In Diário de Notícias
"Requalificar jardins e canteiros, restaurar fontes e lagos, substituir o mobiliário urbano, eliminar o estacionamento à superfície, impedir o trânsito nas faixas laterais ou alargar os passeios pedonais são algumas mudanças que poderão acontecer na Avenida da Liberdade, a partir do final do próximo ano. O projecto para recuperar esta artéria levou 16 anos a ser elaborado, mas poderá finalmente sair do papel em 2007.
O Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente (PUALZE) está em avaliação na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e, se tudo correr de acordo com o calendário da câmara, entrará em vigor no último trimestre do próximo ano. O projecto prevê alargar os passeios da avenida até 7,5 metros, suprimir o trânsito nas faixas laterais e construir um espaço para cargas e descargas em cada quarteirão da avenida.
Acabar com o estacionamento nas vias laterais da avenida implica retirar cerca de 660 lugares. Como alternativa serão construídos três parques subterrâneos com 220 e 260 lugares cada. Segundo a autarquia, os três equipamentos serão suportados pelos promotores do Campo Pequeno no âmbito de um acordo estabelecido para reabilitar a praça de touros.
A área de intervenção do PUALZE não se esgota na Avenida da Liberdade: estende-se para as Portas de Santo Antão, Bairro São José, Restauradores, Rua da Glória ou do Salitre. Para estas zonas estão igualmente previstos três parques subterrâneos para os residentes: na Travessa de Santa Marta, na Rua do Passadiço e no Largo da Oliveirinha. Junto ao Mercado do Rato e na Rua do Salitre irão também ser construídos dois parques destinados ao estacionamento público.
A Rua Rosa Araújo será parcialmente destinada ao uso de peões: os passeios serão alargados, mas o troço final permanecerá aberto ao tráfego. O mesmo acontecerá no Largo da Anunciada, embora se admita a circulação do trânsito entre a Rua São José e a Avenida da Liberdade. Por outro lado, a zona pedonal da Rua Portas de Santo Antão vai estender-se até ao Pátio do Tronco, que terá pavimento novo e fachadas de edifícios recuperadas. A maioria dos rés-do-chão dos prédios neste largo será destinada ao comércio e à restauração.
O Jardim do Torel será ampliado e ficará ligado por um caminho pedonal que vai unir a Rua do Telhal e a Calçada da Lavra. Criar uma área verde com vista panorâmica nos terrenos do Ateneu Comercial - entre a Rua de Santo Antão, Calçada da Lavra e Beco de São Luís da Pena - é outro objectivo do PUALZE, que pretende incluir dentro deste conjunto o Palácio de Rio Maior."
Isto é tudo muito bonito, mas o pior é o resto:
1. A CML desinveste completamente na vertente habitação, com o argumento capcioso: "os índices de poluição não permitem". Portanto, cada vez mais serviços.
2. A CML prepara-se para esventrar a Avenida em vários pontos, com vista aos malfadados parques de estacionamento subterrâneo, cada qual com um mínimo de 200 lugares.
3. A CML prepara-se para, sob o manto da "requalificação", autorizar o esventramento de vários logradouros ao longo da Rua do Salitre, designadamente os virados para o Jardim Botânico e Parque Mayer; logradouros que são autênticos oásis, na selva de betão em que se transformou toda aquela zona.
4. A CML tem que estar atenta e não permitir o esventramento dos jardins do Palácio da Anunciada (Rio Maior), que tem pendente, como se sabe, um projecto de hotel de charme (mais um).
5. A CML tem que estar atenta e não permitir qualquer alteração para pior da colina verde do Atheneu, que tem pendente, como se sabe, um projecto megalómano para as instalações do próprio clube, colina incluída.
PF
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