In Correio da Manhã (12/12/2006)
"O café-restaurante Galeto recebeu ontem ordem de fecho à sua cozinha, por falta de condições higio-sanitárias, segundo apurou o CM.
Na origem da inspecção, conduzida pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), estiveram “queixas e denúncias”, cuja origem a fonte do CM recusou precisar. Na sequência da inspecção foi determinado “o fecho da cozinha” pela já referida falta de condições de higiene e salubridade.
Depois dos sucessivos encerramentos do Monte Carlo, da Roma e da vizinha Colombo (estes dois últimos transformados em McDonald’s), o Galeto é um dos poucos sobreviventes (junto com a Versalhes, no lado oposto da Avenida da República) de um certo tipo de estabelecimentos que marcaram uma época em Lisboa.
FORA DE HORAS
A par com a história e valor simbólico, o Galeto era, e é, um dos poucos restaurantes do centro da cidade onde são servidas refeições para lá da meia-noite, até, pelo menos, às 02h00.
O ‘Bife à Galeto’ serviu ao cirurgião e notório sportinguista Eduardo Barroso para ilustrar uma das crónicas do seu livro ‘Prazeres’.
O restaurante só encerrava uma vez por ano, a 1 de Maio, e antecipava o fecho a 24 de Dezembro, na Consoada, véspera de Natal.
Foi por isso com estranheza que os funcionários do turno da noite deram ontem de caras com os taipais corridos, conforme testemunhou o CM, sem que soubessem ou quisessem, explicar os motivos do fecho.
Ninguém quis prestar declarações ao CM"
Vamos por coisas:
1. Há uma lista infindável de candidatos ao fecho; basta frequentar os cafés e restaurantes ao pé de casa, estar atento e pouco mais, para se perceber a inevitabilidade da coisa, se houvesse uma vigilância mais apertada, sem recurso a denúncia.
2. O Galeto "morreu" há muito tempo, desde a altura em que a sua frequência, sobretudo noctívaga, mudou radicalmente.
3. O "bife à Galeto" é uma pura invenção. Nunca prestou para nada, ao contrário do bife "à café", da "Colombo", ao do "Império" e ao do "Marrare". Apenas os seus gelados de taça, com sombrinha e molho de framboesa e os hamburgueres no pão tiveram a sua fama, sobretudo naqueles tempos em que os verdadeiros gelados e os verdadeiros hamburgueres faziam parte do imaginário cinematográfico.
4. O Galeto não é comparável nem com a Colombo, nem com o Monte-Carlo, nem com o Monumental, nem com a Roma.
5. Previsivelmente, o Galeto irá reabrir, mais tarde ou mais cedo, com, como diria Vinicius, "certificado do Céu, assinado por Deus, e com firma reconhecida".
PF
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