres de entidades terceiras? Renovar o âmbito da figura da sindicância? Averiguar o enriquecimento súbito dos agentes envolvidos, nomeadamente ligados às entidades que aprovam os projectos? E quais as penas a aplicar?

Hot Clube afasta possibilidade de se instalar no cinema São Jorge

In Público (29/12/2009)
Por Ana Henriques


«Falta de isolamento acústico compromete primeira solução provisória para instalar clube de jazz. Representantes reúnem-se com autarquia a 5 de Janeiro

Numa semana, 2500 fãs aderiram à causa


Os responsáveis do Hot Clube de Portugal afastaram ontem a possibilidade de o clube de jazz se instalar numa sala do cinema São Jorge, depois de uma visita ao local.

O responsável pela programação do Hot, Luís Hilário, explica que a alternativa proposta, a sala três do São Jorge, "não possui isolamento acústico" e só podia ser usada "quando ali não houver programação própria".

O prédio antigo da Praça da Alegria, que tinha o Hot Clube como inquilino, foi atingido por um incêndio, na passada semana. O clube, que ocupava a cave do imóvel, escapou às chamas, mas a água usada para apagar o fogo inutilizou o espaço. E agora está sem palco para a agenda de concertos já acertada até ao próximo Verão.

O São Jorge dispõe de diversas salas que recebem ciclos de cinema e outras actividades culturais. A falta de isolamento acústico impede ou tornaria difícil acolher em simultâneo alguns eventos e os concertos de jazz, refere Luís Hilário. "O próximo concerto que não conseguimos cancelar por os bilhetes de avião já terem sido comprados, e que implica a vinda a Portugal de um grupo de músicos finlandeses e suecos no início de Fevereiro, calha em dias nos quais o São Jorge já está ocupado", exemplifica.

Outro problema relaciona-se com as receitas do Hot Clube: "Como a nossa actividade não é lucrativa, compensávamos a perda de receitas de entradas com o dinheiro que conseguíamos no bar" das instalações da Praça da Alegria. Uma actividade a que não poderia deitar mão se a transferência, ainda que provisória, fosse para o cinema situado na Avenida da Liberdade, porque a Câmara de Lisboa concessionou a privados os espaços de restauração do São Jorge.

A pensar em locais

O responsável pela programação do Hot Clube não rejeita a possibilidade de usar de forma muito pontual a chamada sala café-concerto do cinema: "Não fechamos completamente a porta a essa hipótese, para salvar algum compromisso inadiável. Mas não faz sentido instalarmo-nos lá." Daí que o objectivo seja procurar uma solução mais adequada, juntamente com a Câmara de Lisboa, que é proprietária do imóvel que ardeu.

"Temos pedido aos nossos amigos que se lembrem de locais que pertençam à câmara onde possamos ficar. Falaram-me num palacete na zona do Príncipe Real, mas parece que já foi vendido para ser transformado num hotel", refere o mesmo responsável. Representantes das duas instituições, clube e câmara, reúnem-se no próximo dia 5 de Janeiro.

Luís Hilário recorda que os planos para transformar todo o edifício da Praça da Alegria numa casa do jazz têm uma década de existência, não se tendo, no entanto, concretizado nunca. Ali poderia funcionar uma residência para músicos, "como existe noutras cidades europeias", e um museu com o espólio do fundador do clube, Luís Villas-Boas, com mais de quatro mil discos, livros, quase 800 cartazes e 900 guiões de programas radiofónicos. Aos quais se juntam cassetes, bobinas de gravações e preciosidades como uma grafonola para discos de 78 rotações.

Apesar do apoio da Câmara de Lisboa, estes planos nunca se concretizaram, e ninguém sabe dizer neste momento se o Hot Clube alguma vez regressará à Praça da Alegria. "Se tenho esperança de voltar? Tenho. Mas não me pergunte se é muita ou pouca", diz Luís Hilário.»

Metropolitano vai chegar ao aeroporto e à Reboleira mas a Alcântara ainda não se sabe

In Público (29/12/2009)
Por Ana Henriques

«Em meio século de serviço na capital, a rede do metro aumentou seis vezes e o número de passageiros multiplicou-se por 11

Estaleiros vão manter-se na Alameda e Duque d"Ávila

O Metropolitano de Lisboa vai chegar ao aeroporto e à Reboleira em 2011, diz o presidente da empresa, que comemora hoje 50 anos de existência. Mas o responsável pela transportadora não se compromete com a já anunciada extensão da linha vermelha até Alcântara, passando por Campolide e por Campo de Ourique: "Não estou a dizer que não se vai fazer, mas o Metropolitano terá de demonstrar a viabilidade desse alargamento".

Em cinco décadas de existência, a transportadora ganhou 11 vezes mais passageiros, mas em contrapartida a extensão da rede apenas cresceu seis vezes, de 6,5 para 40 quilómetros. "Gostaríamos que tivesse crescido mais", admite Joaquim Reis. "Mas isso depende da capacidade de financiamento da empresa". Deficitário como grande parte dos seus congéneres mundo fora, o Metropolitano confronta-se com uma dívida da ordem dos 3,5 mil milhões de euros. E as obras em curso, como a extensão até ao aeroporto ou o alargamento da estação do Terreiro do Paço - que deve ficar pronto dentro de um ano - até ao terminal fluvial obrigaram ao endividamento.

