In MMC/Bloco de Notas (19/2/2007)
«Neste Carnaval, que infelizmente se adequa demasiadamente bem à situação em que vive a Câmara Municipal de Lisboa, podem extrair-se alguns ensinamentos úteis para o futuro. Destaco três:
1) - é hoje fácil «mascarar» como credíveis, para liderar a capital do país, figurantes que só com muito esforço conseguiriam dirigir uma pequena freguesia rural. Como diz o ditado, “you may lead a horse to water, but you cannot make him drink”;
2) - é igualmente fácil, hoje, inventar “presidentes”, sobretudo quando eles dão garantias de servir como lapas o polvo dos poderes e dos interesses que escapam ao conhecimento, e ao controlo, dos cidadãos;
3) - a “independência” pode estar a tornar-se em Portugal - como estes casos de Lisboa evidenciam - num gravíssimo embuste usado para, a pretexto da propalada crise da política, vender mais facilmente marionetas dóceis para todo o serviço - e, assim, dificultar ainda mais a imperiosa qualificação da nossa democracia.
É urgente compreender que a independência não está – como se vê em todas as boas tradições democráticas da Europa – em se estar dentro ou fora dos partidos. Não, ela está nos riscos que se assumem com frontalidade, e na clareza, na autonomia e na coragem das posições políticas que se toma.
Aprender isto, com a actual agonia de Lisboa, já será qualquer coisa. Sobretudo quando a cidade parece sem saída, e tudo se arrasta num caos que se oferece aos lisboetas como um autêntico filme de terror…em câmara lenta!...
Mas o que seria mesmo bom, era que finalmente se acabasse com o calão político e com o calculismo partidário dos últimos tempos - que descredibilizam todos os envolvidos, tanto o poder como as oposições - e que, com coragem, se falasse verdade à cidade: quem o fizer ganhará (o reconhecimento de) Lisboa.»
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