22/07/2010

Já há árvores a morrer no Príncipe Real

Por Inês Boaventura

Dois meses depois da reabertura do jardim, há vegetação moribunda e muito pó pelo ar. Os críticos da obra falam em incúria da Câmara de Lisboa.


Faz hoje dois meses que reabriu, e, de então para cá, o Jardim do Príncipe Real ganhou uma nova e indesejada cor: o pó branco que se solta do piso colocado pela Câmara de Lisboa espalha-se por todo o lado, cobrindo carros, bancos e plantas. Basta uma lufada de vento para se formar uma nuvem no horizonte. Comerciantes e utilizadores do jardim, onde é visível que algumas das árvores plantadas em Maio estão moribundas, queixam-se também da falta de sombra e dizem que com as obras o espaço ficou menos acolhedor.

"Não sei qual foi a ideia deles. Isto agora é como se fosse um picadeiro de cavalos", lamenta Amândio Oliveira, que há três décadas explora ali um quiosque de comida. Este comerciante garante que desde o fim das muito polémicas obras de requalificação que ouve sobretudo reclamações dos clientes, principalmente por causa do pavimento de saibro estabilizado que foi colocado em substituição do alcatrão.

"Não sei por que puseram este chão", corrobora Henrique Neves, enquanto com a mão procura limpar uma fileira de revistas cobertas de "um pó fininho que se entranha em todo o lado". Do quiosque de jornais e revistas onde trabalha, este empresário tem vista privilegiada para o jardim e para os seus assentos, que por estes dias são mais brancos do que castanhos.

Também os carros estacionados nas ruas que envolvem o Príncipe Real sofrem do mesmo problema e há moradores que agora optam por abrir o mínimo possível as janelas de casa.

O biólogo Rui Pedro Lérias lembra que o omnipresente pó também prejudica as plantas, na medida em que as impede de respirarem com eficiência e propicia o aparecimento de doenças nas folhas. Membro dos Amigos do Príncipe Real, um grupo que se formou em 2009 em torno da indignação contra o abate de árvores, este biólogo critica também que os choupos que ladeavam o jardim tenham sido retiradas de uma só vez, eliminando a "cortina de protecção" existente.

Num passeio pelo jardim, Rui Pedro Lérias e Jorge Pinto (outro dos dinamizadores do grupo) apontam com desalento para vários liquidámbares e uma tília moribundos. O biólogo fala em "incúria", explicando que as árvores não vingaram porque foram plantadas na altura errada e depois de terem estado demasiado tempo à superfície sem serem regadas.

"Isto hoje é uma chapada de sol", comenta Jorge Pinto, que critica também que as áreas relvadas de antigamente estejam hoje transformadas em zonas calcetadas ou em canteiros com vegetação pouco densa.

Sentado num dos bancos por baixo do secular cedro-do-buçaco, o septuagenário Luís Cruz não tem dúvidas de que "antes da obra isto estava melhor do que está agora" e diz que fez questão de isso mesmo dizer ao presidente da Câmara de Lisboa no dia em que o jardim reabriu. "Como é que pode ser? As pessoas têm de saber o que andam a fazer", conclui, incomodado.

Público 22-7-10

O gabinete do vereador José Sá Fernandes reconhece que há muito pó no jardim, "sobretudo pela estação do ano e por se tratar de uma intervenção recente". A situação "deverá melhorar" com as primeiras chuvas, acrescenta, defendendo o pavimento como "o mais adequado". Quanto às árvores moribundas, "em qualquer plantação existe uma percentagem de árvores que pode não sobreviver". Neste caso, serão "três ou quatro" num universo de "mais de 50" e serão substituídas "caso se justifique".

Publico 22-7-10

ver mais em:

http://amigosprincipereal.blogspot.com/


30 comentários:

Anónimo disse...

Que falta lá fazia o Zé que fazia falta.

Só se fosse para demonstrar a sua infinita incompetência.

Maxwell disse...

Quando ela morrerem vamos lá plantar o zé mas com a cabeça virada para baixo para não dizer alarvidades.

Anónimo disse...

