Por gentileza do Grupo Parlamentar do PCP - a quem agradecemos -, tivemos acesso à resposta do Ministério da Cultura a um requerimento apresentado por aquele grupo parlamentar, no seguimento da audiência que a AR nos concedeu sobre o Convento dos Inglesinhos. Eis a resposta!!
Eis o nosso comentário:
"Ex.mos Senhores
Muito obrigado pelo envio de cópia da resposta do MC ao requerimento de V.Exas, no seguimento da nossa exposição sobre o conjunto conhecido como Convento dos Inglesinhos.
É com tristeza que confirmamos o que já sabíamos: para a CML e para o MC é tudo normal, pois foi tudo aprovado anteriormente. Vivemos, portanto, num país onde a culpa morre sempre solteira. Foi aprovado, sim, mas mal. Há que corrigir o mal que foi feito, indemnizando se houver razão para tal, punindo quem procedeu mal.
É triste ver a forma como a CML e o MC têm vindo a encarar este assunto desde o seu início (por ex. é escusado lembrarmos aqui o papel assaz curioso como o IPPAR inicia o processo de classificação do Bairro Alto, depois de aprovada pela CML e pelo IPPAR, a urbanização da Amorim Imobiliária para os Inglesinhos).
E é com repulsa que constamos que os argumentos expostos são falsos, já que o projecto em causa não é um projecto de reabilitação do conjunto arquitectónico, antes sim a destruição de muitos elementos de valor insubstituível, como sejam as cozinhas, a chaminé, o muro de Mardel, os jardins suspensos e o observatório. Inclusivamente, uma consulta detalhada ao projecto confirma que mesmo o interior da igreja será adulterado.
Se isto é "reabilitação", então há que esperar tudo dos organismos que tutelam o nosso património!!
Mais, o empreendimento para os Inglesinhos viola 3 regras de elementar bom senso:
1. Constrói mais fogos numa zona de Lisboa que tem o maior índice de habitação por m2.
2. Ignora o PDM no que diz respeito às cérceas e aos espaços verdes.
3. Não cumpre as especificidades do contrato de compra e venda com a Misericórdia.
Voltamos a agradecer o interesse manifestado por V.Exas., mas ficamos muito tristes com o facto dos nossos governantes se escudarem em argumentos legais (e neste caso, há uma providência cautelar em julgamento, pelo que existem muitas dúvidas sobre uma série de aspectos processuais), do género "foi aprovado, portanto não há nada a fazer", para justificarem o seu imobilismo face à política do "facto consumado".
Sabemos que o mal começou em 2001, e que, portanto, muitas pessoas mudaram; mas também sabemos que algumas se mantêm. Os moradores e os cidadãos acordaram tarde? Talvez, mas só há pouco tempo existe a Net, as facilidades que todos temos ao nosso dispôr hoje são bem diferentes das de 2001...
Estamos a falar dos Inglesinhos, mas há muito mais por essa Lisboa, por esse país, muitos mais casos de património adulterado, destruído, apesar de classificado e "protegido". E nestas coisas do património quem fica a perder somos todos nós, as futuras gerações em especial; enquanto que quem ganha é sempre só um: a especulação imobiliária.
Renovando os nossos agradecimentos, subscrevemo-nos com os nossos melhores cumprimentos".
Paulo Ferrero
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