21/01/2011

Construções cobrem 60 por cento do solo de Lisboa

In Público (21/1/2011)
Por Helena Geraldes

«Estradas, edifícios e parques de estacionamento cobrem com betão e pedras 60 por cento do solo de Lisboa, ou seja, 105 metros quadrados por habitante, revela um estudo da Agência Europeia do Ambiente (EEA, sigla em inglês) sobre impermeabilização de 38 capitais europeias.

As cidades com menor percentagem de solo impermeabilizado são Estocolmo, Berna e Oslo, com pouco mais de 20 por cento. No extremo oposto encontram-se Bucareste, Tirana e Varsóvia. As capitais da Roménia, da Albânia e da Polónia são aliás as únicas com maior percentagem de solo impermeabilizado do que Lisboa, que surge nesta lista feita a partir de dados de satélite (relativos a 2006). O que faz da capital portuguesa a quarta mais impermeabilizada na Europa.

No rácio de cobertura do solo por habitante, as capitais mais impermeabilizadas são Nicósia (Chipre), Luxemburgo e Vaduz (Liechtenstein).

Os dados revelados anteontem pela EEA não surpreendem Eugénio Sequeira, especialista em solos e presidente da assembleia geral da Liga para a Protecção da Natureza. "Na década de 1990 a 2000, a área impermeabilizada no país aumentou 50 por cento", com as cidades a crescerem "nos sítios com melhores solos". No caso de Lisboa, os barros vermelhos.

"Infelizmente, tivemos duas leis - a Reserva Agrícola Nacional e a Reserva Ecológica Nacional - que deveriam salvaguardar os melhores solos e que não são cumpridas", frisa Eugénio Sequeira, salientando que a impermeabilização é um processo irreversível.

Também a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza sustenta que, nas últimas décadas, solos muito produtivos têm sido ocupados, "sistematicamente desafectados da Reserva Agrícola Nacional". Segundo esta organização, existem casos "de ocupação recente de zonas de risco de cheia que deveriam estar classificadas como Reserva Ecológica Nacional".

A associação salienta que este pode ser um momento importante para "inverter" a tendência, uma vez que "muitos planos directores municipais estão em revisão, se equaciona uma futura Lei dos Solos e já está aprovada uma estratégia de adaptação às alterações climáticas".»

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Só 60%? Devem ter contabilizado no espaço disponível os parques e jardins públicos. Seja como for, na próxima década, "descansem", que serão muito mais %.

5 comentários:

Anónimo disse...

E ao que consta, nas contas que a cml gosta de anunciar, entram em linha de conta com monsanto. Se descontarem o monsanto, então a área construida sobe e Lisboa se calhar fica em nr 1.
P´rá frente Manuéis, que hipotecam a cidade achando que a construção é que é progresso...

Luís Alexandre disse...

Este não é um problema exclusivo de Lisboa. Este é um problema mundial, resultante de um modelo de desenvolvimento económico assente na especulação, no lucro fácil e imediato e num crescimento altamente alavancado por financiamento bancário.
Espero que a crise venha cortar o mal (o crédito fácil e barato) pela raíz (a banca, que já não tem dinheiro para emprestar).
Só é pena que a economia produtiva, aquela que verdadeiramente acrescentava valor à economia do país, agora está estrangulada.

Julio Amorim disse...

Tem razão Luis Alexandre....muita razão.

Xico205 disse...

Luis Alexandre disse:
Só é pena que a economia produtiva, aquela que verdadeiramente acrescentava valor à economia do país, agora está estrangulada.

9:46 PM

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Lá está. O Salazar tinha razão no modelo económico que escolheu. Fomentação da agricultura e industria, e mesmo para quem trabalhava no secundário ou terciário o governo incitava a que tivessem uma horta de auto-consumo.

Muita gente deste blog critica o Salazar, mas depois vão dando razão ás suas politicas.

(atenção, não disse que o Luis Alexandre tenha criticado o Salazar)

Luís Alexandre disse...

Nem Salazar foi um santo, nem tudo aquilo em que ele acreditava era errado.
Muitas das suas idéias poderiam ter continuado a ser utilizadas, assim como outras tornar-se-iam obsoletas dada a evolução do mundo moderno.
Façamos apenas, justiça à história e não apaguemos a nossa memória.