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23/04/2014

No subsolo do Banco de Portugal há uma muralha com mais de sete séculos para conhecer

O Núcleo de Interpretação da Muralha de D. Dinis abre esta quarta-feira ao público, no Largo de São Julião, em Lisboa. Já o Museu do Dinheiro só deverá ser inaugurado em 2015.
Por Inês Boaventura, Público de 23 Abril 2014

Este troço da muralha foi descoberto no decurso das obras de reforço estrutural dos edifícios do Banco de Portugal
Foto de José Maria Ferreira

O único troço colocado a descoberto da Muralha de D. Dinis, mandada construir há mais de sete séculos para proteger a população de Lisboa dos ataques vindos do Tejo, pode ser visitado a partir desta quarta-feira. Para ver de perto os 31 metros deste monumento nacional que foram musealizados, há que descer ao subsolo da sede do Banco de Portugal (BdP), no Largo de São Julião, em Lisboa.
Este troço da muralha foi encontrado em 2010, durante as obras de reabilitação do quarteirão que se estende entre aquele largo e a Rua do Ouro e que integra um conjunto de oito edifícios e a antiga Igreja de São Julião, todos propriedade do BdP. O objectivo inicial da intervenção era fazer o reforço estrutural do edificado, mas o seu âmbito acabou por ser alargado com a decisão de ali se instalar o Museu do Dinheiro e com as descobertas arqueológicas entretanto realizadas.
Para chegar ao Núcleo de Interpretação da Muralha de D. Dinis é preciso descer um lance de escadas e entrar numa zona à qual o projecto inicial de reabilitação não previa que os visitantes pudessem aceder. O director do Departamento de Serviços de Apoio do BdP, Eugénio Gaspar, sublinha que este foi um processo feito de “vários compromissos”, que permitiram “tornar compatível” a função actual do espaço com o acesso público a um monumento nacional.
Numa primeira área é possível ficar a conhecer, enquanto se ouvem músicas escritas e compostas por D. Dinis, o contexto em que foi mandada construir, em 1294, a muralha e alguns dos principais factos que marcaram o reinado do monarca. Depois disso, os visitantes são convidados a percorrer um corredor, com uma largura reduzida, no fim do qual surge finalmente o troço descoberto daquela construção.
Mas antes de lá chegar há 25 peças, de várias épocas, para conhecer, incluindo botões de punho do séc. XIX, estacas de madeira do séc. XVIII, um azulejo do séc. XVI, vários objectos do quotidiano da época islâmica e artefactos romanos ligados ao mar. O arqueólogo Artur Rocha sublinha que esta é apenas “uma pequena amostra” de tudo o que foi encontrado, e que “não chega a ser um milésimo do total”.
À escolha desta amostra, explicou o arqueólogo, presidiu a ideia de “dar uma visão diacrónica, da época romana até à actualidade”, mas também a de revelar a “ligação do rio à cidade”.
Quanto à muralha, Artur Rocha sublinha que esta foi “a primeira vez em que apareceu num ambiente de escavação arqueológica controlada cientificamente”. Nos anos 30, recorda, houve notícias da descoberta de um outro troço, que não foi conservado nem alvo de um registo fotográfico.
Nos trabalhos arqueológicos que se iniciaram no princípio de 2010 e se prolongaram por 11 meses, foi também encontrada “uma grande quantidade de materiais osteológicos, restos humanos”, acrescentou o arqueólogo, explicando que esses vestígios serão de “pelo menos 580 indivíduos”, enterrados no local “na primeira metade do séc. XIX”.  
O acesso ao Núcleo de Interpretação da Muralha de D. Dinis é gratuito e pode ser feito de terça a sexta-feira, entre as 10 e as 18h. A responsável pelo espaço, Sara Barriga, anunciou que entre 17 de Maio e 4 de Setembro, período durante o qual haverá em simultâneo uma exposição de arte contemporânea com peças da colecção do Banco Europeu de Investimento, o local estará também aberto ao sábado.   
Segundo Eugénio Gaspar, o BdP realizou um investimento de 450 mil euros para tornar a muralha visitável. O designer Francisco Providência, responsável pela museografia, não tem dúvidas de que a inauguração deste espaço trará “novos argumentos de visita à Baixa”.  
Museu do Dinheiro só abre em 2015
A sua inauguração chegou a ser anunciada para 2013, mas afinal o Museu do Dinheiro, que vai ficar instalado no espaço da antiga Igreja de São Julião, só deverá abrir as portas “no terceiro trimestre de 2015”. A nova data foi avançada pelo director do Departamento de Serviços de Apoio do Banco de Portugal, que explicou que esta “reprogramação” se deve ao facto de a instituição ter decidido “dar prioridade” ao Núcleo de Interpretação da Muralha de D. Dinis.
Ainda assim, “os dois primeiros núcleos” do futuro museu estão já acessíveis ao público, apresentando cada um deles uma figura que representa Hermes, o deus grego do comércio. Numa dessas figuras é possível assistir a uma animação que dá a conhecer o traçado urbanístico da zona da Baixa antes e depois do terramoto e noutra os visitantes podem, usando os seus bilhetes de entrada no espaço, simular acções de troca com Hermes e ficar a conhecer as várias formas que o dinheiro assumiu ao longo do tempo.   


