Aproveitando este artigo da edição de hoje do "Jornal de Notícias", quero sublinhar o seguinte:
1.Cinema Alvalade
a) Segundo o que me foi assegurado por um alto-responsável daquela congregação, há 4 anos, a IURD não abandonou o Alvalade. Ela foi forçada a sair depois de exigir aos proprietários que fizessem obras de conservação das coberturas, o que nunca aconteceu;
b) O painel de Estrela Alves de Faria, segundo me foi dit,o há poucos meses, pela restauradora do painel, o restauro decorre a bom ritmo, embora o painel estivesse em muito mau estado, devido aos actos de vandalismo ocorridos enquanto o cinema esteve devoluto, e devido à demora em retirá-lo, já depois das obras de demolição terem avançado. Desconheço se o resultado do restauro será o painel da pintora Estrela, ou um novo painel.
c) A demolição do Alvalade resulta da total indiferença da generalidade de quem de direito, desde a Junta de São João de Brito (que poderia ter olhado mais para a comunidade do que para o próprio umbigo) à Inspecção-Geral das Artes e Espectáculos, que emitiu um parecer dando luz verde à demolição, com o argumento de que há salas de espectáculo a mais naquela zona (!);
d) Os proprietários do Alvalade acenam agora com a abertura de 4 salas de cinema nas caves, no futuro edifício, e com a atribuição de nomes de actores e realizadores aos apartamentos que irão vender. Além de ser hipócrita, o facto prende-se, penso, com a necessidade de garantir que a actividade do futuro Alvalade se prende minimamente com artes e espectáculos..
2. Cinema Paris
a) A Lusomundo, a fim de garantir público para os cinemas do C.C. Amoreiras, resolveu desinvestir abruptamente no Paris. Fechou o cinema, e colocou-o à venda, o que aconteceu já há alguns anos;
b) Durante a vereação de João Soares esteve afixado um aviso de "informação prévia" para um projecto que ninguém sabe muito bem o que era, mas que parece incorporaria a construção de habitação, escritórios e zona comercial na área por detrás do Paris. O Paris, esse seria transformado em centro de conferências;
c) Ainda durante essa vereação, tentou-se vender o Paris à cadeia de supermercados LIDL que o recusou, conforme informação que recolhi há cerca de 3-4 anos, junto do responsável da LIDL para Lisboa;
d) Também nessa altura a Junta da Lapa alertou a CML para a necessidade de recuperar o Paris para os fregueses da zona;
e) Sensivelmente na mesma altura, o Coral Lisboa Cantat apresenta à CML e ao IPPAR o seu projecto para oficina vocal;
f) A actual vereação, em finais de 2002 entendeu por bem mandar demolir o Paris, com o argumento de que estava em risco de ruína, como se edifícios como o Paris caíssem à mínima rajada de vento, como se comprova facilmente indo lá neste momento: o Paris está de pé (pese embora tenha sido completamente vandalizado) e estará de pé, até que o deitem abaixo;
g) Paralelamente, uma estudante apresenta à Junta e à CML um projecto de hotel e casa de chá, com "memorabilia" cinéfila, mas que implicará não só a demolição do interior do Paris, como a completa descaracterização da sua fachada, dado o look à C.C.Monumental que surgiu num artigo do "Expresso";
h) Devido ao protesto e ao empenho de muitos cidadãos interessados, a começar pela Junta da Lapa, a demolição é interrompida pela CML e o próprio Presidente Santana Lopes comunica essa decisão nos jornais, convidando os lisboetas a verem in loco como está o Paris; o que fiz de imediato;
i) Posteriormente, e há pouco tempo, exactamente a 17 de Junho de 2004 (conforme consta em Boletim Municipal), e sob proposta de Santana Lopes, a CML aprova por unanimidade a intenção de expropriar o Paris, atribuindo-lhe o valor de 816.228 €, e propondo ao Governo a respectiva autorização de posse administrativa do Paris. Pela imprensa, sabe-se ainda que o actual proprietário terá ainda direito a uma permuta para construir na Alta de Lisboa. Ao mesmo tempo, a CML anuncia que o futuro do Paris passará por um projecto cultural.
E mais nada se sabe sobre o Paris.
PF
Sem comentários:
Enviar um comentário