05/09/2014
CAMÕES PEDE QUE O LAVEM COM ÁGUA E SABÃO
Rua Barata Salgueiro: Homem das Cavernas estacionado numa passadeira?
Fotografias tiradas em Junho por um cidadão identificado. O que estaria a fazer este individuo e o seu veiculo em cima de uma passadeira? Lembramos que este local é muito perigoso para os peões devido ao trâfego intenso, em particular à hora de ponta.
Sugestão para a recuperação do Pavilhão dos Desportos/Pavilhão Carlos Lopes
Dr. António Costa,
Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas
Dr. Daniel Gonçalves,
Exmo. Senhor Director-Geral da Associação de Turismo de Lisboa
Dr. Vítor Costa
Como é do conhecimento de Vossas Excelências, o estado actual do Pavilhão dos Desportos/Pavilhão Carlos Lopes, sito no Parque Eduardo VII, inspira os maiores cuidados a todos quantos se importam com o património de Lisboa, conforme reportam as fotos em anexo, tiradas recentemente, e a reportagem da SIC emitida há poucos meses - há, inclusive, portas abertas para o exterior, pessoas a pernoitarem no interior e foram já danificados azulejos dentro do espaço.
Escusado será lembrarmos as vicissitudes várias por que tem passado este legado da Grande Exposição Internacional do Rio de Janeiro, de 1923, designadamente quanto ao encontrar uma solução definitiva acerca da sua recuperação e viabilização como equipamento ao serviço da população de Lisboa. Este edifício, aliás, embora tenha sido concebido para ser temporário, terá ganho considerável reforço construtivo aquando das obras de adaptação para o mundial de hóquei em patins de 1947.
Trata-se, a nosso ver, além de um belo exemplo da Arquitectura Ameaçada dos Séculos XIX e XX, enquanto pavilhão de gosto ecléctico e revivalista, como o atestam a sua silhueta, a sua planta e os seus elementos decorativos, dos azulejos às esculturas das fachadas e interior; de um equipamento fundamental para a revitalização de que todos ansiamos para o Parque Eduardo VII e a sua envolvente, cuja fruição pelos lisboetas continua a ser insuficiente, dado o potencial evidente, e efémera, sobretudo em função da Feira do Livro e de outros acontecimentos esporádicos.
Ultrapassados que estão os projectos, mais ou menos megalómanos, de recuperação deste Pavilhão, que passavam, alguns deles, pela total demolição do interior do edifício, pela adulteração da fachada a nascente com intervenção de cariz "contemporâneo", outro, e por investimentos de grande escala, todos ; solicitamos a Vossas Excelências, enquanto responsáveis máximos das entidades a quem cabe encontrar uma resolução do problema, CML (proprietária), Junta de Freguesia das Avenidas Novas (órgão eleito pela Freguesia respectiva) e Associação de Turismo de Lisboa (o Pavilhão tem, antes de mais, um extraordinário potencial turístico-económico-cultural), que cheguem a um entendimento quanto ao futuro imediato do Pavilhão, permitindo-nos sugerir que esse entendimento passe pela:
1. Efectivação de um convénio entre a CML, Junta de Freguesia das Avenidas Novas e Associação de Turismo de Lisboa (ATL), no qual a CML proceda à cedência provisória do Pavilhão conjuntamente àquela Junta e à ATL, por um período de 3 anos (até final do corrente mandato), renováveis por 4 anos por acordo mútuo e consoante os resultados entretanto atingidos, com vista ao desenvolvimento e à implementação urgente de um projecto de recuperação total do edifício.
2. Nesse protocolo, a Junta de Freguesia e a ATL assumiriam a recuperação do edifício como sendo um projecto estruturante para a Freguesia e para o turismo da capital, responsabilizando-se por:
2.1 Encetarem, urgentemente, um levantamento exaustivo das condições estruturais do edifício e das necessidades do reforço imediato das mesmas, recorrendo a:
a) Protocolo com entidade independente de reconhecido mérito na área da engenharia de estruturas, com vista à elaboração e acompanhamento de projecto.
b) Mecenas na área da hotelaria e afins, existentes nos limites geográficos da Freguesia e ao “crowdfunding”, para efeitos de angariação dos fundos necessários a esse fim.
