09/01/2007

Novo monumento ao calceteiro na Baixa não durou nem um mês

In Público (9/1/2007)

"Eles não beijam o chão que pisamos, mas amam-no como ninguém. São eles que, no anonimato, nos fazem os "tapetes" da cidade, de joelhos pousados no chão, pedra a pedra, pacientemente, como se estivessem a fazer um gigantesco puzzle de vidraço calcário. Quem pisa a calçada de Lisboa facilmente pragueja por causa dos pés torcidos pelas pedras soltas, mas raramente se lembra do preço alto que paga o calceteiro: as dores nas costas, os joelhos e as mãos esfolados, calejados e cansados. Muito menos respeito têm os condutores da capital que aproveitam para estacionar duas ou quatro rodas por cima dos cubos de vidraço - cenário vergonhoso é o que acontece despudoradamente numa das mais bonitas calçadas da cidade, a da Avenida da Liberdade, que fica tapada pelas rodas dos carros em dias de concertos e espectáculos no Tivoli e no Coliseu. Há pouco mais de três semanas, a Câmara de Lisboa finalmente homenageou os seus calceteiros, com um monumento em bronze e em tamanho real, que colocou na Baixa, na Rua da Vitória, frente à Igreja de S. Nicolau. O monumento, da autoria de Sérgio Stichini, era, até este fim-de-semana, composto por duas figuras - o calceteiro e o ajudante -, enquadradas por um quadro de calçada à portuguesa com a barca de São Vicente com os corvos padroeiros da cidade, que foi executado por 20 artífices da câmara. Este fim-de-semana, num acto de vandalismo atroz, uma das estátuas foi partida e largada no chão por alguém que não a conseguiu levar consigo. Recolhida pelos serviços LX Alerta da câmara, a estátua está a ser recuperada e regressará o mais brevemente possível ao espaço público. Diana Ralha"

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PF

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