12/06/2013

NOTA MUITO POSITIVA PARA A CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA !


Apetece dar o parabéns à Câmara Municipal de Lisboa pela nova imagem da Praça do Marquês de Pombal.

O incremento dos espaços verdes, cuja área praticamente triplicou graças à redução das vias de circulação automóvel e da inclusão de percursos pedonais e para bicicletas no seu interior, bem como a plantação de 31 árvores da espécie Erythrina crista-galli, árvores de médio porte, originárias da América do Sul, de folha caduca e que florescem de Julho a Setembro com uma flor muito bonita, vermelha na face superior e rosadas na face inferior, tornaram o Marquês de Pombal numa praça ainda mais bela e digna de qualquer capital europeia.

Por tudo isto apetece dar os parabéns aos lisboetas e à sua Câmara Municipal.

Ficamos agora à espera da tão prometida requalificação da Rua Joaquim António de Aguiar, descaracterizada pelas obras de construção do Túnel da Marquês.


Pinto Soares

O Povo é Quem Mais...

Numa altura em que mostram os estudos, ou simplesmente sentindo o ânimo geral, que a maioria dos  portugueses revelam o maior ceticismo sobre a atuação dos titulares de cargos políticos, e que as promessas políticas são letra morta, prontamente esquecidas findas as eleições, foi com uma sensação de repulsa que me apercebi que haviam sido colocados, num dos relvados da Alameda Afonso Henriques, os suportes metálicos para um enorme cartaz que, mesmo que se venha a mostrar provisório, vem provar que espaços de fruição pública são chão para qualquer circo.
Neste parque, uma obra pensada e desenhada ao milimetro e um dos espaços mais iconográficos da cidade moderna, já há um cartaz político constante e permanente, que resiste a qualquer intempérie - ainda que árvores não. As eleições que se avizinham aguçam o apetite por mais barulho de fundo, nada esclarecedor e por isso pouco contributivo para a democracia.
Como é possível que algum político se atreva a fazer propaganda na Alameda Afonso Henriques? Pensem nisso quando tiverem o boletim de voto na mão.

Este cartaz foi o primeiro "item" a ser reposto depois da intempérie que arrancou árvores por toda a cidade, e neste parque também. O que faz aqui uma coisa destas? Não há limite para a desrespeito pelo cidadão. E vejam a quantidade de poluição visual que tem este espaço: barracas de gelados de plástico ligadas à caixa de eletricidade por um poste de madeira e umas rodadas de fita cola, colunas com publicidade...

Perfeitamente ofensivo! Quem precisa de mais propaganda política? Já não estamos esclarecidos suficientemente?

E estes também andam por lá! Quem aprova estas coisas? Será que tem que se vender tudo, até a "limpeza de vistas" que a Alameda Afonso Henriques merece e pede?

11/06/2013

Vista do Miradouro de São Pedro de Alcântara


Chegado por e-mail:

«Graffiti na fachada traseira do Eden.
Marco Alves»

10/06/2013

Demolição Confirmada!

Quando escrevi este artigo alertando para o início de trabalhos daquilo que se configurava numa demolição de interiores em que as fachadas não seriam mantidas (ver) posso agora confirmar, depois de constatação in loco, que a fachada deste imóvel de Cassiano Branco, no remate norte da Praça João do Rio está a ser demolida, faltando-lhe já os três primeiros pisos.
O que vem a seguir preocupa-me de sobremaneira. O historial de arquitetura contemporânea, nesta cidade, não nos deixa esperar pelo melhor.
Isto é mais uma prova de falência da sociedade portuguesa que se interessa tanto pela sobrevivência do nosso Estado-Nação na medida exata em que não seja um entrave a ganhos pessoais. O 10 de Junho não é mais do que um feriado para alargar o período de férias e manter a hipocrisia dos que governam e a dos que são governados. Nada mais...

Mais um que não é mais do que foto de arquivo. Adeus!

09/06/2013

DIA INTERNACIONAL DOS ARQUIVOS: Welcome to the Arquivo Municipal de Lisboa






É aqui, na periferia da cidade, em caves de estacionamento de um edifício municipal no Bairro da Liberdade, que está "instalado" o Arquivo da nossa cidade. Em dias de chuva é favor trazer chapéu impermeável ou um plástico para se proteger da água que se infiltra pela cobertura e vai cair em plena Sala de Leitura. Os caixotes que servem para apanhar esta água da chuva servem também, nos dias secos, para transportar os documentos entre o depósito e os leitores. O que o Pelouro da Cultura nos parece pedir é uma compreensão e tolerância muito para além dos padrões internacionais que experimentamos no resto da Europa (basta comparar com o exemplo de Madrid). É assim que tratamos a instituição que tem à sua guarda a Memória de Lisboa. E como se devem sentir os funcionários que têm de trabalhar neste ambiente? Porque praticamente tudo aqui é impróprio - não só para arquivo de documentos raros, únicos, insubstituívéis mas também para as pessoas. A memória de Lisboa está metida (escondida?) numa cave de estacionamento em banal prédio de habitação que mete água. E a avaliar pelos longos anos que esta tragédia nacional já leva, é óbvio que a cidade não se indigna. Em vez disso constroi um novo Museu dos Coches e outras obras milionárias, de mais vaidade pessoal que utilidade ou necessidade. Mais palavras para quê?

O Dia Internacional dos Arquivos foi instituído pela Assembleia Geral do CIA – Conselho Internacional de Arquivos, realizada no Québec, em Novembro de 2007. Foi escolhida esta data, por ter sido precisamente a 9 de Junho de 1948, que a UNESCO criou o CIA – Conselho Internacional de Arquivos.

O objetivo da criação de um Dia Internacional de Arquivos é proporcionar condições para que se desenvolvam acções de promoção e divulgação da causa dos arquivos em todo o mundo.

"A reabilitação dos bairros de Lisboa vai descer à terra"....



"Todos os dias encerram lojas em Lisboa. Quem anda pelas ruas depara-se com esse cenário, mas dificilmente está a par da crueza dos números: em média, 16 lojas fecham as portas diariamente na capital; por ano, são mais de 5700. É uma bola-de-neve que está a desertificar zonas da cidade onde o comércio desempenhava um importante papel na vida de bairro. Zonas que, sem comércio e sem pessoas, estão em progressiva degradação.