"Estamos neste momento a planear as obras prioritárias e os meios de as levar a cabo - se será recorrendo a mais endividamento, se a parcerias público-privadas ou aos meios financeiros do Estado", descreve Reis. Em termos de expansão da rede, a prioridade é, segundo este responsável, "o miolo de Lisboa", porque "é aqui que a urgência é maior". A excepção é a chegada à Reboleira, "para colmatar um claro défice de projecto" da transportadora: "Quando se fez a expansão à Amadora Este ficou-se a 600 metros de um interface importante com a linha de Sintra da CP, aquela estação".

O projecto Alfândega

Ainda em termos de rede, também não está garantida a abertura de uma nova estação entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia, até pela natureza dos terrenos da beira-rio. Nome, já tem: os mapas de expansão futura da rede baptizaram-na como Alfândega. "Quando se começa uma obra destas não há certezas", sublinha o presidente do metro. "Já este ano, em Colónia, a escavação de uma nova linha fez ruir uma biblioteca que estava por cima, e perderam-se documentos com mais de 800 anos, Apenas se sabe que houve uma infiltração de uma linha de água".

Neste cinquentenário há novidades boas - o aumento da frequência dos comboios na linha vermelha, que tem muitos mais passageiros desde que se passou a cruzar com a azul em S. Sebastião e com a amarela no Saldanha - e outras não tão boas: não está nos planos da empresa alargar o horário de funcionamento nocturno, e mesmo na noite de final de ano não irá circular para além das 2h30. Os comboios para Cascais, por exemplo, funcionarão toda a noite. "Os acordos de empresa também não permitiriam ter trabalhadores suficientes para outra opção, mas esta oferta é suficiente", defende.

Já nos dias normais, "a partir das 22h30, há linhas e estações que não chegam a ter 20 ou 30 pessoas". Um número que, no caso de estações muito menos frequentadas do que se esperava, como é o caso da do Terreiro do Paço, é ainda mais baixo. "Esperávamos ter quatro a quatro milhões e meio de passageiros induzidos por esta estação e temos apenas um", refere Joaquim Reis.

Fosse a transportadora mais endinheirada, como acontece com a sua congénere no Dubai ou mesmo numa das mais recentes linhas de Barcelona, e já estaria a usar um sistema que permite aumentar ou reduzir a dimensão dos comboios em função da procura.

No actual cenário fazem-se as contas também ao material circulante existente, que ainda chega para ir até ao aeroporto e à Reboleira, mas não é suficiente para percursos mais longínquos. "Às segundas, as pessoas preocupam-se com qualidade do serviço, às terças com o seu preço e às quartas com os graves prejuízos de empresas públicas como esta. Esquecem-se de que tudo isto está interligado", observa o presidente do metro. "Não podem exigir do Metropolitano mundos e fundos e depois virem acusá-lo de ter uma dívida enorme". Mesmo assim, as tarifas cobrem já 50 a 55 por cento do custo real das viagens, revela Joaquim Reis, contra os 30 por cento de 2006.

No cômputo geral, o metro perdeu meio por cento de passageiros em 2009, um facto que a administração atribui à crise - ou não tivessem aumentado no mesmo período as deslocações em hora de ponta. As suas principais razões de queixa? "O fecho da rede e as máquinas de venda automática", responde Joaquim Reis. "Mas o sistema já foi mudado". Quanto ao desaparecimento das laranjeiras na Praça de Alvalade, nas recentes obras de remodelação da respectiva estação? O presidente da transportadora ignora-o. Diz que nunca ouviu falar em tal coisa.»

Salvem a Vila Ana e a Vila Ventura!




A Vila Ana e a Vila Ventura, localizadas no Nº 674 da Estrada de Benfica, são dois edifícios centenários, representativos das chamadas 'Casas do Brasileiro' e um dos últimos testemunhos arquitectónicos das casas apalaçadas e quintas através das quais a freguesia de Benfica era conhecida no século XIX, constando no "Inventário Municipal de Património", anexo ao PDM de Lisboa (apesar de não se encontrarem ainda classificadas pelo IGESPAR).

No seguimento de uma vistoria realizada pela Câmara Municipal de Lisboa no início de 2009, a qual intimou à realização de obras de conservação destes dois imóveis; os seus proprietários manifestaram agora discordância quanto à inclusão destes edifícios no Inventário Municipal de Património, apresentando dois pareceres técnicos sobre o assunto... muito possivelmente com o intuito de especularem em termos imobiliários sobre estes dois imóveis.

Se acredita que a Vila Ana e a Vila Ventura devem ser preservadas como símbolo da memória histórica da freguesia de Benfica...

Se acredita que estas duas Vilas deveriam ser dignificadas através de um projecto que as colocasse ao serviço da comunidade...

Junte-se a esta Causa e ajude-nos a divulgá-la!







28/12/2009

A propósito dos 50 anos do Metro


E independentemente da valia que representa para a qualidade de vida em Lisboa a existência de um Metro, que surgiu em Lisboa, recorde-se, mais de 50 anos depois de ter surgido na maioria das capitais europeias, a verdade é que a acção do Metro nos últimos 10-15 anos se tem saldado por:

1. Uma expansão da rede feita a conta-gotas, na maior parte dos casos demorando anos a fio e tendo quase sempre um saldo final de aumento exponencial de custos, erros técnicos (alguns graves: Terreiro do Paço; poços ventiladores no Rossio e Rua do Arsenal; abertura de escadas/caixas elevadores desenquadradas com o espaço: Rato, Largo do Chiado, etc.); e uma rede feita por vezes, claramente, à conveniência de futuros empreendimentos (ex. Falagueira).

