30/11/2011

 
O canal pedonal era tão largo face aos reduzidos fluxos que tem que satisfazer, ainda bem que o BE decidiu fazer alguma coisa!


POMBALINO DE BETÃO: Rua Ivens

Está quase pronto mais um "pombalino de betão" no CHIADO, na Rua Ivens 21-33, e desta vez é uma iniciativa to BES imobiliário. Apenas foi mantida a fachada principal (para manter as aparências...) na Rua Ivens - tudo o resto foi demolido, incluíndo a fachada de tardoz.
Se o Dr. Ricardo Espirito Santo estiver a ver o que o seu banco anda a fazer por esta Lisboa fora... das Avenidas Novas, passando pelo Princípe Real e no Bairro do Castelo, é só demolir e reconstruir novinho em betão, nada de restauro, nem sequer a mais elementar regra de recuperação/reabilitação é seguida, nenhum respeito pela autênticidade do património de Lisboa. «BES Reabilitação» dizem os cartazes! Que melhor exemplo de publicidade enganosa?

Torre do Tombo é Monumento de Interesse Público


Anúncio n.º 17753/2011. D.R. n.º 230, Série II de 2011-11-30
Presidência do Conselho de Ministros - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I. P.
Projecto de decisão relativo à classificação como monumento de interesse público (MIP) do edifício da Torre do Tombo, sito na Alameda da Universidade, freguesia do Campo Grande, cidade, concelho e distrito de Lisboa, e à fixação da respectiva zona especial de protecção (ZEP)


Foto

Rossio e Praça da Figueira: dispositivos de publicidade






Exmo. Senhor Presidente, Dr. António Costa
Exmo. Senhor Vereador, Dr. José Sá Fernandes


Vimos por este meio alertar V.Exas. para a desordem de dispositivos de publicidade aplicados nas fachadas de vários imóveis na Baixa, em particular no Rossio e na Praça da Figueira, em plena zona classificada Imóvel de Interesse Público e Em Vias de classificação como Monumento Nacional.

Vários estabelecimentos comerciais apresentam um excesso de dispositivos de publicidade - fixos e móveis - com grande impacto negativo nesta zona classificada.

Também há a assinalar dispositivos de publicidade abandonados e/ou em mau estado de conservação, alguns deles pondo em risco a segurança de pessoas (ex: «Pensão Coimbra» na Praça da Figueira, ?). Para estes casos pedimos o desmonte urgente para se evitarem acidentes.

Não devemos tolerar todo este "ruído" num bem cultural protegido por Lei como é o caso da Baixa.

Cada vez mais surgemformas de publicidade que tentam contornar a lei, como é o caso de publicidade colada nas vidraças dos vãos das fachadas e montras. Assim, solicitamos que nos informem se estão previstas medidas para mitigar este problema.

Pedimos ainda a vossa maior atenção para a necessidade de se fiscalizar com mais frequência toda a zona classificada da Baixa de modo a prevenir-se o alastramento de situações de publicidade selvagem como as que vão ilustradas na amostra em anexo.

Muito obrigado.

Com os melhores cumprimentos,



Fernando Jorge, Luís Marques da Silva e Júlio Amorim





Peso da reabilitação na construção é o pior da Europa

In Diário Económico (30/11/2011)
Por Raquel Carvalho

«Confederação do sector acredita que a taxa liberatória tornaria mais atractivo investimento no arrendamento e reabilitação em Portugal.


Existe um consenso em Portugal, partilhado por políticos e agentes do sector quanto ao futuro do sector da construção. Com o fim do crédito à habitação que alimentou durante duas décadas a construção de habitação nova, agora as baterias estão voltadas para a reconstrução. Uma aposta que poderá segurar todo um sector de actividade, dado que.o segmento da reestruturação está muito atrasado relativamente ao que se passa pela Europa fora. Se não vejamos.

Portugal é o País da Europa onde a reabilitação tem menos peso no sector da construção no geral, e no segmento da habitação em particular. De acordo com os mais recentes números divulgados pela Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliário (CPCI), referentes ao primeiro semestre do ano, e que têm por base dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), a reabilitação em Portugal pesa apenas 6,5% no sector da construção, um valor bem abaixo do verificado em Itália, que lidera a aposta neste segmento, com um peso de 45,5%, logo seguida da Alemanha, com 44,6% e da França, com 39,4% (ver tabela).

Reabilitação motor do sector

Para a CPCI, a reabilitação urbana pode ser o motor para impulsionar o sector da construção e o mercado de arrendamento. Mas, uma das formas de garantir a atractividade do investimento no arrendamento e na reabilitação, é, segundo um estudo recente da confederação, a aplicação de uma taxa liberatória em sede de IRS para os rendimentos prediais, equivalente à das aplicações financeiras.

Segundo Reis Campos, presidente da CPCI, "qualquer investidor, perante a opção entre depósitos a prazo ou um investimento de igual montante no arrendamento ou na reabilitação de fogos para arrendar, escolhe a que permite maior rentabilidade". É que, diz, "a tributação em IRS é de tal forma penalizadora para o arrendamento que inviabiliza este mercado". A CPCI frisa que esta medida pode representar uma receita fiscal superior a mil milhões de euros ao longo dos próximos três anos. Governo mexe na fel das rendas até ao final do ano

Assunção Cristas, ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território promete ter pronta até ao final do ano a nova lei do arrendamento. Uma promessa assumida recentemente na Assembleia da República no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2012. Nesta matéria, o objectivo é reabilitar e conseguir preços mais baixos e adequados à realidade portuguesa.

No Memorando assinado em Maio entre o governo do PS, o PSD e o CDS e a 'troika' estavam previstas alterações significativas na lei das rendas e também na lei dos despejos. Acontece que até agora nada foi feito nessas matérias. A ministra da Justiça ainda não deu um prazo para mexer nos despejos e Assunção Cristas promete agora ter uma nova lei das rendas até final do ano, dizendo que todas as possibilidades estão em aberto.

No estudo apresentado ao Governo, a CPCI demonstrou que se for criada uma taxa liberatória sobre as rendas, o cenário inverte-se, tornando o investimento no arrendamento competitivo e, simultaneamente, gerando um maior volume de receitas fiscais.

Uma das conclusões do estudo revela que no primeiro ano, as receitas fiscais numa aquisição para arrendamento são 2,8 vezes superiores às dos depósitos a prazo, o que sobe para 8,7, no caso de obras de reabilitação.

Face à necessidade imediata de cerca de 70 mil fogos para arrendamento, o estudo diz ser possível satisfazer as necessidades de habitação, e beneficiar o erário público com o acréscimo de receitas decorrente da entrada destas casas no mercado de arrendamento. ¦

Pedidos para pequenas obras com tendência crescente

Primeiros nove meses de 2011 já totalizam 83% dos pedidos feitos durante todo o ano de 2010.

Os últimos dados de licenciamento urbanístico do Sistema de Indicadores de Gestão Urbanística (SIGU), da Câmara Municipal de Lisboa, revelam que as empresas de pequena e média dimensão estão a apostar nas obras de reabilitação. Isto porque, depois de uma quebra no número de processos para obras de reabilitação de habitação familiar em 2010, que totalizaram 569, comparativamente a 2009, nos primeiros nove meses deste ano já se registaram 83% dos pedidos feitos no ano passado. Números que levam a crer que nos últimos três meses aqueles números possam ser ultrapassados.

