18/05/2009

Um acesso mecânico onde?


Apresentou a Câmara há alguns dias, em sessão, uma proposta de acesso mecânico ao Castelo de S. Jorge, a qual foi retirada da agenda por motivos que desconheço. Nela se propunham dois elevadores, um pelo interior do prédio nº 174 da Rua dos Fanqueiros, chegando ao Largo do Caldas, e outro elevador incorporado no edifício do antigo mercado do Chão de Loureiro, a remodelar, até á Rua Da Costa do Castelo. E ficava por aqui. Sobre o acesso ao Castelo, ou seja, sobre o troço verdadeiramente em causa, o mais complexo e difícil, nada propunha.  

Quis o Cidadania, e bem, noticiar o facto e quiz o Paulo Ferrero fazer um comentário onde me mencionava e a outros técnicos, que agradeço pelo que me diz respeito. Nos outros comentários, alguns foram a favor, outros contra qualquer acesso mecânico. Com o devido respeito pelas opiniões penso que continua a justificar-se. Que o facto da proposta da Câmara não servir, não deve impor que qualquer outra deva ficar inviabilizada. Assim aqui divulgo mais uma vez um resumo da minha modesta proposta. 

Na sequência de um "concurso de ideias" para um acesso mecânico ao Castelo, diletantemente promovido particularmente entre técnicos da CML da época (primeiros anos do século), entre os quais o Arq. Tudela, o Arq. Silva Dias, o Arq. Cerejeiro e eu próprio, produziram-se várias ideias. A minha acabou por ser publicada em 3/3/2005 no Jornal "Público". Nela propunha um sistema de acesso composto por três lances de escadas rolantes. Um, que atravessava o edifício nº 174 da Rua dos Fanqueiros até ao cimo da rua da Madalena, outro que ia desde a Travessa do Chão do Loureiro até á Rua da Costa do Castelo, sobre as actuais 116 degraus da escadaria existente e finalmente, um terceiro troço entre este ponto e o terreiro ou esplanada do Castelo. Esta última dependia da melhor de duas hipóteses, a estudar: ou em túnel (semelhante á estação Baixa-Chiado), desde o logradouro entre os nº28 e 30 da Rua da Costa do Castelo (com eventual impacto geológico e arqueológico), ou exteriormente, adossada á muralha em dois ou três lances (com eventual impacto visual). No final do texto publicado referia: " Acaba o leitor de percorrer 230 metros na horizontal e de subir 76. Isto no caso de ser turista  (e quiser chegar á praça da de armas), porque se morar numa zona intermédia, já provavelmente estará em casa", referindo-se aos diversos tipos de utilizadores. 

De todas as propostas apresentadas até hoje, incluindo o elevador no tempo de João Soares, continuo a julgar a minha como a melhor.

Claro que todos estão no seu direito de julgar certo ou errado. Mas para quem, como eu, morador perto da zona, observa com frequência o esgar de dor dos turistas, nacionais e estrangeiros, o sacrifício do esperar e circular no elécrico 28, etc, qualquer solução que lhes alivie esta pena, será sempre benvinda e urgente.

PS: Achei pouco ético e grave, que a proposta da Câmara, uma entidade que deve dar o exemplo, aproveite ideias de terceiros, sem qualquer menção aos autores.

20 comentários:

Anónimo disse...

porque não aproveitar a excelente ideia do acesso no interior do edifício da rua dos fanqueiros, para fazê-lo no interior do edicio do chão do loureiro?

tudo o que implique modificar uma zona tão sensível da cidade será sempre polémico.

além disso, fazendo estes dois acessos, parece-me que será um exagero fazer um terceiro para o interior do castelo. com os outros dois já se fez mais de 2/3 do percurso.

já agora, levar os turistas ao colo.

porque não um minibus, de percurso circular, como existe no bairro alto?

porque não criar mais linhas delectricos ou apostar em ascensores tradicionais?

porque não aumentar a frequência do electrico 28, dando prioridade dos semáforos da rua da conceição, sobre as outras vias de atravessamento e aumentar a fiscalização da polícia ao estacionamento sobre a linha?

esta última, pelo menos, seria bem mais barata e de mais fácil aplicação.

Anónimo disse...

Numa cidade tão envelhecida, num tempo de turismo de gente apressada, um acesso mecânico, o mais possível visualmente não-agressivo, parece-me muito apropriado.

Elevadores como o do João Soares nem pensar, obviamente.

Quanto ao roubo de ideias, neste país e nos dias que correm nada resiste.

Paulo Ferrero disse...

Caro Arquitecto
A proposta foi simplesmente adiada para a sessão de depois de amanhã, uma vez que na semana passada a reunião terminou mais cedo do que o previsto e nem sequer se chegou a esse ponto da ordem de trabalhos.
Abr.