O problema inquietou suficientemente quatro arquitectas para que se pusessem a trabalhar numa solução – e encontraram-na. O resultado é o projecto Rés-do-Chão, que nesta quinta-feira foi distinguido com o terceiro prémio do FAZ – Ideias de Origem Portuguesa, no valor de dez mil euros (o primeiro e o segundo prémios foram entregues, respectivamente, aos projectos Orquestra XXI e Fruta Feia).
 
O plano é simples: devolver as ruas às pessoas. Havia mais um projecto entre os finalistas com o mesmo objectivo. Foi o método proposto para o fazer que entusiasmou o júri do concurso da Fundação Gulbenkian e da Cotec – Associação Empresarial. “A nossa missão é ocupar pisos térreos comerciais vazios através de um novo modelo de arrendamento comercial, fazendo uma ponte entre proprietários e arrendatários”, começa por explicar Marta Pavão.

“Uma das coisas que sabemos é que muitos dos proprietários hoje em dia só estão dispostos a fazer arrendamentos longos, de dois, três, quatro anos, ou a vender. Os arrendatários não querem, e não podem, assumir o risco de arrendar por longos períodos de tempo. O Rés-do-Chão tenta resolver esse problema do mercado, criando esta ponte entre os dois”, aprofunda Sara Brandão, numa conversa a cinco com o PÚBLICO.

Sara Brandão é a única da equipa que vive em Lisboa. A “visionária” desta ideia, Mariana Paisana, está em Ahmedabad, na Índia. Marta Pavão e Margarida Marques trabalham em São Paulo, Brasil. Na última semana, estiveram a aprimorar o projecto. A conversa decorre após essa semana de “treino” e ainda antes de terem conhecimento do prémio. Até aí, só tinham recebido elogios. Poucas horas depois tinham assegurado um financiamento inicial.

Vão apostar numa espécie de reabilitação horizontal, contrariando a tendência de recuperar edifício a edifício. Porquê? “Vamos começar pelo espaço que é vital, porque acreditamos que este é o esforço mínimo possível para conseguir o máximo de reabilitação. Ao conseguirmos reabilitar os pisos térreos, vamos muito mais rapidamente reabilitar o espaço público e incentivar a que o resto aconteça na vertical, nos outros pisos”, afirma Margarida Marques.

“No fundo, isso é parte do modelo inovador do projecto”, diz Sara. “Achámos que devíamos começar pelo layer da rua e não reabilitar a partir dos edifícios individualmente. Primeiro, faremos uma selecção de pisos térreos que não necessitam de obras de grande volume. E acreditamos que isso no futuro vai potenciar investimentos de outras pessoas, de outras entidades, para virem a reabilitar o edificado. Mas neste momento temos de começar pelo que não está extremamente degradado mas está vazio, porque é o mais rápido e mais eficaz.”

Intervenção no bairro de São Paulo
O Rés-do-Chão vai começar pelo bairro de São Paulo, ao Cais do Sodré. “Falámos com a Câmara [Municipal de Lisboa] para perceber se era ou não um lugar o estratégico. Disseram-nos que sim, explicaram-nos que dentro dos programas BIP-ZIP [Programa Local de Habitação] é um dos bairros considerados de intervenção prioritária”, conta Marta Pavão. “Toda esta zona ribeirinha tem uma série de planos de desenvolvimento futuros. O Cais do Sodré tem uma série de dinâmicas associativas e muitas instituições vão mudar-se para aquela zona”, atalha Sara Brandão.

“No futuro, aquela zona vai necessitar de novos serviços, de novas actividades, de novas dinâmicas e, além disso, está neste momento muito degradada e muito desertificada”, continua. “E é uma zona com um património incrível.” Acresce que o bairro tem matéria-prima em quantidade para o Rés-do-Chão trabalhar: segundo Sara Brandão, “mais de metade dos pisos térreos está neste momento vazia”.
Feita a intervenção, seguirão para outros bairros. “O objectivo é que as pessoas se apropriarem disto e não sermos necessárias daqui por um tempo”, explica Margarida Marques. Sara Brandão sublinha por seu lado que “é necessário capacitar a população e a comunidade para que as suas ruas não estejam vazias”. E é por isso que pretendem envolvê-las no processo. “Queremos desenvolver parcerias com a comunidade local, artistas locais, residentes – é muito importante este envolvimento. A nossa ocupação não será indiferenciada do lugar e do contexto”, diz.

Também não será indiferente à altura do ano. Mariana Paisana, a autora da ideia, lembra que existem oportunidades de negócio sazonais que não devem ser esquecidas – comerciantes que têm produtos para vender em alturas como o Natal, a Páscoa ou o Verão, mas que não têm como manter uma porta aberta o resto do ano. É para criar este tipo de oportunidades de negócio e de dinamização os espaços que nasce o Rés-do-Chão.

“O que nós percebemos foi que neste momento o comércio, como nós o conhecemos, não está a funcionar. E portanto o que queremos é dar possibilidades às pessoas de encontrarem novas maneiras de trabalhar nesta nova maneira de ver a economia”, afirma Mariana Marques.

“Quando não há arrendatários, nós próprias acabaremos por ocupar os espaços com actividades que gerem receitas e que dinamizem esses espaços”, adianta Margarida Marques. Por outro lado, as quatro arquitectas também pretendem que “o Rés-do-Chão seja responsável pela dinamização de alguns pisos térreos estratégicos na cidade para conseguir receitas que garantam a continuidade da iniciativa”.

O grande desafio, para já, será fazer do bairro de São Paulo uma zona tão movimentada de dia quanto é de noite. Ou, pelo menos, diminuir o fosso entre o número de pessoas que acorrem ao Cais do Sodré nos diferentes momentos do dia. O primeiro passo será disponibilizar a informação que estão a recolher, sobre as necessidades daquela zona, sobre as últimas lojas que fecharam e porquê, para que os potenciais futuros ocupantes destas ruas saibam “o que faz sentido neste momento naquele bairro”."

Por in Público 
 
 

07/06/2013

Cuidado! Lisboa com buracos.