2. Péssimos arranjos à superfície (ex. Estação Roma, com escadas tortas no topo Sul, Alvalade, com miseráveis separadores centrais e total desrespeito pelas populações no arranque das laranjeiras; Bairro Azul, com proliferação de escadas, etc.).

3. Paragens sistemáticas por motivos técnicos (linhas Azul e Vermelha) e tempos de espera excessivos (sobretudo à noite).

4. Opção por decorações tipo "luxo dos pobres" quando o que se lhe exige é só UTILIDADE.

5. Total indiferença pela opinião pública (veja-se o prejuízo que representa para quem quer ir a espectáculos, o Metro fechar às horas que fecha) e, mais importante, pelo órgão máximo de Lisboa, a CML, cujo episódio recente da destituição enquanto membro do C.A. me parece caricato.

Tem ainda muito que melhorar, o nosso Metropolitano.

Ruído na Baixa pode travar repovoamento

In Público (28/12/2009)
Por Ana Henriques e Inês Boaventura


«Para ser autorizada a licenciar mais habitação no coração da cidade, a Câmara de Lisboa terá de domesticar o tráfego. A administração central devolveu o plano de pormenor à autarquia

Proibidas marquises

O plano de pormenor da Baixa pombalina ainda não foi aprovado pela administração central por causa das questões relacionadas com o ruído. Concluído pela Câmara de Lisboa no Verão, o documento destina-se a definir as regras que daqui em diante irão nortear toda e qualquer intervenção nesta zona da cidade.

Em causa está a principal fonte de poluição sonora - e atmosférica - da Baixa, o tráfego automóvel, que pode vir a revelar-se suficientemente grave para as autoridades proibirem o surgimento de mais habitação desejado pela autarquia. Ou sequer de novas escolas, impedindo assim o repovoamento do coração de Lisboa.

"A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo emitiu um primeiro parecer sobre o plano em que alerta para a questão do ruído", refere o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, sublinhando que, em sua opinião, existe nesta matéria "legislação muito restritiva e bastante fundamentalista". O autarca diz que este parecer "não é uma rejeição pura e simples", mas apresenta "uma série de comentários sobre coisas que têm que ser corrigidas". A maioria desses comentários, prossegue Manuel Salgado, prende-se com "pequenas questões formais".

Segundo o vereador, a câmara vai "dar esclarecimentos adicionais" àquele organismo "no princípio de Janeiro de 2010", sendo certo que antes disso "há que rever o estudo de ruído" do plano de pormenor. Isto, porque o documento não teve em conta as alterações de tráfego entretanto introduzidas nessa zona da cidade, sendo necessário perceber se com elas "se atingem os níveis de ruído previstos na legislação", prossegue Manuel Salgado.

Acima dos limites legais

Na realidade, o plano de pormenor faz já referência à "melhoria significativa do ambiente sonoro" da Baixa, provocada pelas mais recentes restrições à circulação automóvel, "com maior incidência naRua da Prata e Rua dos Fanqueiros". Mas não esconde que, mesmo assim, continuam a existir zonas em que os valores de exposição sonora permaneciam, no Verão passado, acima dos limites legais, nomeadamente na vizinhança da Avenida Ribeira das Naus, Av. Infante D.Henrique, ruas da Madalena e do Ouro, e até nas da Prata e dos Fanqueiros. Nas ruas do Ouro e da Prata e no Rossio foram detectados níveis de ruído "susceptíveis de causar danos na saúde e fortes perturbações do sono". O vereador da Mobilidade e do Tráfego, Nunes da Silva, reconheceu, recentemente, a "concentração excessiva de autocarros nas ruas do Arsenal e da Alfândega" gerada pelo novo modelo de circulação rodoviária, admitindo algumas alterações. A repavimentação destas artérias poderá reduzir o problema.»

27/12/2009

Metro de Lisboa quer melhorar relação com o cliente

A celebrar 50 anos e com os planos de expansão da rede a avançar, o Metropolitano de Lisboa quer melhorar agora a «relação com o cliente e a cidade», apostando na comunicação e na afirmação da marca.

Em declarações à Lusa, o presidente da empresa, Joaquim Reis, afirmou que a estratégia de gestão do sistema se irá manter, na sequência da linha de «crescimento» seguida ao longo do primeiro meio século, mas admitiu que é necessário reforçar o esforço de maior ligação com o público feito nos últimos três ou quatro anos. «As pessoas muitas vezes não têm a noção exacta do que fazemos, muitas vezes o papel do Metro não é reconhecido, portanto a relação com o cliente e a cidade tem de ser melhorada», defendeu.

O responsável lembrou que o Metropolitano de Lisboa foi responsável, por exemplo, por requalificações em espaços públicos dos Restauradores, no Cais do Sodré ou no Marquês de Pombal na sequência das suas obras, uma «ligação» a Lisboa que considera ser «frequentemente estranhada e desconhecida».

A empresa pública pretende, por isso, «comunicar melhor», sobretudo através da comunicação social, e fazer com que os cidadãos olhem para o metro não só como um sistema de transporte, mas também com uma empresa com marca. «Os transportes vendem um produto, portanto têm de fazer campanha publicitária. Já temos feito algumas, mas é preciso começar a fazer mais para que marca e serviço sejam um comum a nível de branding», explicou Joaquim Reis.

Segundo o representante, mantém-se para 2011 a abertura das ligações ao Aeroporto de Lisboa e à Reboleira (Amadora), que constituem os próximos «grandes passos» do Metropolitano.

