20/05/2009

Assembleia quer explicação sobre cartazes da câmara

In Público (20/5/2009)

«A presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz (PSD), exigiu ontem esclarecimentos da câmara sobre os cartazes colocados em edifícios por reabilitar que referem que os projectos aguardam aprovação pela assembleia.
O pedido de esclarecimento "formal e por escrito", que dá oito dias à câmara para responder, foi anunciado por Paula Teixeira da Cruz no início dos trabalhos da assembleia.
A líder do plenário municipal quer saber quanto custaram os cartazes, quem autorizou a utilização do símbolo do órgão a que preside, os "procedimentos de colocação" e quem autorizou os procedimentos. Paula Teixeira da Cruz quer também saber "o que aguarda aprovação na assembleia", já que aquele órgão autárquico não tem competência em matéria de aprovação de projectos de reabilitação. Os cartazes colocados pela câmara sinalizam edifícios por reabilitar que poderiam beneficiar do empréstimo de 120 milhões de euros, que aguarda aprovação pela assembleia.
O empréstimo para reabilitação urbana foi aprovado pela câmara, com os votos contra dos vereadores do PSD, mas o líder da bancada social-democrata na assembleia, Saldanha Serra, já manifestou disponibilidade para aprovar a operação, mediante as explicações que o executivo venha a prestar. Paula Teixeira da Cruz pediu também "cópias dos projectos aprovados para os edifícios em que foram colocados os cartazes".
A Câmara de Lisboa colocou em 50 a 60 imóveis cartazes onde se lê "aprovado pela câmara" e ao lado outros onde se diz "aguarda aprovação pela assembleia". Após anunciar este pedido de esclarecimentos, os deputados sociais-democratas aplaudiram Paula Teixeira da Cruz, que impediu que a manifestação de regozijo prosseguisse, sublinhando que se trata de um "pedido formal, dentro do que são as competências da assembleia". Lusa
Paula Teixeira da Cruz deu oito dias à Câmara de Lisboa para responder aos quesitos sobre a questão dos cartazes»

Palácio Braamcamp rende 2,4 milhões de euros ao município

In Público (20/5/2009)
Luís Filipe Sebastião

«O primeiro imóvel camarário da operação destinada a transformar Lisboa na "capital do charme" já tem dono, que investirá mais do dobro na recuperação


Se tudo correr sem percalços de maior, Lisboa terá dentro de dois anos mais um hotel de charme. Essa é, pelo menos, a previsão da empresa que ontem garantiu a compra do Palácio Braamcamp ao município por 2,413 milhões de euros.
A concurso, segundo o vereador do Património, José Cardoso da Silva, foram admitidas três propostas. O palacete do século XIX, localizado entre o Bairro Alto e o Príncipe Real, foi "adjudicado" à Alutel, que pagou de imediato os dez por cento do valor estipulado nas condições da hasta pública. O vereador congratulou-se por o valor ter sido muito acima dos 1,884 milhões da base de licitação.
O imóvel possui uma área total de 1498 m2, distribuídos por três pisos acima do solo e uma cave, com um acesso por um pátio ajardinado com vistas para a zona ribeirinha. Adquirido pela autarquia em 1945, o edifício da família Braamcamp acolheu serviços municipais até 2008.
"A câmara acabou de vender o palácio e já o pediu emprestado para lá fazer uma exposição em Agosto", ironizou José Teixeira, sócio-gerente da Alutel, satisfeito por assegurar a abertura de mais um hotel do grupo 3K. A empresa está a reformular o projecto de uma unidade de 133 quartos, na Avenida da República, depois de o executivo ter chumbado a fachada proposta.
Proprietário dos hotéis Barcelona, Madrid e Veneza, o grupo espera concluir a transformação do Palácio Braamcamp "no prazo de 24 meses". Tudo dependerá da aprovação dos projectos pelos serviços municipais. Segundo o responsável da empresa, um estudo para aferir da viabilidade do investimento admitia a criação "de entre 20 a 24 quartos", ocupando o primeiro andar com suites, através do aproveitamento dos quartos existentes, e o segundo andar com quartos individuais e duplos. O projecto aposta ainda na dinamização do piso térreo para banquetes e exposições, tirando partido do pátio e do jardim. Uma recuperação que, como frisou José Teixeira, irá beneficiar da experiência do grupo 3K na transformação de uma pensão na Avenida da Liberdade, em 1989, na sua primeira unidade de charme (Hotel Veneza).
O edifício oitocentista da freguesia de Santa Catarina faz parte de um lote de seis imóveis que a câmara pretendia alienar para reconverter em unidades hoteleiras. A operação Lisboa, capital do charme, anunciada com pompa, acabou travada na assembleia municipal, que só aceitou a venda dos palácios um a um: Pancas Palha (Santa Engrácia), Machadinho (Santos-o-Velho), Visconde do Rio Seco (Encarnação) e Benagazil (Olivais/Charneca). A autarquia desistiu, entretanto, de vender o Paço da Procissão do Senhor dos Passos da Graça (Socorro).»


Por princípio, acho que vender-se património como forma de encaixar receitas extraordinárias é um mau princípio, até porque os "anéis" rapidamente se vão e depois nada mais resta que os "dedos".

Mas este é um edifício que dá uma bela unidade de charme, e que pode ajudar a reabilitar aquela zona. Simplesmente, prevejo problemas com os edifícios do lado, que estão envolvidos num projecto ainda não divulgado. Falo do quase quarteirão da antiga Lithografia Portugal, e toda aquela traseira até à Rua da Rosa.

Se for para fazer um hotel como o Veneza, tudo OK. Mas se por detrás estiver um mega-hotel, com alterações de fachadas e materiais, etc., quebrando a morfologia daquela zona consolidada, qualquer coisa "à la" Inglesinhos, vamos ter problema.

Vamos estar atentos.

Texo editado

Museu do Design é "um choque vitamínico" para a Baixa de Lisboa

In Público (20/5/2009)
Inês Boaventura

«Em Junho, o Mude, que agora ocupa apenas um piso, estende-se ao 1.º andar do edifício da Rua Augusta, e com a ambição de alcançar o terraço

O presidente da Câmara de Lisboa acredita que o Museu do Design e da Moda (Mude), que é inaugurado amanhã no número 24 da Rua Augusta, "vai ser um grande choque vitamínico" para esta zona da cidade, constituindo "uma grande oportunidade para se conseguir revitalizar a Baixa sem um terramoto, como no século XVIII, e sem um incêndio, como no século XX".

É uma "antestreia" aquilo a que os visitantes do museu poderão assistir, de forma gratuita, durante o primeiro mês, enquanto não avançarem as obras de adaptação definitiva da antiga sede do Banco Nacional Ultramarino às suas novas funções museológicas. Por agora, a exposição ocupa apenas o piso térreo, com uma área aproximada de 1200 metros quadrados, na qual é apresentada mais de uma centena de peças do mundo do design e da moda.
O projecto expositivo é dos arquitectos Ricardo Carvalho e Joana Vilhena, e, como constatou a directora do Mude, confrontaram-se com "um edifício de grande personalidade", da autoria de Cristino da Silva e cujo piso térreo é dominado por um balcão de mármore de grandes dimensões. Apesar da "decadência" a que o espaço estava votado, "tirar partido das pré-existências" foi uma das maiores ambições, diz Bárbara Coutinho.
Francisco Capelo, que em 2002 vendeu à Câmara de Lisboa, por 6,6 milhões de euros, a colecção com 2500 peças que constitui o acervo do Mude, conduziu ontem uma visita guiada à exposição, que se desenvolve num espaço descarnado e semi-destruído, com um aspecto tosco e inacabado. Sem nada que lhes roube o protagonismo, as peças assentes em estrados de madeira pintados de branco têm assim todo o destaque, permitindo aos visitantes diferentes leituras e percursos.

Cadeira histórica
Patente até Outubro, e de acordo com informação do museu, a exposição Ante-estreia revela um conjunto de objectos que "protagonizaram mudanças profundas ao longo do século XX", e que ali "vivem em espaços encenados, em diálogo com excertos de filmes, música e imagens de época". Por isso, não é de estranhar que junto da cadeira Classic, desenhada por Hans Wegner em 1949, seja projectado um filme do debate televisivo entre Kennedy e Nixon, no qual esta peça de mobiliário foi utilizada. Também obras do design e da moda convivem em ameno diálogo, sendo natural que se encontre um rádio-gramofone de 1956, da autoria de Dieter Rams e Hans Gugelot, ao lado de um vestido de noite violeta, do fim dos anos 50, de Hubert de Givenchy.
A partir de 4 de Junho, o Mude estende-se ao primeiro andar, que vai receber a exposição de retratos políticos Ombro a Ombro, comissariada pelo Museu de Design Zurique. Em Outubro é inaugurada a exposição É Proibido Proibir!, que, 40 anos depois do Festival de Woodstock, "evoca o período flower power, o espírito de contracultura, radicalidade e a contestação dos movimentos de Design Radical e Anti-Design".
O presidente da Câmara de Lisboa afirmou estar "certo de que não faltarão muitos anos para o museu conseguir conquistar o segundo andar e por aí acima até ao terraço", concretizando, em declarações ao PÚBLICO, que espera que tal aconteça "bastante antes" de 2011, data que chegou a ser apontada por Bárbara Coutinho em ocasião anterior. Até porque, disse António Costa, "a pressão do público obrigar-nos-á a acelerar para que toda a colecção seja exposta".
5,5

milhões de euros é o investimento global previsto pelo grupo 3K para a transformação do Palácio Braamcamp num hotel de charme, a abrir dentro de dois anos