2.2 Planearem, calendarizarem e desenvolverem a intervenção de recuperação total do edifício, exterior e interior, assente no recurso a verbas próprias e ao mecenato, “crowdfunding”, Orçamento Participativo (ex. parte específica da obra - reparação do telhado, reparação da fachada principal, restauro da azulejaria) e aos instrumentos existentes de apoio à reabilitação urbana e à valorização turística.
2.3 Desenvolver, em parceria com os pólos universitários existentes na Freguesia, o necessário estudo de mercado sobre que projecto de ocupação/exploração futura do Pavilhão (ex. uma solução mista entre a prática(ensino) desportiva possível e/ou mercados Campo de Ourique/Ribeira e saraus e eventos culturais/artesanato?), de modo a que seja possível garantir a boa prossecução dos objectivos propostos, isto é, garantir o resgate definitivo do Pavilhão e o seu pleno usufruto pela população, contribuindo em última instância para a melhoria significativa da oferta turística da capital e para o "upgrade" do Parque Eduardo VII.
3. Em resultado disso, seja lançado o necessário concurso público para viabilizar o desiderato do ponto anterior, seja pela concessão global de todo o edifício, seja parcial.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, José Filipe Soares, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Martins, Pedro Henrique Aparício, Alexandre Marques da Cruz, Miguel de Sepúlveda Velloso, Júlio Amorim, Paulo Lopes, Jorge Manuel Batista, Virgílio Marques, Inês Beleza Barreiros, Gonçalo Maggessi
Cc. AML, DGPC e Media
Fotos: Rui Martins
04/09/2014
Câmara de Lisboa ainda não cumpriu sentença sobre os terrenos do antigo Aquaparque
In Público Online (4.9.2014)
Por José António Cerejo
Reabilitação urbana/Eixo Prioritário das Avenidas Novas/Apêlo ao Sr. Vereador Urbanismo
Exmo. Senhor Vereador
Arq. Manuel Salgado
C.C. PCML, AML, DGPC, JFAv.Novas e JFSto.António e Media
Na sequência das declarações de V. Exa. à imprensa, em Julho passado, dando conta de que "são precisos oito mil milhões para reabilitar e conservar Lisboa", sendo, na sua perspectiva, e bem, as Avenidas Novas como uma das áreas críticas, área onde se estima terem desaparecido 40% a 60% do seu património de finais do século XIX, princípios do XX (a arquitectura ameaçada que foi objecto da nossa conferência “Lisboa Entre Séculos”, de Abril passado), solicitamos o melhor interesse de V. Exa. para a necessidade urgente da CML em proceder à intimação de obras de conservação e recuperação nos seguintes edifícios emblemáticos das Avenidas Novas, todos eles inventariados na Carta do Património anexa ao PDM de Lisboa e que se encontram em mau estado de conservação:
1. Edifício da Praça do Saldanha, 28-30/Av. República, 1 (1906)
2. Edifício da Av. República, 49 - Autor: Arq. Porfírio Pardal Monteiro (1920) e Prémio Valmor (1923)
3. Edifício da Av. República, 55-B/D – Autor: Arq. Manuel Norte Júnior (1929)
4. Edifício da Av. República, 71-73 – Autor: Arq. Manuel Norte Júnior (1933)
5. Edifício da Av. República, 89 – Autor: José Luís Prieto (1909) e Imóvel de Interesse Público
6. Edifício da Av. República, 95-99 – Autor: Joaquim dos Santos (1909) e Monumento de Interesse Público
7. Edifício da Avenida Barbosa do Bocage, 109 - Autor: Arq. Manuel Norte Júnior
8. Vila Santos, Campo Pequeno, 75 - Autor: Arq. Francisco dos Santos (1930)
9. Edifícios da Avenida Elias Garcia, 120 a 130 (1919)