A última obra de maior dimensão foi a extensão da Linha Vermelha até ao Saldanha e São Sebastião, em Agosto, da qual Joaquim Reis faz um balanço muito positivo. «Provocou uma nova procura, novos passageiros. O Metro estava a perder 1,5 por cento de passageiros e agora perdemos 0,5 por cento», adiantou.
In DD

Claramente o Metro precisa de melhorar a relação com o cliente, há 50 anos distribuía manuais do mirone onde explicava tudo sobre as obras e planos do metro. Hoje em dia o Metro conta com um site completamente estático praticamente sem actualizações e no qual não figuram sequer todas as obras em curso. E não me parece que perder menos clientes depois de aumentar a rede possa ser classificado como "balanço muito positivo"

Terminal de contentores de Alcântara

Alguém me pode dizer se já há alguma posição oficial do CDS a respeito do contrato de concessão do TCA? Afinal de contas, o CDS foi o primeiro partido (se a memória não me trai) a insurgir-se contra tal aberração. Esta espera é incompreensível.

Cinemas clássicos são uma raridade

Ir ao cinema em Lisboa é, hoje, uma experiência radicalmente diferente do que há uns anos. São muitos os antigos cinemas que entretanto foram desactivados e muitos espaços encontram-se, inclusive, ao abandono.

Os antigos cinemas de Lisboa vivem actualmente três cenários distintos: uma ínfima parte continua em actividade, uns fecharam e viram o seu espaço reutilizado, e diversos outros encontram-se actualmente ao abandono, com situações urbanísticas indefinidas ou pendentes.

Londres, São Jorge, King e Monumental, com maiores ou menores alterações, são dos poucos espaços resistentes de outros tempos, sobrevivendo num tempo dominado pelos cinemas em grandes superfícies comerciais.

Para o crítico e divulgador de cinema João Lopes, o cinema enquanto "fenómeno de consumo mudou radicalmente" nos últimos anos, predominando actualmente um "público acidental", que consome a sétima arte "como uma variante do consumo dos grandes centros comerciais".

"As salas isoladas passaram a ser pouquíssimas porque cinema passou a ser concebido como uma variante do género de oferta comercial dos grandes espaços", frisou o crítico, distinguido este ano pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) pela sua actividade como divulgador de cinema.

O antigo Condes, que fechou em 1996, foi transformado em 2003 no Hard Rock Café, que alterou radicalmente o espaço da Avenida da Liberdade.

O Cinema Império, por seu turno, foi adquirido no começo dos anos 1990 pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).

Já o Olympia, inaugurado em 1911, foi um espaço que viveu diferentes etapas: foi um local cultural por excelência, até que no pós-25 de Abril começou a projectar filmes pornográficos. Foi abandonado em 2001 e, em 2008, o encenador Filipe La Féria adquiriu o espaço, que será reconvertido num espaço teatral com sala de espectáculos e uma escola de artes cénicas.

No bairro de Campo de Ourique existem dois antigos cinemas que marcaram a vida cultural de Lisboa: o Cinema Europa e o Cinema Paris. No caso do Europa, têm sido diversos os intervenientes culturais da capital a defender a reactivação do espaço como palco para um conjunto de indústrias criativas.

O caso do Quarteto, o primeiro multiplex de Portugal, é diferente: o espaço foi encerrado no final de 2007 por falta de condições de segurança, sobretudo de prevenção de incêndios. Na ocasião, o fundador do Quarteto, Pedro Bandeira Freire, tentou superar as adversidades técnicas, mas em Março de 2008 o responsável do espaço - que viria a falecer um mês depois - fechou a cadeado as portas.

In JN

Eléctrico 28 tem Pessoa como parceiro de viagem

Os passageiros do eléctrico 28, em Lisboa, são, pontualmente, surpreendidos por um grupo de jovens que recita poesia de Fernando Pessoa. O "Circuito Pessoano" é interpretado por alunos de uma escola profissional.

O circuito do Eléctrico 28 é um dos mais emblemáticos cartões de visita que Lisboa oferece aos turistas. Todo o estrangeiro que passa por Lisboa tem que viajar pelo menos uma vez naquele eléctrico amarelo que percorre uma boa parte da zona histórica da cidade. E ultimamente têm sido surpreendidos com poesia em movimento: grupos de alunos do 12º ano da Escola Profissional Almirante Reis têm subido a bordo do eléctrico para recitar poesia de Fernando Pessoa.

A iniciativa visa celebrar o 74º aniversário da morte do poeta e pretende "dar a conhecer poemas do ortónimo e de heterónimos de Fernando Pessoa, permitindo a interacção entre diferentes públicos, partilhando sensações e emoções".

A reacção dos passageiros é, regra geral, muito positiva. "As pessoas reagem com entusiasmo e admiração", confessa, ao JN, Ana Sofia David, professora de Português e uma das responsáveis pelo projecto. "Acontece uma coisa fantástica: se o eléctrico vai com muito barulho, as pessoas começam a falar mais baixo ou calam- -se", descreveu. "Os turistas", prosseguiu "ficam encantados, tiram fotografias e recebem alguns folhetos com poemas do Fernando Pessoa em inglês".

As próprias alunas, com idades que oscilam entre os 17 e os 18 anos, não disfarçam o entusiasmo pela sua participação. "Tudo o que seja sair da sala de aula e vir cá para fora acaba por ter impacto", concorda a professora, frisando que "a poesia quer-se assim nas ruas" e que a juventude "tem que perceber que a poesia está em todo o lado".

Apesar de admitir que alguns dos alunos da escola "não têm muitos hábitos de leitura de poesia", Ana Sofia David tem esperança que iniciativas destas possam ajudar a mudar o cenário: "Acabámos por conquistá-los assim".