Se tivermos em conta as obras novas de edifícios e comércio, a tendência foi de decréscimo nos dois últimos anos, com 2009 a registarem-se

537 obras novas, e 2010 a registar menos 100. Em relação a este ano, concretamente no primeiro semestre os pedidos já totalizam 341.

De referir que nem todas as obras de requalificação implicam um pedido de licença. Mas muitas requerem essa obrigatoriedade. Nesse âmbito, os números de licenciamentos para obras de edificação revelam igualmente, uma maior aposta na reabilitação. Se em 2009, deram entrada na câmara de Lisboa, 216 pedidos de licença, em 2010, o número aumentou para 400 pedidos, sendo que os dados dos primeiros nove meses de 2011 pressupõem que esse número irá ser ultrapassado em larga escala, uma vez que deram entrada na autarquia 313 pedidos durante esse período.

Se tivermos em conta apenas o mês de Setembro deste ano, foram registados 42 processos para obras de reabilitação para habitação familiar e 25 para obras de reparação de espaços comerciais ou outros edifícios, do total de 67 pedidos de obras de requalificação.

No que respeita a obras de reabilitação que implicam uma licença autorizada pela câmara, deram entrada na autarquia de Lisboa, 632 pedidos de licenças, dos quais 313 de obras de reparação e 319 de obras novas de edifícios e de estabelecimentos comerciais. De referir que os dados tomam como reabilitação, obras de alteração, ampliação e conservação.»

Morador de São Sebastião da Pedreira






Chegado por e-mail:


«Exmo. Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

ASSUNTO: S. SEBASTIÃO DA PEDREIRA


No seguimento de vários contactos que tenho dirigido à CML no sentido de resolver diversos problemas que afectam a zona onde vivo e melhorar a qualidade de vida, venho de novo pedir a sua melhor atenção para esta zona.

Envio em anexo imagens que ajudam a perceber o sentido das observações que apresento.

O parque de estacionamento em forma de meio círculo, gratuito para não moradores da zona, exclusivo dos funcionários do Ministério do Exército, situado nas traseiras do Quartel General na Rua Marquês de Fronteira continua em funcionamento apesar das recentes alterações à utilização do Quartel. Este parque privado devia ser suprimido.

Com efeito um parque de estacionamento na via pública para um ou dois carros oficiais do Ministério do Exército seria aceitável apesar dos lugares de estacionamento que existem no interior do Quartel.

A colocação de pilaretes ou blocos de cimento ou vasos de plantas nas quatro esquinas do cruzamento das ruas Marquês de Fronteira e Dr.Nicolau de Bettencourt seria aplaudida.

Aqui o estacionamento de automóveis em cima dos passeios não é uma excepção. É a regra que todos os dias nos impede de andar nos passeios e aceder às passadeiras.

Sugiro que zonas de acesso aos stands de automóveis ou para cargas e descargas só sejam válidas dentro de um horário restrito e muito limitado.

Estas zonas, que estão fora da alçada da E.M.E.L., são invariavelmente transformadas em estacionamentos privados, garantidos e gratuitos para os automóveis de gerentes e outros funcionários (não residentes) de supermercados, stands, etc..

Sugiro que essas zonas sejam revistas e que só venham a ser de novo atribuídas se tiverem horários limitados e afixados. Solicito que fora desses horários sejam lugares, como os outros, tarifados pela E.M.E.L..

Morador de São Sebastião da Pedreira»

E ... Vira o disco ... e toca o mesmo !



Câmara de Lisboa vai investir 38,6 milhões de euros na frente ribeirinha até 2015
Por Inês Boaventura in Público

Os vereadores discutem hoje o protocolo a celebrar com o Governo, na sequência da extinção da Frente Tejo
A Câmara de Lisboa deverá investir, até 2015, cerca de 38,6 milhões de euros na requalificação da sua frente ribeirinha. Para tal o município irá receber contrapartidas financeiras na ordem dos 31,6 milhões de euros.
Estes valores constam dos anexos ao protocolo a celebrar com o Estado, com vista à transferência para a câmara de um conjunto de direitos e obrigações "no âmbito da intervenção da frente ribeirinha da Baixa Pombalina". Esta transferência ocorre na sequência da extinção da sociedade Frente Tejo, publicada sexta-feira em Diário da República.
Segundo esse protocolo, que será discutido na reunião camarária de hoje, transita para a autarquia a gestão dos imóveis que estavam nas mãos daquela sociedade, "com excepção da gestão do edifício sito na ala ocidental do Terreiro do Paço, actualmente afecto ao Ministério da Administração Interna".
No documento diz-se ainda que as operações de requalificação pelas quais a Câmara de Lisboa fica agora responsável têm um prazo de execução de "três anos e meio". Para um conjunto de cinco áreas (Frente ribeirinha da Baixa Pombalina; Cais do Sodré; Espaço público da zona nascente da frente ribeirinha; Ribeira das Naus; Campo das Cebolas e Doca da Marinha) está previsto um investimento de 38,6 milhões de euros.
Para fazer frente a essa despesa, a autarquia receberá contrapartidas de cerca de 30 milhões provenientes da concessão dos espaços que ficarão sob a sua gestão e da transferência para a sua propriedade do antigo tribunal da Boa-Hora. O município receberá ainda 1,4 milhões de euros, provenientes de fundos comunitários atribuídos à "operação integrada da Ribeira das Naus/Terreiro do Paço".
Na Boa-Hora, como já anunciou o presidente da Câmara de Lisboa, vão ser instalados os gabinetes de trabalho dos vereadores, a Assembleia Municipal e uma escola.

29/11/2011

PLANETA EMEL: Largo do Marquês do Lavradio

Na Freguesia da Sé. Dentro de zona gerida pela EMEL. E ainda lhe chamam «Largo»...

Fábrica A Nacional vai ser MIP


Anúncio n.º 17666/2011
Projecto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público (MIP) da Fabrica A Nacional, freguesia do Beato, concelho de Lisboa, distrito de Lisboa.


Foto

Hot Clube de Portugal vai reabrir a casa do jazz em Lisboa

In Público (29/11/2011)
Mauro Gonçalves

«O Hot Clube de Portugal prepara-se para reabrir portas a 21 de Dezembro. Dois anos após o incêndio que destruiu a cave onde funcionava o clube de jazz, este regressa, com morada na Praça da Alegria, em Lisboa, e com três dias de espectáculos.

A reabertura do Hot Clube Portugal (HCP) será assinalada com espectáculos de entrada gratuita que se estenderão até ao dia 23. Em cartaz estará a "prata da casa", segundo Inês Cunha, presidente do conselho director do HCP. O quarteto e o septeto do Hot Clube serão as atracções do primeiro dia. No dia 22, actuará a Big Band. Os três dias de festa serão encerrados por jam sessions com alunos da escola do clube.

O espaço, nos números 47 a 49 da Praça da Alegria, em Lisboa, foi cedido pela Câmara de Lisboa, após as antigas instalações terem sido destruídas por um incêndio em Dezembro de 2009. O edifício, onde outrora funcionava a casa do jazz, foi demolido no ano passado, restando apenas a sua fachada.

