18/05/2016

Antigos edifícios-sede da Fundação Oriente Em Vias de Classificação pela DGPC


Parabéns à DGPC pela abertura dos processos de classificação do Palacete Alves Machado e do Palacete dos Condes do Alto Mearim, ambos na Rua do Salitre e que serviam de sede à Fundação Oriente. (fotos: Público): https://dre.pt/application/file/74468732 e https://dre.pt/application/file/74468733.

As obras, os mecenas e os restauradores que as mimam


Foram 16 as esculturas que foram restauradas com o apoio de mecenas | GERARDO SANTOS/ GLOBAL IMAGENS

In Diário de Notícias (18.5.2016)
Por Liana Santos


«No Dia Internacional dos Museus, uma viagem às catacumbas do Museu de Arte Antiga, onde o restauro funciona graças a voluntários e ao mecenato de antiquários.

"Sou uma passagem, mas as peças são uma permanência. Preservamo-las para que no futuro existam. Esse peso é o que faz que fiquemos arrepiados. É mais do que um trabalho", afirma, convicta, Conceição Ribeiro, conservadora restauradora, fazendo uma pausa na limpeza de esculturas portuguesas que têm de estar prontas para a inauguração do terceiro piso do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em julho. [...]»

Ajuntamento massivo de jovens obriga a “redesenhar” o Jardim do Arco do Cego


POR O CORVO (18.5.2016)
Texto de Samuel Alemão

«O Jardim do Arco do Cego vai sofrer diversas modificações que o prepararão para melhor acolher a sempre crescente vaga de jovens universitários que ali se reúnem para conviver, ao final do dia, quase sempre com um copo de cerveja na mão. O espaço público será redesenhado, de forma a que os muitos frequentadores daquela zona passem a ocupar menos os passeios junto aos prédios e mais o amplo espaço do jardim. Em simultâneo, serão colocados mais bancos de jardim e mais contentores do lixo. O anúncio foi feito por Duarte Cordeiro, vereador com os pelouros da Higiene e do Espaço Público, na tarde desta terça-feira (17 de maio), perante a Assembleia Municipal de Lisboa (AML).

O trabalho da câmara será feito em parceria com a Junta de Freguesia das Avenidas Novas, explicou o autarca, dando conta que “até já existe um cronograma de intervenção”, no qual as alterações serão realizadas. A intenção é que os ajuntamentos massivos de universitários se realizem com o mínimo de incómodo – tanto ao nível do ruído, como da produção de detritos, da restante salubridade do espaço público e até da mobilidade – para os moradores e restante comunidade daquela área central da cidade. A autarquia dá assim ouvidos às constantes reclamações, já de há alguns anos, por parte dos residentes, tendo mesmo reunido com eles. [...]»

17/05/2016

O Turista: o "cidadão principal" de Lisboa?



Em vez das vozes dos nossos vizinhos (cada vez mais a desaparecer dos nossos bairros historicos) ouvimos o barulho das rodinhas destas bagagens. Recentemente um jovem morador em Alfama comentava comigo: "Deixei de ter vizinhos! Apenas resto eu no predio todos as restantes casas estão a ser alugadas a turistas. E em frente tenho um hostel, e ao lado outro em construção. Estão a matar o bairro." Parece portanto que se decidiu (quem?) que os visitantes passam a ser o "cidadão principal" da cidade. Abram todos alas para deixar entrar o Exmo. Turista e mais os seus dollars & euros! A agonia da turistificação do centro histórico de Lisboa... o Turista, o "cidadão principal" da cidade?

Câmara de Lisboa reflorestou o “mar de betão” que era o Aquaparque e promete mantê-lo assim


