16/11/2010

Aires Mateus disposto a alterar plano para Parque Mayer e Jardim Botânico de Lisboa

In Público (16/11/2010)
Por Ana Henriques

«"O arquitecto limitou-se a passar a desenho o que lhe foi pedido pela universidade. Quem sou eu para pôr em causa o que ela decidiu?", pergunta Manuel Salgado

O autor do plano de pormenor para o Parque Mayer e zona envolvente, Manuel Aires Mateus, está disposto a alterar algumas opções do projecto se for provado que são prejudiciais para o Jardim Botânico de Lisboa, ali ao lado.

É o caso do edifício de quatro pisos previsto para a futura porta de entrada do jardim, na Rua do Salitre, um centro interpretativo orçado em 6,7 milhões de euros que terá um elevador até à zona da Rua da Escola Politécnica. "Não fazemos finca-pé nele. Se a cidade o considerar negativo para o jardim... Até agora tanto a câmara como a Universidade de Lisboa [proprietária do recinto] sempre nos disseram que era um edifício interessante", diz o arquitecto. A ideia é que os autocarros com visitantes deixem de congestionar a Rua da Escola Politécnica e passem a estacionar na Rua Castilho. O elevador do edifício de acolhimento serviria os visitantes com mobilidade reduzida.

Outro aspecto que tem sido alvo de crítica é a possibilidade de aumento da altura dos prédios mais baixos da zona. A Liga dos Amigos do Jardim teme que a transformação crie um efeito de estufa que seria letal para determinadas espécies vegetais. "Os estudos que temos dizem que o alinhamento das cérceas não terá efeitos negativos. Mas se nos provarem que tem... Estamos empenhados em arranjar a melhor solução para o jardim, que é frágil e cuja preservação é central para nós", assegura Aires Mateus.

O arquitecto sublinha que a subida das cérceas teria como contrapartida a demolição dos anexos construídos nos respectivos logradouros, parte dos quais clandestinos. "Isso aumentaria a área permeável do solo", explica. E nega que o seu plano implique danificar a cerca pombalina que rodeia o jardim, recentemente classificado como monumento nacional. "Nem sequer é tocada", garante.

Uma petição posta ontem a correr na Internet por várias associações cívicas (http://www.gopetition.com/petition/39771.html) defende a reformulação do plano, considerando-o "desajustado, desintegrado e altamente lesivo para a salvaguarda deste quarteirão histórico". O abaixo-assinado sugere que seja feita "uma verdadeira expansão territorial do Jardim Botânico para parte dos terrenos do Parque Mayer, com exposição de flora portuguesa". A solução encontrada por Aires Mateus para dar continuidade aos dois recintos, com a colocação de uma cobertura vegetal sobre os edifícios no Parque Mayer, não agrada aos autores da petição.

"O Jardim Botânico pertence à Universidade de Lisboa, e é a ela que cabe zelar pela salvaguarda deste património", declara o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, confrontado com as críticas. "O arquitecto Aires Mateus limitou-se a passar a desenho o que lhe foi pedido pela universidade. Quem sou eu para pôr em causa o que esta instituição decidiu?"

Tanto Aires Mateus como Manuel Salgado estão hoje numa sessão de esclarecimento sobre o plano, às 18h30 no Teatro Maria Vitória, ao abrigo da discussão pública do documento, que termina daqui a uma semana.»

4 comentários:

  1. "O arquitecto sublinha que a subida das cérceas teria como contrapartida a demolição dos anexos construídos nos respectivos logradouros, parte dos quais clandestinos..."

    Este blablabla é mesmo cansativo.
    Para retirar obras clandestinas não são necessárias contrapartidas nenhumas....mas sim uns bons (curtos) processos na cabeça de quem se acha acima das leis em vigor.

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  2. mas tem de ter tuda construçã, construção, raios parta ao betão. Extendam o jardim até cá baixo, façam um elevador na lateral e um restaurante.

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  3. "O Jardim Botânico pertence à Universidade de Lisboa, e é a ela que cabe zelar pela salvaguarda deste património", declara o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, confrontado com as críticas. "O arquitecto Aires Mateus limitou-se a passar a desenho o que lhe foi pedido pela universidade. Quem sou eu para pôr em causa o que esta instituição decidiu?"

    Bom o senhor Manuel Salgado é segundo consta ARQUITECTO! E actualmente é VEREADOR, vereador da câmara de LISBOA, com os pelouros do URBANISMO. Entendeu, foi ao senhor que os lisboetas conferiram e mal a responsabilidade de defender a CIDADE DE LISBOA.
    Não acha que está na hora de defender a nossa cidade? E de deixar os ajustes de contas e outros interesses para depois?
    Já percebemos que tem um profundo mau gosto e uma certa apetência pelo poder, mas já chega.
    Por agora, e para salvaguardar vários interesses e perseguições de que o senhor é hábil, terá que ser anónima mas já estamos um pouco FARTOS.

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  4. "O Jardim Botânico pertence à Universidade de Lisboa, e é a ela que cabe zelar pela salvaguarda deste património",

    VERDADE?

    O Jardim Botânico pertence a todos os portugueses, e é em última análise propriedade do ESTADO PORTUGUÊS. A Universidade de Lisboa é apenas quem usa e gere o espaço desde 1911 data da sua fundação.

    CONCLUSÃO: cabe a TODOS NÓS ZELAR pela salvaguarda do Jardim Botânico.

    E pelo que se vê, a Universidade de Lisboa tem sido pouco competente nesta tarefa, principalmente nas últimas décadas. Este PP é bem prova disso mesmo.

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