10. Edifícios da Avenida Elias Garcia, 107 a 115 (1925)
11. Edifício da Rua do Arco do Cego, 73 (1929)
12. Edifício da Avenida Barbosa du Bocage, 19 (1931)
13. Avenida Duque de Loulé, 98 (1914)
14. Avenida Duque de Loulé, 70 (1911)
15. Avenida Duque de Loulé, 79 (1921)
16. Avenida Duque de Loulé, 91 (1913)
17. Avenida Duque d’Ávila, 65 a 69 (1910)
18. Avenida Defensores de Chaves, 37 (1908)
19. Avenida Defensores de Chaves, 5
20. Rua Viriato, 6 (1921)
21. Rua Camilo Castelo-Branco, 25 (1925)
Chamamos a atenção de V. Exa. para a necessidade da CML acompanhar de perto a evolução dos prédios que, não estando em mau estado, podem vir a estar muito em breve, por força de estarem devolutos ou em processo recente de venda, como sejam o Palacete Valmor (antigo Clube dos Empresários e da autoria do Arq. Ventura Terra, Imóvel de Interesse Público e Prémio Valmor), na Avenida da República, a moradia apalaçada do Saldanha, 12 (autoria do Arq. Norte Júnior, 1912), o edifício na Av. Praia da Vitória, 57 (1915) e os edifícios da Rua Dona Estefânia, 185-189 (1888) e 173-175 (1889), e para casos de "pintura de fachada", como o verificado recente e escandalosamente com o edifício da Casa Xangai, na Av. República, 19 em que o interior do edifício e as traseiras estão num estado lastimável.
Nunca será demais realçar a evidente mais-valia que tal recuperação significará para a cidade, até pelo "simples" factor de rentabilidade que edifícios deste género representação uma vez restaurados/reabilitados salvaguardando os seus interiores, pelo que propomos a V. Exa. a efectivação de um Plano de Salvaguarda alargado a toda a cidade para este edificado, que permita inventariar decentemente os edifícios e conjuntos de edifícios de valor para a cidade, e regulamentar um plano de recuperação e reabilitação compatível.
Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos.
Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Bernardo Ferreira de Carvalho, Paulo Lopes, Nuno de Castro Paiva, Luís Marques da Silva, Júlio Amorim, Virgílio Marques, Miguel de Sepúlveda Velloso, Jorge Lima, José Filipe Soares, Miguel Lopes Oliveira; Alexandre Marques da Cruz, Beatriz Empis, Pedro Henrique Aparício, José Morais Arnaud e Jorge Pinto
03/09/2014
PUBLI-CIDADE: ROSSIO
Edifício Norte Júnior, Av. República, 55 / pedido de parecer desfavorável à sua demolição!
Exmos. Senhores da Divisão de Projectos Estruturantes da CML
Exmo. Sr. Arq. João Guerreiro
C.C. PCML, GVMS, AML, JFAV e Media
Na sequência das declarações do Senhor Vereador Manuel Salgado à imprensa, em Julho passado, dando conta de que a zona das Avenidas Novas é uma das áreas críticas onde a CML deve priorizar a sua política de reabilitação urbana, solicitamos a V. Exas. que emitam parecer desfavorável ao projecto de alterações/demolição que deu entrada nesses serviços, relativamente a um edifício emblemático desta zona de Lisboa, da autoria do Arq. Manuel Joaquim Norte Júnior, sito na Avenida da República, nº 55-B/D.
Trata-se de um edifício de referência daquela artéria de Lisboa, e exemplar da Arquitectura ameaçada da transição dos Séculos XIX-XX, tema da nossa conferência “Lisboa Entre Séculos”, de Abril passado.
De facto este é um interessante e genuíno projecto da autoria de Norte Júnior de 1929 (atente-se ao detalhe dos alçados por si desenhados, em anexo), já em sólida estrutura de betão armado (por este facto não está em risco de ruína, apesar de notoriamente abandonado).