HOMOSAPIENS disse...

Eu também acho anónimo das 7:07PM, em muitas cidades europeias existe minibus em percurso circular nos centros históricos, o que é menos folclórico que meter elevadores(modernos).
Para mais a ideia de apostar em ascensores tradicionais, não é nada mal, mas penso caro.
Ao que toca as escadas rolantes, acho a ideia boa mas tanto ou mais folclórico que os elevadores(modernos). Vem a sair como aquelas escadas rolantes de Albufeira bem no centro, aquilo daqui a pouco esta tudo partido e cheio de ferrugem visto que não tem protecção contra a chuva e é o que podera acontecer em Lisboa, sem tomar conta do impacto visual, claro.

Maxwell disse...

De facto uma zona sensível no que toca à implementação de novos acessos. Pessoalmente sou a favor do alargamento das linhas de eléctrico e da criação de um eléctrico vertical (como o do Elevador da Glória). Claro que, ao ser implementada tal ideia, requereria a criação de réplicas dos eléctricos tradicionais e não das aberrações que fazem o percurso Terreiro do Passo - Belém.

jose santiago disse...

Em tempos do mandato de Santana Lopes conheci e vi nas mãos do Arquitecto Pedro Formozinho Sanchez uma proposta cujo nome era: "Elevadores à Baixa" sendo que era inspirada em ideias que já existiram e como a maioria das ideias, são muito discutidas e acabam todas no fundo de uma gaveta:
-O primeiro era um elevador vertical, do género do de Stª. Justa, já conhecido, do Lg. do Corpo Santo, atravessando por cima dos edificios da Tv. do Furragial e terminando no pequeno Lg. do ínicio da Rua Duques de Bragança;
-O segundo era na R. da Vitória, frente ao nº 147 da R. dos Fanqueiros com a mesma filosofia do anterior, do Corpo Santo, vertical passando em plataforma por cima da R. dos Fanqueiros e descansando a plataforma no última piso desse prédio 147 e saindo pelo r/c do prédio da R. da Madalena, propriedade da CCDRLVT. Depois utilizaria-se o actual elevador do antigo Mercado Chão do Loureiro ou outro qualquer que nascesse do futuro Silo Auto que esteve já proposto no lugar do mercado, para a R. Costa do Castelo; e
-Por fim um outro num terreno baldio na R. Milagre de Stº António a 70 metros da R. Costa do Castelo, este sim poderia ser em escadas rolantes integrado em edifício a construir com caracter museológico até à Pç. de Armas do Castelo.

Mas depois de ler a proposta do Arq. Guilherme Alves Coelho, julgo que a sua proposta para o edifício da R. dos Fanqueiros, talvez fosse a mais adequada e menos agressiva.
Quanto às escadas rolantes exteriores, elas carecem de muita manutenção, e são substancialmente mais caras que qualquer elevador que possa servir no Chão do Loureiro. Neste caso continuo preferindo o elevador dentro de edificio.
Quanto à outra alternativa em túnel por terrenos que certamente iriam trazer surpresas a nível arqueológico, prefiro a alternativa da R. Milagre de Stº. António, frente ao Chapitô no tal baldio, ainda por cima omisso na matriz, ou seja sem dono, o que a Câmara poderia tomar posse.

José Santiago

Anónimo disse...

terreiro do "paço" e não "passo", meu caro.

ai o português...

Anónimo disse...

Não foi o Zé o responsável pelo chumbo ao elevador do João Soares? Se ele continuar na CML é para esquecer. Ou será que afinal já não?
Luís R.

Arq. Silva disse...

O Centro Histórico tem caracteristicas proprias, alterar o seu ambiente urbano, perpectivas e vistas, com escadas rolantes e uma infraestrutura dispendiosa que custára carissima a sua manutenção (e que muito provavelmente estará avariada mais tempo do que a trabalhar) é destruir património.
A única situação sem impacto será a utilização de elevadores publicos no interior de edificios, e sempre com um espaço ou posto de turismo local.
Facilitar o acesso directo é matar o centro histório, o percurso e todod o espaço comercial ao longo desse percurso é fundamental.
O edíficio do Mercado do Chao do Loureiro poderia ter facilmente uma fachada cortina pombalina e desta forma se integrar facilmente na encosta, caso contrario irá chamar atenção ou "contrastar" negativamente no conjunto, sendo a função pouco nobre (silo auto).

Anónimo disse...

isso mesmo!

Julio Amorim disse...

Acesso mecânico em lado nenhum !

Um acesso difícil ao Castelo, faz parte do pacote "castelo medieval de difícil acesso" (era essa a ideia quando o edificaram!)

