30/10/2009

o novo "Arquivo da Cidade de Amesterdão"

O Arquivo da Cidade de Amesterdão foi transferido recentemente para o centro da cidade.

O mais importante arquivo da cidade está desde 2007 instalado num edifício emblemático de Amesterdão, construído entre 1919 e 1926 para sede de um grande banco holandês com actividade centrada nas colónias (o equivalente ao nosso BNU).

A adaptação da antiga sede de banco a novo arquivo é exemplar. A identidade patrimonial do edifício foi preservada mas não se comprometeu a funcionalidade do novo equipamento. Exemplar também é o horário de abertura. Foi pensado de modo a que todos os munícipes tenham a possibilidade de ir ao arquivo da sua cidade: está de portas abertas aos fins-de-semana entre as 11h e as 17h.

Este exemplo de Amesterdão é particularmente relevante para Lisboa na medida em que se trata do arquivo de uma cidade da Europa com um passado colonial muito semelhante ao de Lisboa.

Nós lisboetas não podemos deixar de pensar nos vários imóveis devolutos, Municipais e do Estado, espalhados pelo centro da capital. É lamentável que as únicas ocupações em que se pensa para todo este património sejam os “hotéis de charme” ou “condomínios de luxo”.
Mas há evidências de mudança de mentalidades. Foi um bom sinal a decisão da CML instalar o MUDE - Museu do Design e da Moda na antiga sede do BNU, em plena Baixa. Esperemos agora que se tenha o bom senso de abandonar a ideia de construir um mega edifício no Vale de Santo António, um projecto bem intencionado mas pouco sustentável e numa localização excêntrica.

Lisboa ainda está na infância. Para confirmar a nossa triste realidade basta visitar o arquivo de Amesterdão no sítio na internet: http://www.stadsarchief.amsterdam.nl/

Para saber mais sobre a história do edifício (classificado "Monumento Nacional" desde 1991): www.debazelamsterdam.nl/engels/indexGB.htm

9 comentários:

Anónimo disse...

Caro Fjorge:

Não percebo porque diz: "Esperemos agora que se tenha o bom senso de abandonar a ideia de construir um mega edifício no Vale de Santo António, um projecto bem intencionado mas pouco sustentável e numa localização excêntrica."

Um arquivo é por excelência um edifico que em que as instalações especiais e técnicas se sobrepôem em muito à arquitectura, dificultando a adaptação de edificios pré-existentes a esse uso, particularmente edificos de valor patrimonial. O arquivo da Torre do Tombo é disso um excelente exemplo de um problema bem resolvido (neste Blog imagino chamam-lhe mono).

Quanto á localização excêntrica, pela geometria este argumento não colhe - o Vale de Santo António fica à equidistante da Praça do Comércio e do Marquês de Pombal, e à mesma distância que separa estes dois: 2Km, e na posição simétrica ao Museu Nacional de Arte Antiga... simplesmente do lado esquecido da Cidade!

Discordo em absoluto da sua afirmação, julgo que o Arquivo no Vale de Santo António TEM MESMO de avançar, não só pelo edifício projectado que é excelente na resolução do programa, na relação com a topografia e o local e na gestão da relação com o Rio. Bem como pela localização, uma Zona que importa requalificar e que precisa de um equipamento âncora como este.

cumps. f.

Jorge Dias disse...

Concordo que o Vale de Santo António DEVE ser o destino do arquivo. O projecto é bom e inclui uma grande parcela envolvente tristemente 'meio' esquecida...

Anónimo disse...

Lá vem mais um mono.

Mário disse...

Convido os membros deste blog a visitarem o Palácio Valada-Azambuja, mais conhecido por Biblioteca Municipal Camões.
O estado da fachada, e especialmente da escadaria (das paredes ao tecto) dá vontade de chorar. Um edificio destes, classificado pelo IPPAR, num local tão central (o Chiado/Bairro Alto) noutra cidade, estaria completamente recuperado e ocupado por galerias ou serviços culturais. A biblioteca neste momento lá existente não ocupa o palácio todo.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Palácio_Valada-Azambuja

http://www.ippar.pt/pls/dippar/pat_pesq_detalhe?code_pass=72754

Paulo Ferrero disse...

Muito obrigado, Mário. Pelo que sei, o edifício é da Misericórdia que por via do seu Fundo Imobiliário (que diria deste a D. Leonor?) apresentou à CML um projecto de alterações (199/EDI/2009) de todo o edfiício, que foi aprovado já este ano pelo executivo. Pelo que foi aprovado, o prédio vai ficar melhor, se bem que há que ter muito cuidado com o elevador no saguão e o prolongamento da fachada da Duarte Belo. Só espero que:
1. Não desapareçam os candeeiros belle époque junto à escadaria.
2. Os azulejos (que vi sendo retirados por um casal identificado como sendo de uma empresa de restauro de azulejos que me disseram estar ao serviço da Misericórdia) voltem rapidamente ao hall de entrada.

Mário disse...

Obrigado Paulo Ferrero pela informação. São boas notícias, e aguardarei com atenção pela recuperação!

FJorge disse...

Caro anónimo que inaugurou os comentários:

O exemplo que aqui divulguei, após visita como utente, prova que o projecto para o Vale de Santo António não só é muito questionável (atenção que não se está a discutir o mérito da Arqitectura / Arquitectos) como também não é a única solução para o Arquivo Municipal de Lisboa.

Tentou fazer a defesa do projecto do Vale de Santo António mas ignorando o projecto do Arquivo de Amesterdão.

Mas há muitos outros arquivos e bibliotecas, por toda a Europa, instalados em imóveis com valor patrimonial. O novo Arquivo Municipal de Madrid foi instalado recentemente numa antiga Fábrica do séc. XIX, perto da Estação da Atocha.

Os exemplos, numa grande variedade de tipologias, e adaptados com grande criatividade, provam que «as instalações especiais e técnicas» de um equipamento desta natureza não são incompatíveis com uma pré-existência patrimonial.

Um bom arquitecto não tem medo de pré-existências.

HOMOSAPIENS disse...

O projecto que incluía a biblioteca e arquivo municipal de Lisboa, da autoria dos arquitectos AIRES MATEUS E ASSOCIADOS e ALBERTO SOUZA OLIVEIRA, foi abandonado pelas informações que li.

Infelizmente é mais um projecto que Lisboa não vai ter( já estámos habituados a isso). Parece que se gosta de gastar dinheiro em planos para sonhar e não para se concretizar. Infelizmente temos muita gente no governo, que tem mentalidade terceiro mundista. Para também de dar relevo que se gastou pelo menos uns 3 milhões de euros para preparar o terreno a construção, para depois o abandonar.

Para mim esse projecto que se ía construír no Vale de Santo Antonio era mesmo bom, e iria dar com certeza uma nova vida nesse bairro.

Ora aqui fica um WEBSITE para os interessados a ver o projecto:

http://lx-projectos.blogspot.com/2007/01/biblioteca-e-arquivo-municipal.html

Cumpts.

Anónimo disse...

não faz sentido ir gastar milhões num novo edifício quando vamos ter vários conventos devolutos em meia dúzia de anos. será um teste para este executivo. tanto se fala de sustentabilidade!