Hipótese colocada por António Costa

Mude contra a divisão do espaço com a Experimenta


A Câmara de Lisboa está a equacionar a instalação da ExperimentaDesign no edifício do Mude, hipótese que desagrada à directora do espaço museológico que abre as portas amanhã. "Por favor! Ganhámos agora uma casa. Deixem-nos descansar!", disse ao PÚBLICO Bárbara Coutinho, quando confrontada com a possibilidade de ter de partilhar o espaço pelo qual esperou longos anos. "Cada instituição tem a sua identidade, as suas necessidades. E cada instituição tem de ter o seu espaço, a sua área, o seu programa", disse a directora do Mude. Bárbara Coutinho frisou ainda que no discurso do presidente da autarquia proferido ontem na visita ao museu "não houve nenhuma referência" à instalação da ExperimentaDesign no número 24 da Rua Augusta, pelo que, em seu entender, "a resposta está dada". Mas o entendimento da Câmara de Lisboa é diferente, admitindo um assessor de imprensa que "é uma hipótese" em estudo. A directora da ExperimentaDesign adiantou que a única coisa certa é a ideia de instalar na Baixa, que se quer "tornar um pólo criativo", um grupo que inclui também o Centro Português de Design e a Trienal de Arquitectura, sendo que "não está de todo fechada" a ideia de onde vai funcionar o projecto. O edifício do Mude, diz Guta Moura Guedes, "é uma hipótese muito recente, que não foi ainda discutida em colectivo". »

Pode ser um choque vitamínico, e espero que sim. Um choque vitamínico para a Baixa, sim, mas não para a Experimenta Design, como é óbvio. Mas duvido que um museu só para alguns (falemos sério) seja a resolução de problemas como: comércio em morte anunciada, degradação do espaço público e do mobiliário urbano, mendigagem indiscriminada, prédios devolutos e em ruína, uns, em regime de especulação imobiliária (vide o edifício do anigo Hotel Francforte), outros, à espera de decisão (vide o Corpus Cristi), proliferação de elementos espúrios (ex. respirador do Metro no Rossio, antenas e anexos clandestinos no topo dos edifícios (ex. anexo da Pollux, anexo do Rossio, em edifício ao lado do Hotel Metropole), etc., etc. e, essencialmente, uma Baixa sem moradores e desértica à noite. Oxalá o MUDE ajude, sim, e que NÃO ESTRAGUEM o pouco que resta do edifício primitivo de Cristino da Silva, S.F.F.

19/05/2009


Agora que entra de novo em debate público a questão do acesso mecânico ao Castelo a partir da Baixa, seria interessante recordar um elevador já desaparecido, conhecido como "da Biblioteca", e que ligava o Largo de São Julião (hoje Praça do Município) ao Largo da Biblioteca Pública (hoje da Academia de Belas-Artes). Elevava-se 40 metros acima do solo, tinha um passadiço sobre a Calçada de São Francisco, movia-se por contra-peso de água, foi o sétimo elevador a ser construído na cidade, sob projecto de Raoul Mesnier de Ponsard. Inaugurado em 1897, esteve em actividade até 1915, sendo a estrutura desmantelada cinco anos depois.
“Quem vinha das repartições, da rua do Arsenal, da Baixa e não estava para subir a rua Nova do Almada, porque pela calçada de São Francisco raros se aventuravam, por ser íngreme combro, metia-se no ascensor”, dizia-se na revista Arquivo Nacional, de 23 de Setembro de 1932.
Construído pela iniciativa privada, acabou por falta de clientela. E hoje, não seria tão ou mais necessário? E não teria mais clientes?

Amanhã, 18h30 no Centro Nacional de Cultura:

O Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico e o Centro Nacional de Cultura convidam-no para o Jornal Falado


O Património Arquitectónico e a Reabilitação Urbana

Os monumentos e outras construções históricas (...) constituem uma das parcelas mais relevantes do património cultural e talvez aquela que coloca os mais graves e onerosos problemas de conservação. Um edifício histórico é, ao mesmo tempo, uma construção e um bem cultural. As intervenções que o envolvam devem atender, simultaneamente, a uma e outra destas vertentes”


Intervenientes
Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do CNC
Vítor Cóias, Presidente do G.E.Co.R.P.A
convidados e todos os que queiram dar o seu contributo


20 de Maio, 18h30
Galeria Fernando Pessoa
Largo do Picadeiro, 10, 1º - ao Chiado

ENTRADA LIVRE

18/05/2009

Um acesso mecânico onde?


Apresentou a Câmara há alguns dias, em sessão, uma proposta de acesso mecânico ao Castelo de S. Jorge, a qual foi retirada da agenda por motivos que desconheço. Nela se propunham dois elevadores, um pelo interior do prédio nº 174 da Rua dos Fanqueiros, chegando ao Largo do Caldas, e outro elevador incorporado no edifício do antigo mercado do Chão de Loureiro, a remodelar, até á Rua Da Costa do Castelo. E ficava por aqui. Sobre o acesso ao Castelo, ou seja, sobre o troço verdadeiramente em causa, o mais complexo e difícil, nada propunha.  

Quis o Cidadania, e bem, noticiar o facto e quiz o Paulo Ferrero fazer um comentário onde me mencionava e a outros técnicos, que agradeço pelo que me diz respeito. Nos outros comentários, alguns foram a favor, outros contra qualquer acesso mecânico. Com o devido respeito pelas opiniões penso que continua a justificar-se. Que o facto da proposta da Câmara não servir, não deve impor que qualquer outra deva ficar inviabilizada. Assim aqui divulgo mais uma vez um resumo da minha modesta proposta. 

Na sequência de um "concurso de ideias" para um acesso mecânico ao Castelo, diletantemente promovido particularmente entre técnicos da CML da época (primeiros anos do século), entre os quais o Arq. Tudela, o Arq. Silva Dias, o Arq. Cerejeiro e eu próprio, produziram-se várias ideias. A minha acabou por ser publicada em 3/3/2005 no Jornal "Público". Nela propunha um sistema de acesso composto por três lances de escadas rolantes. Um, que atravessava o edifício nº 174 da Rua dos Fanqueiros até ao cimo da rua da Madalena, outro que ia desde a Travessa do Chão do Loureiro até á Rua da Costa do Castelo, sobre as actuais 116 degraus da escadaria existente e finalmente, um terceiro troço entre este ponto e o terreiro ou esplanada do Castelo. Esta última dependia da melhor de duas hipóteses, a estudar: ou em túnel (semelhante á estação Baixa-Chiado), desde o logradouro entre os nº28 e 30 da Rua da Costa do Castelo (com eventual impacto geológico e arqueológico), ou exteriormente, adossada á muralha em dois ou três lances (com eventual impacto visual). No final do texto publicado referia: " Acaba o leitor de percorrer 230 metros na horizontal e de subir 76. Isto no caso de ser turista  (e quiser chegar á praça da de armas), porque se morar numa zona intermédia, já provavelmente estará em casa", referindo-se aos diversos tipos de utilizadores. 

De todas as propostas apresentadas até hoje, incluindo o elevador no tempo de João Soares, continuo a julgar a minha como a melhor.

Claro que todos estão no seu direito de julgar certo ou errado. Mas para quem, como eu, morador perto da zona, observa com frequência o esgar de dor dos turistas, nacionais e estrangeiros, o sacrifício do esperar e circular no elécrico 28, etc, qualquer solução que lhes alivie esta pena, será sempre benvinda e urgente.

PS: Achei pouco ético e grave, que a proposta da Câmara, uma entidade que deve dar o exemplo, aproveite ideias de terceiros, sem qualquer menção aos autores.

Câmara gastou 3,7 milhões em realojamentos

Obras de reabilitação paradas por falta de verba há anos. Em Alfama e Castelo, serão retomadas este ano.A Câmara de Lisboa já gastou, desde 2003, mais de 3,7 milhões de euros em realojamentos das famílias deslocadas dos prédios envolvidos na empreitada de reabilitação lançada por Santana Lopes, mas nunca terminada.Só com Alfama, onde se contam dezenas de famílias deslocadas, a Autarquia gasta, por mês, mais de 52 mil euros, revelou, ontem, o presidente António Costa, durante uma visita ao bairro, onde está concentrada a maioria dos prédios que a EPUL (Empresa Municipal de Urbanização de Lisboa) se propunha reabilitar.Um dos imóveis cuja obra ficou em "banho-maria", no Largo do Chafariz de Dentro, acabou por entrar em colapso com o passar dos anos e outros, caso de um prédio no Largo de S. Rafael, estão em risco de cair.A visita de António Costa a Alfama e à freguesia vizinha do Castelo serviu não só para mostrar obras paradas como para apresentar as linhas mestras do Programa Prioritário em Acções de Reabilitação Urbana, que será executado com a ajuda de um empréstimo ao Banco Europeu de Investimento, no valor de 120 milhões de euros, mas que aguarda ainda o voto da Assembleia Municipal, onde o PSD tem maioria. "Se não viabilizarem, é porque não querem acabar com estes cancros que estão a minar a cidade", disse Costa num recado directo à Oposição laranja. "É urgente viabilizar o programa, para que as obras tenham um princípio, meio e fim. As obras não podem ser um momento de propaganda", sublinhou, num "atirar de farpas" a Santana Lopes."Queremos agarrar as obras que foram lançadas em 2003 sem condições de financiamento e projectos, para que as pessoas possam voltar às suas casas, para que desapareçam os andaimes", frisou o autarca, acrescentando que, ao mesmo tempo, a Câmara "libertava-se de um encargo muito pesado de suportar" (as rendas dos realojados) e acabava com a degradação do bairro.Segundo António Costa, dos 50 edifícios que a EPUL se propunha reabilitar, apenas cinco foram concluídos. "As sociedades de reabilitação urbana gastaram 14 milhões até final de 2008 e recuperaram um imóvel", reforçou, por sua vez, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, frisando que, graças a pequenas obras, 40 famílias vieram morar para Alfama.A Câmara conta, ainda este ano, retomar nove empreitadas em Alfama e cinco no Castelo e tem outras três já em curso noutras zonas da cidade. Só em Alfama, ao abrigo do Programa Prioritário de Reabilitação Urbana, serão recuperados 40 edifícios, num total de 117 fogos, com um custo de 12 milhões de euros.O Programa deverá ser desenvolvido ao longo de quatro anos, distribuído por 345 empreitadas, para recuperar 293 fogos em áreas histórias (beneficiando 880 pessoas), cinco bairros de Marvila (envolvendo 26 mil pessoas nos Lóios, Amendoeiras, Flamenga, Armador e Condado), 58 escolas, 38 espaços públicos e 39 edifícios de serviços. "Estas obras vão animar a economia e criar três mil postos directos de trabalho", rematou António Costa.

por TELMA ROQUE in Jornal de Noticias



Comentário do Blog "Amar Alfama" que transcrevo com o merecido agradecimento e a devida vénia.