O HCP tem agora uma casa maior, com camarins, sistema de som renovado e um piano novo. "Desta vez, é um espaço feito para isto, enquanto o que tínhamos não era", afirma Inês Cunha. As novas instalações incluem ainda um jardim arborizado, para o qual já começam a ser pensados alguns espectáculos ao ar livre. Após o regresso, o clube sexagenário iniciará, a partir de Janeiro de 2012, uma programação regular, ainda em definição. Fundado em 1948, o Hot Clube é considerado o mais antigo clube de jazz da Europa, tendo acolhido grandes nomes do jazz, como Count Basie, Dexter Gordon e Trummy Young.»

...

Uma boa notícia! E que a reabilitação do prédio onde o Hot estava seja rápida para o Hot voltar para lá, claro.

O Vereador que passou a aprovar directamente "por despacho" ... sem ir a Reunião de Câmara …

Manuel Salgado passou a aprovar casos de demolição de Património Arquitectónico insubstituível , que constituem verdadeiro crime … por despacho directo … evitando assim … possiveis confrontos e críticas …
Alguma vez passaria pela cabeça de um Parisiense ( Hector Guimard – Arte Nova ) ou de um Belga ( Victor Horta – Arte Nova – Bruxelas) de cometer tal crime em Novembro de 2011 ?
Em Lisboa continua a ser possível !!
António Sérgio Rosa de Carvalho.


Castel Belanger, Hector Guimard, Paris


Rua Camilo Castelo Branco, 25
"uma vez que a informação prévia que conduzirá à destruição dos interiores da moradia do nº 25 da Rua Camilo Castelo Branco, e construção de um edifício de vários pisos e esventramento do subsolo, já foi aprovada por despacho do Sr. Vereador do Urbanismo no passado dia 2 de Nov. 2011."



OK ! Parabéns ... Agora "só" falta a Candidatura da Baixa a Património Mundial ...


"Só que me parece que" ... com o percurso desenvolvido por António Costa e as tendências demonstradas e inclinações ilustradas vezes sem conta neste “blog” … no que respeita a relação do Vereador Manuel Salgado, com o Património Arquitectónico … é algo que nunca se vai concretizar.
António Sérgio Rosa de Carvalho.

Sinais de trânsito no Marquês de Pombal e chapéus-de-chuva na Praça do Chile


No Rossio vão ser adaptados objectos de uso quotidiano

Sinais de trânsito no Marquês de Pombal e chapéus-de-chuva na Praça do Chile
Por Inês Boaventura in Público

A Câmara de Lisboa vai investir 150 mil euros na iniciativa, com a qual "quer dar sinais claros de apoio à criatividade e aos novos talentos". As instalações devem ser inauguradas no sábado


Lisboa vai ter este ano, em vez das habituais iluminações de Natal, sete instalações concebidas por arquitectos e designers para assinalar a quadra. O Marquês de Pombal vai encher-se de sinais de trânsito com estrelas e flocos de neve e na Praça do Chile vai haver chapéus-de-chuva iluminados para mostrar o lado bom do Inverno.
A Praça Luís de Camões, o Rossio, a Rua Augusta, a Praça da Figueira e a Praça de Londres são os outros locais da cidade que vão receber, em princípio a partir de sábado, instalações natalícias. A câmara vai investir na iniciativa cerca de 150 mil euros, valor que contrasta com os 846 mil gastos no ano passado.
As sete instalações foram escolhidas depois de consultados 25 artistas, designers e arquitectos, dos quais 16 apresentaram propostas. Segundo uma nota camarária foram depois eleitas as peças "que evocassem de forma original, qualificada e criativa uma alusão à época natalícia, que interpelassem com impacto os cidadãos e que tivessem em atenção o contexto urbano". A autarquia "quer dar sinais claros de apoio à criatividade e aos novos talentos".
Entre elas está a proposta de Pedro Sousa e de Bárbara Silva para o Marquês de Pombal, intervenção que a autarquia considera que "devolve uma carga poética a esta praça". O arquitecto Pedro Sousa revela que vão ser colocados cerca de 250 sinais de trânsito, de várias dimensões. No interior dos sinais haverá palavras alusivas ao Natal e símbolos da quadra, como prendas, árvores, estrelas, flocos de neve e o Pai Natal.
"Plantação" de sinais
Pedro Sousa explica que uma das suas preocupações foi "fugir das típicas iluminações de Natal, que as empresas vão deslocando de sítio para sítio e que são pouco identificáveis com o local". Como este é também um sítio de Lisboa que nunca dorme, Pedro Sousa quis que a sua instalação pudesse ser vista a qualquer hora. Quem passar no Marquês de Pombal durante o dia verá os sinais por inteiro e quem lá passar à noite verá apenas os símbolos no seu interior, iluminados pelas luzes dos automóveis.
Para a Rua Augusta, o atelier ADOC pegou no tradicional pinheiro de Natal e deu-lhe uma nova vida. Como explica Duarte Cardoso Ferreira, 28 peças de plástico rijo de cor encarnada, cada uma representando metade de um pinheiro, serão dispostas no quarteirão final da artéria, junto ao arco para o Terreiro do Paço. "Estamos a tentar trazer à iluminação de Natal um visual o mais virgem possível, esta instalação não pretende ser uma dissertação filosófica", diz o arquitecto, acreditando que cada pessoa fará desta obra uma interpretação diferente.
A proposta para a Praça do Chile, concebida por Catarina Pestana, com o atelier Dasein, intitula-se Está de Chuva! e, para além de assinalar o Natal, faz um apelo à reutilização de materiais. Dessa forma, a praça vai encher-se de chapéus-de-chuva iluminados, de várias cores. Catarina Pestana explica que a ideia foi também abordar o panorama actual, marcado pela crise, mas com uma leitura positiva. "Queríamos transformar um contexto mais depressivo numa coisa boa", conta a designer.
Na Praça Luís de Camões, Pedro Campos Costa aposta na distribuição de pins luminosos a quem passar, enquanto no Rossio a proposta de Diogo Aguiar e Teresa Otto adapta objectos de uso quotidiano em colunas iluminadas. Pedro Sottomayor recria, na Praça da Figueira, "uma constelação" de estrelas. Por seu lado, José Adrião propõe, na Praça de Londres, um novo desenho de uma árvore.

28/11/2011

Não ao fim do 18!



Monsanto sem vigilantes à noite e aos fins-de-semana.

O Parque Florestal de Monsanto só é vigiado por guardas florestais nos dias de semana até às 17:30, estando "abandonado" fora desse período, disse hoje um responsável da Plataforma por Monsanto.

"Há momentos em que não há nenhum guarda a vigiar o Monsanto, que fica um bocado ao abandono", disse Manuel Verdugo à agência Lusa.
Segundo o responsável pela Plataforma por Monsanto, os guardas florestais estão no parque das 09:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:30.
"Não há vigilância desde as 17:30, à noite e aos fins-de-semana", assegurou Manuel Verdugo, acrescentando que a falta de vigilância deve-se "aos cortes impostos pela Câmara de Lisboa às horas extraordinárias e às horas noturnas".
Frisou ainda a falta de guardas florestais, afirmando que num quadro de 84 pessoas, apenas estão 33, uma situação que Manuel Verdugo, considera ser "grave".
A agência Lusa contactou o gabinete do vereador do Ambiente Urbano na Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, que reencaminhou as questões para a presidência da autarquia.
DN-Lusa

Uma noticia que é muito fácil de constatar para quem visita Monsanto com mais regularidade e não se fica apenas pelos locais mais visíveis.Voltaram os carros dentro da mata para actividades que nada têm a ver com o local, vêm-se mais prostitutas e muito pouca vigilância.Já agora seria interessante saber o que é feito das moto-quatro,das bicicletas,etc e de outros materiais da GF. Devem estar a apodrecer num lugar qualquer.O parque vive de aparências que, como sempre, é o que mais importa.Também no canil de Monsanto,que tantos e (re)conhecidos problemas tem foram despedidas 12 pessoas qualificadas,que não chegavam a ganhar mais de 500,00Euros e tanta falta fazem ao serviço.