Numa das últimas viagens, que o JN acompanhou, Dalila Oliveira, estudante, de 17 anos, foi particularmente brilhante ao ler "O Nevoeiro", perante o sorriso dos portugueses e de um casal de turistas asiáticos com olhar de espanto enquanto filmavam.

O próprio trajecto do eléctrico 28 desenha-se por uma série de lugares associados à vida e obra do poeta. O grupo entra junto à Voz do Operário, não muito longe da nova Galeria Fernando Pessoa no Campo de Santa Clara. Minutos depois passa perto do emblemático café Martinho da Arcada. Segue para o Chiado, passa pela estátua à frente da Brasileira, pelo Casa Fernando Pessoa, em Campo de Ourique, e, por fim, termina a sua marcha junto ao Cemitério dos Prazeres, onde Fernando Pessoa foi sepultado a 2 de Dezembro de 1935.

In JN

26/12/2009

Mercado lisboeta espera há quatro anos por fim de obras

Em Campo de Ourique, a paciência esgota-se com o prolongamento, já vai em quatro anos, das obras no mercado. Em Janeiro recomeçam os trabalhos.

O pavimento já esteve colocado e as bancas pareciam prontas a receber os vendedores agora refugiados em outros espaços, mas depressa se percebeu que o piso não era anti-derrapante e que existiam outros erros. No Mercado de Campo de Ourique, os três meses de obras previstos para a remodelação das bancas de peixe transformaram-se em quatro anos de impaciencia e "muito pó".

Desde 2006, os trabalhos de modernização daquele espaço têm visto avanços e recuos sucessivos que, segundo os vendedores, só podem ser consequência de uma má gestão financeira. "Os sacos azuis não existem só em Felgueiras, aqui também há", disse o vendedor António Tavares.

O fiscal coordenador do Mercado, António Bernardo, referiu ao DN que "falar sobre este assunto não faz sentido, numa altura em que apenas falta menos de um mês para o reinício das obras", já para os comerciantes tudo não passa de mais promessas.

"Agora voltaram a tirar os taipais para parecer que vão começar as obras, mas eu não acredito nisso", disse Patrícia Maurício, vendedora de peixe, adiantando que "em caso de inspecção, a ASAE não iria concordar com aquela vergonha".

Para além das críticas à forma como estão a ser feitas as obras naquele local, os comerciantes de peixe dizem estar a ser ignorados pelo executivo do município.

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) já reagiu, em comunicado, garantindo que este atraso se deve unicamente a uma situação de "litígio com o empreiteiro por incumprimento das devidas condições de higienização e segurança". A mesma fonte, refere ainda, que o responsável se recusou a proceder às alterções necessárias, o que obrigou a CML "a recorrer à rescisão do contrato e à contratação dos trabalhos em falta a outra empresa". Confirmando a informação avançada pelo fiscal coordenador do Mercado, o documento indica ainda que já foi providenciado "o processo de adjudicação dos trabalhos de conclusão , cujo início está previsto para o próximo mês de Janeiro".

Algumas comerciantes, que vão ver o espaço da sua banca reduzido com estas obras, dizem não concordar com o aumento da mensalidade. "Não fomos nós que pedimos as obras, mas somos nós que as pagamos. Nós tínhamos todas as condições para trabalhar", disse a peixeira Idília Moreno, adiantando que "se havia partes danificadas, bastava recuperá-las."

A CML salientou que "actualmente os comerciantes de pescado pagam 23,50 euros, por metro linear" e que passarão a "pagar a taxa que vier a ser aprovada para 2010", acrescentando que "a tabela ainda se encontra em revisão".

Mas os vendedores dizem já ter sido informados de que o valor das rendas será bastante superior àquele que é praticado nas bancas velhas, "passando a ser o dobro", dizem todos.

In DN

Como é que Portimão é capaz de transformar o seu mercado municipal num espaço atractivo, com horários de gente e serviços capazes de competir com as grandes superfícies e Lisboa se vê grega para fazer uma renovaçãozita num mercado de bairro?

Uma péssima fotografia....

..mas acho este bunker lá para os lados da Lapa....ainda pior !

25/12/2009

«Por uma cidade que se respeite»

Uma cidade que se respeite não permite que um proprietário tenha o seu prédio degradado, a cair, abandonado, com falta de pintura, destelhado, entaipado, em risco de incêndio ou derrocada. Não permite. Ponto.

Uma câmara municipal digna desse nome multa, castiga, reprime o desleixo e negligência de quem for dono de um prédio nessas condições. Se não tiver instrumentos legais robustos para o fazer, exige-os ao Governo da República. Se não o conseguir, tem que se fazer porta-voz da indignação dos munícipes.

O Governo do país tem a obrigação de impedir que os centros das nossas cidades estejam sujos, ocos e cariados. Tem o dever de tornar muitíssimo dispendioso este mau hábito de quem não cuida da sua propriedade urbana. Tem o interesse - num país antigo, peculiar e turístico como o nosso - de garantir que os nossos centros históricos estejam impecáveis.

Não existe o direito de ter um prédio a cair. Tal como não existe o direito de guiar um carro sem travões ou poluente. Não interessa se o compraram ou herdaram. O carro tem de passar na inspecção periódica. O mesmo deveria valer para o prédio: tem de estar em boas condições, ou o proprietário terá de pagar pelo dano e risco que provoca a outrem.