Sobre esta noticia tenho varias considerações:

- 3,7 milhões dava para ter concluído as obras em Alfama. No entanto muitos prédios continuam a aguardar o começo das mesmas.
- O afastamento da população de Alfama provoca a criação de raízes noutros bairros. Não podemos esquecer que esta população fica afastada durante vários anos. Não querendo depois voltar para o bairro.
- Em época de eleições, sendo este o ano de todas elas, excepto as presidenciais, temos mais uma promessa que é agora que vão continuar.
- Por ultimo, nos prédios que aguardam começo das obras temos dois tecelões que informam os cidadãos do seguinte:
Obra aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa e aguarda aprovação pela assembleia municipal. Pensando bem e no fundo, a Câmara está a fazer campanha com o dinheiro dos contribuintes informando que o PSD está a parar o PS. Maus amigos deixem-se de politiquice e façam o V. trabalho. A vossa sorte é que o povo anda tão preocupado com a economia familiar que não tem tempo para as V. brincadeiras, nem para perceber o dinheiro deitado á rua. No fundo e se fizermos bem as contas não são 3,7 milhões mas mais perto dos 5 milhões que se gastaram em Alfama sem que conseguíssemos perceber a onde.

Chegado por e-mail:

Exmos Senhores:

O meu é Luís Pinheiro de Almeida (BI 400.833) e moro na Rua Maestro Jaime Silva Filho, em Lisboa.

A 10 de Novembro de 1968, a Câmara Municipal de Lisboa colocou o aviso da empreita E30/08/DMAU/DGEP/DFCEP, "escadaria de acesso entre as ruas Cidade de Cádiz e Maestro Jaime Silva Filho. As obras começaram no dia 19:


http://guedelhudos.blogspot.com/2008/11/vm-as-eleies.html

Após vicissitudes várias, o trânsito pedonal na escadaria acabou por ser abert no dia 12 de Março de 2009, quatro meses depois do início das obras.


http://guedelhudos.blogspot.com/2009/03/as-escadas-abriram-finalmente.html

Só que, seis meses após o início das obras e dois meses após o fim das mesmas, ainda há gradeamento a impedir uma dúzia de lugares de estacionamento (ainda há um buraco no chão!)...


http://guedelhudos.blogspot.com/2009/05/claro-que-nao-me-esqueco.html

... e ainda não há luz, os candeeiros ainda estão dentro dos preservativos...


http://guedelhudos.blogspot.com/2009/03/olho-candeeiro.html

Até quando? Já cresce vegetação no escoamento das águas (esta é uma zona de acumulação de água) e já se começa a ver algum lixo...

Com os melhores cumprimentos,

LPA
Lisboa-Portugal

A Nunes Correia faliu?


Se assim for, trata-se de mais uma machadada no comércio tradicional da Rua Augusta, que é o troço final do eixo fundamental de Lisboa, Avenida da Liberdade-Terreiro do Paço, que está a definhar a olhos vistos, sendo neste momento uma artéria que de nobre tem muio pouco, onde se trafica droga e óculos escuros à descarada; a pedincha é uma "indústria criativa"; e a CML assobia para o lado no que toca ao urbanismo comercial.

Mais a mais uma loja que já ia na 3ª geração, desde finais do séc. XIX.
Mais a mais uma loja com uns interiores lindíssimos, que importa preservar quanto antes.

Isto tudo numa semana em que a CML abre as portas do MUDE, na mesma rua. Triste.

António Costa desceu Alfama, um bairro típico onde não há travões na língua

In Público (16/5/2009)
Ana Henriques


«Presidente da junta acusado de passar a noite nas tabernas, presidente da câmara ameaçado por octogenária de "levar com uma coisa nas costas"


Uma comitiva engravatada a atravessar as vielas do bairro é coisa que não impressiona as gentes de Alfama. Que o diga o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que ontem ouviu de tudo um pouco ao descer das Portas do Sol até ao Largo do Chafariz de Dentro. Pretexto da visita: mostrar obras de reabilitação do casario paradas há anos e prometer o seu recomeço, com muitas críticas pelo meio aos antecessores. Resultado prático: ficou a saber que de promessas está Alfama cheia e que o bairro padece de vários problemas, seja a falta de passadeiras para peões junto ao Museu do Fado, seja a inexplicável secura do dito chafariz.
Fosse esta descida à cidade real uma tomada de pulso à cidade e não haveria motivo para regozijos de maior. A par das palmadinhas nos ombros, António Costa teve de ouvir descontentamentos vários. "O autocarro dos pobres tem os degraus muito altos e não consigo subir." A octogenária de xaile negro só pede um estrado que possa evitar mais mazelas nos corpos frágeis dos que são obrigados a recorrer ao serviço Lisboa Porta-a-Porta, por a reforma mal dar para a farmácia, quanto mais para táxis. De repente, muda de registo: "Veja lá se também não tem que levar com uma coisa nas costas..."
Fato-macaco enfarruscado e capacete de mota na mão, há um rapaz à espera que a idosa se cale para se fazer ouvir: "Moro num prédio a cair." O bairro atrás dele é um campo de guerrilha política, com cartazes postos pela câmara nas casas moribundas a acusar o PSD e a assembleia municipal de lhe bloquearem a acção. Apesar de não ter havido grande dinheiro para obras, não faltou para pôr propaganda em todas as esquinas. E ninguém na autarquia se descose sobre quanto custaram os cartazes ao erário público. Os sociais-democratas já garantiram que não entravarão o empréstimo de 120 milhões que permitirá retomar as obras que a autarquia deixou a meio em 2002 e 2003, ou mesmo antes. Fá-lo-ão é com todos os vagares, de modo a que o rival socialista não tenha obra para apresentar quando for a votos.
Quando deitou mãos a muitas destas empreitadas, há sete anos, o então presidente da câmara, Santana Lopes, substituiu-se em vários casos aos senhorios, a título coercivo. Os habitantes foram realojados a expensas do município, muitas vezes fora do bairro, que foi perdendo gente. "Tenho 69 anos e nunca vi Alfama tão deserta", atira uma mulher de casaco rosa. António Costa tenta unir a sua voz à dela, mas é tarde demais: o discurso de indignação que esboça já não cola com o quase ano e meio que leva à frente da cidade. Bem tenta explicar que as negociações do tal empréstimo com a banca, "duríssimas", consumiram mais de um ano. Mas o bairro continua a cair aos bocados, e os habitantes que restam acham pouco romântico ver as estrelas todas as noites em casa sem ser pela janela.
O vereador Sá Fernandes puxa dos galões: a limpeza das ruas melhorou desde que é da sua responsabilidade. "E quer que lhe dê uma medalha? Faz parte das suas obrigações!", responde-lhe, lesta, a comunista que dirige a Junta de Sto. Estêvão. Conhece bem muitas das caras com quem se cruza o homem rotundo e vermelhusco que guia a comitiva, não fosse ele o presidente da Junta de S. Miguel, habituado a ter de resolver os pequenos problemas do dia-a-dia da população. Junto à Travessa do Terreiro do Trigo surge-lhe pela frente um desses casos, uma mulher com problemas na casa onde mora. Diz que não há meio de o autarca lhe solucionar a questão. Fala num tom em que todos possam ouvir, que os segredos de Alfama nem sempre são em sussurro: "Ele quer é copos de vinho à noite na taberna!"
A comitiva volta aos corredores limpos da câmara, onde só se vêem as estrelas pela janela. Os habitantes de Alfama, esses, prosseguem a sua vida como podem, que os santos populares estão quase aí.»

Presidente do porto de Lisboa descansado com objecções do TC

In Público (17/5/2009)


«O presidente da Administração do Porto de Lisboa (APL) manifestou-se ontem "perfeitamente descansado" quanto às objecções do Tribunal de Contas ao prolongamento, sem concurso, da concessão do terminal de contentores de Alcântara à empresa Liscont.
Um relatório preliminar de auditoria do Tribunal de Contas, revelado pelo semanário Sol, defende que no contrato entre o Porto de Lisboa e a Liscont, a que está ligado o socialista Jorge Coelho, não foram acautelados os interesses do Estado. O documento foi enviado à administração portuária e ao Ministério das Obras Públicas para que estes possam responder às objecções do Tribunal de Contas.
"Nós demos uma resposta muito esclarecedora ao Tribunal de Contas e estamos perfeitamente descansados", diz o presidente da APL, Manuel Frasquilho, citado pela agência Lusa. Os relatores do tribunal põem a hipótese de as projecções do negócio de contentores que fundamentaram o alargamento do prazo sem abertura à concorrência poderem não ser realistas. Manuel Frasquilho escusou-se a fazer mais comentários sobre o assunto, "por respeito institucional", tendo acrescentado que a administração portuária aguarda o relatório final do tribunal.
O contrato que permitiu alargar o prazo da concessão por mais 27 anos à Liscont, do grupo Mota-Engil, já tinha merecido vários reparos, designadamente do próprio presidente do conselho fiscal do Porto de Lisboa, Saldanha Sanches, que em Dezembro declarou que duvidava da constitucionalidade do documento. Para o fiscalista, o negócio pode pôr em causa o princípio constitucional da concorrência. Entretanto, a comissão parlamentar que apreciou a petição pela revogação do decreto-lei que altera as bases da concessão do terminal de contentores de Alcântara exigiu ver o contrato firmado entre a Liscont o Porto de Lisboa, devendo ainda ouvir Saldanha Sanches na Assembleia da República.»

Fantástico. O povo é sereno.

Há que preservar o Museu de Arte Popular!