E logo ao lado, idem, aspas


Rua Camilo Castelo Branco, 17-19

Com a nuance que neste nem sequer se faz-de-conta que é reabilitação. Neste, o projecto de construção nova Proc. 858/EDI/2010, aprovado tb por despacho em 10 de Março de 2011, corresponde a fazer nascer ali um mono daqueles valentes, pois então, caixotão de cimento. Lindo! Duplamente lindo, porque neste momento o prédio está à venda, com o letreiro "vende-se com projecto aprovado". Que fazer com isto tudo?

Enquanto isso, moradia Arte Nova vai mesmo para o maneta


Continua a todo o vapor a materialização do que afirmávamos em «Lisboa, Capital Europeia da Demolição», uma vez que a informação prévia que conduzirá à destruição dos interiores da moradia do nº 25 da Rua Camilo Castelo Branco, e construção de um edifício de vários pisos e esventramento do subsolo, já foi aprovada por despacho do Sr. Vereador do Urbanismo no passado dia 2 de Nov. 2011. Mais um prédio cujo destino passa à margem das reuniões de CML, processo que é legal mas imoral, de consequências assassinas no que toca ao património edificado de finais do séc. XIX, princípios do XX.

Palácio do Grilo é MIP


Anúncio n.º 17543/2011. D.R. n.º 228, Série II de 2011-11-28
«Presidência do Conselho de Ministros - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I. P.
Projecto de Decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público (MIP) do Palácio dos Duques de Lafões ou Palácio do Grilo, freguesia do Beato, concelho de Lisboa, distrito de Lisboa»


Foto: geneall.net

Monumento ao Botânico Bernardino António Gomes





Chegado por e-mail:



«Exmo Director do DMC-DPC,

Lisboa, 27 de Novembro de 2011

Assunto: Monumento a Bernardino António Gomes no Campo de Santa Clara

Exmo. Arq. Jorge Ramos de Carvalho,

A Liga dos Amigos do Jardim Botânico (LAJB) vem por este meio chamar atenção para o mau estado de conservação em que se encontra há já vários anos o Monumento ao Dr. Bernardino António Gomes no Campo de Santa Clara.

Muito nos preocupa ver este, assim como grande parte dos monumentos e estatuária da nossa cidade, sem devidos cuidados de protecção e de conservação.

Estamos conscientes da tarefa complexa e difícil que é gerir, manter e recuperar os monumentos de Lisboa.

Mas esperamos que brevemente seja estudada e executada a limpeza deste monumento que homenageia um ilustre Botânico do nosso país.

Enviamos em anexo imagens para que possam constatar o terrível estado em que se encontra o monumento.

Com os nossos melhores cumprimentos,

A Presidente da Liga dos Amigos do Jardim Botânico,

Manuela Correia
--
LIGA DOS AMIGOS DO JARDIM BOTÂNICO
Rua da Escola Politécnica, 58
1250-102 Lisboa»

POSTAIS DA BAIXA: Praça da Figueira

BAIXA POMBALINA: Imóvel de Interesse Público, e Em Vias de Classificação para Monumento Nacional. Venha o Diabo e escolha...

Roubos a supermercados, ourivesarias e gasolineiras aumentaram em Lisboa

In Sol Online (26/11/2011)

«Os roubos a supermercados, ourivesarias e gasolineiras foram os que mais subiram em Outubro, mas os assaltos a viaturas lideraram os crimes registados pela PSP, segundo um relatório da Polícia sobre a zona metropolitana de Lisboa.


O relatório do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (COMETLIS) de Outubro sobre a criminalidade violenta no que toca aos roubos a estabelecimentos e viaturas, a que agência Lusa teve acesso, refere que no mês passado foram registados 43 crimes, representando os assaltos a viaturas 30 por cento, ourivesarias 19, supermercados 16 e bombas de gasolina sete por cento.

O documento refere que a divisão com maior número de roubos foi Loures, com 10, seguindo-se Cascais e Benfica (terceira divisão), com sete cada, e Sintra, com seis.

Segundo o relatório, em Outubro confirmou-se a «tendência de subida dos roubos em supermercados, atingindo níveis dos meses de Janeiro e Abril» em que se registaram também sete assaltos.

A PSP indica que a maioria dos roubos a supermercados na região da capital foi efectuada com recurso a armas de fogo, tendo todos os suspeitos fugido a pé.

Os assaltos a bombas de gasolina também aumentaram em Outubro face ao mês anterior, passando de dois para três, roubos que foram praticados com armas de fogo e usadas viaturas para a fuga.

O relatório do COMETLIS salienta igualmente que no mês passado se verificou «um aumento significativo dos roubos a ourivesarias», quase o triplo de Setembro e atingindo o máximo do ano com oito, ocorridos maioritariamente nas divisões de Loures e Sintra, com três assaltos em cada.

Apesar do número de viaturas roubadas na região metropolitana de Lisboa ter descido em Outubro, passando de 18 para 13, este crime continua a ser o mais praticado. A PSP refere que a maioria dos roubos a carros ocorre à segunda-feira entre as 0h e as 4h.

Duas das viaturas roubadas foram utilizadas em assaltos a ourivesarias e a bombas de gasolina, adianta a Polícia.

O documento do COMETLIS diz também que os roubos a estabelecimentos de restauração registaram em Outubro um «descida acentuada», passando de oito para dois, tendo-se ainda verificado dois assaltos a balcões dos correios e um a farmácias.

Sobre a evolução mensal dos roubos na região metropolitana de Lisboa, a PSP refere que Janeiro foi o mês com mais crimes (60), registando-se um decréscimo entre Maio e Julho, voltando a subir em Agosto (52) para descer novamente em Setembro (51) e em Outubro (42).
Lusa / SOL»

Câmara de Lisboa recusa-se a divulgar inquérito interno sobre suspeitas de corrupção nos Sapadores Bombeiros

In Público (28/11/2011)
Ana Henriques

«"Enquanto não forem apuradas responsabilidades, não fornecemos nem mais um parafuso ao regimento"

Oito meses depois de ter anunciado a abertura de um inquérito interno destinado a apurar responsabilidades em vários concursos do Regimento de Sapadores Bombeiros para aquisição de viaturas, a Câmara de Lisboa recusa-se a divulgar a que conclusões chegou.

Prosseguem entretanto os ajustes directos com as empresas suspeitas de favorecimento – todas elas ligadas a um comandante de bombeiros de Valbom e à sua família –, perante a indignação das firmas concorrentes.

Foi em Março que a autarquia anunciou ter participado ao Ministério Público suspeitas de o regimento ter lançado concursos, no valor de 4,1 milhões de euros, à medida de uma empresa. Trata-se da Vianas, cujo nome não foi, no entanto, divulgado pelos responsáveis camarários. Depois de aberto o inquérito, a autarquia entregou mais 47 mil euros à mesma firma por ajuste directo, a que há que somar outros 8600 para aquisição de material à Engibox, empresa que pertence igualmente ao universo Vianas.

