19/03/2009

Videovigilância planeada para as ruas da Baixa e do Bairro Alto

In Público (19/3/2009)
Ana Henriques

«Independentes com quem António Costa fez acordos para a governação da cidade, Helena Roseta e Sá Fernandes, estão contra a medida

A Câmara de Lisboa está a planear a instalação de câmaras de videovigilância nas ruas da Baixa e do Bairro Alto. O vice-presidente da autarquia, Marcos Perestrello, disse ontem durante uma reunião de câmara destinada a debater a segurança na cidade que o assunto estava em estudo, mas na realidade António Costa já se comprometeu com o presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau a custear os 150 mil euros necessários para instalar as câmaras na Baixa e a subscrever o projecto junto do Ministério da Administração Interna.

O assunto não está isento de polémica: contra a videovigilância na via pública estão os independentes com quem António Costa fez acordos para a governação da cidade, Sá Fernandes e Helena Roseta. "O princípio não me agrada", observa Sá Fernandes. "Não temos de ser filmados na rua", diz também Roseta.
Em causa está o direito à privacidade. Os dois independentes vêem a videovigilância como o último recurso para manter a segurança, quando todos os outros já se esgotaram - situação a que entendem não se ter chegado ainda em nenhum dos dois bairros. Na Baixa, as opiniões também se dividem. O projecto começou por ser lançado pelo autarca António Manuel (PSD), que dirige a Junta de Freguesia de S. Nicolau, invocando a necessidade de manter em segurança as 200 mil pessoas que diariamente cruzam a Baixa, muitas delas turistas.
E a sua privacidade onde fica? "A segurança também é um direito fundamental, e um pré-requisito da liberdade", responde António Manuel, acrescentando que o software que pretende instalar para gerir o sistema "salvaguarda a privacidade das pessoas", uma vez que vão ser as autoridades a ter acesso às imagens e que as câmaras não vão focar locais considerados privados, como portas, janelas ou varandas de edifícios de habitação. E se os comerciantes da Baixa só vêem vantagens no sistema, já a Associação de Moradores da Baixa Pombalina tem levantado dúvidas à sua eficácia no combate à criminalidade. O projecto da Junta de Freguesia de S. Nicolau prevê a colocação de 32 câmaras de alta definição nas principais artérias da Baixa, com a possibilidade de "zoom" a uma distância de 300 metros.
Fátima e Porto
Ao nível do espaço público, a Comissão Nacional de Protecção de Dados já autorizou videovigilância no santuário de Fátima e na Ribeira do Porto. Mas neste último caso restringiu as gravações ao período nocturno, apesar de a câmara pretender que as câmaras funcionassem 24 horas por dia, e proibiu a gravação de som.
No seu parecer sobre a instalação de câmaras na Ribeira, a Comissão de Protecção de Dados reconhece, ainda assim, os limites aos direitos individuais que um sistema deste tipo introduz: "Existe na Ribeira do Porto um clima de divertimento que poderá vir a ser afectado pela existência de 'um grande observador', cuja identidade e qualidades se desconhece".
Numa declaração de voto, um dos vogais deste órgão observa que, para não ser ilusório, o sentimento de segurança proporcionado pela instalação de câmaras na via pública tem de ser acompanhado da melhoria da actuação da polícia. E defende que o sistema não pode ser usado em substituição de agentes, devendo ser precedido e acompanhado de medidas sociais de combate à criminalidade.
Os vereadores do PCP na CML manifestaram-se ontem igualmente contra a eventual medida. Rita Magrinho referiu-se a ela como "um instrumento bastante perigoso". Para os comunistas, "do ponto de vista democrático, as garantias dos cidadãos são diminutas". O independente Carmona Rodrigues e a social-democrata Margarida Saavedra não se manifestaram contra o projecto, embora tenham defendido cautela no uso das câmaras.
Prevê-se a colocação de 32 câmaras de vídeo de alta definição nas principais artérias da Baixa lisboeta»

7 comentários:

  1. Anónimo11:54 a.m.

    toda a gente é contra camaras na rua, quando elas podiam ser um excelente dissuasor de criminalidade.

    Esquece-se a Roseta e o Zé que já saõ filmados nos mUltibancos, Metro, Centros Comerciais, Auto-Estradas, Lojas etc....

    Se não são filmados, os cartões multibanco e as chamadas de telemóvel localiza-nos a todo o tempo.

    e depois? a video vigilância é o fim da civilização ocidental?

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  2. Anónimo5:50 p.m.

    Quem não deve não teme! Contando que fique assegurado que só as policias é que tem acesso às imagens e que são apagadas as que não têm relevância criminal, só tenho a dizer bem!

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  3. Anónimo7:18 p.m.

    isso já está tudo na lei e tem funcionado bem, desde sempre.

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  4. Anónimo9:58 p.m.

    Acho uma excelente ideia

    E que tal fazerem o mesmo nas bombas de gasolina, nos bancos , nas caixas multi-bancos .... de certeza que tambem acabavam com os roubos e os assaltos.

    Aonde está a privacidade das pessoas ?
    Quem gosta de ter uma camara 24 Horas por dia virada para a sua porta ?
    Espero que haja uma petição contra esta ideia serei o primeiro a subescrever.

    Não passa de uma medida eleitoral de quem nada fez, nem presidente da camara que não ligou ao que se passava na cidade , e o presidente da junta, esse pior ainda,toda a gente sabe quem ele é.

    Residente da Baixa

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  5. se entrar num autocarro ou eléctrico da carris é filmado.
    se andar de metro, comboio etc é filmado. se for a um centro comercial também é filmado, se circular numa AE ou estrada principal é bem provável que seja filmado,se for a um hospital, a farmácia, bomba de gasolina supermercado, e até já na maioria das pastelarias e cafés é filmado.

    gostava de saber se as pessoas que estão contra as cameras deixaram de frequentar algum dos espaços referidos devido aos mesmos terem cameras...

    mas qual é o problema de estarem cameras de vigilância nas ruas das cidades. quem não deve não teme.

    é que não consigo mesmo ver qualquer tipo de problema com as cameras de vigilância nas ruas das cidades

    UM MORADOR DA BAIXA (mais precisamente Rua Augusta)

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  6. Anónimo11:43 a.m.

    Não tenho nada contra as câmaras. Não faz o menor sentido defender a confidencialidade de um assalto. Infelizmente as medidas valem o que valem a montante. Sem estratégias de actuação a jusante não passa de mais um REC e um lavar de mãos...
    Filipa Lex

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  7. Anónimo4:53 a.m.

    Se as camaras servirem tanto como estas:

    http://www.youtube.com/watch?v=qQc0oybAU3A

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