Recordamos que este ano perfazem exactamente 135 anos sobre o nascimento do Arq. Norte Júnior, e 45 anos sobre a sua morte, decorrendo por isso uma série de iniciativas da sociedade civil em honra do seu legado à cidade de Lisboa, cujo auge será o colóquio a realizar pela Universidade Autónoma de Lisboa, de 20 a 23 de Novembro (http://www.universidade-autonoma.pt/Col%C3%B3quio-Norte-J%C3%BAnior-ou-o-Triunfo-do-Eclectismo-p1352.html)
Solicitamos à Câmara Municipal de Lisboa que, em vez de autorizar a destruição deste edifício (ainda notável porque original e intacto), promova a sua recuperação de forma exemplar (exteriores e interiores, conforme as normas internacionais reconhecidas de boa conservação e restauro do edificado de valor histórico representativo), por via da consequente intimação do proprietário, com recurso a eventual permuta com património municipal, ou tomando-o administrativamente, uma vez que o edifício está inventariado na Carta do Património anexa ao PDM de Lisboa.
Seria lamentável, e, a nosso ver, um crime contra o património cultural, assistirmos a este executivo da CML repetir erros do passado recente como o da demolição dos interiores dos edifícios desenhados pelo Arq. Ventura Terra no nº 46 desta mesma avenida (autorizada pela CML em 11 de Julho de 2005).
Estamos certos que V. Exas. concordarão que não podemos continuar a destruir as obras de arquitectura que os melhores arquitectos deste país nos deixaram.
Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Fernando Jorge, José Filipe Soares, Cristiana Rodrigues, Miguel Batista, Júlio Amorim, Jorge Pinto, Paulo Lopes, Pedro Henrique Aparício, João Oliveira Leonardo, Virgílio Marques, Beatriz Empis, Gonçalo Cornélio da Silva, Inês Barreiros e Miguel de Sepúlveda Velloso
Lixeira a céu aberto em terreno da CML, na Rua Gen. Morais Sarmento (Benfica)
Chegado por e-mail:
«Caros senhores, isto são fotos da lixeira existente na Rua General Morais Sarmento, em Benfica, muito perto da sede da JFB. Pode publicar no blog, por favor. Obrigado.»
02/09/2014
Regulamento para o Bairro Azul está a ser preparado há cinco anos
Segundo este movimento cívico, o documento está a ser produzido pelos serviços camarários desde 2009, ocasião em que este bairro da freguesia das Avenidas Novas foi considerado como conjunto de interesse municipal.
A agência Lusa tentou hoje obter esclarecimentos por parte da Câmara de Lisboa, mas não obteve resposta.
01/09/2014
Um Dia Como Outro
Hoje, um dia como qualquer outro, passava pela Praça de Londres e, tendo avistado um Polícia Municipal montado no seu Segway, não resisti em começar este pequeno diálogo:
- Importa-se de me informar se aqui é possível estacionar? - perguntei retoricamente, não soubesse eu que os três (!) sinais de proibição de parar e estacionar na parcela em frente ao malogrado cinema Londres e de uma conhecida e concorrida loja de comida de plástico impedem determinantemente o estacionamento.
- Sim, é... - o polícia respondeu, prontamente, como se dezenas de carros estacionados precisamente alí não consubstanciassem uma clara transgressão constituindo, nos limites das suas obrigações profissionais, uma ordem gritante para agir na reposição da legalidade.
- E o que me diz destes carros aqui estacionados, aliás a qualquer hora do dia ou da noite?!
- Pois, estão sempre aqui... o que fazer?
- Mas se o senhor não pode fazer nada quem poderá? - estava atónito com a posição do polícia que se equilibrava naquela geringonça orgulhosamente, como um adolescente com um brinquedo radical na mão.
- Eu por vezes até multo, mas estão sempre aqui... - apelava ele à minha comiseração pelo seu trabalho tão mal-compreendido - e depois somos insuficientes.
- Mas se sempre estão aqui bastava mandar um de vocês assiduamente e certamente fariam o dia - dei por mim a dar soluções, não de base legalista, mas antes economicista, que nos tempos que correm...
A resposta dele, que não vou reproduzir, deu-me a entender que não tinham ordem das chefias (cof, cof)
- Olhe que por vezes até estão em segunda e terceira fila, em plena faixa central! - pensei que esta informação o iria chocar tanto como a mim.