"Enquanto não forem apuradas responsabilidades, não fornecemos nem mais um parafuso ao regimento", diz Jorge Cunha, director-geral de outra empresa do ramo, a Eurofiresafe. "Não quero envolver-me em problemas e ter a polícia a bater-me à porta." Outra firma, a Contrafogo, também se mostra muito crítica: "A demora de qualquer entidade pública em divulgar resultados de averiguações apenas vem acrescentar suspeitas e manchar o nome das entidades em causa e das pessoas que nela trabalham, muitas vezes sem razão para tal."

Já o director financeiro da Extincêndios, Hugo Martins, encara "com muita apreensão" o silêncio da câmara, "até porque continuam a ser efectuados ajustes directos à mesma empresa, ou empresas associadas".

Além de ter aberto o inquérito interno, a autarquia anunciou há oito meses ter participado as suas suspeitas ao Ministério Público. É com este facto que o vereador com o pelouro dos bombeiros, Manuel Brito, justifica todo o secretismo à volta do caso: "É um assunto sobre o qual não posso prestar declarações, por estar sob inquérito disciplinar e investigação judicial."

O comandante do regimento, Joaquim Leitão, que foi nomeado pelo presidente da câmara, António Costa, e é casado com uma militante socialista, tem-se também recusado desde o início do processo a falar sobre o assunto. Ignora-se se o inquérito lhe assaca alguma responsabilidade. Todos os elementos dos bombeiros que participaram na elaboração dos concursos em causa se mantêm em funções. »

Mercado do Forno do Tijolo vai ter espaços de trabalho


In Público (28/11/2011)

«A Câmara de Lisboa quer criar no Mercado do Forno do Tijolo, nos Anjos, um espaço de co-working, uma área aberta onde vão ser disponibilizados postos de trabalho individuais para projectos de diferentes áreas a baixos custos.

Na quarta-feira, o executivo municipal discute uma proposta para "criar numa parte do mercado, num openspace com 1200 metros quadrados, um espaço de trabalho partilhado que se destina a disponibilizar postos de trabalho a baixos custos para independentes", explicou à agência Lusa a vereadora da Modernização Administrativa, Graça Fonseca. Os espaços serão dotados de "computador e do material necessário para trabalhar", de modo a que pequenos projectos de diferentes áreas – quer sejam dependentes ou desenvolvidos por pequenas empresas – ali possam cionar".

Além da vantagem do baixo custo associado ao aluguer destes espaços, Graça Fonseca salienta o "ambiente próprio" do co-working: "Um arquitecto e um programador podem conjugar sinergias e fazer um trabalho cooperativo, de modo a elaborar um produto mais vantajoso."

O espaço em causa será entregue pela câmara a uma entidade através de concurso público internacional. O objectivo é que abra "no final do primeiro semestre do próximo ano".

Além das obras, o concessionário terá de criar no mínimo 120 postos de trabalho e pagar uma renda mínima mensal de quatro mil euros. Graça Fonseca explicou que na nave central do mercado existem ainda alguns comerciantes, pelo que "o mercado vai manter-se a funcionar".»

...

Uma boa notícia, sobretudo porque a CML teria já tido intenções de deitar abaixo o mercado do Forno do Tijolo. Portanto...


(Foto: Arquivo Municipal)

Governo estuda portagens nas cidades e recua nas renováveis



Por Ricardo Garcia in Público

Novo plano climático em elaboração não apostará em mais barragens ou parques eólicos e poderá incluir portagens urbanas

O Ministério do Ambiente vai ponderar a introdução de portagens urbanas, no âmbito de um novo plano para o combate às alterações climáticas em fase de preparação. Já a aposta em novos projectos de energias renováveis - como parques eólicos ou barragens - será travada, em troca de mais eficiência energética.
A nova estratégia deverá substituir o actual Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC), cujas medidas visavam reduzir, até 2012, as emissões em Portugal de gases responsáveis pelo aquecimento global. Com o PNAC quase a expirar e com metas europeias ainda a cumprir no médio prazo, o Governo vai propor um novo plano no próximo ano.
"Estamos a rever o PNAC e vamos apresentar um novo instrumento para 2013-2020, que planeamos ter pronto em 2012", disse ao PÚBLICO a ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, Assunção Cristas.
Sem adiantar muitos pormenores, Cristas afirma que haverá novidades no sector dos transportes, em especial nos "bons comportamentos" relacionados com uso do automóvel privado. "Esta é uma área em que vamos apresentar com certeza medidas relevantes", diz.
Partilha do carro
Uma das ideias é incentivar a partilha de automóveis - conhecida pelo termo inglês car-pooling. Mas as portagens urbanas também estão na mira da ministra. "É uma questão que está no nosso menu, embora, se compararmos com estratégias como o car-pooling, me pareça mais difícil de implementar", afirma Assunção Cristas. "Numa primeira fase, numa altura em que o país tem poucos recursos, vamos procurar avançar com soluções mais baratas", completa.
A área dos transportes é uma das mais problemáticas na política climática nacional. Algumas medidas centrais para o sector no PNAC estão atrasadas, contribuindo para o défice do plano em relação ao que estava previsto. Até ao final de 2010, o efeito do PNAC na redução de emissões estava abaixo da meta em cerca de sete milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) ­- quase 10% das emissões totais do país por ano.
O problema nos transportes seria hoje muito pior, se não fosse a crise económica. Em Setembro passado, o consumo de combustíveis rodoviários foi 7,4% menor do que no mesmo mês de 2010, segundo o índice E.Value, criado por uma empresa de consultoria e que mede a trajectória das emissões de CO2 nos transportes e na produção eléctrica.
Foco na eficiência
O Governo pretende também reorientar a política energética nacional, que até agora privilegiava numa forte expansão das energias renováveis. "Não vamos deixar de ter preocupação nesse ponto, mas vamos ter o nosso foco na eficiência energética e de outros recursos, como a própria água", diz a ministra do Ambiente. "No mix energético, a eficiência deve ter um peso maior", completa.
Pressionado pelos compromissos assumidos no âmbito da ajuda financeira do FMI e da União Europeia, o Governo já manifestara antes a intenção de reduzir ou eliminar os subsídios às energias renováveis.
Assunção Cristas diz também que não quer mais barragens - uma bandeira importante do Governo de José Sócrates. A ministra está consciente de que pouco pode fazer em relação aos contratos já assinados, no âmbito do Plano Nacional de Barragens. Mas diz: "Nalguns casos, pode haver necessidade de revisão de um ponto ou outro. O nosso ponto hoje é diferente do ponto de há cinco anos".
Novos projectos estão fora de questão. "O nosso maior desafio não está em acrescentar fontes de energia, está em reduzir os consumos e induzir comportamnetos eficientes. Os planos vão estar muito alinhados por este objectivo", justifica.
Na prática, isto põe em causa a meta definida em 2010 de instalação de novos parques eólicos que aumentariam quase em 50% a potência que se prevê instalada até ao final de 2012.
Antes do novo PNAC, o ministério do Ambiente conta apresentar, já no princípio do próximo ano, um "roteiro de baixo carbono" - uma espécie de guia de como o país poderá conseguir reduções ainda mais ambiciosas das emissões de CO2 no futuro.
Até 2020, a UE quer reduzir em 20% as suas emissões. Mas na repartição deste esforço pelos Estados-membros, Portugal poderá ainda aumentar em 1% as emissões, em relação a 2005. Mas até 2050, a ambição europeia é de 80% a 95% de redução. Nenhum país poderá escapar a cortes drásticos, o que implica mudanças radicais no uso da energia.
O roteiro de baixo carbono trabalhará sobre estes dois cenários temporais e, segundo Assunção Cristas, deverá ser apresentado em Janeiro de 2012.