Em Berlim quando uma Rua se apresenta em menos bom estado fixam um sinal destes à entrada:
e, no caso desta, até nem está nada mal:
Se calhar à entrada de Lisboa devíamos colocar este sinal:

"Febre hoteleira" está a destruir identidade da Baixa, diz autarca


In Público (6/6/2013)
Por Marisa Soares


«Câmara diz agora que há dez projectos de hotéis para a zona da Baixa pombalina a aguardar licença e mais três em obra. Em Março, Manuel Salgado tinha afirmado que estvam pendentes 30 e sete em obra


O presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau, António Manuel, acusa a câmara de estar a transformar a Baixa de Lisboa num "condomínio fechado de hotéis de charme" e a permitir a "destruição do tecido económico e social" que a caracteriza.

Segundo o gabinete do vereador do Urbanismo e vice-presidente da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, estão a aguardar licenciamento dez projectos de hotéis para a Baixa pombalina, que correspondem a 1166 camas.

Em obra estão actualmente três hotéis, com 261 camas, indicou agora, por escrito, a mesma fonte. Esta informação, porém, contradiz as declarações que, segundo António Manuel, Salgado terá feito numa reunião pública da câmara, em Março, afirmando que havia 30 hotéis a aguardar aprovação e sete em obra. O PÚBLICO tentou contactar Salgado, para esclarecer esta contradição, mas sem sucesso.

Sejam dez ou 30, a verdade é que em quase todas as ruas da Baixa pombalina se encontram prédios em mau estado de conservação, com placas de aviso sobre pedidos de licenciamento de obras. O presidente da Junta de São Nicolau é peremptório: "É preciso travar o quanto antes esta febre hoteleira, se não quisermos perder irremediavelmente a Baixa e o que a caracteriza." Segundo afirma, já existem 80 unidades hoteleiras na zona.

Salvaguarda em risco

Mais do que a quantidade, o autarca eleito pelo PSD para aquela freguesia da Baixa está preocupado com a qualidade dos projectos e o impacto que terão na dinâmica daquela zona histórica.

António Manuel afirma que o Plano de Salvaguarda da Baixa Pombalina, aprovado em 2010, que define regras de reabilitação do edificado, não está a ser tido em conta pela câmara. "Não se está a respeitar nem a filosofia nem os documentos estratégicos do plano, que dizem que a reabilitação deve contemplar a fórmula de um terço para habitação, um terço para comércio e um terço para serviços", refere.

O principal problema, argumenta, é que a instalação de novas unidades hoteleiras está a fazer-se "à custa do desalojamento de moradores e do desaparecimento de lojas históricas ligadas à identidade da Baixa". E dá como exemplo o projecto previsto para o quarteirão do antigo Convento do Corpus Christi, situado entre as ruas dos Fanqueiros, São Nicolau, Douradores e Vitória. Este edifício do século XVII, reconstruído após o terramoto de 1755 e classificado como imóvel interesse público, vai ser todo ocupado por um hotel, cujo projecto já foi licenciado pela Câmara de Lisboa.

Nalgumas das lojas que aí havia e que entretanto foram despejadas decorrem escavações arqueológicas, acompanhadas pela Direcção-Geral do Património Cultural (ex-Igespar), que deu parecer positivo à obra com essa única condicionante. Mas ainda restam meia dúzia de comerciantes e alguns moradores, que terão de sair até ao final do Verão.

"Nesse conjunto vive o morador mais antigo da Baixa. Uma das lojas, a Adega dos Lombinhos, faria 100 anos em 2017. Estas lojas são a grande atracção da Baixa, são elas que a tornam diferente da Baixa de outra qualquer cidade europeia", observa o autarca, que defende a convivência dos hotéis com o comércio tradicional.

Está-se a fazer uma "reabilitação sem alma", lamenta. E a tendência não é de agora. Já em 2008, a instalação de um hotel no cruzamento da Rua dos Correeiros com a Rua de Santa Justa fez desaparecer a última loja de correeiros da Baixa pombalina. "Devia ter sido conciliada a instalação do hotel com o comércio pré-existente. Era uma loja secular que fazia parte do imaginário da Baixa", observa António Manuel.

Candidatura na gaveta


Esta preocupação é partilhada pela vereadora do PSD na câmara Mafalda Magalhães de Barros, que acusa Manuel Salgado de manter os projectos "no segredo dos deuses", abrindo portas à "especulação imobiliária". A vereadora teme que as intervenções previstas naquela zona possam pôr em causa a candidatura da Baixa a Património Mundial da UNESCO, sobre a qual também pouco se sabe. Em Dezembro de 2011, Salgado anunciou que a autarquia ia retomar o processo - iniciado em 2004, mas depois suspenso devido à necessidade de elaborar um plano de salvaguarda que veio a ser aprovado em 2010. Desde então, o assunto não voltou à ordem do dia.

"Nos prédios pombalinos as fachadas não são muito interessantes. O que é interessante é a construção integrada, os interiores em azulejos, as pinturas nas paredes, a construção em gaiola", explica a também antiga directora da Direcção Municipal de Conservação e Reabilitação Urbana. Mafalda Magalhães Barros acredita que estão a ser feitas "demolições integrais do interior dos edifícios", sem respeito pelo que resta do património.

"A candidatura da Baixa exigiria uma maior cautela no que respeita aos valores patrimoniais", entende a vereadora do PSD. Sem ela, está-se a "passar o rolo compressor" sobre o que resta dos edifícios pombalinos e, ao mesmo tempo, a "expulsar" moradores e comerciantes. "Não temos nada contra os hotéis, mas tem de haver lugar para as pessoas", remata. »

06/06/2013

Visita guiada e recitais no âmbito dos 500 Anos do Bairro Alto:







O Fórum Cidadania Lx associa-se às Comemorações dos 500 Anos do Bairro Alto organizando uma visita guiada pela Prof.ª Maria José Borges ao Conservatório Nacional, no próximo Sábado, dia 8 de Junho, pelas 10:30 (gratuita, Máx. 20 pessoas), e promovendo dois recitais organizados pelo CN no Salão Nobre, no dias 7 e 8, ambos às 21:30.

Atenção: AS INSCRIÇÕES PARA A VISITA ENCONTRAM-SE ENCERRADAS.

Debate - Segurança nas Avenidas Novas


A Associação de Moradores das Avenidas Novas de Lisboa preocupada com o aumento da criminalidade verificada na nossa área de actuação, traz o debate para a praça pública convidando a população e os responsáveis pela nossa segurança. 