- Ah! Mas aí eu por vezes multo, de alto a baixo - que orgulhoso estava por me mostrar que sabia fazer uso das prerrogrativas que o seu cargo pressupõe!
Escusado será dizer que enquanto ele arrancava ligeiro naquela "coisa" de duas rodas eu não consegui deixar de pensar que ele multava os estacionados em segunda fila, mas os outros junto ao passeio não... faz sentido!
Já de volta a casa, pela Avenida Casal Ribeiro, um pé colocado nos imensos desníveis dos passeios levou-me a fazer um passo de dança moderna e a equilibrar o saco das mercearias no ar. Não caí! Assim como não caí no dia anterior, na Avenida Guerra Junqueiro.
Os passeios de Lisboa são um desafio constante ao traseunte: se não são os desníveis de obras novas, de obras velhas, ou simplesmente por mau uso, sãos os buracos, as caldeiras de árvores, os pilaretes rasteiros, as publicidades, as paragens, os contentores do lixo deixados no meio do passeio...
Entretanto avistei um casal de estrangeiros a olhar para cima. Não me pareceu que fosse um pássaro, um avião ou mesmo o super-homem. Era o n.º 14. Magnífico edifício Arte-Nova tardio, levou um daqueles tratamentos de demolição de interiores com construção de uma excrescência em vidro espelhado.
Ao passar por eles ouvi:
- Horrible!
Bem Vindos a Lisboa!
Em Singapura os idosos controlam as passadeiras
Em vez de terem de correr para atravessar a rua e evitar um atropelamento, os idosos de Singapura têm um cartão que lhes permite aumentar até 13 segundos o semáforo vermelho dos automobilistas.
Bairro Azul - Regulamento é URGENTE - Apêlo ao Vereador Manuel Salgado
Arq. Manuel Salgado
Na sequência das declarações de V. Exa. à imprensa, em Julho passado, dando conta de que "são precisos oito mil milhões para reabilitar e conservar Lisboa", sendo uma das áreas críticas, na sua perspectiva, e bem, a zona das Avenidas Novas; solicitamos o melhor interesse de V. Exa. para:
1. A necessidade da CML produzir, finalmente, o tão aguardado e necessário Regulamento para o Bairro Azul, que está por produzir pelos Serviços da CML desde que o mesmo foi classificado como Conjunto de Interesse Municipal em Junho de 2009.
Recordamos que a inexistência de tal Regulamento tem permitido a continuação de uma séria de descaracterizações, que se traduzem na desfiguração de várias fachadas e de muitos dos interiores dos edifícios abrangidos pela classificação, por via da colocação de elementos espúrios, destruição de estuques, substituição de candeeiros e elementos decorativos dos “hall” e das escadas, etc., bem como pela substituição anárquica das caixilharias (em madeira e ferro) dos vãos, alteração de clarabóias originais, bem como pela ocupação ilegal de logradouros, e a instalação de esplanadas sem cuidado pela estética do Bairro, etc.
2. Solicitamos a V. Exa. que esse Regulamento tenha por objectivo:
a) A preservação da arquitectura do Bairro Azul, do tipo de ocupação, dos seus elementos técnicos e decorativos (cércea, tipologia de apartamento, materiais e desenho de fachadas e interiores, logradouros), valores patrimoniais que no seu conjunto diverso mas coerente levaram precisamente à sua classificação, pugnando por:
· Planear a demolição dos acrescentos ilegais que existem em algumas das coberturas e varandas de edifícios da área classificada (marquises, aparelhos de ar-condicionado, etc.);
· Regulamentar as obras de alterações de interiores, proibindo as que desvirtuem seriamente os projectos originais, como sejam a destruição da organização interna com demolições de paredes (ex: fecho de comunicações entre marquises, entre escada e quarto independente, etc) assim como a obstrução dos tectos de estuques Art Deco com novos tectos falsos, e a substituição das portas de madeira maciça originais;
· Organizar a informação, sensibilização e incentivo aos proprietários para que as caixilharias dos vãos sejam, preferencialmente, em madeira e côr azul (após devida pesquisa das cores originais), com portadas interiores de madeira, sem estores de caixa exterior;
· Manutenção das portas e montras originais, com eventual reconstituição das que já tenham sido destruídas, incluindo as ferragens e os puxadores;
· Organizar a informação, sensibilização e incentivo aos proprietários para que os átrios e as escadas sejam devidamente mantidos, com as madeiras, cantarias, e corrimãos de origem, assim como as grelhas de ventilação em metal cromado(replicadas nos casos de furto), e especial atenção devemos dar aos candeeiros dos átrios e das escadas (nos casos já desaparecidos por furto ou alteração, promover a substituição por replicas ou modelos que melhor se integrem na estética Art Déco/Modernista do Bairro);
· Organizar a informação, sensibilização e incentivo aos proprietários para que as clarabóias e as marquises sejam conservadas e mantidas em ferro e vidro, reproduzindo o desenho original, caso se verifique que o seu estado é irrecuperável; e se mantenham e recuperem as escadas de incêndio originais, ou, caso as mesmas estejam irrecuperáveis, por réplicas o mais próximas possíveis.