In Público (17/5/2009)

«Novelos e dedal para bordar o amor ao museu-namorado
Sofia Branco

O espólio de arte popular espera empacotado no Museu de Etnologia o regresso à origem, como defende lenço a entregar ao ministro da Cultura


Eram 12 à volta de um lenço gigante, sentados em cadeirinhas de madeira, saindo uns, entrando outros, desfiando os novelos coloridos, bordando sem parar a quadra de amor que ao museu-namorado haviam de dar. "Museu de Arte Pupular/Sem ti o que eide ser/Queres-me trocar por outro/Inda hás-de-te arrepender."
Erros de português transformados em "grande momento criativo" à memória dos Lenços de Namorados de Viana do Castelo, justificou a artista plástica Joana Vasconcelos, uma das organizadoras do "acto de consciência cívica sobre a identidade e a tradição", organizado "em 48 horas" para protestar contra a reconversão do Museu de Arte Popular no Museu da Língua Portuguesa, decidida no Conselho de Ministros de 7 de Maio, no âmbito do plano de requalificação da frente ribeirinha de Lisboa.
Do lado de lá dos buraquinhos das janelas do edifício nascido para a Exposição do Mundo Português (1940) estão três anos de clausura que deram em nascer ervas daninhas entre as pedras. Está o silêncio de um museu fechado que antes era visitado por "27 a 30 mil pessoas por ano" e onde havia "um mundo" de coisas para ver, um museu espoliado que se viu "sem nada" em meros 15 dias no início do ano de 2006, recorda Maria Luísa Abreu Nunes, conservadora do Museu de Arte Popular durante 27 anos.
O "sexto ataque"
Arqueóloga reformada, Maria Luísa, dedal no dedo, "agora já" pode "falar" e voltou "à guerra" contra "o sexto ataque" ao museu (a ideia de dar ao edifício outra utilização tem sido recorrente). Mas isto foi depois de "dez meses de clausura a ouvir passarinhos e a ver o mar". Porque precisou de descansar depois do "horror" que foi assistir ao despejo do espólio para o Museu de Etnologia, onde permanece "empacotado" e "invisível".
"Foi muito violento, fomos muito maltratados", conta, explicitando que nada foi deixado - "nem uma cadeira, nem um calorífico" para enfrentar as "temperaturas negativas no Inverno" - às cinco pessoas que ficaram a trabalhar no museu após a saída do espólio de "um Portugal inteiro".
Mas agora é tempo de bordar, até porque "o museu ainda não foi extinto formalmente", apelou Raquel Henriques da Silva, historiadora de Arte e também organizadora da acção colectiva que ontem teve lugar em frente ao museu, à qual compareceram, entre outros, a artista plástica Ana Vidigal, o presidente da Fundação de Serralves, António Gomes de Pinho, o historiador Rui Tavares, a arquitecta Ana Tostões e o escritor Rui Cardoso Martins.
Bordar "é viciante", admitia a empresária e co-organizadora do protesto Catarina Portas, de avental tradicional. Quando acabado, o lenço seria entregue "ao pai do namorado", o ministro da Cultura, António Pinto Ribeiro, informou, admitindo que a acção evolua para uma petição (mas para já há um blogue: museuartepopular.blogspot.com).
O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) só sairá do actual espaço, em Belém, para a Cordoaria depois do próximo ano, disse o director do Instituto dos Museus e Conservação, Manuel Bairrão Oleiro. O MNA será instalado na Cordoaria Nacional, à Junqueira, "em 2011, se houver condições", garantiu o responsável à Lusa. Sobre os riscos sismológicos da zona, o dirigente argumentou: "Lisboa é uma zona de risco sísmico. Todos os museus e edifícios históricos têm esse risco. Tem de ser avaliado, mas não creio que seja fundamental para que a transferência do museu não possa ocorrer." A transferência para a Cordoaria permitirá a expansão do vizinho Museu de Marinha e a exposição de parte do espólio de arqueologia subaquática.


Instituto de Museus diz não ter verba para obras

O director do Instituto dos Museus e Conservação (IMC), Manuel Bairrão Oleiro, disse que vai "acompanhar as obras" de adaptação do Museu de Arte Popular para acolher o Museu da Língua Portuguesa, mas não sabe quem as vai pagar. Bairrão Oleiro garantiu que "o IMC não tem verba orçamental", cabendo ao "ministro da Cultura" encontrar "o dinheiro para esse objectivo".
Bairrão Oleiro precisou à agência Lusa que a reconversão do actual edifício pela Sociedade Frente Tejo, entidade que irá desenvolver um conjunto de intervenções na zona ribeirinha, como a construção do novo edifício do Museu dos Coches, foi objecto de um "estudo prévio". "Mas tanto quanto sei não há projectos adjudicados", acrescentou.
"Que estudos?", questionou Raquel Henriques da Silva, co-organizadora do protesto em frente ao Museu de Arte Popular. A professora de História de Arte frisou que a transformação em Museu da Língua Portuguesa implicaria "destruir o edifício para instalar um museu que tem um tipo de exigência totalmente diferente". De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, o Museu de Arte Popular será reconvertido num "inovador e contemporâneo espaço multimédia". Mas Bairrão Oleiro garante que as pinturas modernistas a fresco, que cobrem a quase totalidade das paredes do actual edifício, "serão preservadas". E adiantou que estão previstas para Junho iniciativas em torno do espólio do Museu de Arte Popular, envolvendo cerca de cinco mil peças.
"É uma surpresa enorme que o ministro [da Cultura, Pinto Ribeiro], que nunca falou deste projecto e está a três meses de terminar governo, tome esta iniciativa de forma definitiva e cheia de pressa", lamenta Raquel Henriques da Silva. "O Governo não tem ideia absolutamente nenhuma" para o Museu de Arte Popular, critica a empresária e co-organizadora do protesto Catarina Portas. "Neste momento, não há um sítio onde ver arte popular em Lisboa, o que é inadmissível", frisa a designer Rosa Pomar, outra das organizadoras do bordado colectivo.
Já a arquitecta Teresa Pinto, a fazer uma tese de doutoramento sobre o tempo e a arquitectura, garante que o edifício do Museu de Arte Popular está em bom estado de conservação e pronto a abrir. Os "problemas de humidade estão resolvidos", as obras podem "fazer-se com tempo" e, "como está, o edifício pode durar mais 100 anos", vaticina a arquitecta. Basta que "limpem o pó e abram o museu", apelou. S.B.»

Por detrás das sucessivas tentativas de assassinato (eu diria que envenenando-o aos poucos, com dozes pequenas; primeiro, que é símbolo do fascismo, depois, que é triste a forma não narrativa, nada vanguardista - quase que "very typical" -, com que se trata a nossa arte popular, finalmente, que o edifício não presta para nada, por dentro e por fora) do Museu de Arte Popular há um intuito claro que é: acabar com o último pavilhão da Exposição do Mundo Poruguês. Ou seja, é um revisionismo histórico, patético-deprimente ... seria engraçado saber-se onde estavam nessa altura muitos dos ferozes defensores da extinção deste museu.

Mas mais impotante que esse pormenor patibular, é o facto de muitos daqueles que o querem extinguir, começando por desclassificá-lo, estiveram a receber verbas da União Europeia durante anos, para obras de recuperação e manutenção do Museu de Arte Popular, cuja candidatura a esses fundos partia desse pressupostos e não de outros, muito menos a sua extinção.

Do mesmo modo, se isentou este processo da necessária fase de debate público, ao melhor gosto do paradigma totalitário formativo da ex-ministra, e, portanto, indo beber à mesma fonte daqueles que criticam enquanto autores deste pavilhão e do conceito de arte popular e do conceito museológico que lhe esá subjacente.

Descarados, hein?

17/05/2009

Vereadora Manuela Júdice vai explicar como é que duas exposições de arte africana podem custar meio milhão

In Público (16/5/2009)

«Eventual inclusão de Sá Fernandes nas listas do PS nas próximas eleições continua a ser tema-tabu para o vereador e para António Costa


A realização de duas exposições de arte africana, orçamentadas em meio milhão de euros, vai voltar a ser discutida pela Câmara Municipal de Lisboa e explicada pela vereadora responsável pela iniciativa, Manuela Júdice, disse ontem o presidente da autarquia, António Costa.
Na quarta-feira, uma alteração orçamental de 500 mil euros que viabilizaria as exposições foi retirada da reunião semanal do executivo camarário na quarta-feira a pedido da vereadora Helena Roseta, apesar de resultar de uma proposta de Manuela Júdice, também eleita pelo movimento Cidadãos por Lisboa. "A vereadora Manuela Júdice ficou de dar explicações. Houve muita confusão e falta de informação, porventura porque nem eu nem ela estávamos na reunião", disse António Costa, citado pela agência Lusa. "Perante isso, veremos", acrescentou.
Em causa está a realização de exposições das colecções de arte africana de José de Guimarães e de Joe Berardo, no âmbito do projecto "Lisboa, Encruzilhada de Mundos", da responsabilidade de Manuela Júdice. Subscrita pelo vereador das Finanças, Cardoso da Silva, a alteração orçamental continha uma rubrica de meio milhão de euros destinada à realização das duas exposições. Foi esse o custo que tinha sido apurado pela vereadora Manuela Júdice para as duas mostras, depois de o presidente da câmara lhe ter pedido um orçamento.
A necessidade de instalar no Pátio da Galé, local do Terreiro do Paço onde as exposições iriam realizar-se este Verão, um sistema de ar condicionado é um dos motivos do elevado custo da iniciativa. "Pedimos para a proposta ser retirada e foi. Com o nosso apoio não será aprovada com este valor. Quando vier outra proposta veremos em que termos e com que montantes", disse na quarta-feira Helena Roseta aos jornalistas. "Não era uma proposta dos Cidadãos por Lisboa. Foi uma indicação pedida pelo senhor presidente à senhora vereadora Manuela Júdice", argumentou. Contactada pela Lusa, Manuela Júdice negou qualquer desentendimento com Helena Roseta, mas afirmou que o valor de 500 mil euros corresponde às "necessidades" daquelas exposições. "Não posso dizer que seja excessivo, embora num contexto de carência possa ser muito. Se as prioridades forem outras, não se faz", afirmou.
Gasto excessivo
Não foi apenas Helena Roseta que considerou o gasto excessivo. Também os vereadores comunistas Ruben de Carvalho e Rita Magrinho mostraram alguma estupefacção perante a intenção de gastar meio milhão em duas exposições.
"Aparentemente, a vereadora Manuela Júdice terá negociado essa verba com o presidente da câmara e com o vereador das Finanças. Ficámos com a ideia de que os restantes vereadores dos Cidadãos por Lisboa nem tinham tido conhecimento do assunto, ou, se sabiam alguma coisa, era muito pela rama", descreveu Ruben de Carvalho. "Helena Roseta começou por dizer que, como era um custo elevado, podia ser pago em duas vezes. Mas isso não faria reduzir o custo!", prosseguiu o vereador comunista. "Só depois sugeriu a retirada da proposta. Foi uma situação um bocado bizarra."
Parceiro de coligação dos socialistas na Câmara de Lisboa, também o vereador independente José Sá Fernandes não se mostrou adepto deste gasto imprevisto. "Parece-me um pouco excessivo", observou.
Entretanto, tanto Sá Fernandes como António Costa continuam a manter o tabu sobre a eventual inclusão do primeiro nas listas socialistas que concorrerem às próximas eleições autárquicas em Lisboa. O vereador viu o Bloco de Esquerda retirar-lhe a confiança há alguns meses. Questionado sobre o assunto, o presidente da autarquia respondeu apenas que "o essencial é trabalhar sobre um programa" eleitoral para a cidade. PÚBLICO/Lusa»

15/05/2009

Câmara processada por junta

A Junta de Campolide, em Lisboa, entrega esta sexta-feira uma providência cautelar para impedir a cedência pela Câmara Municipal de Lisboa de um palacete naquela freguesia a uma entidade cultural, que se arrisca a ficar sem instalações.

