Câmara de Lisboa, Parque Mayer e Feira Popular
Este caso e as suas envolventes estarão sob investigação. E falta conhecer tanto! De ontem para hoje, por exemplo, detectei mais uma série de peripécias que aqui partilho. Trata-se do relato, em documentos oficiais, de uma manhã de decisões numa Comissão nomeada por Helena Lopes da Costa.
Estamos em Julho de há dois anos. Foram abertas as propostas de verbas para licitar o terreno da Feira Popular, parte II, digamos assim: a Bragaparques já permutara a parte I... O que vai acontecer a partir daí é surreal.
É o caso das desistências sucessivas verificadas naquela manhã de Julho de 2005 durante a reunião da Comissão da Hasta Pública de terrenos da Feira Popular propriedade da Câmara de Lisboa. Aí, sem dúvida para mim, houve muitos indícios de uma coisa a que o povo costuma chamar «cambão»: pessoas que se acertam para enrolar o Estado.
Os advogados dizem-me que é burla (e até qualificada) e até me dizem qual é o quadro penal, a moldura, o articulado etc..
Talvez seja.
Vou preferir o termo popular: «cambão», «estavam todos feitos», coisas assim.
E mais: o próprio facto de a empresa vir agora a terreiro, através dos seus advogados, defender coisas que ninguém atacou (como o «direito de desistir» que tinham as duas empresas que desistiram; o direito de se calar» que tinha a empresa que foi ultrapassada por um repentino «direito de preferência» que nunca ninguém aprovou e que contraria o próprio Regulamento do Património da CML...) – tudo me levar a pensar cá com os meus botões que «pela boca morre o peixe»...
Vamos aos pormenores, que vale a pena conhecer, dadas as verbas envolvidas
Números redondos: um lote de terrenos na Feira Popular que vai a hasta pública recebe, entre outras, propostas bem altas, no valor de 69 milhões de euros (era esta a licitação quase igual, uma com mais cem euros do que a outra, vinda de duas empresas estranhamente chamadas «Barcelos e...», que a Bragaparques vem agora dizer repetidamente – sem ninguém antes o ter posto em causa, o que também é estranho – que são mesmo duas empresas e não uma só – as coisas que a Bragaparques vem dizer de repente!). Mas recebe também uma licitação de 61 milhões (da SC João Bernardino Gomes) e a quarta em valor, esse, sim, vinda da Bragaparques (57 milhões e poucos euros), havendo ainda pelo menos mais uma que é de registar: a da Alves Ribeiro, esta no valor de 57 milhões exactos.
Portanto, a proposta em carta fechada da Bragaparques era, à partida, a quarta em valor. Mas passou logo a segunda depois da desistência das duas «Barcelos e...».
E passa a primeira com a ilegal preferência que lhe é «dada» (é o termo: oferecida).
Uma manhã em cheio para a Bragaparques, essa do dia 15 de Julho de 2005, a partir das dez da manhã, na Sala de Concursos do Edifício Central do Campo Grande, 25.
Espero que continue com as suas "Sherlockadas", esses "pequeninos" pormenores, como este, que já me salvou o dia;
ResponderEliminar"69 Milhões de euros (era esta a licitação quase igual, uma com mais cem euros do que a outra,..."
esta é demais...ou percebi mal?
chegar a contas de 69 milhões, para depois lhe acrescentar 100 euros....sorry, mas o "surreal" aqui já não chega.
JA