14/09/2006

O silêncio de Carmona Rodrigues

In Público (14/9/2006)


"Acontecimentos muito estranhos vão-se sucedendo na Câmara Municipal de Lisboa (CML). Desta vez (na semana que passou), ficámos a saber que o Departamento Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económico-Financeira, da Polícia Judiciária, desencadeou uma operação de investigação na EPUL (empresa municipal) e em empresas suas participadas. Ao que se sabe, estarão em causa verbas indevidamente pagas a administradores destas empresas e que agora terão sido "preventivamente" devolvidas - contemplará o Código Penal o acto de "devolução preventiva" como factor de remissão de pena? O que terá acontecido ao suspenso quadro da EPUL cuja denúncia estará, aparentemente, na origem desta investigação?

Entretanto, apesar dos sucessivos e noticiados indícios da prática de ilegalidades, bem como de contínuas intervenções da Polícia Judiciária junto da CML, Carmona Rodrigues permanece eclipsado no silêncio e na presença, omisso em declarações ou, eventualmente, escondido por uma matilha de gorilas no seu gabinete - por que será que o homem tem tanto medo (ou será mesmo "pavor") dos jornalistas? Salvo melhor opinião, a ideia que cada vez mais transparece é a de que Carmona Rodrigues gosta de trabalhar na "penumbra", liberto de explicações e justificações públicas... O que terá Carmona a esconder?

Aos munícipes e à generalidade dos portugueses cabe o ingrato exercício de tentarem adivinhar o que se passará nas mais altas instâncias dos Paços do Concelho... Embora o prognóstico se constitua muito reservado, aguarda-se e deseja-se que tudo isto não acabe em tragédia para a cidade e para o país.

Alfredo Guilherme Pereira
Lisboa
"

PF

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