10/04/2012

Nicho? Óculo?


No avançado estado das obras do futuro Museu da Moeda, e depois do desaparecimento da cerca do Séc. XIX e do aparecimento do caixote de cimento junto à antiga torre sineira da Igreja de São Julião, há uma nova protuberância para turista fotografar: um canto envidraçado com vista para a Praça do Município.

Será um óculo propositado? Será uma estilização modernaça dos nichos religiosos de antanho e por isso, descargo de consciência pelas alterações à igreja, de hoje e de ontem? Será um futuro miradouro de um futuro café? Ou apenas mais uma extragância extra-projecto? Curioso, estou.

29/09/2011

I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L!


A ampliação a nascente da antiga igreja do Banco de Portugal, futuro Museu da Moeda, apresenta esta bizarria junto à antiga torre sineira daquela... chamam a isto arquitectura de referência? Foi para isto suspenso o PDM? Allô, senhores do património, não acham isto miserável? E, tecnicamente, isto é para quê? O museu não podia ter tido uma ampliação mais baixa e mais afastada da torre sineira? Ah, já sei, é mais uma "à la" cobertura do conglomerado da Império, na Rua Garrett... como só se vê lá de cima, não importa, já sei. Cá em baixo são todos ceguinhos. E viva o PP da Baixa Pombalina, claro. Não há pachorra.

26/04/2010

Será a muralha de D. Dinis, ali no futuro Museu da Moeda?


In Público (26/472010)
Por Ana Henriques

«Estrutura de pedra e argamassa detectada no subsolo de uma igreja antiga da Baixa lisboeta. Especialistas aguardam por novas sondagens para tirar dúvidas

O subsolo da Igreja de São Julião, local da Baixa lisboeta onde decorrem neste momento obras para instalar o Museu da Moeda, tem "fortes probabilidades" de esconder um valioso achado arqueológico: a muralha que D. Dinis mandou fazer para proteger Lisboa, no final do século XIII. Quem o diz são os arqueólogos contratados pelo Banco de Portugal para fazer as son- dagens que precederam as obras de transformação da velha igreja no museu, com conclusão prevista para o final de 2011.

A confirmar-se, "será uma descoberta importantíssima", salienta o historiador e investigador António Borges Coelho, defendendo nesse ca- so a sua preservação e exposição ao público, como acontece com vários troços da muralha fernandina - que é posterior à de D. Dinis -, encontrados entre a Baixa e o Chiado. No relatório de escavação, de Setembro de 2009, os arqueólogos não colocam, porém, de lado a hipótese de a grande estrutura de pedra e argamassa encontrada ser, afinal de contas, um pedaço da cerca de D. Fernando.