O objectivo da acção judicial é impedir que a cedência do imóvel à Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul se venha a concretizar, já que Junta de Freguesia de Campolide [PSD] garante que o espaço lhe foi prometido para ser transformado num centro de dia e acolher outros serviços da autarquia.

Na carta remetida ao município há dez dias, a Junta salientava ainda o investimento avultado que realizou na Escola Querubim Lapa, no valor de 235 mil euros, obras que funcionariam como contrapartida para que a Câmara lhe entregasse o Palácio Laguares, na Rua Professor Sousa da Câmara.

A Câmara de Lisboa [PS], mais concretamente a vereadora da Educação e Cultura, Rosalia Vargas, é acusada pelo presidente da Junta de Freguesia, Jorge Santos, de ter faltado ao compromisso que - alegadamente - terá sido feito num encontro informal, no dia 16 de Junho de 2008.

"A senhora vereadora sabe muito bem que me prometeu o palacete desde que realizasse obras na escola 23 [Escola Querubim Lapa]. Realizámos esses trabalhos e a senhora vereadora vêm dizer depois que afinal vai ceder o palácio a outra entidade", descreveu, ao JN, o autarca, garantindo que nessa reunião, entres outros dirigentes, estaria o director municipal José Alves Pereira.

"Não houve nenhum compromisso, nem formal nem informal", adiantou Rosalia Vargas, quando questionada pela vereadora do PSD, Margarida Saavedra, em reunião do Executivo, sobre o alegado "acordo". Vargas frisou ainda que a Câmara já saldou o valor correspondente aos trabalhos de reabilitação na cantina e refeitório da Escola Querubim Lapa, realizadas pela Junta de Campolide.

"A senhora vereadora não está boa da cabeça quando diz coisas destas. Aliás, até tenho a gravação da reunião com as declarações produzidas. Já percebi que não estou a lidar com pessoas de palavra. Tal como tenho a indicação que a Guilherme Cossoul pretendia ir para Alfama ", contrapôs Jorge Santos, que colocando no palácio os serviços da Junta, pretendia transformar a actual sede num berçário para 85 crianças.

A providência cautelar a ser entregue hoje não terá efeito suspensivo imediato da cedência à Guilherme Cossoul, que conta com uma acção de despejo no local onde está [ver caixa], mas o processo pode sofrer entraves logo que o juiz analise a acção.

In JN

4ª F, vai a discussão de CML:




Pormenores, ali ao lado.

...

Excelente artigo. Mas fica o alerta:

- Qual é o tipo de piso e de material em preparação para o resto da intervenção na FR (Ribeira das Naus, Corpo Santo, Rua do Arsenal, etc.)? Betão? A intervenção global é una ou uma manta de retalhos de intervençõezinhas, cada qual com a sua "marca de autor", o seu desenhinho, o seu material, o seu espaço público, a sua espécie de árvore, etc.?

- A transformação da placa central num plinto gigantesco, debruado a 2 degraus, cada qual com 45 cm de alto, além de ser inestético e indecoroso para aquela praça, é uma uma barreira arquitectónica que transformará o Terreiro do Paço numa espécie de Praça da Figueira II

Ainda outro alerta, este a quem de direito:

O chamado "estudo prévio" (que a mim me parece um projecto final) do TP vai a aprovação da CML na próxima 4ª F. Cadê a discussão pública? O "debate" limita-se a 2 arigos num jornal diário e a um debate na corporação?

Não, não, isso deve ser como se fosse um plano de pormenor, no mínimo ... faz favor de abrirem período de debate público e de solicitar pareceres a especialistas, que por sua os divulgem junto da opinião pública. O Terreiro do Paço é demasiado importante para ser tratado como uma praceta de beco.

Nova página da Carris

Soube pelo interessante Diário do Tripulante que a Carris tinha renovado a sua página na internet. Talvez eu seja um tipo esquisito mas quando vou à página de uma companhia de transportes públicos, é para saber quando e como posso ir de A a B. Aparentemente a Carris acha que isso não é coisa que interesse.
Na página de entrada há de facto a possibilidade de verificar isso, mas apenas se tivermos a sorte de haver um autocarro directo. Tenta-se Chiado até Marquês Pombal e a Carris diz-nos apenas que "não há carreiras"... sem nenhuma sugestão alternativa.
Procurar "à mão" - usando o mapa da rede, vendo que carreiras passam onde - é também algum certamente absurdo, já que o mapa da rede está bem escondido. É só tentar uns 10 links diferentes e qualquer utilizador o descobrirá.
No fundo da página principal há links para 4 tipos de clientes diferentes! Cada tipo de cliente tem por sua vez 4 links que lhe possam interessar! Que atenciosos... Alguém que queira saber como ir de A a B, deve pertencer contudo ao 5º tipo, os "clientes com manias esquisitas".
Para chegar à extremamente chata Transporlis (página exterior!), onde posso encontrar a tal informação, é necessário seguir uns 4 links mais ou menos aleatórios.

Caro alfacinha, se quer saber como ir do Chiado ao Marquês não vá pelas páginas das empresas públicas de transportes públicos. Vá ao Google Transit, que não recebe um chavo pelo serviço, nem tem interesse nenhum directo nos amarelos da Carris.

14/05/2009

Lisboa no mundo

Num momento em que as eleições autárquicas para Lisboa se aproximam, vale a pena recuperar uma ideia já por muitas vezes anunciada como um dos desígnios estratégicos da cidade, mas infelizmente desprovido de acção consistente e duradoura: tornar Lisboa uma capital internacional de estudantes universitários.

As razões do desígnio parecem óbvias: Lisboa tem uma combinação de clima, segurança e custo de vida praticamente imbatível na Europa a que se pode associar ainda o seu carácter cada vez mais cosmopolita, a proximidade atractiva do mar e a hospitalidade dos habitantes. Talvez a deficiente ligação aérea a muitos pontos da Europa seja o problema maior e dificilmente ultrapassável.

Do ponto de vista das universidades a capacidade de resposta para acolher estudantes internacionais tem também aumentado significativamente: na área de gestão, que conheço melhor, a Católica, ISCTE e Nova (ordem alfabética para não ferir susceptibilidades), são escolas acreditadas internacionalmente e com uma vasta oferta de programas em língua inglesa.

Falta o resto e, infelizmente, o resto é ainda muito. Em primeiro lugar a visibilidade e promoção da cidade. Não genérica, mas segmentada e dirigida. Com enorme frequência se vê e com inveja nas centenas de feiras internacionais (de MBA, Mestrados, etc.) que ocorrem em todo o mundo, as cidades de Barcelona e Madrid, para usar um exemplo próximo, com ‘stands' de promoção e amplo material promocional.

Em segundo lugar a infra-estrutura de residência, ou antes a falta delas, supridas por um mercado privado caótico, disperso, ilegal, sem qualquer centralidade informativa.

Em terceiro lugar e desta vez a culpa não é da cidade mas do país, é necessário uma verdadeira revolução, em termos de disponibilidade e acessibilidade de informação no que concerne aos alunos que não são da UE. Não se imagina o verdadeiro calvário que um aluno indiano, chinês ou moldavo tem de percorrer para obter um visto de permanência em Portugal. Procure-se na internet a informação disponível; em muitos casos são os próprios ‘sites' das escolas que melhor explicam (e em inglês) os passos a dar. Veja-se a nossa rede de embaixadas e consulados e encontraremos outra barreira complexa.

A decisão de permanecer em Lisboa por um ou mais anos não é, infelizmente para nós, um acto meramente impulsivo e aventureiro, ao contrário dos nossos navegadores passados. Exige uma rota conhecida, um passo seguro e um pouso bem sinalizado. Não sendo assim, continuaremos encantados com o desígnio estratégico tranquilamente focalizado no longo prazo, para que não tenhamos de ter o trabalho de agir no imediato.
____

António Gomes Mota, Professor no ISCTE Business School
In Diario Economico

Um Postal da Sé



À boca dos Santos Populares, num monumento nacional, numa das freguesias mais visitadas de Lisboa...não sei se me choca mais a ignorância da frase se o vandalismo do nosso património.

Chegado por e-mail:


«Com pedido de divulgação segue para V/conhecimento esta informação do Prof. Carvalho Rodrigues, relativa à nova travessia sobre o Tejo proposta pelo Governo.


http://www.youtube.com/watch?v=8ZBoRouCzi0

A Terceira Travessia do Tejo (TTT) em Ponte no Mar da Palha põe definitivamente em risco as populações ribeirinhas das cidades de Lisboa até Vila Franca de Xira e do arco ribeirinho da margem sul(Alcochete, Montijo, Moita, Barreiro, Seixal e Almada). O índice de assoreamento no Mar da Palha é extremamente elevado, como é bem visível nesta fotografia do "Dique" Vasco da Gama (http://www.anmpn.pt/images/apvg.jpg) dado que, o aumento de amplitude do estuário naquela zona provoca uma diminuição significativa da velocidade da água, que facilita a precipitação dos sedimentos que vêm em suspensão. Na maré baixa, no trajecto Seixal - Lisboa, existem locais onde já não passam dois catamarans um pelo o outro. Os cerca de 50 pilares da nova Ponte vão originar igual número de ilhas cujo aumento de volume ao longo dos anos provocará um efeito de Dique ,potenciando a ocorrência de catástrofes com inundações das zonas ribeirinhas, em situações de caudais elevados aliadas a ventos e marés vivas equinociais. Efectivamente, dado que os caudais no rio têm vindo a aumentar fruto da diminuição das zonas de infiltração em terra ocupadas pela malha urbana, a introdução de infra-estruturas no rio que funcionam como obstáculos à corrente fará crescer significativamente o nível de assoreamento, potenciando a ocorrência de inundações devido à subida da altura da água. Este problema não foi objecto de qualquer estudo científico, nem sequer foram consultadas as entidades de referência no domínio da hidrografia, nomeadamente, o Instituto Hidrográfico.