In Público Online (16.5.2016)
Por INÊS BOAVENTURA

«Numa visita de deputados municipais a Monsanto, Sá Fernandes remeteu para Junho ou Julho a apresentação dos projectos para o espaço no Restelo e para o antigo Restaurante Panorâmico. Na Quinta da Pimenteira, as obras estão prestes a começar...“Não sei se estão a ver como é que isto era… Era uma coisa absolutamente gigantesca de construção”, observa o vereador José Sá Fernandes, enquanto os seus olhos se perdem pelo local onde em tempos funcionou o Aquaparque. Sem revelar ainda que projecto tem a Câmara de Lisboa para o espaço, o autarca diz que “o essencial” já foi feito: a maior parte das construções foi demolida e o terreno foi “reflorestado”.[...] No antigo parque aquático, que fechou as portas em 1993 na sequência da morte de duas crianças, já não há piscinas ou escorregas. “Foram demolidas todas as construções de grande e média dimensão”, explica Maria Helga Furtado, acrescentando que “a ideia foi naturalizar ao máximo o terreno”. E também, admite, “apagar a ideia da água e de tudo o que aconteceu”. [...] Outro dos pontos desta visita, que o PÚBLICO acompanhou, foi o antigo Campo de Tiro. Também aqui o vereador adoptou uma designação politicamente correcta para o espaço: Monte das Perdizes. Segundo explica Maria Helga Furtado, houve vários candidatos a ficar com a concessão do espaço, estando esse processo em avaliação. A proposta da autarquia passa por entregar a um privado 1,5 hectares (dos 18 que o Monte das Perdizes tem), área que inclui o edifício dos anos 60 existente e dois dos quatro campos de tiro. O terceiro ficará para a câmara e o último, diz, deverá ser entregue por protocolo à Federação Portuguesa de Tiro com Arco. Quanto à já muito falada necessidade de se promover a descontaminação dos terrenos, marcados por mais de 50 anos de actividade do Clube Português de Tiro a Chumbo, a chefe da Divisão de Gestão do Parque Florestal de Monsanto constata que “o solo ficou impregnado de chumbo”. “As análises deram valores pouco simpáticos nalgumas zonas. Vamos começar a trabalhar na limpeza do solo”, adianta aos deputados municipais a responsável, explicando que a estratégia passa por limpar uma camada de 10 a 15 centímetros de profundidade dos terrenos. [...]»

14/05/2016

Casa Ventura Terra. Um tesouro da Arte Nova em Lisboa que ninguém quer deixar morrer


In Observador (14.5.2016)
Por João Pedro Pincha


«Assinalam-se em 2016 os 150 anos do nascimento de Ventura Terra, arquiteto marcante na paisagem lisboeta que legou uma casa às Belas Artes. Fomos conhecer as histórias de quem ainda lá vive.

Há uns anos, Francisco Silva Passos e a mulher Isabel andavam na Assembleia da República a ver uma exposição sobre o arquiteto Miguel Ventura Terra quando tiveram uma pequena surpresa. A visita ao Palácio de São Bento não tinha nada de surpreendente: Francisco é um apaixonado pela Lisboa desaparecida, por arquitetura em geral e por Ventura Terra em particular. A casa em que Francisco e Isabel moram há décadas foi desenhada por este arquiteto, que nasceu há precisamente 150 anos. Depois de tanto tempo passado entre aquelas paredes, o casal já não esperava ver algo inédito. Mas, numa das últimas salas da exposição, Francisco e Isabel são surpreendidos: “Às duas por três vemos uma fotografia dele na nossa varanda”. Ele, Ventura Terra, na varanda da casa que construiu no número 57 da Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, no início do século XX. Ele, Ventura Terra, na varanda da casa que Francisco habita desde os três anos e onde criou filhos e netos.

No extenso e alto corredor do apartamento onde mora a família Silva Passos ainda cheira a Belle Époque e às soirées que há tanto já passaram de moda. “Havia três vivendas na rua” quando Francisco veio para aqui viver, em 1947, ainda criança. Quem olha hoje pela janela da casa para uma Alexandre Herculano onde o tráfego não abranda e os edifícios altos e envidraçados são a regra, dificilmente consegue imaginar esse cenário. “Havia muito pouco trânsito. Automóveis eram para gente rica”, continua a recordar Francisco, que muito brincou naqueles passeios, quando a rua estava quase na fronteira da cidade. Nem de propósito. Enquanto relata estas memórias, ouve-se um estrondo lá em baixo. Dois carros acabaram de bater.