Os turistas que se desloquem a pé. Quem não tem pernas apanha o eléctrico. Uma carreira minibus resolve o resto dos problemas.
A cidade histórica não necessita de instalações deste tipo.

Lesma Morta disse...

Perdoe-me caro senhor mas escadas rolantes na zona velha da cidade é no minimo bizarro. Incoerente com o cenário e no minimo inestetico

Jorge Santos Silva

Anónimo disse...

É muito triste se um elevador for construido.
Escadas rolantes seriam na minha opinião um mal menor, até porque já as vi em outras cidades europeias, no entanto, há sempre aquelas que teimam em não "rolar", e isso em Lisboa já se está a ver que seria certamente a norma.

Luís Alexandre disse...

Nem elevador, nem escadas rolantes. Concordo inteiramente com quem aqui já escreveu que faz parte do "pacote" a caminhada a pé pelas colinas.
Uma das marcas de Lisboa é ser a cidade das 7 Colinas, então, toca a subi-las e a pé.
Se a CML quer fazer alguma coisa pelo local, arranje os passeios condignamente, aumente a sua largura, retire os carros dos passeios, permita que as pessoas disfrutem da caminhada em boas condições de segurança.
Além disso, não me parece que andar incomode muito aos turistas, nem todos os povos têm o nosso péssimo hábito de ir a todo o lado com o "carrinho".
Luís R.

m&m disse...

não concordo com nenhuma espécie de elevador ou de escada rolante

Anónimo disse...

É com agradável surpresa que afinal a generalidade das pessoas têm uma correcta concepção do centro histórico, e o que é de facto relevante da visita no centro histórico.
Há poucos dias estive com um importante promotor suiço que disse que não compreendia porque razão destruimos o centro histórico. Porque valorizamos a diferença do nosso centro histórico, não sabemos aproveitar.
A reunião no novo hotel Altis junto ao rio, acabou em almoço.
Usou com alguma razão a disparatada implantação do hotel, que não valorizou, a loclização.
Acabei a reunião um pouco triste, pois o sujeito tinha toda a razão.
Preconiza que Portugal deveria aproveitar bem, com qualidade sem inventar ou modernices, os seus recursos porque actualmente é o destino turístico mais seguro, sem guerras, sem revoluções ou febres.
A valorização e qualificação do espaço público e percurso é mais gratificante que a quantidade de museus pois poucos são aqueles que frequentam.
Não é dificil entender isto!

Julio Amorim disse...

Pois é caro anónimo...Lisboa é uma galinha de ovos de ouro
(infelizmente há frangos a mais a tentarem dar cabo dela). Era negócio simples aumentar significantemente o turismo que visita a cidade (postos de trabalho, melhor qualidade de vida para todos, etc). O lucro a curto prazo, os interesses próprios, as amizades e favores....enfim, frangos a mais !

HOMOSAPIENS disse...

Estou completamente de acordo com o senhor Júlio Amorim, Lesma Morta, Luis Alexandre o anónimo das 9:43 AM e m&m.
Basta de parolíces, toca a cuidar e requalificar a nossa cidade.

Guilherme Alves Coelho disse...

Em dois comentários anteriores (desconheço porque não saíram) referi a existência de, pelo menos, cinco acessos mecânicos públicos na zona central da cidade, sem que isso chocasse ninguém. Elevador de Santa Justa, ascensores do Lavra, da Bica e da Glória, datados da passagem do século XIX para o XX, e o mais recente incluido nos acessos do Metro, escadas rolantes, ligando a Baixa ao Chiado. Não vejo razão para negar, á partida qualquer meio deste tipo. Tudo depende do como fazer.
Sobre as escadas rolantes. São uma solução já corrente em qualquer cidade moderna (mesmo em zonas centrais). As vantagens sobre os ascensores prendem-se com o menor impacto visual, fluidez de utilização (sem filas de espera significativas), custos e manutenção menores, inclusão em espaço público, logo independente de terceiros,segurança, possibilidade de vários troços e serviço intermédio.

Anónimo disse...

Caro Arqº Coelho, subscrevo em absoluto o seu comentário e, em linhas gerais, o seu projecto (que aliás já conhecia há muito)!

Quanto aos detractores das escadas rolantes, nunca devem ter ido ao Alcazar de Toledo, joia mediéval altaneira e "inacessível"; nem ao Palau Nacional e Museu Nacional a'Art de Catalunya, no Montjuic em Barcelona; nem á Cidadela e Catedral Vieja de LLeida... tudo exemplos aqui perto dos nossos queridos vizinhos espanhóis - conhecidos delapiadores do seu património e das respectivas potêncialidades turísticas!

Por ventura ainda acham que o acesso ao Castelo ainda devia ser de mula...

f.