O Professor Carvalho Rodrigues, no Programa Clube de Imprensa da RTP2, através de uma experiência simples ,mostra-nos os riscos que a TTT em ponte (em qualquer dos corredores) representará para as populações ribeirinhas, no caso de não vir a ser travada a tempo. A falta de rigor e superficialidade do estudo subjacente à TTT no respeitante aos seus efeitos na área molhada, é uma vergonha para a Engenharia Portuguesa, aliás bem patente no parecer sobre o Projecto emitido pelo Gabinete de Sexa.

O Chefe do Estado Maior da Armada, quando afirmou sic. "Apesar do Estudo de Impacto Ambiental referir que o Instituto Hidrográfico foi contactado como entidade interessada, convém esclarecer que as solicitações dirigidas àquele Instituto não foram nesse sentido, tendo tido apenas como objectivo a cedência de dados hidrográficos publicados pelo IH."

Ou seja, quem sabia da poda, quem tinha a soberania sobre os saberes, não foi consultado!

Para ver a totalidade do video do Clube de Imprensa de 2009.04.29 - Portugal, País de Descobertas - clique neste link

http://ww1.rtp.pt/multimedia/?tvprog=23329&idpod=24754»

Chegado por e-mail:


«Não sei se isto já passou pelo fórum, mas recentemente dei de caras com um anúncio numa moradia antiga na freguesia das Mercês que está à venda, tendo o cartaz do anúncio uma referência para este site: http://montolivete.blogspot.com/

A "solução residencial alternativa, exclusiva e sofisticada" parece-me totalmente desenquadrada do local (uma rua pacata, que desce para a Praça das Flores), onde não há nenhum "Edifício de Arquitectura Contemporânea" (citando o site).

Lendo o site, fica a dúvida se o projecto já foi ou não aprovado:

"Este projecto é apresentado com 2 diferentes opções de compra, com o projecto aprovado pela C.M.L. para construção pelo comprador ou “chave na mão”."

Se sim, fico boquiaberto.

Se acharem relevante, publiquem no forum. Peço anonimidade.

Continuem o bom trabalho.
Um seguidor atento do forum»


Texto corrigido e as minhas desculpas;-)...


Obrigado. Este é o prédio da Rua do Monte Olivete, Nº 55-57:




O projecto de construção nova (1763/EDI/2006) foi indeferido em 9 de Abril de 2008, pelo que não há justificação para o deferimento da demolição (207/EDI/2009), ou há?

De qualquer modo, o que me parece grave neste caso é o total desenquadramento do novo edifíco naquela malha, apesar de tudo, consolidada.

Metro(s)

Plano de Pormenor da Matinha




In Lx Projectos

« A zona de intervenção do plano, designada por Matinha, localiza-se a sul do Parque das Nações, entre a linha de caminho de ferro (linha do Norte) e o rio Tejo.Ao longo do último século a Matinha serviu de suporte a uma ocupação urbana muito heterogénea com indústria pesada (da qual subsistiram as estruturas de quatro gasómetros), armazéns e habitação. Um dos objectivos fundamentais do Plano de Pormenor da Matinha é garantir a continuidade da cidade com o rio.Os principais eixos viários são a via norte-sul (nova avenida na continuação da Alameda dos Oceanos e que fará a ligação ao empreendimento a sul desenhado por Renzo Piano) e a via nascente/ poente - que cruzará a linha de caminho de ferro e ligará ao prolongamento da Avenida E.U.A. - que
permitirão ligações à cidade.Os elementos principais de valorização ambiental e de caracterização do espaço público são o Parque e o Passeio Ribeirinho. O Parque é o elemento referencial da proposta e terá uma relação com o rio como nenhum outro espaço verde em Lisboa. Permitirá enquadrar, com novas funções, 3 gasómetros existentes e também estabelecer articulações com a área construída, fundindo todos os espaços abertos através de uma estrutura verde hierarquizada. O Passeio Ribeirinho, prolongará para Sul o espaço público do Parque das Nações e poderá integrar os pavilhões da Administração do Porto de Lisboa, reconvertidos para funções de lazer, trazendo animação diurna e nocturna. A proposta integra o desenho de quarteirões e torres residenciais, com comércio e serviços, a definição de zonas de equipamentos colectivos e o lote da futura catedral de Lisboa. A volumetria proposta no plano procura tirar o máximo partido das vistas para o rio, quer a partir dos logradouros, quer a partir de terraços, pátios, varandas e corpos balançados. Arquitectos: RISCO»

Despesas

Com base em algumas descobertas interessantes, como esta:

http://www.base.gov.pt/_layouts/ccp/AjusteDirecto/Detail.aspx?idAjusteDirecto=37785

(Parece-me um valor excessivo, não? E esquecido, uma vez mais, o concurso público?)


ou esta: http://www.base.gov.pt/_layouts/ccp/AjusteDirecto/Detail.aspx?idAjusteDirecto=37026

(Podem ver mais aqui: http://transparencia-pt.org/?search_str=nif:500051070)


Gostaria um dia de ver uma entrevista em Portugal, em horário nobre, como esta:

http://news.bbc.co.uk/1/hi/uk_politics/8049614.stm

Trânsito infernal em Lisboa

Na Lisboa de há 300 anos o trânsito era mais caótico e perigoso que hoje. Matava-se por questões de prioridade e as multas eram pesadas.

Durante séculos, o povo deslocou-se a pé e os nobres a cavalo. As ruas da capital eram estreitas, sujas, malcheirosas e lamacentas. Tanto que os de maiores posses preferiam a água à terra e iam do Terreiro do Paço a Belém de barco. Mas a vida ia-se fazendo.

Em 1581 deu-se o "desastre". Filipe II de Espanha veio a Portugal e trouxe um coche, coisa nunca vista: uma caixa de madeira fechada, bastante desconfortável, em cima de quatro rodas, puxada por meia dúzia de cavalos. A novidade fez escola e não houve nobre endinheirado que não quisesse ter um.


Assim começaram os engarrafamentos e as discussões de trânsito.

Nas apertadas vielas era costume recuar o coche do proprietário com menor posição social, mas quando se encontravam dois iguais era frequente chegarem a puxar da espada. Houve muito sangue derramado nestas discussões, até que D. Pedro II, em 1686, mandou elaborar as primeiras leis, afinal o primeiro código da estrada, colocar os primeiros sinais de trânsito em Lisboa e também alguns "polícias sinaleiros", chamados "práticos".

As penas para quem não cumprisse esse código eram pesadas: degredo para o Brasil e 2 mil cruzados de multa. Na parede do prédio n.o 26 do Beco do Salvador, em Alfama, ainda está a lápide com a inscrição do direito de prioridade. Afinal o primeiro sinal de trânsito que existiu em Lisboa e em Portugal.

no Ionline

13/05/2009

Bom Senso

Excelente discurso de Principe Carlos de Inglaterra ontem no Royal Institute of British Architects por ocasião dos 175 anos da associação dos arquitectos ingleses.

"...Let me point out that I don't go around criticizing other people's private artworks. I may not like some of them very much, but it is their business what they choose to put in their houses. However, as I have said before, architecture and the built environment affect us all. Architecture defines the public realm, and it should help to define us as human beings, and to symbolize the way we look at the world; it affects our psychological well-being, and it can either enhance or detract from a sense of community. As such, we are profoundly influenced by it: by the presence, or absence, of beauty and harmony. I don't think it is too much to say that beauty and harmony lie at the heart of genuine sustainability. I believe that precisely because the built environment defines the public, or civic, realm it should express itself through the fundamental ingredients that define a genuine civilization - in other words, those civic virtues such as courtesy, consideration and good manners..."

http://www.princes-foundation.org/index.php?id=694

Demolições que se seguem:


Avenida Luís Bívar, Nº 27-29



Avenida Luís Bívar, Nº 27-29


Depois do parecer de homologação favorável condicionado do Vereador Manuel Salgado ao pedido de informação prévia para demolição e construção nova apresentado pea firma Manuel d'Oliveira Júnior e Filhos, Lda. (Proc. 275/EDI/2009), eis que acaba de entrar o projecto de construção nova 648/EDI/2009, que mal seja aprovado dará carta branca à demolição destes 2 belos prédios das Avenidas Novas, no âmbito de mais um loteamento...

Seria muito mais fácil, e barato, um terramoto, right?

Casas camarárias de Lisboa atribuídas por concurso

In Sol Online (13/5/2009)

«O Programa Local de Habitação de Lisboa (PLH) propõe que as habitações municipais sejam atribuídas através de concurso e que seja permitida a inscrição e acesso online dos processos de atribuição de casas camarárias

Para garantir os solos necessários para reabitar Lisboa, o PLH defende a constituição de uma «reserva de solos municipais».

A matriz estratégica do PLH, a que a Lusa teve acesso, é discutida hoje em reunião do executivo municipal, que votará o seu envio para discussão pública. [...]»

...

Finalmente alguma moralidade.