A ideia de isolamento também se sente dentro do edifício, de quatro andares, uma casa por piso. Ao entrar em cada apartamento, foge-se do bulício da cidade e é-se recebido por uma espaçosa sala de estar, onde o sol ilumina os estuques do teto. Ao lado, na biblioteca, uma imponente lareira em mármore do tamanho de um homem garante aconchego nas noites de inverno. Na sala de jantar, tetos de rica madeira trabalhada. Ao fundo do corredor, escondidos atrás de uma porta discreta, os inúmeros quartos de dormir. Tudo aqui respira passado…

“Vi jeitos de isto tudo desaparecer”
…mas foi com custo que chegou ao presente. “Tudo quanto aqui vê é dinheiro que eu invisto”, dispara Maria Fernanda Carvalho, moradora noutro dos apartamentos do prédio. Por todo o lado se veem manchas de humidade e madeiras degradadas. No hall de entrada do edifício, a tinta está toda a estalar devido a infiltrações. No teto das escadas, entre o terceiro e o quarto andar, um buraco está por ser tapado há vários anos. Num dos apartamentos, a moradora tem de dormir com um buraco no telhado mesmo por cima da cama. E cá fora já desapareceram muitos azulejos do friso criado pela Fábrica de Cerâmica das Devesas, em Gaia. “A gente tem de passar aqui a vida a fazer obras”, confirma Francisco Silva Passos, cujo andar está em bom estado devido aos muitos investimentos que ali fez.
[...]»

13/05/2016

Viagem aos palácios abandonados


In Expresso Online (13.5.2016)
Por Manuela Goucha Soares (texto), Sofia Miguel Rosa (infografia), António Pedro Ferreira (fotos), Marcos Borga (fotos)

«Quer conhecer a casa onde nasceu o Marquês de Pombal no dia em que se comemoram 317 anos da sua vinda ao mundo? E quer saber quem foi a jovem de 15 anos que desafiou este homem poderoso, recusando-se a consumar o casamento com o filho dele? O Expresso leva-o ao interior do Palácio dos Carvalhos, mostra-lhe os palácios da Rosa e da Ribeira Grande, e outras 14 belas casas solarengas que o destino maltratou


Se as casas fossem letra de fado, o poema compararia os palácios abandonados de Lisboa a uma bela mulher desprezada pelo amante. As casas falam connosco, ensinam-nos o que não somos capazes de entender. Pedem-nos que as escutemos em vez de passarmos apressados sem as ver. “Entrar num edifício antigo, é como sentarmo-nos à mesa com uma senhora de idade e ouvir o que ela tem para nos contar”. Ficar ali e “deixá-la falar”, diz o arquiteto João Favila, autor do projeto de reabilitação do Palácio da Rosa.

Não se sabe a data da sua primitiva construção, mas o corpo mais antigo deste palácio já existia em 1220. Se não estivesse em ruínas seria um cenário das mil e uma noites. Mas é uma casa esventrada pela erosão e pelos sucessivos furtos de meliantes que procuram (essencialmente) fio de cobre. Desde que foi vendido em hasta pública há cerca de dez anos, foi-se degradando cada vez mais, apesar de algumas intervenções feitas pelo atual proprietário [Herdade da Fajã Velha], que contratou o arquiteto João Favila para reabilitar a velha casa senhorial que irá ser um hotel de charme [condição imposta pela Câmara Municipal de Lisboa na hasta pública]. [...]»

Arboricídio em perspectiva no Jardim das Amoreiras e imediações


Chegado por e-mail:

«Envio-vos este mail, porque hoje vi que no Jardim, das Amoreiras, estão a planear o abate de várias árvores, que segundo os Avisos afixados não estão em "condições". Neste mundo formatado, as árvores que tenham"defeitos" são condenadas ao abate. Envio-lhe fotos de algumas das árvores em causa.
Não sei se poderão fazer alguma coisa para evitar tal desfecho, se poderem será uma mais valia para as árvores, e para a Paz do local.
MP»

09/05/2016

PARA QUANDO O INÍCIO DAS OBRAS NO JARDIM DE SANTOS ?!


Estado actual do chafariz do jardim NUNO ÁLVARES/JARDIM DE SANTOS


Com a aprovação do programa UMA PRAÇA EM CADA BAIRRO, em reunião de Câmara de 28 de Maio de 2014, que contempla a requalificação do LARGO DE SANTOS, todos ficámos esperançados com a possibilidade de recuperação a curto prazo do JARDIM NUNO ÁLVARES. Entretanto passaram os anos e ainda nada foi feito, assistindo-se ao contínuo processo de degradação em muitos aspectos irreversível daquele espaço público, de que é exemplo o estado deplorável em que se encontra o chafariz que a foto documenta.

Segundo a Lei 56/2012 de 8 de Novembro, Lei da Reorganização Administrativa de Lisboa, a manutenção dos jardins e chafarizes públicos, são da competência das juntas de freguesia.

