23/02/2007

Derrocada em prédio devoluto do Bairro Alto

In Público (23/2/2007)
Diana Ralha

«A manhã do dia de ontem poderia ter começado em tragédia à entrada do popular e muito frequentado Bairro Alto, na Rua de São Pedro de Alcântara, em Lisboa. Uma pedra ornamental de cantaria que emoldurava a porta de entrada de um dos mais imponentes prédios devolutos daquele bairro histórico de Lisboa – o número 33 – caiu em cima do estreito passeio pedonal, por volta das 8h, e só por sorte não provocou danos físicos nos transeuntes e prejuízos materiais. O prédio em questão ocupa todo o quarteirão da Rua de São Pedro de Alcântara com as travessas da Boa-Hora e da Água-de-fl or. De acordo com os bombeiros que acorreram ao local, foram retiradas ainda outras duas pedras ornamentais de cantaria que estavam igualmente em perigo de derrocada por cima da mesma porta do n.º 33 da Rua de São Pedro de Alcântara. (...) Os automóveis, à falta de estacionamento — um mal crónico no Bairro Alto —, ignoravam, ontem à tarde, as fitas de protecção colocadas em torno do edifício e encostavam os veículos à fachada do prédio, nas travessas da Boa Hora e da Água-de-flor. (...) O facto é que oimóvel em questão tem já há alguns anos vigas de sustentação da fachada virada para a Travessa da Boa Hora (vigas essas que tapam as janelas dos prédios vizinhos). O referido imóvel é supostamente propriedade da sociedade João Bernardino Gomes. O grupo Hotéis Real, que pertence a Bernardino Gomes, pretende, há já alguns anos, transformar aquele enorme quarteirão do Bairro Alto, de traça pombalina, num hotel de charme com capacidade para 65 quartos. O curioso é que, até à aprovação camarária, alguém colou um cartaz na porta, que diz, em jeito de protesto: “Tanta casa sem gente.”»

Bernardino Gomes?

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