Um prédio decadente faz reverberar o desleixo. Baixa o valor da sua rua ou do seu bairro, incluindo o daqueles prédios cujos proprietários, mais conscienciosos, trataram de cuidar e manter em boas condições. Um prédio a cair representa um risco de segurança para quem ali passa, para o solitário inquilino que às vezes lá resta, para os vizinhos.

A propriedade de um prédio não é coisa que venha sem obrigações. Esse é um equívoco que engendra outros equívocos de todas as partes envolvidas, sem excepção: a ideia de que os exemplos de prédios integralmente ocupados com rendas baixas (cada vez menos) podem servir de desculpa para situações de incúria em prédios praticamente vazios; a ideia de que o Estado pode ser o primeiro proprietário negligente; a ideia de que às autoridades públicas cabe, sempre, pagar toda a factura do rearranjo dos prédios. O Rossio de Lisboa foi recuperado com dinheiros públicos há uma década. Hoje tem prédios com telhados cobertos de folha de alumínio. Lamento, mas isto não é cidade que se respeite.

O presente de Natal para toda a gente que gosta da cidade, da cultura e de música aí está: ardeu o prédio onde ficava o Hot Clube de Lisboa, um dos mais antigos clubes de jazz da Europa. Perguntava um leitor do PÚBLICO ao saber da notícia: será que vale a pena fazer TGV e novos aeroportos para mostrar uma cidade vazia? Sob o impacto do momento, o exagero é desculpável, porque toca na ferida. As pessoas não vão apanhar o TGV para Madrid para ficar a olhar para a estação ferroviária. Vão para ver o Museu do Prado.

Aquilo que Portugal e Lisboa esquecem - com o novo-riquismo desculpável de quem se encontra em algumas rotas da moda - é isto: ninguém volta ao hotel de charme para olhar de novo para o mesmo prédio esburacado em frente.

Andámos anos a discutir um ridículo projecto para o Parque Mayer e deixámos o Hot Clube ao abandono. O salão do Conservatório está em ruína. O Pavilhão Carlos Lopes também. Não temos um lugar no centro da cidade para receber exposições internacionais que atraiam centenas de milhares de visitantes. Achamos natural que o candidato evidente para essa função - a Praça do Comércio - sirva para a burocracia do Estado. Ou então, que se faça lá um hotel de charme. Temos, não o nego, muito charme no abandono.

Rui Tavares

in «Público, 23-12-2009

FOTO: Calçada de São Vicente 48

ELÉCTRICO 28: «501 MUST-TAKE JOURNEYS»

O Eléctrico 28 foi seleccionado pela editora inglesa OCTOPUS como uma das 501 MUST-TAKE JOURNEYS do mundo. A crescente atenção dada aos eléctricos clássicos de Lisboa deve ser tomada muito a sério por todos nós. É urgente planear o regresso de algumas das linhas encerradas no passado de que é exemplo o Eléctrico 24 (Cais do Sodré / Campolide). Tanto a CARRIS como a CML e a ATL devem colaborar no sentido de aumentar a oferta de eléctrico clássico de modo a antecipar o aumento de turistas em Lisboa. Esta é uma questão estratégica tanto para o desenvolvimento da Mobilidade como do Turismo.

LISBON TRAM LINE 28

Lisbon’s Tram Line 28 takes you across four of the seven summits upon which Lisbon stands, in the course of a classic journey through some of the most interesting areas of this historic city. In 1873, a mass public transport company called Carris began operations, gradually introducing electric trams and new routes across the city. Although most lines today use modern, articulated vehicles, Line 28 uses remodeled vintage beauties, which are entered at the front and exited at the rear. The trams depart every seven minutes or so from Largo Martim Moniz, making their way up the Mouraria hill to Largo da Graça, before trundling down through Alfama, the oldest, most beautiful and best known part of the city.

The next port of call is Baixa, the lower city, which was rebuilt in French neo-classical style after the earthquake of 1755, by the Marquês de Pombal. Climbing uphill again, the trams pass through the old city centre, replete with theatres, and on through the traditional nightlife areas, the Bairro Alto and the Bica, haunt of writers and artists. Rattling and clanking their way up and down the hills, through narrow streets, the trams pass many important sites, including handsome churches, the Parliament building and the Cathedral, before finally reaching the Cemitério dos Prazeres - Cemetery of the Pleasures – where members of Lisbon’s noblest families are buried.

This trip is great fun. The trams are often crowded – people sometimes even hitchhike by hanging onto the outside as it rattles along. It’s noisy with laughter, chitchat and occasional shouts of abuse at cars blocking the way. The bell rings to alert people and traffic to the tram’s presence, and there are frequent stops. Your best bet is to buy a pass allowing you multiple journeys, in order to jump on and off whenever you want.

in 501 MUST-TAKE JOURNEYS, Octopus, London 2009


Nota: Ainda de Portugal foram seleccionadas as seguintes viagens: Tua Railway, Vicentine Coast e Walking the Levada do Caldeirão in Madeira.

FELIZ NATAL LISBOA

24/12/2009

PUALZE, que é isso?

FOI CHUMBADO NA REUNIÃO DE CML DE ONTEM!


Rua Barata Salgueiro, Nº 21
HOJE





AMANHÃ?


Trata-se do último edifício integralmente genuíno da Rua Barata Salgueiro. É propriedade do BES, que através do seu fundo imobiliário submeteu à CML Proj. Ampliação Nº 261/EDI/2008, com vista à sua alteração e ampliação, i.e.:

Ampliação de mais um piso, (em linguagem mimétrica), mantendo a cobertura com a mesma configuração existente, contempla também a manutenção da fachada principal e a reconstrução da fachada a tardoz mantendo a traça original. Interiormente pretende-se a construção de 3 pisos para estacionamento em cave, extensivos ao subsolo dos logradouros, lateral e posterior. Serão mantidos a entrada principal, a escada até ao 1º andar e as salas da frente. Lateralmente é proposto um corpo envidraçado correspondente a uma nova coluna de acessos verticais.