O Zé só tem pó dentro daquela cabeçorra de idiota.

Jorge Pinto disse...

A tentativa de justificação do gab. do vereador JSF merece-me dois comentários:
1- já decorreram dois meses após a inauguração e já choveu bastante desde então. Como o video da Leonor Areal bem documenta, o miradouro de S.Pedro de Alcântara, dotado do mesmo tipo de piso, continua a produzir pó ao fim de mais de dois anos;
2 - Certo que em qualquer plantação há sempre uma percentagem de árvores que não vinga. Agora o que está em causa é que das 5 árvores plantadas no interior do jardim, em substituição das 10 abatidas, 3 estão mortas e uma meio morta.
Quanto aos lódãos plantados no alinhamento não há nenhum com muito bom aspecto, mas ainda é cedo para saber quantos desses 50 lódãos irão perecer.

Anónimo disse...

O pó assenta e a caravana passa. O pavimento não incomoda nada e é o que se usa em toda a europa em jardins históricos. É o mesmo do São Pedro de Alcantara e o pó já assentou. Quando vão a Paris deslumbram-se e todos os jardins são assim. Quem não gosta, não ponha nos seus quintais particulares. Eu cá gosto e este jardim é de todos. Também sou "amigo do príncipe real" e acho a obra muito positiva.Que alarido tão inútil.

PF disse...

Impressionante a quantidade de gente que nunca fez nem tenciona fazer nada de útil na vida que se chegam à frente sempre que surge a oportunidade de criticar os trabalhos dos outros.
Se não gostam, não comam.

Anónimo disse...

A cidade e os seus jardins não são pratos num menu que decidimos comer ou não! Quando algo está tão grosseiramente mal, e juntemos a esta lista a malograda Praça do Comércio, Praça da Misericórdia, e muitas outras, temos uma obrigação moral, de consciência, de cidadania de criticar e exigir a sua reposição ou resolução.
O que não faço e não farei é abrir a boca para aceitar qualquer colher de papa que os políticos, arquitectos e designers insistem em empurrar-nos pela goela porque não há estômago que aguente tanta incompetência. Como o PF parece ter um estômago para toda e qualquer digestão faça bom proveito!

Anónimo disse...

Comer e calar.

É a filosofia dos pobres lambe-botas do executivo de anedota que está na cml.

Anónimo disse...

Se um fiasco destes acontecesse numa câmara de outra côr já o idiota do Zé andava a fazer um escarcéu dos diabos. Ele que desapareça.

Anónimo disse...

Comer e calar?nunca! se está mal os erros têm que ser apontados.Este departamento já por várias vezes demonstrou ser arrogante e autista. E assim continua. JSF está a fazer tudo aquilo que tanto criticava aos outros.Uma tristeza.Quanto ao pó só não vê quem não quer.Uma vergonha.

Anónimo disse...

Quanto ao pó em S. Pedro de Alcântara, área muito menor basta ir ver o video no blog dos amigos do Príncipe real.A mentira tem a perna curta...

Anónimo disse...

E a malta técnica que trabalha lá nos Espaços Verdes?? Desgraçadamente, no caso das maleitas das arvores no Campo Pequeno, foi o que foi,
Agora, outra desgraça, mas os vereadores são diferentes.
Tudo bem, portanto?

Anónimo disse...

Se tivesse muita relva era porque ficavam com a roupa manchada de verde. Se tivesse terra é porque ficavam sujos de lama. Se tivesse areia era porque entrava areia nos sapatos. Se tivesse pedra era porque era durinho po rabinho. Se tivesse muitas árvores era porque era sombrio. Se tem poucas árvores é porque fica muito exposto sol. Se faz vento na rua é porque faz vento na rua. Se tem pó é porque tem pó.

Acho que vocês não têm um problema com o novo Príncipe Real, é mais com a Natureza...

Anónimo disse...

É o que eu digo: comer e calar.

Há pessoas com problemas com a natureza: nasceram para lambe-botas.

Anónimo disse...