Os altos e baixos das conferências climáticas da ONU


Os altos e baixos das conferências climáticas da ONU
Quioto, 1997
Nasce um protocolo
Cinco anos após a adopção da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, nasce o Protocolo de Quioto. Não foi um parto fácil e só a inclusão de alternativas à redução de emissões domésticas (os chamados "mecanismos de flexibilidade") convenceu alguns países desenvolvidos, em particular os EUA, a aderirem. No final, foi uma conferência de sucesso, fixando uma meta de 5% de redução de emissões para o mundo industrializado até 2012, em relação a 1990.
Haia, 2000
Quioto quase ao fundo
Em Haia, o Protocolo de Quioto experimentou o seu primeiro grande abanão. Seria esta conferência a estabelecer os detalhes de funcionamento do acordo, sem os quais nenhum país o ratificaria. Mas a reunião chegou ao fim sem superar divisões sobre vários aspectos do protocolo, como a contabilização do carbono absorvido pelas florestas e solos agrícolas como parte do esforço de redução de emissões. Uma reunião intercalar em Bona, em meados de 2001, salvou Quioto in extremis, com cedências a alguns países.
Bali, 2007
Um roteiro para o futuro
Desde cedo se concluiu que Quioto não era suficiente, ainda mais sem os EUA, que abandonaram o protocolo em 2001. Foram precisos anos de negociações para se chegar a um roteiro, em Bali, com vista a um novo acordo global, mais abrangente e eficaz. Portugal, então na presidência da UE, teve um papel fundamental nesta cimeira, liderando alguns dos seus principais momentos. O roteiro previa mais dois anos de negociações. Mas, passado este prazo, não resultou.
Copenhaga, 2009
Fracasso e desilusão
Nunca uma conferência climática gerou tanta expectativa e atraiu tanta atenção. Foi uma verdadeira cimeira, no real sentido do termo, pois nela participaram os líderes de cada país, e não apenas os seus ministros. Milhares de pessoas acorreram a Copenhaga. Mas a montanha pariu um rato. O roteiro de Bali não chegou ao seu destino, descarrilando para um acordo voluntário entre alguns países, num duro golpe ao próprio processo negocial da convenção climática da ONU, baseado no consenso.
Cancún, 2010
Dose de esperança
Cancún devolveu uma réstia de esperança às conferências climáticas. Verteu para textos da ONU alguns elementos do acordo voluntário de Copenhaga, como o limite de 2ºC como aceitável para o aquecimento global até 2100. Adiou a decisão sobre o futuro de Quioto, mas determinou que devem ser estabelecidas novas metas para 2050 e criou o Fundo Verde Climático, com promessas de avultadas verbas. Mantiveram-se porém divisões insuperáveis, sobretudo entre os EUA, a UE e os países em desenvolvimento.
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Vivemos um momento decisivo da História das Civilizações na sua relação com o Planeta.
A implementação urgente da nova Revolução Industrial, Energética e Tecnológica foi prejudicada pela Crise Económica e de Representatividade Política.
Mas … Estes são Desafios Globais … que só podem ser enfrentados com a União e a Solidariedade dos Blocos Mundiais … e nunca com as fragmentações e dispersões Nacionalistas.
António Sérgio Rosa de Carvalho.

Negociações climáticas voltam à mesa em Durban


Conferência anual da ONU

Negociações climáticas voltam à mesa em Durban
Por Ricardo Garcia in Público
Em Copenhaga, em 2009, a expectativa era grande, mas sobreveio o fracasso. Em 2010, em Cancún, ninguém esperava nada, porém houve avanços. Agora, na nova cimeira climática da ONU, que hoje começa em Durban, África do Sul, a única certeza é a de que qualquer novo passo para combater o aquecimento global vai enfrentar dificuldades. Muitas.
Christiana Figueres, a secretária executiva da ONU para as alterações climáticas, resumiu ontem, numa frase, o que está em causa. Uma solução global envolverá "nada menos do que a mais fascinante revolução energética, industrial e comportamental que a humanidade jamais viu", disse, numa conferência de imprensa.
Ninguém espera, porém, resultados revolucionários em Durban, onde representantes de 190 países estarão reunidos durante duas semanas.
Um ponto central em discussão é o futuro do Protocolo de Quioto, o único tratado que obriga aos países desenvolvidos reduzirem as suas emissões de dióxido de carbono (CO2). Quioto expira em 2012 e, sem substituto à vista, a solução mais provável seria a sua extensão até 2020.
O Japão, o Canadá e a Rússia, porém, já declararam que não voltarão a subscrever Quioto, juntando-se aos Estados Unidos, que desistiram do protocolo em 2001. Ainda assim, a União Europeia está disposta a avançar, de modo a manter Quioto vivo, algo de que os países em desenvolvimento não prescindem.
A UE não aceitará o prolongamento de Quioto sem alguma forma de compromisso global. "Um segundo período de cumprimento apenas com os países da UE, representando 11% das emissões mundiais, é claramente insuficiente para o clima", sustenta a comissária europeia para a Acção Climática, Connie Hedegaard.
A conversar sozinho
Um compromisso global, envolvendo os maiores poluidores mundiais, é algo que vem sendo tentado desde a cimeira climática de Bali, em 2007. A primeira meta para a conclusão das negociações - 2009, em Copenhaga - falhou. Agora, fala-se num acordo até 2015 ou 2020.
O que muitos vêem como um bom resultado em Durban seria um roteiro claro para se chegar a tal acordo. "Durban será uma conferência no "fio da navalha"", avalia a associação ambientalista Quercus, num comunicado. O encontro, segundo a Quercus, terá de traçar "um caminho para um acordo global, ambicioso e vinculativo a ser concretizado em 2015, porque 2020 é demasiado tarde".
"Alguma coisa de abrangente, algum roteiro vinculativo, tem de sair", afirma também a ministra do Ambiente, Assunção Cristas. "O que se conseguir fazer ou é feito com a adesão de outros países que hoje são grandes poluidores, ou então estaremos a conversar sozinhos", completa.
Harmonizar estas duas linhas de discussão - a de Quioto e a de um acordo global mais abrangente - tem sido um dos principais problemas das negociações climáticas. "É o tema mais difícil que esta conferência enfrenta", afirma Christiana Figueres.
Em Durban, poderão ser tomadas outras decisões para viabilizar acordos já formalizados em cimeiras anteriores. Uma delas refere-se aos mecanismos de gestão do Fundo Verde Climático, criado em Cancún, no ano passado, e que deverá ser alimentado por donativos dos países desenvolvidos, num valor que deverá chegar aos 75 mil milhões de euros por ano em 2020.
Outras decisões de Cancún estarão em cima da mesa para ser operacionalizadas, como as relacionadas com mecanismos ou instituições que tratarão da ajuda aos países mais pobres na adaptação às alterações climáticas ou na transferência de tecnologias limpas. O mesmo vale para a gestão das florestas, que deverá ser financiada ao abrigo de um programa específico, o REDD+.
Ontem, até o Papa pediu um esforço para um resultado em Durban. "Espero que todos os membros da comunidade internacional cheguem a acordo para uma resposta responsável, credível e solidária a este inquietante e complexo fenómeno, tendo em conta as necessidades das populações mais pobres e das gerações futuras", disse Bento XVI.
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Vivemos um momento decisivo da História das Civilizações na sua relação com o Planeta.
A implementação urgente da nova Revolução Industrial, Energética e Tecnológica foi prejudicada pela Crise Económica e de Representatividade Política.
Mas … Estes são Desafios Globais … que só podem ser enfrentados com a União e a Solidariedade dos Blocos Mundiais … e nunca com as fragmentações e dispersões Nacionalistas.
António Sérgio Rosa de Carvalho.