Este projecto vai ser discutido na reunião de amanhã! (*)



(*) Este post dizia respeito à reunião de 25 Nov. dia em que a proposta foi retirada. Ontem, dia 23 Dez. voltou e foi chumbada.

FELIZ NATAL LISBOA

FELIZ NATAL LISBOA

FELIZ NATAL LISBOA

FELIZ NATAL LISBOA

FELIZ NATAL LISBOA

FELIZ NATAL LISBOA



Acredite se quiser....

....mas esta rua em Benfica tinha sido limpa no dia anterior !?
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Esta modalidade de colocar saquinhos de lixo nos passeios, debaixo de automóveis e, encostados aos ecopontos, é vastamente praticada nestas redondezas....ou seja:
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"Com a sua ajuda manter Lisboa limpa é missão impossível"

E já agora.......Um Feliz Natal para todos !!!!

23/12/2009

Igreja de São Vicente de Fora (MN)





Fachada lateral da Igreja de São Vicente de Fora (Monumento Nacional), Arco Grande de Cima.

Brinquedos do passado alargam oferta natalícia em lojas de Lisboa

In Público (23/12/2009)
Por Sara Picareta


«As prendas de Natal para as crianças podem não ser os objectos feitos em série dos shoppings. No Bairro Alto ainda há brinquedos feitos à mão

Bonecos que começaram por ser desenhos de um blogue

Quem entrar no Antes e Depois, no Bairro Alto, vai sentir-se numa viagem ao passado dos brinquedos. Móveis e candeeiros antigos, recolhidos na rua, e uma carpete vermelha, que remete para os anos 70, contribuem para essa percepção. É um dos sítios de Lisboa em que se encontram prendas que não são obrigatoriamente fabricadas em série para as crianças.

Paulo Rebelo, um dos responsáveis da loja, revela que a ideia surgiu por acaso. "Começámos quase por brincadeira", afirma. "Eu e o meu sócio, Carlos Ferreira, gostamos muito das coisas antigas. Às vezes íamos às feiras e começámos a falar dos brinquedos que já não existem."

A partir daí tudo foi mais fácil. Pegando numa onda de revivalismo dos anos 80, os dois criaram uma loja de brinquedos antigos [Travessa da Espera 47]. Mas não só. A Antes e Depois vende também brinquedos novos. "Podem ser brinquedos novos, desde que tenham o espírito dos antigos. Não são certamente os brinquedos que se encontram nos hipermercados", explica. No fundo, a ideia foi a de "abrir uma loja com alguma quantidade de brinquedos e preços acessíveis, desde um euro até cerca de vinte euros".

Os brinquedos ali vendidos são como que transportados no tempo, pois estão como novos. Alguns não foram usados, vêm de armazéns, de stocks antigos das fábricas. "Vendemos com as embalagens originais."

Mas os brinquedos não vêm só de armazéns. Visitas a papelarias e o método porta a porta também funcionam. Às vezes "é uma questão de sorte", pois esta tarefa de recolha não é fácil e junta-se à pouca disponibilidade dos dois sócios, que têm outros empregos. Paulo salienta: "Já não há muita coisa e não há muita informação sobre o brinquedo português."

Manter uma grande diversidade não é fácil. Por isso, só agora, um ano depois, é que vão começar a ser vendidos brinquedos de corda, como robots ou esquilos. "Tínhamos esta ideia desde o início, mas só agora começou a ser concretizada", confessa. Para além disso, a Antes e Depois está a começar a adquirir mais trabalhos de artesãos, feitos à mão.

"Cada vez temos mais brinquedos diferentes. Há já um problema em expor tudo", explica. Isso acontece também pelo facto de a loja não vender só brinquedos portugueses. Carros e motos em chapa, de origem africana, também estão disponíveis.

"Há brinquedos que são um sucesso e isso é uma surpresa. É o caso das gaiolas de plástico para grilos ,que têm esgotado constantemente." Mas a lista continua: os tambores pequeninos e os trapezistas em madeira, as pandeiretas, os peões e as ardósias também ocupam um lugar cimeiro. Aliás, a loja conta com brinquedos em chapa tradicionais, como o fogão, que são feitos da mesma forma desde os anos 20. A fábrica já fechou há anos, mas ainda há algum stock.

"Já tive raparigas histéricas a gritar porque descobriram um telefone. E uma pessoa a chorar na loja, porque viu um brinquedo que já não se lembrava", revela Paulo. Este profissional de cinema considera que estas situações ocorrem porque "os brinquedos têm uma ligação muito forte à infância e mexem muito com os sentimentos mais profundos".

Não é só no produto em si que a Antes e Depois inova. O horário da loja, das 14h às 20h, pode causar estranheza. "O Bairro Alto funciona muito bem à tarde e à noite", explica.»

Lisboa vai poupar dois milhões por ano em iluminação

In Público (23/12/2009)
Por Inês Boaventura

«A Câmara de Lisboa prevê poupar mais de dois milhões de euros por ano com a aposta na eficiência na iluminação pública - através de medidas como a substituição das luzes dos monumentos - e nos semáforos - substituindo as lâmpadas por LEDem toda a cidade. Para tal, a autarquia vai investir "seis a oito milhões de euros", valor que quer recuperar ao fim de quatro anos.