Anónimo das 4:10,

o que diz baseia-se exactamente em quê? Não conhece nenhum dos participantes pessoalmente para fazer juízos de personalidade tão redutores! Leia as críticas que se fazem à alteração do jardim, com calma e boa-fé e verá que o que se diz não é baseado em paixões contraditórias mas em factos muito concretos e esses poderá, sim rebater:
- o jardim perdeu grande parte de espécimes, que estavam saudáveis e eram importantes;
- o pavimento não é adequado porque meses depois de finalizado provoca ainda uma núvem de pó à mínima brisa - é só lá ir para comprovar
- as zonas relvadas permitiam uma utilização acrescida do jardim
Cinja-se a factos e deixe o circo para quem dele gosta.

Anónimo disse...

Só acho paradoxal que os "Amigos do Príncipe Real" gostem tanto do Jardim, de espaços verdes e de árvores - preferencialmente de espécimes diferentes-, mas depois fiquem tão arreliados com pó. Pó há em todo o lado. Se não gostam de pó, se o contacto com o que é Natural deixa algumas cabecinhas complexadas chateadas, se calhar o melhor é plantar umas árvores e meter cimento à volta... Asseguro, assim já não há pó e fica bem à maneira e higiénico!

Claro Anónimo das 6:59 vamos cingir-nos a factos, vamos continuar a debater o terrível pó!

Anónimo disse...

Nova atribuição para a CML: Limpar o pó do mobiliário urbano que está ao... ar livre!

Anónimo disse...

è dificil dar o braço a torcer não é? não existe nenhuma justificação para aquele piso e para o pó que emite, gosto muito da natureza mas aquilo é desnecessário. Nas tulieres, em Paris, tem saibro, mas é mais grosso e não tem pó,aliás o clima em Paris é muito diferente de Lisboa.Custa assim tanto a admitir que houve um engano e que o piso não presta.Ou será que não foi engano mas um favorzinho a alguém para se colocar aquele piso.Ou apenas irresponsabilidade?A ingenuidade já a perdi há muito tempo.

Anónimo disse...

Realmente tem toda a razão, é bem difícil dar o braço a torcer...

A obra foi criticada desde logo quando estava em projecto. A obra foi criticada durante os trabalhos. A obra é criticada quando está concluída, Há que admitir, pelo menos há coerência.
Pena é que as criticas se cinjam a algo como PÓ e demasiada exposição ao SOL. Assuntos relativamente menores, menos para aqueles que não querem perder a razão...

Anónimo disse...

Há pelo menos um lambe-botas que precisava de ter aquele pó junto a onde mora, para ver como é bom para a tosse...

E o Zé também podia ir lá acampar, ele que é amigo da natureza.

A.lourenço disse...

Sim é bem verdade,é horrível o pó ,mas o principal problema não é realmente esse nem outros que infelizmente atacam o jardim.O principal problema é gerir uma cidade de forma unilateral , onde a participação dos cidadãos dá jeito quando estamos na oposição mas é encarada com uma intromissão inaceitável quando somos poder. O problema é gerir-mos uma cidade que é de todos com base no secretismo, na incoerência, na certeza de sermos os eternos donos da razão.Como se a cidade nos pertencesse.É verdade que por vezes é preciso contrariar os consensos e ver mais à frente, apenas assim o mundo avança e são dados por vezes grandes saltos civilizacionais, mas isso acontece raras vezes, com raras pessoa que são de facto génios. Não é o caso de Lisboa, neste momento, e enquanto a cidade for governada por pessoas que se julgam génios sem o serem,for governada com base neste autismo e desta forma cega estamos mal.Estamos mesmo mal e é pena que assim seja.

Jorge Pinto disse...

Caro Anónimo das 11:58 PM,

Não seja injusto nem confunda as opções de um artigo de jornal com as posições dos "Amigos do Príncipe Real".
As críticas que fazemos não se cingem só ao pó nem ao "Sol". Se se der ao trabalho de ler com atenção tudo o que temos publicado no nosso blogue verifica que as nossas críticas, bem fundamentadas, abrangem todos os aspectos desta desastrosa e desastrada intervenção.

Anónimo disse...

