23/06/2005

Casa Garrett: começou a demolição!

Aproveitando a época estival e a desresponsabilização de quem de direito (CML, Ippar e MC), o proprietário da Casa de Garrett começou a demolição daquela que tem sido a causa de muitos de nós: a preservação e recuperação da última morada do autor de "Viagens da Minha Terra".

Com efeito, já está montada uma grua no Cemitério dos Inglesinhos, bem como afixado um anúncio na porta da referida casa, informando os transeuntes que a mesma vai para "obras". A destruição do interior já começou.

Como autores da petição pela classificação e transformação da casa de Garrett em casa-museu do dramaturgo, escritor e político - por sinal, desejo que o próprio escritor manifestou e que tem sido reivindicado ao longo dos últimos 150 anos - , queremos reafirmar o nosso mais profundo repúdio pela atitude do proprietário, que deste modo se recusa a esperar pelo resultado das eleições autárquicas, e a parar para pensar na hipótese de transferir o seu projecto de construção para outro local que não aquele; indo assim contra o sentimento de milhares de pessoas para quem a memória de Garrett não se resume a um nome de rua, sala de teatro ou pastelaria.

Compreendemos o "esforço titânico" que o proprietário demonstra em querer impulsionar a economia portuguesa, através de um política tipicamente keynesiana de disparo da despesa agregada, naquilo que ela tem de mais genuinamente português: a construção civil. No entanto, chamamos a atenção do proprietário que isso talvez nem o mais comum dos diplomados no livro de razão tivesse sequer a ideia de fazer, perante a memória e o legado de alguém como Garrett.

Neste momento não sabemos que mais poderemos fazer, que não apelarmos a todos os amigos desta causa, dos jornalistas às individualidades e ao comum dos cidadãos que se solidarizaram connosco; para denunciarem estes últimos acontecimentos e juntarmos esforços concretos no sentido de se evitar a perda irreversível da casa de Garrett.

Muito obrigado a todos!!

Bernardo Ferreira de Carvalho, Paulo Ferrero e Pedro Policarpo

4 comentários:

  1. Não percebo. Se querem fazer uma coisa diferente da opção do proprietário, porque é que não se juntam, compram a casa e fazem a casa-museu?

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  2. Sentimento mútuo, pois não percebo o seu comentário. A casa foi comprada pelo BES numa daquelas operações especulativas habituais em Lisboa. Foi vendida ao actual proprietário em regime de especial favor, muito depois da polémica ter surgido. Por acaso, o dono é uma figura pública, e por isso devia dar o exemplo, mas não. Ainda por cima diz-se culto, mas não o demonstra. O revoltante foi ter-se inventado que a casa está a cair. O triste é reconhecer que tudo é perfeitamente legal; o que diz bem da diferença entre legalidade e honradez. O caricato disto tudo é termos uma CML e um MC que se desresponsabilizam, atirando a tarefa de zelar pela memória de Garrett aos simples cidadãos. Para que servem a CML ou o MC? E não conseguimentos que nenhum dos candidatos à CML se comprometa para além do "nim". Infelizmente, há 150 anos que tudo assim é, mas eu pensava que tínhamos evoluído qualquer coisa. Puro equívoco. Você tem os 200.000 cts. que o proprietário quer? Ou tem algum terreno que se use como permuta? Se tiver, diga.

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  3. Dar nome de rua a Garret, para depois lhe deitar a casa abaixo..
    .......sim senhor, Lisboa, uma
    capital da Europa...2005!? com
    ministros assim....

    V E R G O N H A !

    JA

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  4. É lamentável ver isto a acontecer.Portugal perde uma grande chance de homenagear um dos seus maiores escritores,e Lisboa fica cada vez mais parecida com tantas outras cidades que,como a nossa capital,não souberam preservar a história.

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