Neste caso, e devido à existência do programa UMA PRAÇA EM CADA BAIRRO, que inclui o Jardim de Santos, a Junta de Freguesia da Estrela sente-se desobrigada da intervenção no referido jardim, e assim, numa situação de indefinição de competências bem característica dos portugueses, continua a assistir-se ao confrangedor estertor de um jardim que ainda à pouco tempo era belo, conforme o texto a seguir transcrito, mas que a demora de actuação dos poderes autárquicos e o vandalismo de uma parte dos seus frequentadores alteraram drasticamente.

"Pequeno mas luxuriante. Este pequeno jardim de Santos está envolvido por densa vegetação, e principalmente pela sombra de belas tipuanas de grandes copas que se destacam logo a quem passa na Av. 24 de Julho. As suas silhuetas ramificadas, em contra-luz, formam um distinto enquadramento visual, neste pequeno oásis de verdura nascido no meio de edifícios, ruas e avenidas. Para além de bancos de jardim e algumas mesas de apoio. o escritor Ramalho Ortigão (1836-1915) vê a sua figura perpetuada por uma estátua no meio do arvoredo". (In Guia dos Parques, Jardins e Geomonumentos de Lisboa, Edição da Câmara Municipal de Lisboa de Junho de 2009)

Sabemos que o tempo não volta para trás, contudo, gostaríamos de ainda um dia podermos ver o Jardim de Santos com a dignidade que já teve.


João Pinto Soares

Está formalizada a venda do Palacete Mendonça à Imamat Ismaili


Foto: CML

07/05/2016

ALGO NÃO ESTÁ BEM NA CIDADE DE LISBOA


A SEMANA ACADÉMICA VOLTA AO PARQUE FLORESTAL DE MONSANTO,CONTRARIANDO A POSIÇÃO DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LISBOA.

Contrariando e desrespeitando a Moção da Assembleia Municipal de Lisboa de 20 de Janeiro de 2009 que exige tolerância zero a intervenções que atentem contra a preservação de Monsanto, e desrespeitando igualmente a legislação vigente sobre o Regime Florestal Total que defende o Parque Florestal de Monsanto, contrariando ainda todos os pareceres técnicos que desaconselham a realização da Semana Académica de Lisboa naquele local protegido, a Câmara Municipal de Lisboa, uma vez mais, autorizou a realização, de 9 a 15 de Maio, no Alto da Ajuda, em pleno Parque Florestal de Monsanto, daquele "festival de massas" , pondo em causa aquilo que vezes sem conta tem vindo a apregoar e que é a defesa da biodiversidade na cidade. Lembramos que Maio é o mês de nidificação de muitas espécies de aves citadinas, entre as quais a Perdiz-vermelha, presente no local.


Pinto Soares

06/05/2016

Airbnb to be legalised in London

New rules announced this week mean Londoners will soon be able to rent their homes on sites such as Airbnb without the risk of fines
Londoners will soon be able to legally let their homes through websites such asAirbnb, thanks to an amendment to the capital’s housing legislation currently going through parliament.
There are already thousands of homes in the capital advertised for short-term holiday lets, but technically the practice is illegal and residents face fines of up to £20,000 for failing to secure planning permission before doing so.
The decision to update the London-only law, announced on Monday, ends years of confusion over the practice. In a written statement, housing minister Brandon Lewis criticised the current legislation for being “outdated” and “inconsistently enforced”.
“We want to update these laws to help boost the sharing economy, in light of the popularity of websites like Airbnb and Onefinestay, to help people rent out their property on a short-term basis.” he said.
“It will provide income to householders who want to rent out their home – for example, if they themselves go on holiday.”
Under the updated law, homeowners will be able to let out their house, flat or spare rooms for up to three months a year.
The move was praised by Airbnb, who said the reforms will help locals meet the cost of living in one of the most expensive cities in the world. According to the site, which has hosted over 30 million guests since it launched in 2008, many UK hosts work in the creative industries and more than 40% are self-employed, freelance or part time workers.
However, some London councils have opposed the changes, warning that it could turn some residential properties into hotels and disrupt neighbourhoods.
Westminster City Council have asked for the length of short term lets permitted to be reduced from three months to one. Cabinet member for sustainability, Cllr Heather Acton, said: “This is a step in the right direction, but it doesn’t go nearly far enough. This is not about being bureaucratic – it is about making sure housing in central London does not become a chain of default hotels with rooms rented out at exorbitant prices to the highest bidder.”
Others claim sites like Airbnb have a negative effect on the rental market, reducing the number of long-term homes available for locals, and pushing up rents in the process.
Airbnb has already faced legal battles in many cities around the world, with authorities putting increasing pressure on the site to ensure that hosts comply with local laws, as well as paying the correct taxes.

