18/10/2009

Parlamento-Oposição prepara-se para travar contentores de Alcântara

In Diário de Notícias (18/10/2009)
por RUI PEDRO ANTUNES

«A revogação do contrato celebrado entre o Governo e a Liscont, pedida por Helena Roseta, é defendida por deputados do CDS, BE e PSD. Partidos que têm agora poder para a aprovar


Após Helena Roseta ter enviado uma carta a todos os grupos parlamentares a pedir a revogação do contrato de concessão do terminal de Alcântara à Liscont, o cenário parece em vias de confirmar-se no Parlamento. CDS, Bloco de Esquerda e PSD mantêm firme a rejeição do polémico negócio dos contentores, e dizem-se dispostos a aprovar o que já haviam tentado em 2008: a revogação do contrato por via parlamentar.

Numa legislatura em que contar espingardas será mais importante que nunca, basta os deputados do PSD, CDS e BE manterem a coerência (como acérrimos defensores da revogação do contrato) e conseguirão travar o acordo com a empresa do Grupo da Mota-Engil no Parlamento. Ao todo seriam 124 deputados. Ou seja, a necessária maioria - mesmo sem contar com a CDU, que o DN não conseguiu ontem contactar.

O líder parlamentar do CDS, Pedro Mota Soares, recorda que os democratas-cristãos foram "os primeiros a fazer um pedido de aprovação parlamentar contra a adjudicação do contrato sem concurso público". O CDS não mudou de ideias e, sabe o DN, será uma questão de timing até voltar a colocar o assunto na agenda parlamentar.

Aparentemente num plano mais avançado está o Bloco de Esquerda, que já está a ultimar uma proposta de revogação. A deputada do BE, Helena Pinto, considera o contrato "escandaloso" e explica ao DN que o grupo "está a estudar uma iniciativa política". Proposta que não está já preparada apenas porque "os trabalhos só agora começaram".

Porém, para CDS e BE terem sucesso na intenção de revogar o contrato, necessitam dos deputados do PSD. Em Novembro de 2008, os sociais-democratas apresentaram um projecto de resolução com vista à "cessão de vigência" do projecto de lei que prolonga (por 27 anos e sem concurso público) a concessão do terminal de Alcântara à Liscont.

Dois dos subscritores dessa proposta, os deputados Luís Rodrigues e Luís Campos Ferreira, que continuam no Parlamento. mostram vontade de uma concertação negativa. Luís Rodrigues garante que é "contra um contrato que lesou o interesse público" - e até reclama ter sido "o primeiro deputado do Parlamento a levantar essa questão". Também Luís Campos Ferreira, numa "posição pessoal", é claro na rejeição do contrato:"se Roseta quiser a revogação, estou com a Roseta".

A verdade é que, se o Parlamento revogar o decreto-lei, a Liscont não está disposta a aceitar a decisão de ânimo leve. Segundo o DN apurou junto fonte do grupo Mota-Engil, se o Governo voltar atrás por força do Parlamento, a empresa vai até ao fim, reclamando indemnização do Estado nos tribunais.

A questão dos contentores de Alcântra promete, assim, ser uma das primeiras coligações negativas da nova Assembleia - matérias onde a oposição se pode unir para travar anteriores decisões do Governo, por falta de uma maioria absoluta do PS. E há outros diplomas em risco de suspensão: a avaliação dos professores e o projecto que obriga à instalação de chips nos carros (ver caixas).»

5 comentários:

  1. Anónimo10:40 a.m.

    É preciso PARAR a monstruosidade de construir a Gare para Paquetes frente à milenar ALFAMA, (dizem Sta Apolónia)um gravíssimo atentado à paisagem urbana de Lisboa.

    Além do edifício, os paquetes ficarão MAIS ALTOS que os miradouros sobre o Tejo.

    E um atentado que prejudicará o seriamente o Turismo, o principal sector económico de Lisboa.

    Lisboa, por ano, já ultrapassou o Algarve, em visitantes estrangeiros.

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  2. Anónimo1:00 p.m.

    É URGENTE desencadear uma iniciativa semelhante destinada a PARAR a construção pela APL do monstruoso Cais de Alfama, onde os Paquetes cortarão todo o sistema de vistas dos miradouros, e dominando pela sua escala, a principal zona histórica da cidade.

    A História não nos perdoará !

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  3. Xico2056:34 p.m.

    O que é que prejudica o turismo? Barcos que se fartam de trazer turistas???? Boa lógica essa!!!!

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  4. Com esta iniciativa, Helena Roseta consegue, politicamente falando, esvaziar por completo a iniciativa que caberia á oposição.
    Começaram já a ser pagas as facturas dos acordos?
    Se assim é, ainda bem porque pelo menos, podemos ver-nos livres das "latas" frente ao Tejo...

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  5. Anónimo1:18 p.m.

    Os navios de Cruzeiro representam um dos sectores mais importantes do Turismo de qualidade.

    Lisboa tem percorrido um longo caminho na busca de um lugar nas rotas destes navios.

    A existência de terminais modernos e adequados a grandes movimentações de passageiros em segurança e em curtos espaços de tempo é um factor crucial na escolha dos portos de escala por parte das companhias operadoras de cruzeiros.

    Lisboa necessita urgentemente de um terminal de cruzeiros para poder responder à crescente procura que apesar da crise teima em crescer.

    Os navios de cruzeiro atracam durante a manhã e largam a meio da tarde, essencialmente entre Maio e Outubro, e no caso de Lisboa, infelizmente, a sua presença não é diária - vir defender a suspensão da modernização do Porto de Lisboa no que diz respeito às condições para receber condignamente os navios de cruzeiro em defesa das "vistas" e da "relação cidade-rio" é uma atitude demagógica de puro egoísmo e reveladora do enorme desconhecimento acerca dos assuntos marítimos por parte de pessoas que deviam estudar minimamente os assuntos antes de vir para aqui comentar...

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