30/03/2007

Construção em Altura

A fúria dinamizadora da Câmara Municipal de Lisboa está repleta de ambiguidades e contradições que, salvo melhor opinião, não servem os interesses da cidade de Lisboa, pois se por um lado, mostra dinâmica, criatividade e segue uma filosofia que tem tudo para vencer, ou seja, assenta no apoio a grandes projectos e confia nos seus efeitos centrífugos benéficos nas zonas envolventes, como a Expo 98, por outro perde a noção do que é Lisboa e a sua noção de escala, negligenciando quem nela habita.

A capital tem especificidades e características muito próprias, que a distinguem e a valorizam perante outros olhares e que constituem o seu valor acrescentado.

Em teoria, não existe nada específico contra os projectos das Torres de Alcântara, de Santos ou do Parque Mayer, a não ser que não deviam ser construídos nos sítios onde são projectados, nas escalas que foram apresentadas, mas sim redimensionadas.

Todas as cidades europeias, as mais humanizadas a nível mundial, conservam, reabilitam e promovem as zonas centrais, antigas e sensíveis das urbes segundo as suas características pré existentes, aprovando projectos que inovem, mas se enquadrem, não que obriguem a envolvência a habituar-se a eles mesmo. Mesmo em países mais pequenos que Portugal, as construções novas são para as zonas novas, de grandes avenidas, planeadas, onde uma construção moderna se enquadra com outras ou valoriza bairros modernos sem qualidade.

É uma insensatez aprovar , por exemplo, torres para Alcântara, mesmo que sejam peças belíssimas assinadas por Siza Vieira, que poderiam sim, transformar, reabilitar ou consolidar Benfica, Chelas, Alta de Lisboa, Parque das Nações, Olivais ou mesmo os cada vez maiores súburbios da cidade, preservando e protegendo a história.

Porque não vender a Lisboa que mantém a sua alma de cidade milenar, preservando a sua zona antiga e a cidade do Século XXI, com bairros modernos, planeados e arquitectónicamente valiosos que respeitam o pré-existente?

Mais insensato será referendar uma violação ao Plano Director Municipal no que tange às construções em altura. É óbvio que uma cidade não pode crescer com limitações a construções de oito pisos, se essas limitações se aplicarem às zonas novas, como será óbvio que terão de existir limites à construção em altura e a novas construções nas zonas antigas, estas sim, verdadeiramente necessitando de rejuvenescimento e não apodrecimento.

Não se pode colocar o pendor da questão na “legitimação democrática” destas decisões através de um referendo, pois o actual executivo já foi legitimado para tomar decisões, não se podendo permitir que coloque à escolha.

Mais uns anos e Lisboa será igual a tantas outras cidades...Não da Europa, mas de outro sítio qualquer.

2 comentários:

  1. Plenamente de acordo, ou seja, coisa certa no sítio certo. Torres para as zonas históricas de Lisboa, seja qual seja o "autor".....NÃO!


    JA

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  2. !!!MAIS BLOG!!!
    El Carmonga está de volta! Saiba porque é que Cunhal perdeu na RTP! O que vai fazer Feist com os motoristas excedentários! Quanto tempo vai ZCMendes demorar a apagar este comentário!
    Tudo isto e mais, sempre muito muito mais, em http://ohcarmonga.blogspot.com
    Viiiiiiiiiiiiiva Carmonga!

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