27/11/2011

POSTAIS DO CHIADO: Elevador de Santa Justa / Igreja do Carmo





Mais uma desqualificada esplanada, desta vez em plena zona de protecção de dois Monumentos Nacionais: O Ascensor de Santa Justa e as ruínas da Igreja do Carmo em Lisboa. A salvaguarda deste conjunto patrimonial está comprometida pelo impacto negativo deste estabelecimento de restauração. Será mais uma esplanada ilegal? E no Largo do Carmo continuam as esplanadas com excesso de mobiliário e repletas de cadeiras com publicidade (num mix de várias marcas)... Sr. Vereador José Sá Fernandes? IGESPAR? DRCLVT?

Restelo já tem igreja-caravela, apesar de toda a contestação



Por Ana Henriques in Público

Templo desenhado por Troufa Real é criticado mesmo dentro das fileiras católicas. Em Miraflores, obras de igreja-foguetão, do mesmo arquitecto, estão paradas há ano e meio
O bojo que era para ser dourado ficou, afinal, cor-de-ferrugem e a exótica torre de 108 metros de altura não saiu, por enquanto, do papel. Com inauguração marcada para o próximo sábado, a igreja-caravela que o arquitecto Troufa Real desenhou para o alto do Restelo, em Lisboa, é, ainda assim, um dos templos católicos que mais polémica desencadearam nas últimas décadas - a ponto de suscitar a crítica do próprio cardeal-patriarca.
Todo o projecto se baseia numa alegoria à vida de S. Francisco Xavier e aos Descobrimentos portugueses. Daí que a nave do templo, com capacidade para cinco centenas de fiéis, simule o casco de uma embarcação. Enferrujada por fora, graças a uma técnica que consiste em fundir cobre no ferro, esta parte do edifício acompanha, no interior, as formas exteriores: as paredes da igreja são curvas, com janelas em forma de óculo. No exterior, uma grande cruz de ferro deverá ficar tombada no chão. Coladas ao bojo da igreja-caravela, várias cornucópias simularão as ondas do mar.
A casa paroquial foi pintada em cor-de-laranja berrante. Rematado no topo por pequenas pirâmides no lugar do telhado, é uma alusão "à casa mourisca que o arquitecto Raul Lino [meados do séc. XX] soube respeitar", e ainda ao casario da Lisboa do séc. XVI que o missionário deixou atrás de si quando partiu de Lisboa, rumo ao Oriente. O vermelho, o verde e o branco foram também cores escolhidas para as paredes exteriores do complexo religioso. "São as cores das bandeiras indiana e portuguesa", esclarece o pároco de S. Francisco Xavier, António Colimão, nascido em Damão. É ele o grande entusiasta da obra, que só não se apresenta ainda tão profusamente colorida como nos desenhos por falta de dinheiro para tintas. Esta primeira fase da obra custou três milhões de euros. Acontece que as contribuições dos fiéis não chegam sequer a metade. O resto foi pago à custa de um empréstimo bancário contraído pela paróquia. "Estamos à espera de ofertas. Claro que o dinheiro não cai do céu", refere o padre.
A projectada torre da igreja sofre, aliás, do mesmo problema de escassez de dinheiro para subir em direcção ao firmamento. Troufa Real chegou a idealizá-la em forma de minarete, uma opção muito contestada. Mudou, no entanto, de ideias, e agora pretende levantar no Restelo uma estrutura metálica de aspecto mais leve. Para concretizar os seus intentos recorreu a um nome de peso: o pai do satélite português, Carvalho Rodrigues, está apostado em "casar a arte e a tecnologia para produzir energia" eólica e solar na torre. "Parte da torre mover-se-á, como a hélice do ADN", descreve o investigador.
Trocado o dourado pela ferrugem, o epíteto "bolo de noiva" com que a igreja-caravela foi alcunhada quando nasceu perde sentido. As alterações ao desenho inicial não são, ainda assim, suficientes para amainar o enjoo que a construção provoca no seio da própria instituição eclesiástica. Há muito à frente do Secretariado das Novas Igrejas, o departamento do patriarcado que se encarrega dos templos que vão sendo construídos, o arquitecto Diogo Pimentel não consegue explicar cabalmente o processo que culmina no próximo sábado, dia de S. Francisco Xavier, com a inauguração do contestado templo. "Discordo por completo que a igreja promova este tipo de espectáculo no meio da cidade", observa. "A mensagem que um edifício destes deve transmitir às pessoas deve ser "aqui estou eu ao vosso serviço", e não "aqui estou eu em todo o meu esplendor"".
Quando encarrega um arquitecto de conceber uma igreja, este departamento entrega-lhe um documento, a que chama "elucidário", para lhe guiar os passos. Nele se diz que "se devem evitar expressões de triunfalismo ou ostentação". O arquitecto deverá antes "procurar uma expressão de simplicidade e um certo despojamento, que mais se afirme pela qualidade arquitectónica do que pelos recursos decorativos".
Foi pouco depois de este documento ter sido elaborado, no início dos anos 90, que Troufa Real acedeu a desenhar a igreja para a paróquia sem cobrar honorários. "Processos como este são uma enorme ratoeira", nota o padre João Norton, da equipa de arquitectura do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. "O pobre aceita a semente que lhe dão e cresce-lhe uma árvore de que não estava à espera". Neste caso, demasiado espalhafatosa para a função a que se destina: "Uma das qualidades de uma igreja deve ser o silêncio - mesmo visual - e a serenidade", advoga João Norton, para quem o simbolismo empregue no Restelo é "pobrezinho, superficial, de centro comercial". A contradição flagrante entre as orientações do elucidário e a obra do Restelo, explica-a o padre com uma simples frase: "Não é um documento vinculativo", tal como não o é o parecer do Secretariado das Novas Igrejas.
Maçon e ao mesmo tempo católico - "como muitos bispos e até papas", salienta -, Troufa Real gosta de se comparar a Gaudi quando fala da incompreensão de que tem sido alvo nesta obra. Embora já tenha admitido gostar de ideias "que se aproximam do limiar entre o kitsch e o piroso", neste momento prefere descrever esta obra como um trabalho surrealista, "que parece feito por vários arquitectos diferentes".
"Considero-me um arquitecto de templos. Fiz esta igreja a pensar em Deus", declara. E pôs-lhe símbolos maçónicos? Onde? "São segredos meus", responde Troufa Real. "Como cardeal adjunto, foi D. José Policarpo [actual patriarca] quem lançou a primeira pedra da igreja", recorda. Certo é que a construção só avançou há dois anos. Como a obra não está pronta, depois da inauguração a empreitada ainda durará mais um ou dois meses.
Para fases posteriores do projecto, sem data marcada para avançar, ficarão quer a torre quer um outro edifício de grande porte. O padre Colimão já anunciou que não irá morar Na casa paroquial: "Gosto das coisas simples e pequenas". Então e a igreja? "Para a glória de Deus, tenho de fazer o melhor". Para declarar a seguir, orgulhoso: "Esta obra vai marcar a cidade de Lisboa. Deve ser a maior igreja construída em Lisboa nos últimos 25 anos". Quando ficar tudo pronto, os custos finais ascenderão "a sete ou nove milhões de euros".
Mais modesta no seu orçamento de 3,1 milhões, a igreja que está em construção em Miraflores, Algés, também granjeou desde cedo alguma antipatia. Aqui, o que serviu de inspiração a Troufa Real foi o cosmos. O povo, esse, chama-lhe "igreja-foguetão", mas também "supositório". "Aquele cilindro tem lá dentro uma cúpula invertida que é um meteorito", explica o arquitecto. Ignora-se, no entanto, quando poderá semelhante nave desafiar o espaço sideral: desentendimentos entre a paróquia e o arquitecto levaram a que a empreitada parasse há ano e meio. "É uma vergonha", queixa-se o projectista, alegando que alterações feitas ao projecto sem o seu consentimento transformaram o foguetão "num paliteiro sem segurança estrutural". Está previsto que o enorme cilindro seja forrado a azulejos de Querubim Lapa.
O pároco local, Daniel Henriques, admite que o objectivo da transformação foi tornar a obra mais leve mas também mais barata - mas nega que isso tenha comprometido a segurança do imóvel. E deixa uma crítica velada: "Pode ser que, depois de inaugurada a igreja do Restelo, o arquitecto tenha mais disponibilidade para acompanhar esta obra". Tal como o anterior, também o projecto de Miraflores foi oferecido. "A cavalo dado não se olha o dente", diz Diogo Pimentel, assegurando que não estão previstas para Lisboa mais igrejas espalhafatosas. "Não tenho dúvida nenhuma de que a igreja do Restelo se vai tornar uma atracção turística", acrescenta. Mesmo que por razões erradas.
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Além de impossiveis tentativas de classificar tal obra ( só um assustador manual clínico de aberrações o conseguiria ) ... devemos ... acima de tudo ... apercebermo-nos do tipo de mentes capazes de as conceber ... e essas mentes ... pertencem a uma geração que ainda se movimenta na chamada “Ordem” dos Arquitectos e … além disso … e agora vem o mais Grave … Ainda influenciam e formam outras mentes através do Ensino Universitário (!!).
António Sérgio Rosa de Carvalho.