Estes números foram divulgados ontem pelo vereador José Sá Fernandes, numa conferência de imprensa destinada a fazer o balanço do primeiro ano de aplicação da Estratégia Energético-Ambiental de Lisboa e a apresentar novas medidas a concretizar até 2013. "Copenhaga falhou, mas Lisboa espero sinceramente que não falhe", afirmou o autarca com o pelouro do Ambiente Urbano, explicando que para atingir uma maior eficiência o município vai também apostar no plano verde, recolha selectiva e limpeza urbana, redução do consumo de energia primária, energias renováveis e mobilidade.

"A responsabilidade das cidades é imensa e ainda maior depois do fracasso de Copenhaga", disse, por sua vez, o presidente da câmara, acrescentando que vê como um "dever ético" trabalhar para vencer o desafio das alterações climáticas, "mesmo que os outros façam menos". Entre as medidas a concretizar, António Costa destacou a criação de 400 postos de carregamento de veículos eléctricos em 2010, que, disse, "vai colocar Lisboa na primeira linha ao nível mundial das cidades comprometidas com a "discriminação positiva" do carro eléctrico". A autarquia vai avançar também com zonas de velocidade máxima de 30 km/hora e com a separação da cidade em três áreas, que terão tarifas de estacionamento diferenciadas. Segundo Sá Fernandes, "Lisboa é a única das 13 principais cidades europeias que possui um tarifário de estacionamento on-street único e indiscriminado".»

Incêndio cala o jazz por tempo indeterminado no Hot Clube

In Público (23/12/(2009)
Por Cláudia Bancaleiro


«A mítica cave da Praça da Alegria ficou alagada pela água usada para apagar as chamas que deflagraram no último andar do prédio do clube

Um dia triste para o mais antigo clube de jazz do país

Um incêndio destruiu na madrugada de ontem parte do edifício na Praça da Alegria, em Lisboa, onde está instalado o Hot Clube de Portugal. Aquele que é um dos mais antigos clubes de jazz não foi atingido pelas chamas, mas a cave do edifício ficou inundada pela água usada pelos bombeiros.

As causas do sinistro, que ocorreu pelas 3h20 e ficou extinto cerca de duas horas depois, não eram conhecidas ao final do dia. A degradação do edifício, há muito conhecida e denunciada junto da Câmara de Lisboa, segundo o presidente da Junta de Freguesia de São José, Vasco Morgado (PSD), favoreceu a origem do fogo. De que forma? O autarca diz ser prematuro avançar. Mas a câmara, proprietária do edifício, "sabia o que se passava", garante.

O município reconhece a antiguidade da estrutura, mas recusa que se estabeleça "uma relação causal" entre a sua degradação e o incêndio, fez saber a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, através de uma assessora de imprensa. Recentemente tinha havido contactos entre a direcção do Hot Clube e a câmara para recuperar o edifício, adiantou a presidente do clube. "A ideia era instaurar uma Casa de Jazz, com um espaço museológico e concertos", disse Inês Homem Cunha. Mas nada ficou decidido.

Entretanto, ao fim do dia, Catarina Vaz Pinto divulgou um comunicado em que afirma estar a ser estudada, a pedido da direcção do clube, uma solução que viabilize a temporada de concertos comprometida pelo fogo. "Essa solução passará em princípio pela utilização por parte do Hot Clube da sala 3 do [vizinho] Cinema S. Jorge (Café-concerto)", alternativa que tinha sido sugerida durante o dia pelo presidente da Junta de Freguesia de São José. De acordo com a vereadora da Cultura, a vistoria efectuada permitiu concluir que o edifício "não está em condições de voltar a ser utilizado" e que vai ser alvo de uma operação de remoção de escombros e de uma cobertura provisória de protecção.

"Histórias não arderam"

O restaurante, no rés-do-chão, que dá trabalho a quatro pessoas, sofreu "danos elevados", segundo o proprietário, Joaquim Cunha. O Hot Clube perdeu, por tempo indeterminado, a sala de espectáculos. Durante a tarde, músicos e "amigos" do espaço retiraram amplificadores, o contrabaixo, a bateria e o piano que há vários anos fazem parte da mobília e que serão levados para a Escola de Jazz, que funciona na Junqueira, no edifício municipal da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Inês Homem Cunha afirmou que o "espaço ficou em muito mau estado", mas a principal preocupação é "manter a actividade e cumprir a programação". A desta semana foi cancelada.

Bernardo Moreira, presidente do clube durante 17 anos e agora presidente da assembleia geral, lamenta aquele que é o primeiro entrave à sua actividade em 60 anos. Mas mantém o optimismo de uma solução para um espaço com uma enorme carga histórica. "Apesar do incêndio, as histórias não ardem. Não esqueço a passagem de personagens como Vinicius de Moraes e as grandes noites que passámos. Podia relembrar outras centenas de músicos que por aqui passaram."»

...

É óbvio que o Hot Clube não pode ficar sem tecto. A utilização da sala 3 do São Jorge, dado o estado desastroso daquele cinema a nível de programação, pode ser um bom motivo para recuperar hábitos para aquela sala, só que tenho MUITO MEDO das soluções provisórias. É bom que a recuperação do prédio da Praça da Alegria avance quanto antes e que esteja garantida a reabertura do Hot Clube naquele local. Vamos dar o quê, 1 ano? É que é tempo de deitar fora aqueles telões patéticos de "Aprovado; obra a obra, Lisboa melhora" e começar efectivamente as obras.