Queremos ouvir os seus problemas e, em conjunto com os nossos convidados, promover o dialogo em busca de soluções para este flagelo. Contamos consigo.

Oradores:
Comandante da 5ª Divisão de Lisboa da Polícia de Segurança Pública
Comandante da 10ª Esquadra de Lisboa da Polícia de Segurança Pública

Não Falte!


05/06/2013

Miguel Bombarda - O que fazer com este património?


In Público (1/6/2013)

Por Mariana Dias Foi quinta, casa-mãe de uma congregação religiosa e colégio militar. O agora desactivado Hospital de Miguel Bombarda é, para muitos, apenas sinónimo de antigo hospício. Uma parte está classificada, mas várias entidades propõem agora que o espaço seja considerado conjunto de interesse público


Por detrás da secretária, no pequeno escritório, pende da parede azul um retrato a óleo do duque de Saldanha que testemunhou um crime: a pintura exibe um rasgão, marco de passagem das balas. Este gabinete é o "principal testemunho material da revolução republicana" e quem o garante é Victor Freire, historiador e antigo director do museu do hospital. Aqui, a 3 de Outubro de 1910, véspera da revolta, no gabinete que lhe pertencia enquanto dirigente do hospital, Miguel Bombarda foi alvejado por um doente.

Este é algum do legado que ainda vive nos edifícios do primeiro hospital psiquiátrico do país, propostos à Direcção-Geral do Património e da Cultura como conjunto de interesse público. Entregue em Março, a candidatura subscrita pela Associação Portuguesa de Arte Outsider e pelas sociedades portuguesas de Psiquiatria e Saúde Mental, de Neurologia e de Arte Terapia, conta com o aval de Raquel Henriques da Silva e Vítor Serrão, directores dos Institutos de História da Arte da Universidade Nova e da Faculdade de Letras de Lisboa. Em 2010, deste espaço foram classificados o Pavilhão de Segurança, onde ficavam os doentes mentais que eram perigosos ou presos declarados inimputáveis, e o Balneário D. Maria II, destinado a banhos terapêuticos. Pede-se agora que se lhes juntem outros edifícios e algum do mobiliário, presente ou deslocado, que faz parte da estética e memória histórica do local.

O PÚBLICO foi conhecer alguns dos lugares que a candidatura quer salvaguardar, onde a Ciência e a Medicina se entrecruzam com a História, a Arquitectura, a Arte e a Cultura.

A história deste local começa muito antes de se ter fixado aqui o hospital e pode ser contada pelo edifício principal. Antigo convento, erguido na Quinta de Rilhafoles entre 1720 e 1740, foi casa-mãe da Congregação da Missão e uma das raras construções religiosas a resistir ilesa ao terramoto de 1755. Destinada a residentes de retiros e a alunos do seminário, foi a partir daqui que terão partido os missionários portugueses para Goa, Macau, China e Brasil. "Estamos perante um convento de uma ordem da qual não há propriamente vestígios em Portugal. Lisboa tem cerca de 90 conventos, a maioria está num estado de abandono ou completamente destruída", afirma Vítor Serrão, historiador de arte que apoiou a candidatura.

Esta ordem terá tido grande influência junto da família real, que participou nos festejos que aqui se fizeram para celebrar a canonização do fundador da congregação, S. Vicente de Paulo. Durante oito dias, D. João V assistiu aos concertos da Orquestra da Patriarcal, que ele próprio fundou, numa espécie de festival de música sacra e barroca, realizado na pequena igreja que ainda se mantém.

Este pedaço de história da Congregação da Missão levou a que a candidatura deste edifício fosse subscrita pela ordem religiosa. "Como o local está ligado à nossa memória, à nossa história, e até à da cidade de Lisboa, o nosso interesse é que não seja destruído. Queremos que continue para contar essa mesma história", afirma Álvaro Cunha, padre-visitador da congregação.

Já depois do fecho do hospital, a Estamo, proprietária do terreno, anunciou a construção de uma urbanização neste local, garantindo a continuidade dos edifícios na altura classificados, projecto que até a data não se realizou. Contactada pelo PÚBLICO, a empresa afirma que, "de momento, não há grandes novidades" quanto ao futuro do antigo hospital. Acrescentou que existem contactos com a Câmara Municipal de Lisboa, com a qual está a ser desenvolvido um plano de pormenor do imóvel. A autarquia confirmou que o estudo será "brevemente apresentado em reunião de câmara".


Inovação e vanguarda

Com a saída da Congregação da Missão, em 1835, instalou-se aqui o Colégio Militar, nos 13 anos que se seguiram. O Hospital dos Alienados de Rilhafoles, como era conhecido à data, só viria a inaugurar-se em 1848.

Ainda no edifício principal, junto a um posto de segurança, há uma porta dupla que passa despercebida. À entrada da pequena sala de paredes azuis descascadas, as tábuas do soalho afundam-se debaixo dos pés. No chão, há vidros partidos, folhas e um tijolo e, debaixo da janela, a madeira apodrecida já caída.

Fruto do ideário de Miguel Bombarda, esta sala é referenciada num dos seus relatórios, onde determina que servirá como um museu e espaço para dar os seus cursos de Psiquiatria. Anterior à primeira exposição de arte dos doentes, que só se vem a realizar em 1900, este será dos primeiros museus com uma colecção de arte dos doentes, incluindo pinturas e escritos. Enquanto sala de cursos, aqui era ensinado pelo próprio director um curso de Psiquiatria, que na altura não estava ainda incluído no currículo do curso de Medicina. Mas o elemento que nesta sala se destaca é o tecto, que conjuga os dois pólos: o artístico e o médico-científico. De um lado, os símbolos da arte - a lira, uma paleta e pincéis, maço e cinzel e livros -, do outro, os da ciência - desde um globo, um transferidor e um compasso até um telescópio e folhas de papel. "Esta sala tem grande importância em termos internacionais, não só por ser um dos primeiros museus do género, mas também por ter uma decoração própria, o que se desconhece no estrangeiro", explica Victor Freire.

Lá fora, junto ao classificado Balneário D. Maria II, tapado por andaimes e suportado por tábuas em madeira, o segurança avisa que está em risco de ruína. Dos vários edifícios que em volta se desenham, cada um com o seu estilo, há um alto, de janelas gradeadas e vidros partidos, imponente pelo aspecto decadente, conhecido pelo nome de Pavilhão em U. Pela porta meio escancarada, trancada por uma corrente, vemos paredes caídas, com a estrutura de madeira à vista. Aqui não nos vai ser possível entrar. Concebido após uma viagem de Miguel Bombarda pelos hospitais psiquiátricos europeus, é dos primeiros edifícios hospitalares feitos em betão a nível europeu.