Quem não gosta de pó, vento, terra, areia, sol, se calhar o melhor é ir passear para o Colombo.

Anónimo disse...

Porque razão é que estão a confundir jardim urbano com savana ou mato? Eu não estou seguro se esse argumento é uma tentativa de ser engraçado ou ter alguma graça, ou se é um argumento a sério. Caso o pretenda ser deixe-me que lhe diga que jardim urbano não é suposto ser um local onde não se pode sentar na esplanada sem tossir e comer poeira. Também não é o local onde apanha-se sol como na praia. E nem vou entrar pela via do património destruído porque não teria a garantia de não estar a gastar o teclado com alguém que não compreende o seu significado! Mais uma vez aconselho a deixarem o circo a quem dele sente falta.

Anónimo disse...

Assino por baixo o comentário anterior, que releva do mais puro bom-senso, coisa que falta manifestamente aos criados do Zé.

Anónimo disse...

Fico à espera dessa definicão universal de parque urbano. Realmente tem razão, não há paciência para o circo e essas hiperbolizações com o drama do pó. De resto também não há paciência para a retórica onde quem não está de acordo com Vossas Excelências, é porque está a comentar de favorzinho. Percebam que não são donos da verdade absoluta.

Anónimo disse...

Anónimo das 3:14,

a que título faz os seus comentários é-me francamente indiferente. O que não posso deixar passar sem comentário é que tenha comparado um jardim/parque urbano com um parque natural onde aí, sim, aspectos como o pó são parte integrante. Use o seu bom-senso para descobrir o que um jardim/parque urbano deveria ser. Se o seu bom-senso não lhe é suficiente comece por analisar que em jardins temos, muitas vezes, esplanadas e restaurantes até; jardins/parques urbanos têm bancos e áreas de lazer; jardins/parques urbanos têm fontes. Jardins/parques urbanos estão implantados em cidades. Todos estes elementos, e muitos outros não os encontra, por definição, numa floresta selvagem ou parque natural. Qual a hesitação, então, em perceber que nuvens de pó não fazem parte de um jardim/parque urbano como o do Príncipe Real? É o eterno argumento de "não é relevante" e do "que ridículo preocuparem-se com coisas dessas"? Não, meus caros, já chega dessa atitude responsável por vivermos numa cidade que nos envergonha, e quem contacta com turistas e conhece os seus comentários sabe do que falo.
Já ouvi vezes demais o "é uma cidade muito interessante mas muito suja" ou "porque têm tantos prédios a cair" ou "O jardim botânico é lindo mas está tão degradado", etc... etc... etc...

Anónimo disse...

Meu amigo, só a titulo de exemplo de parques urbanos lembro-me perfeitamente de andar pelo Jardin des Tuileries - e jardins adjacentes - e ficar com os sapatos completamente sujos de pó. Ou melhor, poudre, afinal falo de um parque emblemático parisiense.

Anónimo disse...

Meu amigo,
eu não sei quando esteve e em que situação esteve nos Jardim das Tulherias mas decerto não foi na mesma altura em que estive e estou, por vezes.
Mas tente ir ao Parque Monceu em Paris, aos inúmeros parques e jardins de Berlim, aos parques que rodeiam palácios como o de Charlottenburg, aos imensos jardins em áreas urbanas na Escandinávia - conheço melhor a Suécia, ao Parque del Retiro em Madrid - e assim poupar-se-à, com certeza, ao pó.

Jorge Pinto disse...

A propósito dos jardins e parque de palácio de Charlottenburg deixem-me dizer-vos que actualmente os caminhos desse belíssimo parque estão a ser remodelados. Eram, e alguns ainda continuam a ser, de uma terra escura, quase negra,que cobria uma camada inferior composta de terra batida agregada com pequenas pedras.
Estão agora a ser substituídos por um saibro (?) de uma cor amarelada, mais clara. Mas só nas zonas onde as obras decorrem é que se observa pó quando há vento. Nas áleas já prontas nem uma ponta de pó.
Será que esta gente não conhece os benefícios do nosso saibro estabilizado?