b) Promover uma séria reflexão sobre a melhor forma de integrar elevadores nestes edifícios, para que se evitem impactos negativos no espaço das caixas de escadas como se tem vindo a assistir nos últimos anos (ver péssimo exemplo instalado no edifício da Rua Ramalho Ortição, 5). (A este propósito sugerimos à CML que desafie os cidadãos através de um concurso de ideias para a concepção de elevadores nos logradouros como alternativa, por exemplo, em colaboração com a Trienal de Arquitectura.)
c) A desocupação dos logradouros.
Sobre este particular, sugerimos à CML o arranque de experiências-piloto nos logradouros das traseiras dos edifícios da Rua Fialho de Almeida (nºs pares) e da Av. Ressano Garcia (nºs ímpares), incentivando a demolição dos abarracados de alguns deles, e permitindo que os mesmos voltem a ser verdes, pela não impermeabilização dos solos, promovendo a arborização, com árvores de médio porte, pequenas hortas e jardins. d) Promover a retirada dos cabos das fachadas, das diversas operadoras de telecomunicações que poluem visualmente todo o Bairro.
e) A requalificação dos cafés e restaurantes, e das respectivas esplanadas e/ou "amarquisados", designadamente disciplinando a ocupação do espaço público, assim como qualificando esteticamente através do uso de toldos neutros, sem publicidade, mobiliário de qualidade (ex: cadeiras de modelo “Gonçalo”); deve ser estudada também uma forma de delimitar fisicamente as esplanadas (ex: recurso a vasos com flores/arbustos).
f) A requalificação dos toldos e reclames dos estabelecimentos comerciais do Bairro, com recurso a regras com critérios estéticos mais exigentes, evitando assim o caos criado por modernizações administrativas bem-intencionadas mas mal calculadas como o "Licenciamento Zero"; bairros classificados como este não podem continuar a ser sujeitos aos males provocados pela ausência de critérios de materiais e cores.
3. Finalmente, alertamos V. Exa. e os Serviços do Pelouro do Urbanismo para a necessidade de obras URGENTES na recuperação dos edifícios da Rua Fialho de Almeida, nº 6 e nº 18 (este edifício tem partes da fachada a tardoz a ameaçarem ruir), Av. Ressano Garcia, nº 9 e nº 33, e Avenida António Augusto de Aguiar, nº 173 (autoria Arq. Norte Júnior), uma vez que os mesmos se apresentam em avançado estado de degradação pondo em perigo a segurança de pessoas e bens.
O Bairro Azul é um conjunto urbano de grande valor cultural, uma mais-valia para as futuras gerações que todos temos a obrigação de salvaguardar - e esse trabalho tem de ser feito por todos nós e agora.
Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, José Filipe Soares, Inês Barreiros, Jorge Santos Silva, João Oliveira Leonardo, Fernando Jorge, Júlio Amorim, João Pinto Soares, Paulo Lopes, Alexandre Marques da Cruz, Virgílio Marques, Luís Marques da Silva, Miguel de Sepúlveda Velloso
C.c. PCML, AML, JFAV e Media



















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