O edifício em frente deste também se destaca pela sua arquitectura inovadora. O seu plano segue uma concepção do hospital psiquiátrico ideal definido por Esquirol, psiquiatra francês, em rés-do-chão que protegesse os doentes de tentativas de suicídio e, ao mesmo tempo, não necessitasse de barras na janela. O longo corredor vazio é quebrado por três corredores perpendiculares, também eles extensos. Nos espaços que os corredores entrecruzados delimitam abrem-se pequenos jardins exteriores. Pouco resta de vestígios de vida: numa das salas, junto a uma janela suja por tinta laranja, um calendário de 1986 colado na parede.

Também a cozinha apresenta uma arquitectura única: um tecto de esticadores em ferro, ajustáveis, que o suportam sobre as paredes. O antigo director do museu fala na originalidade da construção: "Os arquitectos e engenheiros que visitaram o hospital dizem que nunca viram nada como isto. Todos são edifícios muito importantes para a arquitectura em Portugal e até mesmo em termos europeus, altamente inovadores para o seu tempo", explica Victor Freire.

Mas se este local é o berço de arquitecturas vanguardistas, também se vai demarcar pelos avanços médico-científicos. Foi no laboratório, mais recentemente casa mortuária, mandado construir por Miguel Bombarda, que o médico e investigador Mark Athias conduziu as suas investigações na Neuro-histologia, iniciando um capítulo na Medicina portuguesa. Hoje, na mesa de autópsias em mármore restam uma lâmina de gilete, um saco de plástico preto, uma pequena peça de vidro e uma cabeça de uma vassoura. Apenas um suporte em madeira para colocar o pescoço dos cadáveres e uma etiqueta de aspecto antigo, onde se lê que Joaquim Dias Vaz faleceu em Julho de 1996 devido a uma cirrose hepática, parecem estar no sítio certo. Aqui, Mark Athias e, mais tarde, João Lobo Antunes recolheram para estudo centenas de amostras de cérebros que eram armazenados na sala ao lado, na qual sobra apenas um móvel onde o pó já há muito assentou. Para além de conduzir as investigações, Mark Athias iniciou também aqui uma série de cursos teórico-práticos de moderna investigação científica, aos quais assistiram alguns médicos como Celestino da Costa, Carlos França e Azevedo Neves - uma nova geração de clínicos que irá marcar a Medicina portuguesa.


Um património rico

Por agora, ainda nada é claro sobre o futuro do imóvel. "O que está em jogo neste momento é defender ou deixar cair um monumento importante de Lisboa", afirma Vítor Serrão. O historiador considera ainda que este património deve valer por si mesmo. "Não é por haver uma finalidade concreta que este conjunto tem de ser defendido; tem de ser defendido por ter uma valia tal que o derrubamento de uma parte ou totalidade estaria a pôr-nos mais pobres", conclui.

Também o antigo director do museu de arte dos doentes, Victor Freire, partilha desta opinião. "É realmente um erro em Portugal as pessoas fazerem depender uma classificação de uma função futura", defende. Sugere o caminho inverso: o conjunto deve ser classificado pelo interesse que tem, podendo depois ser rentabilizado por via de implantação de um museu "dedicado às neurociências, à História e à história da Psiquiatria, à memória da vivência dos doentes e à arte dos doentes".

Quanto à possível aprovação da candidatura, a historiadora Raquel Henriques da Silva, não tem dúvidas: "A sua aprovação permitirá preservar e valorizar um património hospitalar único e continuar o trabalho de requalificação do panóptico e a valorização dos acervos ligados às práticas artísticas de doentes mentais, incluindo os indispensáveis fundos documentais relacionados". Classificados, os edifícios seriam protegidos e poderia iniciar-se um processo de requalificação das estruturas mais degradadas. "A boa decisão nesta matéria ajudará a equacionar soluções para patrimónios conventuais de idêntica importância histórica", acrescenta.

Mas, por enquanto, foquemo-nos na herança deste espaço. "Há a história seguinte, a salvaguarda do trabalho e da memória do Miguel Bombarda", termina Raquel Henriques da Silva.»


Foto: Google Earth

...

Esta é uma das maiores e decisivas batalhas em curso pela preservação do Património da cidade de Lisboa e do país. A ver vamos quem faz o quê, de bom e de mau.

Que coisa mais manhosa, credo!


No Parque Eduardo VII, claro.

Foto: VM

As festas populares também andam nos transportes de Lisboa


In Público Online (3/6/2013) Por Marisa Soares

«Nos ascensores, no metro, no comboio ou autocarro: por todo o lado, os utentes dos transportes públicos são convidados a "Andar em Festa" durante o mês de Junho.

Quem passar durante este mês de Junho pelos ascensores de Lisboa vai encontrá-los de cara lavada. Forrados a vinil com motivos de azulejos ou de calçada portuguesa, os turísticos “amarelinhos” da Glória, do Lavra e da Bica ganharam outra cor para as festas da cidade. Mas não são os únicos: a animação chega a todos os transportes públicos da capital.

O desafio foi lançado pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), que organiza as Festas de Lisboa, de 1 a 30 de Junho. Através de um concurso de ideias, no âmbito do já habitual programa “Andar em Festa”, a EGEAC escolheu as melhores propostas para animar os transportes públicos. O resultado está, literalmente, à vista.

Mariana Cidade, uma arquitecta de 26 anos, venceu o concurso de ideias para os ascensores, que teriam de ficar “vestidos a rigor” para a festa. Inspirou-se na paixão que tem pelos azulejos portugueses e por tudo o que é tradicional, desenhou o fato à medida.

Nos ascensores da Glória (o mais movimentado da cidade e classificado como Monumento Nacional) e do Lavra, a arquitecta forrou os exteriores com vinil autocolante, com composições de azulejos tradicionais. Na Bica optou pela calçada portuguesa, impressa no mesmo material. A pedido da EGEAC, fez o mesmo no pavimento do elevador de Santa Justa, outra atracção turística da Baixa de Lisboa.

