13/06/2011
O futuro do Automóvel ... Uma questão fundamental para o futuro das Cidades e para a sobrevivência do Planeta, por António Sérgio Rosa de Carvalho
O pioneiro do transporte individual partilhado - o pequeno automóvel eléctrico Witkar - sistema que foi instalado em Amsterdam em 1974 - e que contava com milhares de membros.
A ideia era já, abdicar do automóvel poluente e congestionador e passar a um sistema de pequenos automóveis movidos a electricidade e controlados por computador que podiam ser utilizados pelos membros deste projecto ... Abdicava-se assim da filosofia da propriedade individual do automóvel, agora totalmente democratizado e visto apenas como um instrumento práctico, partilhado, não poluente e não congestionador ...
Não há dúvida que este vai ser o futuro do automóvel nas cidades num futuro próximo, devido ao futuro sombrio do petróleo e aos desafios ambientais ... e dum futuro mais ou menos longínquo em todas as formas de deslocação automóvel ...
É absolutamente impossivel imaginar o Mundo em desenvolvimento ( China , India, etc., ) a utilizar o modelo actual energético e técnico do motor a explosão ... seria o fim do Planeta Terra ... Isto vem a propósito de um artigo-entrevista com Chris Borroni-Bird, co-autor de “Reinventar o Automóvel: a Mobilidade Urbana Individual do século XXI” e responsável pela área de tecnologia avançada da GM, publicado hoje no Público e da autoria de Lurdes Ferreira ... e do qual transcrevo um extracto ...
António Sérgio Rosa de Carvalho
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O carro eléctrico do futuro terá de ser simultaneamente transporte público e privado: um transporte público de mobilidade individual, diz o investigador
Se queremos resolver verdadeiramente desafios globais, como as emissões de gases de estufa e o consumo de petróleo, temos de olhar para o que está a acontecer na China ( in Publico por Lurdes Ferreira )
Solução de redução de custos pode passar por pagar apenas quando se utiliza o carro
Um carro custa anualmente 10 mil a 15 mil dólares, entre compra, operação e taxas, e só circula durante mil horas: dá 10 a 15 dólares por hora. O custo acessível dos novos carros é uma questão a ganhar preponderância. Como se consegue um carro com muito mais tecnologia e, ao mesmo tempo, mais barato? Os iPod e os mp3 são mais baratos do que os sistemas de som de há 30 anos. No caso do carro, o custo tem a ver com a possibilidade de grandes deslocações. Se reduzirmos as necessidades do veículo, o tamanho, a massa, e o optimizarmos para uma condução urbana, isso é uma oportunidade. O ponto mais caro do carro eléctrico é a bateria e o custo é determinado pelo número de kilowatt/horas. Um carro eléctrico tradicional precisa de 20 kWh para fazer 100 km. Estes veículos (como o CityCar) poderão precisar apenas de 5 kWh para fazer 40/50 km. Se a dimensão da bateria for reduzida, isso terá um impacto considerável no preço do veículo. Outro aspecto do custo passa por decidir se se necessita mesmo Não será já, mas quando pudermos demonstrar uma condução autónoma num ambiente controlado, a fiabilidade da tecnologia dos sensores, a robustez em todas as condições climatéricas e ter a certeza de que não se perde a conectividade ou o GPS. Se pudermos provar todos estes pontos e demonstrar aplicações fáceis como o parqueamento automatizado – operação a muito baixa velocidade e sem ninguém dentro do carro –, penso que as pessoas começarão a sentir-se confortáveis e poderemos então colocar os nossos filhos ou a nossa avó. Mas não vamos já directamente para essa solução. Quão importante é a China para um novo modelo de mobilidade no planeta? As cidades europeias estão a liderar a procura das melhores soluções de mobilidade. Na China, está-se numa fase diferente de evolução: as pessoas ambicionam ter um carro próprio e não se vê a mesma atitude agressiva das cidades europeias, apesar de Pequim ter introduzido recentemente restrições para a utilização de carros. As cidades asiáticas são as que vão ter os problemas de congestionamento mais severos e onde soluções vão ser mais necessárias. As melhores soluções deverão começar na Europa, mas, no longo prazo, o Governo chinês tem um forte interesse em reduzir a sua dependência em relação ao de possuir o veículo ou apenas pagar quando se utiliza. Um carro tradicional custa 8000 dólares por ano na América. Se se juntar taxas, como as cobradas em Londres ou Singapura, estamos a pagar entre 10 mil e 15 mil dólares por ano. É o custo de um carro na cidade hoje. Se pensarmos quantas horas usamos o carro – cerca de duas horas por dia –, é cerca de mil horas por ano, mais ou menos. Por isso, paga 10 a 15 dólares por hora para usar o veículo hoje. Mas talvez prefira pagar 10 a 15 dólares quando usa realmente o veículo em vez de 10 mil a 15 mil por ano. É uma grande soma. Tornar o carro mais acessível não é apenas reduzir as baterias: podemos não possuir o veículo. O carro partilhado faz muito mais sentido na cidade. Isso implica uma grande mudança nas atitudes e modelos de consumo. Será melhor pagarmos um carro quando precisamos. Nas viagens dentro das cidades congestionadas, é confortável partilhar um veículo, como um sistema de transporte público. Será um transporte público para a mobilidade individual. petróleo, com veículos eléctricos. Diz que o carro tem de ser reinventado, não eliminado, mas também que no futuro as cidades com maior densidade tendem a investir em mais transporte público e não na mobilidade individual. Onde fica o carro individual? Os urbanistas são rápidos a promover o transporte público e de bicicletas e a restringir o uso do automóvel. Como construtor automóvel, temos de pensar seriamente sobre o que podemos fazer. As tecnologias actuais continuarão a ser relevantes e com um design apropriado de carros podemos melhorar dramaticamente as cidades em todas as medidas: segurança, energia, estacionamento, ambiente, preço, acessibilidade. As cidades devem desenvolver não só novos desenhos urbanos mas novos modelos, como o car sharing e infra-estruturas de carregamento eléctrico e de comunicações, integrados com o transporte individual. Se o conseguirem fazer, atrairão mais pessoas. As pessoas não querem viver em cidades que expulsem os carros. O objectivo é melhorar a coexistência entre os dois. O que refiro no livro é que será difícil no futuro distinguir entre transporte individual e público, porque se estes veículos forem detidos pelo sistema de transportes públicos, é transporte público ou individual? É ambos.
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