24/06/2008

Et-voilà, de novo, cantando e rindo de todos:


Antes



'Depois'

Em Abril tínhamos colocado o post que está em rodapé. Mas, amanhã, eis que o assunto volta a sessão de CML, extra-agenda (como se fosse algo de pouca monta). Fica-se a saber que as coisas quando são chumbadas, são 'corrigidas' para voltarem outra vez até serem aprovadas, porque o que tem de ser tem muita força. É assim como nos referendos ... quando há 'não', há que forçar de novo até dar 'sim'. Em Lisboa, no que toca ao urbanismo e ao património (e não só), cada vez mais me convenço que já não há nada a fazer, e o que resta mesmo é enfartar a vilanagem (que são sempre os mesmos, note-se).

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A CML portou-se bem! E este projecto megalómano foi chumbado. Lisboa agradece!...

Tínhamos feito este pedido:

«Exmo. Sr. Presidente da Câmara,
Exmo. Sr. Vereador do Urbanismo,


Foi agendado por V.Exas, para aprovação em reunião de CML da próxima 4ªF o projecto 33/URB2006, que diz respeito ao loteamento/emparcelamento/demolição/ ampliação e construção do denominado 'Hotel do Cais de Santarém', no antigo Palácio dos Condes de Coculim, abrangendo 5 edifícios localizados, entre outras, na Rua do Cais de Santarém, Nº 40-66, Rua do Arco de Jesus, Nº 2-10 e Rua de São João da Praça, Nº 23-29 e 59-63.

Nada temos a opor quanto à ideia de transformar aquele imenso quarteirão em hotel de 5*****, que poderá ser uma mais valia em termos de revitalização da zona e reabilitação do edificado, apenas consideramos que o projecto em causa é, do ponto de vista urbanístico, uma aberração em termos de volumetria (quadriplica a volumetria quando, em termos de PDM, só se permite naquela zona uma duplicação dos índices) e estética (quebrando-se, de forma radical, o equilíbrio estético e urbanístico daquela zona histórica de Lisboa, onde, por sinal, a CML afirma ter preocupações renovadas, vide SRU-Baixa-Chiado etc. ).

Assim, ao que conhecemos, o projecto em causa consiste em construir uma estrutura moderna, tipo 'bunker', com 4 pisos, em cima dos antigos armazéns e do que resta do palácio dos Condes de Coculim, alterando profundamente as vistas de quem está por detrás, ou seja, desde São João da Praça, Sé, etc., mas também desde a Rua do Cais de Santarém e do rio. Visualmente, é um mono. Também nas traseiras, na Rua de São João da Praça, se procede à alteração completa da esquina da rua, junto à igreja de S.João da Praça, zona calma, de baixa volumetria e também fazendo parte do conjunto Sé-Alfama, destruindo mais uma vez o equilíbrio urbanístico local, sendo que não será de somenos o impacte a nível do tráfego automóvel referente ao futuro abastecimento do hotel.

Por isso, apelamos a V.Exas. que recusem este projecto tal como está, devolvendo-o ao promotor a fim de o redimensionar, salvaguardando o equilíbrio urbanístico daquela zona sensível de Lisboa, e as características estéticas da mesma, e respeitando, obviamente o PDM em vigor.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Bernardo Ferreira de Carvalho, Diogo Moura, Carlos Leite de Sousa, João Chambers, Júlio Amorim, Miguel Atanásio Carvalho, Nuno Caiado, Paulo Ferrero e Virgílio Marques




11 comentários:

  1. Anónimo11:32 a.m.

    Existem imagens do projecto reformulado?

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  2. 'reformulado', quer dizer o(a) anónimo(a)... há sim, e serão aqui publicadas ainda hoje.

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  3. Anónimo11:39 a.m.

    Se fôr aprovado, terá que se seguir o período de discussão pública e aí, caso não cumpra com os parâmetros urbanísticos em vigôr, poderá actuar-se, de forma legal, junto das entidades competentes...

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  4. Anónimo11:40 a.m.

    Esta...será a zona da cidade mais sensível de todas (?). Um projecto com estas "ambições", irá não somente desfigurar as imediações, como abrir caminhos para outros ataques.

    O terminal de cruzeiros, também deve estar quase a renascer...
    No dia que a história nos faça o rascunho final, há uma categoria profissional cujas cabeças vão rolar......srs. arquitectos.

    JA

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  5. Anónimo11:43 a.m.

    Caro Paulo Ferrero, parto do princípio que houve reformulação do dito cujo, caso contrário deverá ser liminarmente indeferido pelos mesmos motivos legais já anterirmente evocados...

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  6. Anónimo11:48 a.m.

    Caro anónimo JA, acaso serão todos os advogados moldados á imagem e semelhança do dr. Vale e Azevedo?...

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  7. Anónimo12:09 p.m.

    Não...caro anónimo, cada um responde por si. Mas, por cada projecto da porcaria que por a nossa cidade vai nascendo, existe um sr. arquitecto que vendeu a alma ao diabo (e parece-me que já vão sendo muitos).
    O que eu queria dizer, é que esta categoria profissional está constantemente envolvida na destruição da nossa cidade. Mas a bola......é para quem a quiser apanhar.

    JA (Julio Amorim)

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  8. Anónimo12:28 p.m.

    Parece-me injusta a sua ilação; não concordo que o número de projectos da porcaria, como refere, tenham uma correspondência directa com igual número de arquitectos... É que os projectos são quase sempre dos mesmos...

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  9. Da comparação das fotografias "antes" e "depois", não se vislumbram alterações significativas em termos formais e volumétricos. Se o restante projecto sofreu igual tipo de "alteração", estamos perante um caso que, á partida estará fácilmente resolvido pelos serviços técnicos da autarquia; mantendo-se as permissas, mantem-se obrigatóriamente o parecer e consequente despacho. Ou será que não?
    Cá estaremos para ver...

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  10. Anónimo1:24 p.m.

    Mas que porcaria é esta? Isto é uma vergonha. Das duas uma, ou o investidor não tem gosto nenhum ou não tem vergonha nenhuma na cara, e quer ganhar dinheiro a qualquer custo. Este projecto faz-me lembrar aquele grande aborto, a que chamam hotel, no Martim Moniz.

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  11. Anónimo5:15 p.m.

    Temos que exigir a demissão do Arq Silva Dias infelizmente não tem capacidade para ser Provedor para a Arquitectura.
    Vendido!

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