“Peguei na ideia dos autocarros, que andam sempre forrados com imagens de marcas. Agarrei nessa ideia simples para fazer publicidade à arte nacional”, explica a arquitecta. Os lisboetas e a Carris agradecem: o vinil tapa os vestígios de actos de vandalismo, como os rabiscos a tinta, pelo menos por enquanto. “Estou a fazer figas para que ninguém estrague”, diz Mariana Cidade. [...]

Cada uma destas iniciativas tem data e hora marcada na programação das Festas de Lisboa, disponível aqui»

04/06/2013

"Artistas" do "graf" em flagrante em Benfica, c.18:50 (1)


Traseiras da rua dr. joao couto
Policia foi alertada, nao veio 
Moradores vieram a janela, nao disseram nada
Transeuntes olharam curiosos, acharam normal

Pedido informação s/estado proj.relat​ivo a nºs 86-96 da Av.Duque de Loulé

Resposta da Provedoria de Justiça:




Resposta do Sr. Vereador Manuel Salgado:




...

Exmo. Sr. Vereador do Urbanismo
Arq. Manuel Salgado


CC. PCML, AML, Provedoria de Justiça, Media


No seguimento da aprovação em sede de Reunião de CML, em Outubro de 2008, de projecto de alterações para os 3 edifícios de Cândido Sottomayor, na Avenida Duque de Loulé (86-96), somos a constatar que as obras se encontram paradas desde há meses!

Verificamos, também, que não existe nenhum tipo de protecção dos interiores dos edifícios, estando os mesmos em sério perigo de desaparecer, dado que se encontram a céu aberto.

Tal facto, a manter-se, inviabilizará a boa execução do projecto aprovado pela CML, uma vez que do mesmo constava, claramente, a manutenção dos elementos decorativos dos interiores; no pressuposto obviamente, de que existiu boa-fé por parte da CML em explicitar essas condicionantes aquando da aprovação do projecto.

Posto isto, somos a solicitar um esclarecimento de V. Exa quanto à razão de ser da paragem das obras e o que irão fazer os Serviços da CML para que sejam cumpridos os termos da aprovação, i.e., que os elementos decorativos dos seus interiores sejam protegidos no decurso da execução do projecto, para que assim não sejamos confrontados, a curto-prazo, com um facto consumado: os interiores terem ruído e não ser possível a sua salvaguarda.


Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Bruno Ferreira, Luís Marques da Silva, Fernando Jorge, Júlio Amorim, Virgílio Marques, João Oliveira Leonardo, Jorge Pinto, José Filipe Toga Soares, Carlos Matos, Rita Filipe Silva

Lisboa, 12 de Dezembro de 2012

OPERAÇÃO IMOBILIÁRIA PÕE TRANSEUNTES EM PERIGO


In O Corvo (4/6/2013)
Por Francisco Neves (texto) e João Paulo Dias (fotos)

Na esquina da rua Tomás Ribeiro com a Filipe Folque, um prédio que já é um risco para os escassos inquilinos está a tornar-se um perigo para os peões.A sua degradação tem sido acelerada pela abertura de janelas e portadas às intempéries por parte do proprietário. Que não acata as intimações da CML para obras e se recusa a explicações.

Adquirido há anos pelo Hotel Turim Lisboa, que lhe fica ao lado, na Filipe Folque, no local do prédio onde viveu Humberto Delgado, o edifício em causa é um exemplo de degradação propositada: há danos evidentes e aparente risco de colapso de algumas varandas das traseiras, a fachada está descascada em vários pontos, havendo vizinhos que se queixam da queda de “pedras” e pedaços de reboco sobre o passeio adjacente.

Este perigo para os transeuntes, disse um inquilino, levou a uma intervenção dos bombeiros – removeram uma pedra de uma varanda das traseiras – que ali deixaram um gradeamento amovível da Câmara Municipal de Lisboa. As barreiras, no entanto, não exibem qualquer sinal que indique por que razão empurram os peões para a faixa rodoviária, nem que o perigo, por assim dizer, vem do alto…. Talvez por isso, o Corvo testemunhou há dias um morador de uma rua vizinha usar o passeio por dentro da vedação, alheio ao perigo de algo lhe poder cair em cima. Era estrangeiro e pensava que os passeios são para os peões.

Mas o que é mais notório neste prédio escalavrado são as janelas e portadas das varandas abertas, como se o proprietário tivesse interesse em danificá-lo. “É para meter medo às pessoas”, diz um dos actuais inquilinos do prédio da Tomás Ribeiro. Tem aqui a sua minúscula oficina de sapataeiro há 46 anos e paga a renda, que já foi actualizada, à Caixa Geral de Depósitos. “Andam a abrir as janelas para correr eles [os últimos residentes]”, disse o artesão, sem querer identificar-se. “A seguir a ter morrido o inquilino do primeiro andar, vieram cá abrir as portadas da varanda dele. A Câmara devia apertar com os donos, que isto não se faz”, comentou.

É melhor manter a distância, pois não se sabe o que vem lá de cima.


Nelson Antunes, o social-democrata que preside à Junta de Freguesia de São Sebastião da Pedreira, conhece este prédio do início do século XX e acrescenta que “o interior está uma desgraça”. “O proprietário foi, por várias vezes, notificado pela câmara para fazer reparações, mas sem resultado. Já antes a CML quis fazer obras coercivas, mas o dono do prédio faleceu, o prédio foi vendido e voltou tudo à estaca zero”, contou o autarca. Segundo ele, o edifício está nas mãos do grupo proprietário do vizinho Turim Lisboa Hotel (e de várias outras unidades hoteleiras do país), que pretende torná-lo numa extensão desta unidade.

É o que afirma uma brochura promocional onde se anuncia que, em 2015, o Turim Lisboa Hotel conhecerá “significativas obras de ampliação, passando a disponibilizar 180 quartos e várias salas para eventos e reuniões”. Nesse folheto vê-se o edifício pintado de azul com uma garagem para a Tomás Ribeiro e as janelas do rés-do-chão rasgadas até ao solo, mas no restante mantendo o desenho exterior.

Com a morte recente da antiga porteira, o prédio ficou com quatro inquilinos: o sapateiro do nº48, uma galeria de arte no 42, um escritório de uma empresa no segundo andar e um particular no último. A explicação para a situação anómala, que põe em risco moradores e transeuntes, estará no facto de o hotel querer construir aqui uma extensão sem ter chegado ainda a acordo com todos os inquilinos para que estes saiam.