Vaticano preocupado com igrejas de vanguarda

O Vaticano está preocupado com a imagem excessivamente vanguardista de algumas igrejas. Para evitar que continuem a ser construídos edifícios que possam desvirtuar a função religiosa, vai criar uma comissão que se pronunciará sobre o aspecto dos novos templos. "As igrejas feitas nas últimas décadas parecem salões multiusos. E muito frequentemente os arquitectos, até os mais famosos, não têm em conta o que é a liturgia divina, e acabam por fazer construções de vanguarda que se parecem com tudo menos com uma igreja", pode ler-se no jornal La Stampa da passada segunda-feira. Dirigido pelo cardeal Llovera, este organismo fiscalizará ainda a música usada nas cerimónias religiosas. A.H.

26/11/2011

Lojas de conveniência não fecharam e polícia respondeu com ameaça de detenção


Câmara invoca segurança e saúde pública para fechar as lojas mais cedo

Lojas de conveniência não fecharam e polícia respondeu com ameaça de detenção
Por Cláudia Sobral in Público

Na primeira noite com novos horários não houve excepções na aplicação do despacho que obriga as lojas a fechar às 20h. Comerciantes contestam legalidade da intervenção policial

As lojas de conveniência do Bairro Alto tinham de encerrar às 20h de anteontem, mas às 21h viam-se muitas portas abertas. Quinze minutos para fechar, era a ordem da Polícia Municipal. A alternativa era a detenção. Na noite em que entrou em vigor o despacho do presidente da câmara, António Costa, a definir novos horários para estes estabelecimentos, os agentes calcorrearam as ruas do bairro para garantir o seu cumprimento. E não houve excepções nem para os comerciantes que tinham interposto providências cautelares.
"Consideramos estes actos de execução do despacho ilegais", sustenta Carla Lencastre, advogada de alguns dos comerciantes, que assistiu ao encerramento pela Polícia Municipal das lojas dos seus clientes. "Estamos a tomar providências para que essa ilegalidade seja declarada." A Câmara de Lisboa, porém, disse ao PÚBLICO ter conhecimento das providências cautelares, mas entende que elas não afectam a aplicação do despacho.
Dada "a premência da resolução do problema", explica a autarquia por e-mail, refere-se no despacho "que em caso de apresentação de providência cautelar e de consequente diferimento da sua execução" a obrigação de fechar mantém-se, já que estão em causa "a segurança pública, a qualidade ambiental, os danos para pessoas e bens que são susceptíveis de ser provocados pela proliferação de vidro na rua e arremesso de garrafas".
Segundo Carla Lencastre, "a câmara vem alegar que emitiu uma resolução fundamentada que está no despacho e também nas notificações dos autos de contra-ordenação". E acrescenta: "Mais uma vez a câmara mete o carro à frente dos bois. [As resoluções fundamentadas] podem ser emitidas, mas é depois de as entidades visadas serem citadas [pelo tribunal] para suspender o acto." Incluir a "resolução fundamentada" no próprio despacho, como a câmara fez, "permitiria basicamente subverter o espírito da suspensão de eficácia dos actos administrativos e então qualquer entidade administrativa se ia acautelar a priori", sustenta.
Durante este fim-de-semana várias lojas abrangidas pelo despacho - que vem limitar os horários dos estabelecimentos do grupo I (ver caixa) do Bairro Alto que não sendo de restauração ou bebidas, vendam bebidas alcoólicas - vão continuar abertas para lá das 20h. "As instruções são para abrir e esperar que a polícia vá lá fechar", diz Carla Lencastre, que critica também a forma como a autarquia está a fazer cumprir o despacho. "A polícia já ontem começou a ameaçar que em caso de reincidência o estabelecimento poderia ser encerrado por um período de três meses, mas isto não é assim que se processa."
Já o presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, Belino Costa, não vê mal na actuação da Polícia Municipal. "Sei que andaram aí. Foram às lojas de conveniência e a algumas mercearias, e disseram-lhes para não venderem garrafas para a rua", contou.A limitação dos horários destas lojas ajudará, sustenta a autarquia, a resolver os vários problemas causados pelo consumo de álcool em garrafas de vidro na rua, que, lê-se no despacho, é "gravemente prejudicial para a segurança e saúde pública". Muitas destas bebidas são compradas nas lojas de conveniência ou mercearias, mas há também muitas que chegam de fora e isso leva alguns comerciantes a acreditarem que tudo isto não passa de uma guerra de preços (muito mais baixos nestas lojas do que nos bares).
Entretanto, segundo Carla Lencastre, vários comerciantes que foram forçados a fechar mais cedo começaram a requerer a mudança de categoria dos seus estabelecimentos, para ficarem sujeitos a outros horários.
Durante este fim-de-semana haverá muito menos "litrosas" à venda no Bairro Alto. "Durante o fim-de-semana a câmara vai continuar a usar da força para impôr o seu entendimento de forma original", prevê a advogada. "Mas alguém vai ter de pagar estes prejuízos."