26/05/2006

Pal.Ribeiro da Cunha: algumas achegas ao artigo do Público de hoje...

Pelo prisma hoteleiro:

1. Não somos contra a transformação do Palacete Ribeiro da Cunha em hotel. Mas achamos ser um atentado ao património de Lisboa arrasar-se com a totalidade do logradouro do palacete, composto por magníficas árvores, bem como das antigas cavalariças e do pombal, e de alguns outros elementos estruturais do parque, para ali se construirem blocos de quartos, em forma de caixotes sobrepostos, encosta abaixo, mais passadiço de vidro, etc. A originalidade portuguesa não tem limites?

2. Sobre a eventual inexequibilidade de um projecto de hotel somente no edifício principal, lembramos duas coisas:

a) Na Europa civilizada não é vergonha nenhuma, nem investimento suicidário, abrir-se um pequeno hotel de categoria superior (de charme, confort, relais, seja o que for) em pequenos palacetes, casas de tradição, etc., nas cidades ou no campo, sem se beliscar um mm2 que seja dos seus parques, jardins ou terreiros. Basta ir à Alemanha, Áustria, França, Itália ou ... aos países de Leste, para se constatar isso. Infelizmente, em Lisboa ainda não se pensa assim, o que é pena.

b) Mas no caso das visões curtas prevalecerem entre nós, então porque não negoceia a CML com o Estado a cedência de 2 outros palacetes no Príncipe Real, palacetes de que o Estado é dono (nº 19/ME e o nº20- 22/Banco de Portugal), que estão devolutos há vários anos e irão ser certamente postos à venda; encontrando-se uma alternativa para que o promotor possa avançar com um projecto de hotel em regime de antenas/extensões (ver nossa sugestão em aqui), à semelhança do que também se faz lá fora.

Pelo prisma processual:

1. É caricato que se refira como "plano de pormenor" algo que é apenas um projecto de alterações e construção nova, procurando-se com isso, ao que parece, contornar o PDM vigente.

2. É incompreensível a prática, aparentemente legal e "normal", de arquitectos da CML co-apresentarem à CML o projecto, suportando o atelier de arquitectura contratado pelo promotor.

PF

3 comentários:

  1. Acabei de chegar e desconheço o projecto de que fala (será uma questão de horas). No entanto parece-me perceber claramente que afirma haver co-autoria de arquitectos funcionários da CML na elaboração do referido projecto. Imagino que saiba que tal acto é ilegal e deverá ser participado às autoridades, sob pena de se constituir cúmplice de facto e não apenas moralmente. Se necessitar de apoio poderá recorrer à Ordem dos Arquitectos e ao seu serviço de apoio jurídico (Com os devidos cuidados. Permita-me que refira uma história do tempo em que ainda não tinha desistido de ser arquitecto. Procurei os serviços do jurista que à data prestava apoio na ordem para que me aconselhasse em relação a uma contenda com a CML. Ao fim de algum tempo de conversa estranhei algumas das suas posições e pedi-lhe que explicitasse honestamente os princípios que as regulavam, referindo nesse momento uma pessoa que estabelecia um elo familiar como medida adicional para solicitar a verdade. Fiquei a saber que a sua fonte de rendimento principal era uma função idêntica na CML (tudo legal, não é isso que está em causa). Recorde-se também que no momento em que a ordem, em lugar de andar a fazer números de circo sobre o 73/73, deveria encontrar-se a promover uma acção judicial contra o Estado português por não ter transposto a directiva comunitária que regula a actividade dos arquitectos. Mas a Senhora Presidente da Ordem acumulava o cargo com o de deputada do partido do governo, ou seja, teria de estar em ambos os lados da barricada).
    Mas chega de conversa, vou procurar o projecto porque fiquei curioso, sabe-se lá se não andará alguém a tentar refazer cidade em Lisboa e nós aqui a perder tempo com discursos suburbanos.

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  2. deixem lá a malta viabilizar os edifícios antigos !!!!!!!

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  3. "É incompreensível a prática, aparentemente legal e "normal", de arquitectos da CML co-apresentarem à CML o projecto, suportando o atelier de arquitectura contratado pelo promotor".

    É incompreensível, e inaceitável. Num país como a Suécia, seriam postos na rua, na hora.

    JA

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