Valdemar Teixeira, dono da galeria “Antigo q.b.” foi, no ano passado, levado a tribunal pelo senhorio, a Sociedade de Construções Quinta do Bispo, com sede em Portimão, detentora de vários hotéis e apartamentos. “Chegámos a acordo quanto à indemnização para eu sair, mas passados uns dias eles deram o acordo como nulo, alegando que o advogado deles não estaria mandatado para tal. Deram o dito por não dito. E agora não há acordo”, resume o negociante de arte, sentado entre uma pintura de Silva Porto e outra de João Hogan. “Passados uns meses, aparceram aí os Sapadores Bombeiros que tentaram fechar a entrada da galeria com a vedação que aí está, mas eu não os autorizei. Ameacei logo deitar a grade abaixo e o comandante da Polícia Municipal, que cá veio, concordou que eu tenho todos os direitos a exercer o meu comércio”.

“Não faço acordo nenhum, porque já sei que não vão cumprir”, afirma o comerciante. Valdemar também diz que os donos do prédio já foram “não sei quantas vezes ameaçados com obras coercivas, mas nunca passaram cartão à Câmara. Não sei como é que a Câmara aceita esta situação com a maior das naturalidades”.

Este inquilino conta que, há dias, encontrou o dono do hotel e das Construções Quinta do Bispo, o sr. Martins. “Disse-me que vendera umas quotas a uns espanhóis.” Agora, quem aparece como proprietário do prédio e do hotel é a Imobimacos, Sociedade de Administração de Imóveis SA, que tem escritório no Alameda Turim Hotel. Contactada pelo Corvo, Rita Martins, um quadro desta empresa, recusou-se peremptoriamente a comentar o assunto.»

...


Isto é tudo muito bonito mas a CML tem aqui uma oportunidade de ouro para mostrar o que vale, ou seja, se o que diz sobre 'amar' as Avenidas Novas é verbo de encher em ano de eleições ou é mesmo um desiderato com resultados práticos. Ou seja, ainda, é tempo da CML tomar posse administrativa deste imóvel e fazer obras coercivas. De seguida apresenta a factura ao dono. Caso contrário toma ela em mãos a venda/arrendamento dos andares. Ponto.

Além do mais, o projecto de hotelzinho é mais que mau, consentâneo aliás com os exemplos na vizinhança...

02/06/2013

Diz-me Como Estão os Teus Monumentos, Dir-te-ei Quem És.


Vem de longa data a relação contorcida que temos, como povo, com o património, natural ou cultural.
Sem que no reino do património natural o estado das coisas seja digno de boa nota, vou debruçar-me aqui somente sobre o património cultural.
Já no séc. XIX, em resultado da nacionalização dos bens eclesiásticos, se desmantelavam igrejas, conventos, se furtavam peças de valor incalculável. Foi necessária a visão de um estrangeiro feito português pelo coração e casamento, D. Fernando II de Saxe-Coburgo-Gotha, para mostrar aos portugueses que património é uma herança, e como qualquer herança é para ser recebida, mantida e transmitida – exatamente por esta ordem. A nossa identidade dependia disso. E se é verdade que a partir dessa data a semente do património foi plantada e foram criadas as primeiras normas de classificação e proteção do património, não posso deixar de sentir que, passados que estão mais de 150 anos desde que um homem chegado da Alemanha nos dava lições de civilidade, poucas sementes brotaram e aquelas que o fizerem não deitaram raízes profundas, seguras e intransportáveis. O património e a sua defesa é, no nosso país, um bem relativo, não absoluto.
Leiam-se os inúmeros comentários que são feitos, neste espaço; veja-se o que é a atitude típica dos portugueses e das autoridades que de diligentes e prontamente atuantes pouco têm.
No nosso país uma esmagadora maioria tem como ridículo quando se defende ser errado colocar janelas de alumínio nas fachadas antigas, demolir interiores, criticar construções modernas (de gosto duvidoso) em zonas consolidadas (ou que deveriam estar); da mesma forma aquilo que tem sido sistematicamente decidido pela CML nos arranjos da Praça do Comércio, Ribeira das Naus, Largo do Intendente, entre outros é completamente censurável. A insistência em introduzir “contemporaneidade” num pretenso diálogo antigo/moderno simplesmente não é…moderno! Já se fez, de mil maneiras e não se faz mais em países que apresentam o património como uma marca; o entendimento atual é outro, diametralmente oposto.
Como exemplo, não exaustivo por falta de espaço e para não ser monopolizador, trago-vos dois monumentos que são atrações que obrigam tempos de espera para a visita que pode chegar a uma hora: os Palácios de Catarina e de Pedro, em São Petersburgo, que já visitei.
Destruídos durante a II Grande Guerra, foram reconstruídos criteriosamente, sem qualquer interpretação contemporânea.  
 
Esta é uma representação da destruição do palácio decidida pelas tropas alemãs quando retiraram da Rússia.

 
Este é o aspeto actual. Está minuciosamente recuperado com a exatidão e critério rigoroso que a noção de património e história obrigariam a fazer. Isto quando se tem noção do que estes dois conceitos significam.
Durante décadas, desde o período soviético até hoje, este palácio foi reerguido e restituido à sua glória. São milhares de pessoas que diariamente o visitam. Fazem-se filas intermináveis para entrar.
Este é o estado em que ficou a escadaria principal.


Este é o estado atual!
A Sala de Baile ficou neste estado.
Esta assim hoje. magnífica!
A Sala de Âmbar foi oferecida pelo rei da Prússia e desmantelada, desapareceu na II Grande Guerra, nunca mais sendo encontrada. Há dois anos ficou pronta.
O Palácio de Pedro foi totalmente obliterado. As suas famosas cascatas com estátuas clássicas douradas foram repostas e o palácio, atrás, está como podem ver.