05/05/2016

Provedor de Justiça arrasa referendo que decidiu fim da calçada portuguesa em Campolide


Vista geral de Campolide. Nesta freguesia não há calçada artística, só branca. © André Correia

In Observador (5.5.2016)
Por João Pedro Pincha

«Há um ano, 350 moradores de Campolide votaram pelo fim da calçada na freguesia. O Provedor de Justiça é muito crítico desse processo, acusando a junta de ter enganado as pessoas.

É num tom particularmente duro que o Provedor de Justiça pede à Junta de Freguesia de Campolide, em Lisboa, para não “atribuir qualquer valor jurídico” à consulta popular que aquela autarquia promoveu, no ano passado, relativamente à substituição da calçada portuguesa. José de Faria Costa faz diversas críticas a todo o processo, acusando a junta de ter enganado os fregueses, de ter sido tendenciosa e de apenas ter obedecido às regras que lhe convinham, ignorando outras.

O Observador ainda não conseguiu obter uma reação do presidente da junta sobre este assunto.

A 4 e a 5 de março de 2015, a junta de Campolide chamou os eleitores daquela zona às urnas para um “processo de partilha de decisão” (ou “consulta popular”, como também foi chamado) em que o assunto era a calçada portuguesa. Participaram 350 dos cerca de 15 mil eleitores recenseados em Campolide, que deram a vitória (por 61,5%) à hipótese de colocar “outro tipo de pavimento contínuo, mais moderno e seguro” nos passeios da freguesia. Desde então, no âmbito do programa Pavimentar Lisboa, a calçada portuguesa foi substituída em pelo menos uma artéria, a Avenida Miguel Torga.

Confrontado com as críticas que então surgiram, o presidente da junta, André Couto, defendeu que o “processo de partilha de decisão” não era um referendo formal e não tinha, por isso, valor vinculativo. Ora, para o Provedor de Justiça, a junta tentou enganar os fregueses. “Importa ter presente que os poderes públicos não dispõem de liberdade para configurar consultas à população como se não estivessem subordinados ao princípio da legalidade”, escreve Faria Costa, numa recomendação enviada à junta, em abril, à qual o Observador teve acesso.

Para o provedor, havia duas hipóteses: ou se promovia uma consulta popular (prevista pela Lei 83/95) ou se promovia um referendo local (prevista na Lei Orgânica n.° 4/2000). Nenhuma delas foi cumprida, escreve José de Faria Costa, porque “foram atropeladas formalidades essenciais”, apesar de a junta ter querido aproximar-se “deliberadamente na aparência” a um referendo oficial. Para que o mesmo tivesse valor legal, era obrigatório que a assembleia de freguesia se tivesse pronunciado, bem como o Tribunal Constitucional.

Não é possível em democracia aplicar umas e desaplicar outras normas nos procedimentos de intervenção política dos eleitores”, escreve o provedor, acusando a junta de ter escolhido, no regulamento do processo de partilha de decisão, apenas as normas que mais lhe convinham. O provedor sublinha este ponto mais duas vezes no documento. “Insisto. Aplicaram-se e desaplicaram-se as disposições próprias do referendo sem que se alcancem os critérios nem o motivo”, escreve. Mais à frente, nova crítica:

Não é suposto utilizar-se uma aproximação ao instituto democrático do referendo e, no mesmo passo, desvirtuá-lo por utilização de um outro nomen iuris, furtando-se ao cumprimento dos requisitos formais e materiais legalmente exigidos”.

Além das formalidades, José de Faria Costa também vê problemas na questão que foi colocada aos eleitores. Era esta: “Na sequência do Protocolo de delegação de competências em que a Câmara Municipal de Lisboa delega na Junta de Freguesia de Campolide a competência de recuperação da pavimentação de algumas vias de trânsito pedonal da freguesia de Campolide, qual a sua preferência de tipo de pavimento a colocar nas ruas da freguesia que a Junta de Freguesia de Campolide vier a intervencionar?” [...]»


A Casa Ventura Terra e o monstro do lado