Câmara de Lisboa quer 120 milhões para retirar cartazes que sugerem bloqueio da assembleia municipal

In Público (13/5/2009)
Ana Henriques

«Presidente da Assembleia Municipal diz que cartazes "não são compatíveis com a lei" e ameaça tomar medidas


O vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, afirma que a autarquia só retirará de vários prédios antigos de Lisboa os cartazes que lá colocou a sugerir que a assembleia municipal está a bloquear a recuperação de prédios antigos se este órgão lhe permitir contrair um empréstimo de 120 milhões de euros destinado a reabilitação urbana. Já a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa considera que os cartazes "não são compatíveis com a lei" e ameaça tomar medidas para obrigar a câmara a removê-los.
Em causa está um empréstimo de 120 milhões de euros que o município negociou junto da banca e do Banco Europeu de Investimento para levar a cabo obras em prédios antigos um pouco por toda a cidade. Nalguns casos, trata-se de terminar megaempreitadas lançadas ainda no tempo de Santana Lopes nos bairros históricos, que tiveram de parar por falta de dinheiro da autarquia. Embora os socialistas que governam a câmara tenham conseguido fazer aprovar o empréstimo na edilidade, falta-lhes a concordância da assembleia municipal, órgão em que o PSD tem maioria. Afixados, de acordo com Manuel Salgado, em "50 a 60 imóveis" que esperam reabilitação, os cartazes dizem "Aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa. Aguarda aprovação pela Assembleia Municipal".
Paula Teixeira da Cruz argumenta que os cartazes contêm "uma inverdade", uma vez que o órgão que dirige não tem poderes para aprovar projectos, sejam ou não de reabilitação - além de que usam, abusivamente, o logótipo da assembleia. "A câmara está legalmente obrigada a manter o rigor e a imparcialidade, sobretudo em períodos pré-eleitorais, como é o caso", avisa. Recusa-se, no entanto, a esclarecer se as medidas que tenciona tomar passarão por uma queixa
formal à Comissão Nacional de Eleições ou mesmo à Procuradoria-Geral da República.
"Não se trata de propaganda - trata-se de informar os munícipes daquilo que a câmara anda a fazer", assegura o vereador do Urbanismo, que diz ignorar quanto custaram aos cofres do município os "50 a 60" cartazes. Manuel Salgado admite ter pedido desculpas a Paula Teixeira da Cruz - mas apenas por causa do uso indevido do logótipo. Esta tem outra versão dos factos: "Pediu desculpas e comprometeu-se a retirar os telões dos locais onde foram afixados".
Seja como for, a assembleia municipal pode vir ainda a aprovar o empréstimo. Mas quanto mais tarde o fizer menos oportunidades os socialistas terão de o usar para mostrar obra feita na campanha eleitoral autárquica do Outono. »

Sá Fernandes continua impagável:

In Público (13/5/2009)


«O vereador da Câmara de Lisboa José Sá Fernandes anunciou anteontem a criação de uma associação para definirum programa político, a discutir privilegiadamente com António Costa e o Partido Socialista, mas aberto à participação de outras forças políticas.
"Esta associação cívica não será para dividir mas para unir e visa aprofundar um programa para Lisboa, servir Lisboa e os lisboetas. Elaborado esse programa, caber-nos-á discuti-lo e em primeiro lugar com António Costa e o PS", afirmou José Sá Fernandes, num jantar de "prestação de contas", que se realizou anteontem no Parque Mayer.
O vereador justificou esta primazia dizendo que o Partido Socialista é "a força política mais votada em Lisboa" e que foi com os socialistas "que se celebrou o acordo político que hoje rege a cidade".
"A associação não vai a votos, vai permitir criar um programa para que cheguemos a um acordo", disse José Sá Fernandes.
Questionado sobre se a missão desta associação será a sua entrada para as listas do Partido Socialista, o vereador respondeu: "Isso é o menos importante. O interesse é em criar um programa".
José Sá Fernandes defendeu que "existe hoje o risco de Santana Lopes ter por adversário quatro candidaturas situadas à esquerda do espectro político" e considerou "lamentável" que à esquerda "cada um continue a olhar para o seu umbigo".
O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, reagiu afirmando que o vereador, eleito pelo BE em 2005, escolheu "ser candidato do PS há muito tempo".»

Deixem-me adivinhar os membros da "associação cívica", posso?

12/05/2009

Belém a Ocidente - Museus de Arqueologia, Coches e Marinha

Temos que voltar à liça e voltar a fazer ver a estes Senhores os erros que estão querendo deixar para as futuras gerações, se continuarem insistindo nestas mudanças e alterações absurdas dos Museus de Arqueologia, Coches e Marinha. Eu por mim não me apetece ficar corresponsável senão contribuir para evitar tais erros. Eles pagam-se sempre caros.

Quando se começaram a falar nas comemorações da Républica e com esse pretexto e o da reestruturação do antigo IPPAAR pelo actual IGESPAR, tinham estes Senhores Governantes de mostrar serviço e vai daí toca a vomitar ideias, sem pensar, ouvir, testar e auditarem as populações e as forças vivas. É grave muito grave meus Senhores.

Soube-se então das ditas intenções destas geniais cabecinhas:

1. O Museu Nacional de Arqueologia, saíria das actuais instalações que ocupa no Jerónimos e iriam instalar-se com o seu acervo, mais bibliotecas do antigo IPA para o magnífico edificio da Cordoaria, com as nefastas consequências de dividir um edificio que deverá sempre viver com as suas naves limpas de divisões;

2. O Museu dos Coches, atravessava a rua, passando a exercer a função de Picadeiro, que já se comprovou que não tem as dimensões adequadas, para um novo edíficio a construir no antigo quartel militar que serviam de instalações ao já extinto IPA. Sendo que o novo projecto deixa muitas reservas quanto à volumetria e impacto que deixariam na envolvente e ;

3. O Museu da Marinha aproveitava a saída do Museu Nacional de Arquelogia e expandia-se para os seus actuais territórios.

Ora tudo isto me parece um total absurdo e deixo aqui um pedido de reflexão aos leitores deste blog por forma a fazer chegar estas preocupações a quem de direito e que ainda vão bastante a tempo de emendar a mão.

Passo sómente a deixar alguns argumentos que servirão de sugestões e reflexões:

1. Que tal deixar o Museu Nacional de Arqueologia onde está, nos Jerónimos, deixando este expandir-se pela sua natureza, para o Museu da Marinha e conseguindo finalmente expor o excelente acervo que existe nas suas instalações e que raramente são vistas. Criar aí a excelente biblioteca do antigo IPA e igualmente um novo laboratório para a Arqueologia que tanto carece;

2. Deixar o Museu dos Coches onde está e bem, há muito, e que respeita na perfeição o antigo Picadeiro Real e fazer da antiga unidade militar uma expansão do actual museu dos coches, com oficinas de restauro e na restante área criar um novo Museu do Automóvel de exploração privada em virtude de Portugal ter em mãos privadas uma das maiores colecções de carros antigos do Mundo e a maior colecção de Mercedes antigos em todo o Mundo e ;

3. Que o Museu da Marinha passe finalmente para a Cordoaria, edíficio que pertence à Marinha e que sempre fez parte da nossa História como edíficio ligado à nossa glória da expansão marítima e das pescas.

Desculpem se me alongei, mas deixo isto à meditação e ponderação.

José Santiago

CML vota amanhã suspensão do PDM para a demolição da Escola de Medicina Veterinária:


Dando assim luz verde, ou não, a mais este pedido à medida, feito pelo Governo, (naquilo que tem sido um fartote de pedidos de suspensão de uma coisa que está moribunda, e que pelo andar da carruagem, vai renascer sob a forma de um zombie, porque o que de substancial conta no próximo PDM são as "janelas de oportunidade" que advêm do facto do Governo ter dado andamento a uma série de projectos estruturantes...), uma vez que, não só o volume de construção que ali quer fazer, dando largas à imaginação construtiva do MJ, se teria que suspender o dito cujo, como o próprio edifício da Escola de Medicina Veterinária está, imagine-se, na Carta de Inventário Anexa ao PDM em vigor... Desinventarie-se-lo, portanto!

Pareceres da Estrutura Consultiva do PDM? Parecer do anigo Núcleo de Estudos e Património? Parecer do IGESPAR? Parecer da CCDR-LVT? Para quê se tudo se trata afinal de manter a fachada?


Aqui fica o blogue que não se cala, e bem, sobre o assunto: Um Dia a Casa Vem Abaixo

Museu de Arte Popular


Chegado por e-mail:


«Por favor, divulgue entre os seus contactos, e peça aos seus amigos para divulgar:

O Museu de Arte Popular será anulado por decisão de conselho de Ministros da última Sexta-feira. É este o país que temos. Destruímos património com arrogância. O blog vai dar todas as notícias e demonstrar a importância do Museu.

O Museu fechou mas abriu um blog inteiramente dedicado ao Museu, um blog que queremos enriquecido, cheio de fotos e muito divulgado.

http://museuartepopular.blogspot.com/

Obrigada
Teresa Pinto»


Texto editado

Ciclovias em Alvalade vão complicar trânsito e causar acidentes, defendem CDU e PSD

In Público (12/5/2009)
Inês Boaventura


«A Câmara de Lisboa rejeita as críticas, na origem de três abaixo-assinados, e fala em falta de informação


A construção de ciclovias na Rua de Entrecampos e na Avenida Frei Miguel Contreiras, em Alvalade, está a gerar um coro de protestos, tendo o PCP e o PSD lançado três abaixo-assinados contra a iniciativa da Câmara de Lisboa. O vereador Sá Fernandes garante que no caso da primeira artéria nada está decidido e atribui as críticas a falta de informação.
Sublinhando ser "inteiramente favorável" à existência de pistas cicláveis, o representante da CDU na Assembleia de Freguesia de Alvalade, Pedro Duarte Silva, considera "profundamente errada" a criação de tal equipamento na Rua de Entrecampos, dada a "estreiteza" desta artéria. O eleito acrescenta que isto vai "prejudicar ainda mais o problema do estacionamento" e alerta para o risco de acidentes envolvendo ciclistas e transeuntes, já que a ciclovia vai nascer "a uma distância muito pequena das entradas e saídas dos prédios".
Estas objecções levaram à apresentação de uma moção na assembleia de freguesia, aprovada por todas as forças políticas, e à criação de uma petição que reuniu 210 assinaturas e já foi entregue à Câmara de Lisboa. Mas os protestos não ficaram por aqui e nos últimos dias a CDU e a Junta de Freguesia de Alvalade, presidida pelo PSD, lançaram mais dois abaixo-assinados.
O da CDU, que pede à autarquia uma revisão do traçado, refere-se à ciclovia cuja construção já arrancou na Avenida Frei Miguel Contreiras, invocando que vai reduzir o estacionamento e agravar o trânsito. Estas críticas são partilhadas pelo executivo da junta de freguesia, que numa carta distribuída da zona defende que o equipamento "é extremamente lesivo dos interesses dos fregueses e moradores", acarretando "problemas de segurança" devido à "diminuição da largura do passeio existente".
O vereador do Espaço Público da Câmara de Lisboa atribui estas críticas a falta de informação, garantindo que no caso da Avenida Frei Miguel Contreiras "não se tira nenhum lugar de estacionamento", tendo além disso sido acordada com a Rede Ferroviária Nacional a realização de uma série de obras ao longo do caminho de ferro entre Sete Rios e a Avenida Gago Coutinho, como a plantação de árvores, intervenções em espaços verdes e um incremento da iluminação.
Quanto à Rua de Entrecampos, Sá Fernandes diz que a construção da ciclovia "ainda não está decidida", já que este equipamento deixará de ser necessário se se avançar no Bairro de São Miguel com a criação de uma zona onde os automóveis não possam circular a mais de 30 km/h. Seja qual for a solução adoptada, o vereador diz que até do fim do ano vai ser possível ir de bicicleta desde o Campo Grande até à Gago Coutinho.
A junta de Alvalade não quer ciclovias na Rua de Entrecampos e na Avenida Frei Miguel Contreiras»