 


Aqui no nosso país, onde a maioria dos Monumentos Nacionais estão em condições de franca má conservação, continuamos a pensar que gastar dinheiro em reabilitações reais, criteriosas, constantes, por verdadeiros especialistas (arquitetos sem formação específica não estão incluídos, por maior nome e prémios tenham) é um desperdício, ainda que saibam que o turismo é um dos nossos maiores produtos de exportação. É verdade que temos muito pouco património ao nível internacional, mas o que temos é digno e só precisa de ser protegido - sem qualquer tipo ou espécie de compromisso - e bem comercializado. Que me perdoe quem pense que património é algo a proteger por ser um bem cultural sem preço, mas espero que escrevendo "economês não erudito" possa convencer quem seja somente sensível a esse critério.

P.S. - O que querem fazer com o Palácio da Ajuda, com remate de betão e vidro envergonha-me, envergonha-te, envergonha-o, envergonha-nos, envergonha-vos, envergonha-OS.


01/06/2013

Arquitecto do Rossio vê justiça feita 11 anos depois de ter sido dispensado


In Público Online (1/6/2013)
Por Ana Henriques

«Trabalhou quatro anos de borla, sem contrato, com funções de relevo. Rui Valada vai ser integrado nos quadros da Câmara de Lisboa por ordem do tribunal

Aos 33 anos, o futuro sorria-lhe. Tinha sido encarregado por João Soares, em 1995, de um projecto único: reabilitar a Praça do Rossio, em Lisboa.

Os anos que se seguiram foram uma autêntica epopeia, para devolver a um dos principais espaços públicos da cidade a sua antiga majestade. Escolheu a equipa que iria levar a cabo a missão, mandou desenhar candeeiros e quiosques para os jornais e para as floristas, escolheu a pedra para os lambris dos passeios, cuja largura duplicou. O padrão "Mar Largo" voltou a encher a calçada portuguesa, como em meados do séc. XIX.

Quando a obra foi inaugurada, a um escasso mês das eleições autárquicas de 2001, o arquitecto paisagista Rui Valada estava há quatro anos a trabalhar de borla para a Câmara de Lisboa. Tinha representado a autarquia em cerimónias, dado entrevistas, espalhado plantas pelo chão do gabinete de João Soares para lhe dar a conhecer os seus planos, mas vínculo contratual com a câmara não possuía nenhum - nem já sequer o de tarefeiro que nos primeiros anos tinha tido.

Ainda hoje, com 50 anos e uma carreira pouco conhecida, Rui Valada não sabe explicar lá muito bem como se trabalha quatro anos em funções públicas de destaque em semelhantes condições. "Ao longo desses quatro anos, sempre pensei que a situação se viesse a resolver. Mas os vereadores empurravam o problema uns para os outros", recorda. Nunca passou mal: graças ao dinheiro da família, pôde dar-se ao luxo de não abrir mão do projecto da sua vida. O seu empenho nele havia, no entanto, de o fazer cair em desgraça. Uma rodela que se erguera na placa central do Rossio, com uns míseros 40 centímetros de altura, estava no centro da controvérsia.

Em formato de talhada de melancia, a rodela albergava um poço de ventilação do metropolitano. Cioso como era da sua obra, o arquitecto exigiu que o obstáculo desaparecesse dali, como lhe prometera João Soares antes de perder as eleições para Santana Lopes por escassa margem. Bateu o pé, acenou com um parecer vinculativo do Instituto do Património Arquitectónico a dar-lhe razão. Quem o avisou de que ia por mau caminho sabia do que falava. "Vá para casa até a poeira assentar", lembra-se de lhe ter ordenado, no Verão de 2002, a vereadora do Urbanismo, Eduarda Napoleão (PSD).

Lá foi, para não mais ser chamado. Perante a polémica que gerou o seu afastamento, Santana Lopes emitiu um comunicado a explicar que não encontrava na câmara nenhum contrato em seu nome, "apesar de o arquitecto ter estado quatro anos à frente do gabinete do Rossio".

Negando que o afastamento estivesse relacionado com a excrescência do metropolitano, o autarca anunciou então que apresentara uma queixa-crime contra o paisagista por causa de um alegado abuso de poder na encomenda de umas travessas de madeira à Rede Ferroviária Nacional em nome da câmara, mas destinadas a uso particular - um caso que havia de terminar com a sua absolvição em tribunal.

Apesar dos elogios que o seu trabalho no Rossio suscitou - Siza Vieira chegou a referir-se-lhe como um exemplo a seguir -, Rui Valada não voltou a ter encomendas de projectos para espaços públicos senão há poucos anos, quando trabalhou para a Sociedade Frente Tejo. À câmara só voltou durante dois breves anos, quando trabalhou no gabinete de Manuel Maria Carrilho.


Santana em silêncio

O processo que desencadeou para ver reconhecidos os seus direitos arrastou-se em tribunal uma década, com a Câmara de Lisboa a reconhecer-lhe a qualidade do trabalho desenvolvido, mas a aler>gar que ele "sempre tinha sabido o que significava" o regime de prestação de serviços a que se encontrava sujeito. Para se descartar de responsabilidades, a autarquia chegou a questionar a sua formação académica: como vários dos seus colegas, Rui Valada adiou durante anos a entrega do trabalho de fim de curso.

Em Março deste ano um tribunal de primeira instância veio dar razão ao paisagista. "Foi mantido instrumentalmente numa situação precária e irregular por parte do município, que se foi refugiando em argumentos de carácter formal para recusar a reconhecer uma situação que lhe foi útil e conveniente", observa o juiz Frederico Branco, explicando que nos seus primeiros anos na câmara o arquitecto "foi celebrando contratos de prestação de serviço que iam dando cobertura a necessidades permanentes de serviço", em vez de ver a sua situação regularizada, como se impunha. Condenada a integrar Rui Valada nos seus quadros e a pagar-lhe os quatro anos de trabalho gratuito no Rossio - 236 mil euros - mais os salários que teria auferido até hoje caso não tivesse sido indevidamente despedido, a autarquia anunciou ao tribunal a sua intenção de recorrer desta sentença, mas desistiu entretanto de o fazer.

Questionada pelo PÚBLICO sobre este e outros aspectos relacionados com o caso, uma porta-voz do município, Maria Rui, limitou-se a responder que a sentença será integralmente cumprida.

Nem Santana Lopes nem Eduarda Napoleão se mostraram disponíveis para prestar declarações. Já Rui Valada diz que hoje "provavelmente faria o mesmo" que fez na altura.»

...

F-I-N-A-L-M-E-N-T-E!
Fez-se justiça e Lisboa agradece!

POSTAL DA BAIXA: Rua da Madalena