"As primeiras muralhas de Lisboa terão sido, respectivamente, a cerca romana/visigótica e a cerca moura. Estes dois momentos de edificação dizem respeito a uma ocupação ainda restrita do território; ainda um "fenómeno de acrópole" adstrito à actual colina do castelo", contextualizam Artur Rocha e Jessica Represas, da Zephyros Arqueologia, empresa que fez as sondagens. "É no século XIII que temos notícia da construção da muralha da Ribeira ou de D. Dinis, que ficaria na praia ou junto à rebentação do rio. Este alargamento substancial do espaço amuralhado da cidade indicia que ela havia já descido da colina, desenrolando-se de forma orgânica e desordenada em direcção ao rio (...) Marca também pela primeira vez a transferência do centro económico da cidade para a zona ribeirinha".

O que diz um mapa antigo

O arqueólogo José Luís de Matos pensa que é bem provável que se trate efectivamente da muralha de D. Dinis. Ou não tivesse o olisipógrafo Vieira da Silva, há um século, traçado, com base em documentação antiga, um mapa em que faz passar precisamente neste local a antiga estrutura de pedra. "No seu natural movimento de expansão para ocidente, Lisboa depressa passou por cima da cinta de muralhas com que a haviam envolvido os povos godos ou os muçulmanos. E entulhando o estuário do Tejo preparou um excelente campo para a construção de habitações. Depois da conquista cristã, rapidamente a nobre vila adquiriu uma importância considerável, não só pelo (...) comércio dos seus habitantes, como pela sua excepcional situação como um dos melhores portos da Europa. Também por isso se via frequentemente atacada pelos piratas, que, entrando pelo Tejo sem impedimento, nem no mar nem em terra, encontravam nos ricos moradores e comerciantes do vale da Baixa uma cómoda e fácil presa", descreveu, então, aquele especialista.

José Luís de Matos explica que, além dos mouros do Norte de África, a cerca tinha como objectivo repelir também as incursões marítimas dos castelhanos. "Era importante preservar esta memória", observa. A confirmar-se a sua origem de forma inequívoca, trata-se do primeiro troço da muralha de D. Dinis detectado até hoje.

"Seria uma descoberta fantástica", comenta a especialista em arqueologia urbana de Lisboa e ex-técnica do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) Jacinta Bugalhão. Chama a atenção para o facto de, do ponto de vista legal, todas as cercas antigas de Lisboa estarem classificadas como um monumento nacional - uma protecção que abrange também os troços por descobrir. "A lei diz que os monumentos classificados não podem ser demolidos", acrescenta, "mas factores como o mau estado de conservação podem levar a tutela a autorizá-la."

Como a obra para instalar o museu vai ter acompanhamento arqueológico, serão estas segundas escavações que permitirão tirar uma conclusão. Ou não: "Na zona onde existe probabilidade de passar a muralha as obras para o museu não decorrerão a uma cota tão profunda como noutras zonas", informa o subdirector do Igespar, João Pedro Ribeiro. Como é de lei, "só haverá escavação arqueológica nos locais afectados pelas obras". As sondagens iniciais não desceram a profundidade suficiente que permitisse identificar vestígios mais antigos. Permitiram, isso sim, encontrar vários esqueletos do século XIX sob o templo. "Qualquer cidade civilizada tem orgulho no seu passado", nota Borges Coelho. "Se a muralha foi encontrada, é uma notícia magnífica. E há todo o interesse em pô-la à vista."».

...

E eu gostava que se começasse por preservar o muro e a cerca do séc. XIX, que é imagem de marca da fachada principal do que resta da Igreja de São Julião...

24/10/2008

E também retido a 'banhos':

Estava o projecto de transformação da antiga Igreja de São Julião e edifícios contíguos, todos propriedade do Banco de Portugal, em Museu da Moeda, sob projecto de Gonçalo Byrne, conforme segue:



Ou seja, a única coisa que incomoda (uma vez que a ideia da remoção da cerca da fachada parece ter sido abandonada, e bem!) é o facto do projecto prever a subida dos dois lados da fachada da igraja, em um andar (coisas que o Conselho Consultivo do PDM devia 'cortar a direito' mas não o faz...), conforme esquema a seguir:



Não se chega a perceber a necessidade de suspensão do PDM para este projecto 'estruturante' uma vez que da igreja quase nada resta, no balanço da voragem 'camartela' de que foi alvo este edifício desde que o Banco de Portugal para ali foi. Mas enfim...