In Diário de Notícias (29/11/2006)
"O movimento cívico Fórum Cidadania Lisboa apelou ontem ao Presidente da República (PR) e ao presidente da Comissão Europeia no sentido de intervirem no dossier Museu de Arte Popular (MAP), cujo encerramento definitivo foi recentemente anunciado pela ministra da Cultura, para dar lugar ao Museu do Mar da Língua Portuguesa, um museu de conteúdos virtuais. De acordo com o projecto do Governo, recorde-se, o acervo do MAP será integralmente transferido para o Museu Nacional de Etnologia, assim desaparecendo, com o desmantelamento do museu, o derradeiro testemunho intacto da Exposição do Mundo Português, realizada em 1940.
"Vimos por este meio dar largas junto de Vossas Excelências à nossa profunda tristeza pelo facto de estarmos a assistir a um processo nunca visto em Portugal: um ministro do Governo da Nação estar empenhado em demolir um museu", refere o movimento no apelo enviado a Cavaco Silva e a Durão Barroso e endereçado também aos presidentes da Assembleia da República, Jaime Gama, e do Parlamento Europeu, Josep Borrell Fontelles, e ao comissário europeu da Cultura e Educação, Ján Figel.
O movimento afirma na missiva "não entender" como se pretende "destruir um equipamento cultural raríssimo, substituindo-o por um novo que albergue um Museu do Mar da Língua Portuguesa". Neste quadro, refere, "temos a certeza de que partilharão das nossas preocupações e que tudo farão para garantir que as gerações futuras vão continuar a poder contar com o Museu de Arte Popular, de preferência reabilitado e acarinhado".
Desconhecendo-se a "definição, objectivo e exequibilidade" do novo projecto, o movimento salienta ainda parecer-lhe "mais apropriado a um espaço como o Pavilhão de Portugal", no Parque das Nações, equipamento hoje ao "abandono" e cujo destino é "incerto". Museu com 60 anos, o MAP "é de todos os portugueses", recorda o movimento, "não depende[ndo] deste ou daquele tempo, desta ou daquela maioria".
No seu apelo, o Fórum Cidadania Lisboa recorda ainda que o edifício do MAP, projectado pelo arquitecto Reis Camelo, "está protegido pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar) desde 1991", tendo nele sido investidos "mais de 4,1 milhões de euros" em obras realizadas nos últimos anos, "sinal de que este edifício tem valor, para além da colecção que alberga".
O movimento recorda ainda ter sido posta a circular, também por cidadãos, uma petição na Internet (alojada em www. petitiononline.com/MAP2006/ petition.html) em defesa do Museu de Arte Popular. Petição que, dada já a conhecer à ministra Isabel Pires de Lima, contava ontem com mais de 1150 assinaturas."
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