Losangos para o Terreiro do Paço pouco consensuais mas calçada não é obrigatória

In Público (12/5/2009)
Ana Henriques

«Falámos com vários especialistas sobre o projecto apresentado por Bruno Soares
para a Praça do Comércio e ouviu alguns elogios mas também algumas críticas


Não são lá muito consensuais os grandes losangos que o arquitecto Bruno Soares desenhou para o futuro chão do Terreiro do Paço. Mas nenhum dos especialistas contactados pelo PÚBLICO se mostra chocado com o desaparecimento da calçada portuguesa - que, aliás, há muito que já não ornamenta a placa central da Praça do Comércio.

Recusando-se a comentar o trabalho de Bruno Soares por desempenhar nesta altura as funções de presidente da Ordem dos Arquitectos, João Rodeia recorda o que sempre defendeu em relação à praça: "O pavimento deve ser o mais neutro possível". Uma opinião que parece ser idêntica à do olisipógrafo José Sarmento de Matos, quando diz que não acha feliz a marcação dos losangos, que deviam ser mais discretos - tal como o corredor de pedra que marca o caminho entre o arco da Rua Augusta e o rio, dividindo a praça ao meio. Ao arquitecto José Mateus agrada que tenha sido o antigo terreiro que ali existia antes do Terreiro do Paço, uma praça de terra sem pavimento, a inspirar o trabalho de Bruno Soares. "Mas tenho dúvidas quanto aos losangos. Parece-me uma opção extraordinariamente formal e contraditória com a noção de terreiro".

"Um bocadinho folclórico"
Manuel Graça Dias também não acha grande piada aos quadrados deformados: "Preferia que fosse um desenho mais neutro. Ou então um padrão à escala do peão, como acontece com a calçada portuguesa". É possível que quem cruze a Praça do Comércio nem se venha a aperceber deles, devido às suas dimensões. E o corredor de pedra, será necessário? "As pessoas não são tontas, não é preciso assinalar caminho nenhum", responde Graça Dias.
O arquitecto Ribeiro Telles resume um sentimento que parece ser generalizado: "O arranjo da praça deve ser o mais simples possível, porque ela já tem força e majestade por si própria". Daí as reticências do paisagista em relação ao pavimento da placa central: "Acho-o um bocadinho folclórico".
À parte estes aspectos, o projecto é recebido com algum agrado. À excepção do presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau, em cuja área se situa a praça, vários depoimentos reconhecem alguma qualidade ao trabalho de Bruno Soares. Especialista em questões da Baixa, Walter Rossa dá mesmo os parabéns aos seus autores, por terem conseguido "respeitar a solenidade e o silêncio do espaço". Tal como João Rodeia, também Walter Rossa temia o surgimento de árvores, banquinhos ou outro mobiliário urbano que de alguma forma apoucasse o sítio. "Qualquer intervenção deve respeitar a escala do local", e não tentar transformá-la, diz o arquitecto.
"Neste projecto a simetria foi preservada e de alguma forma o espírito da praça mantém-se", elogia Graça Dias. Outra opção igualmente elogiada é a redução do tráfego automóvel e o aumento dos passeios. "É o mais positivo: passa a ser território dos peões", observa Sarmento de Matos. O olisipógrafo explica que, sendo a calçada portuguesa "uma coisa relativamente recente" - do séc. XIX -, não há razão para a tornar obrigatória num local que tem uma história muito anterior a essa época. Podia até ser contraproducente, avisa Rossa, por reflectir em demasia a luz junto ao rio, tornando insuportável atravessar a praça sem óculos escuros. Para este especialista, apenas uma coisa precisa de ser mudada no projecto: a plataforma do cais das colunas, que passa a ser circular, em vez de um semicírculo. "Parece uma rolha que rouba espaço à praça", critica. As esplanadas nas arcadas não levantam quaisquer objecções.
A Ordem dos Arquitectos já convidou Bruno Soares e a sua equipa para participar num debate público que irá promover sobre a requalificação do Terreiro do Paço»


Arquitectos defendem que "devia ter havido concurso"

Foi no final dos anos de 1990, nos tempos em que João Soares presidia à Câmara de Lisboa, que um concurso público promovido pela autarquia para reabilitar o Terreiro do Paço deu a vitória aos arquitectos José Adrião e Pedro Pacheco. Uma década depois a dupla continua sem conseguir explicar por que razão o seu projecto não foi por diante - apesar de o seu trabalho ter sido pago. "Continua a ser um projecto totalmente válido", garante José Adrião, que gostaria de o ver posto em confronto com o trabalho de Bruno Soares.
Na visão da dupla de arquitectos o pavimento da Praça do Comércio devia ter grandes lajes de aglomerado de pedra. José Adrião recorda que naquela altura concorreram à recuperação do Terreiro do Paço "20 e tal equipas" de arquitectos, cujos trabalhos foram apreciados por um júri composto por técnicos de diferentes áreas. E defende que também desta vez se devia ter optado por um concurso, em vez de se fazer uma encomenda de regime, sem concorrência. Foi a Sociedade Frente Tejo, cujo capital é detido pelo Estado na totalidade, que entregou a reabilitação do Terreiro do Paço ao atelier de Bruno Soares, responsável na década de 90 pelo Plano Director Municipal de Lisboa.
Tal como o projecto encomendado pela sociedade, a proposta de José Adrião e Pedro Pacheco já previa a animação da zona das arcadas - com instalações culturais, bibliotecas, galerias, salas de exposição, feiras especializadas e um museu da Lisboa pombalina. A Frente Tejo encomendou um estudo de urbanismo comercial para resolver a questão. »


Vamos lá a ver se alguém fala claro:

1. A história dos losangos amarelos debruados a cinzentinho, é uma saloiada pegada, e as risquinhas do lado das arcadas, imitando a cartografia uma piroseira. Aliás, na linha que os nossos autarcas da região saloia costumam fazer em tudo quanto é paredão, ou intervenção com marca de autor, em espaço público (areão incluído).

2. Não está em causa a calçada portuguesa. O que aquela praça deve levar é lajes de lioz. Ponto.

3. Não deve haver toldos nem bases para futuros mastros, a prever bandeirinhas. E, sendo eu defensor de árvores, acho que ali não deve existir nem uma.

4. Não deve haver alcatrão em nenhum lado, porque isso convida à manutenção do pópó, circulando ou estacionando. Deve-se manter o trânsito nas laterais para transportes públicos, em piso que não alcatrão, e que sejam veículos não poluentes e de porte médio.

5. E, nada de fazer fileiras de degrausno bordo sul da placa central.

11/05/2009

NOVO ATENTADO CONTRA O PARQUE FLORESTAL


A Plataforma por Monsanto manifesta a sua indignação por nova tentativa de alteração do PDM de Lisboa, a fim de retirar mais uma parcela de terreno ao Parque Florestal de Monsanto.
Por iniciativa do Ministério da Economia, e com o apoio da CML, vai ser votada em sessão de Câmara de dia 13 de Maio, a desanexação de 5000 metros quadrados de terreno arborizado, no Zambujal, sob a administração do Município de Lisboa dentro do perímetro do Parque Florestal, adjacente ao que se encontra ocupado pela actual Subestação da Rede de Distribuição de Energia, junto a CRIL (Azinhaga da Marinheira) para dar lugar a uma nova subestação de 60-200kV da RNT.
Sem querer pôr em causa a importância do equipamento, a Plataforma por Monsanto estranha a falta de Avaliação de Impacte Ambiental, (havendo alternativas) e a opção da CML sob proposta da Administração Central, pelo caminho fácil da desafectação e destruição de mais um pedaço de terreno a um Parque que é constantemente alvo de pressão por parte de quem tem a obrigação de o defender.
De excepção em excepção, a área deste Parque tem vindo a diminuir drasticamente ao longo dos anos sendo os seus terrenos constantemente visados em tentativas, algumas concretizadas, de implementação dos mais diversos equipamentos ou estruturas que nada têm a ver com o seu funcionamento nem com os seus objectivos.
Apelamos pois para que as forças políticas representadas na CML não votem favoravelmente esta pretensão contribuindo assim para a preservação de um Parque Florestal tão importante para a cidade de Lisboa.

A Plataforma por Monsanto
Lisboa, 11 de Maio de 2009

Ainda o novo Terreiro do Paço



Ao ver esta imagem bem como a vista aérea do projecto que se publica, duas questões se me levantam. Uma sobre o gosto discutivel que é o chão tipo Burburrys em materiais igualmente discutiveis. Outra bem mais séria é a alteração da posição da estátua de D. José que deixa assim, ao que parece, de ficar virada para o rio para ficar de lado, alterando desta forma o projecto pombalino o que é inaceitável em termos de glorificação da personagem régia que obviamente não se encontra naquela posição desde 1755 por teima dos arquitectos reais nem de Machado de Castro seu autor. Espero honestamente estar a ler mal o projecto ou então o arquitecto não sabe desenhar o que é igualmente preocupante.