In Público (21/6/2006)
Diana Ralha
"APL vai triplicar capacidade portuária actual. Carmona Rodrigues "muito preocupado" e "frontalmente contra"
A Administração do Porto de Lisboa (APL) quer triplicar o número de contentores de carga alojados na frente ribeirinha da capital, passando dos actuais 350 mil para um milhão, o que deverá implicar o prolongamento do terminal existente em Alcântara até à zona de Santos.
A decisão foi anunciada ontem à Assembleia Municipal de Lisboa pelo presidente da câmara, Carmona Rodrigues, e será hoje formalmente apresentada pelo Governo às autarquias abrangidas pela área de jurisdição da APL, que engloba o estuário do Tejo e a zona terrestre adjacente (nas duas margens do rio) numa faixa de território que se estende de São Julião da Barra, em Oeiras, à ponte de Vila Franca de Xira.
Carmona Rodrigues manifestou-se ontem "muito preocupado" e "frontalmente contra" aquela que será uma das principais linhas de força do Plano Estratégico da APL, que também deverá contemplar algumas decisões relativas à área da antiga Docapesca, em Pedrouços, alvo de um processo de reconversão urbanística. Embora admita que não conhece o plano em detalhe, o autarca alega que a triplicação da actividade portuária na capital vai alterar substancialmente toda a zona ribeirinha da cidade e criar problemas de acessibilidades e impactos ambientais e rodoviários de difícil solução.
A APL sustenta a triplicação da área portuária dedicada aos contentores de carga com base em estimativas segundo as quais o tráfego de contentores em Lisboa irá atingir o volume de um milhão entre 2015 e 2020. Actualmente, na zona de Alcântara, existe capacidade para 350 mil contentores. O Porto de Lisboa pretende criar aí uma infra-estrutura optimizada que duplicará para 700 mil contentores a capacidade do actual terminal. Numa fase posterior, a administração portuária deverá proceder ao prolongamento do cais até Santos, por via de uma operação de terraplenagem desde a Doca do Espanhol até à zona dos estaleiros navais, para assim atingir capacidade logística para um milhão de contentores."
Está CR contra e está qualquer pessoa de bom senso, uma vez que os planos megalómanos e terceiros mundistas que a APL apresenta, significam um retrocesso significativo no processo de aproximação da cidade ao rio, que tinha vindo a ser feito gradualmente ao longo da última década e meia, e que já dera mostras de começar a retroceder.
A APL continua, tal como o Metro, incompreensível e completamente livre de dar satisfações aos lisboetas, navegando a seu bel-prazer, como se fosse, e NÃO É, dona da frente ribeirinha. Que o Governo diga "nim" sobre as intenções da APL e desvalorize a importância da libertação da frente ribeirinha para uma cidade como Lisboa, é algo de muito grave.
Os contentores podem perfeitamante ser deslocados para norte. Não está certo que em Lisboa, em pleno séc.XXI, quando Londres, Boston ou São Francisco há anos que desanuviaram o acesso das populações às margens do rio e costeiras; aqui se permita fazer isto. É UMA VERGONHA!
PF
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