10/03/2007

Lisboa, «Arco do Triunfo»



Fotos: 1867 (Arquivo Municipal), PBase e Olhares - clique sobre elas duas vezes para ampliar

«Praça do Comércio»

Lisboa está calma. A calma que às vezes antecede as grandes tempestades. É altura para as boas investigações e reflexões. E até para observar: ver com olhos de ver.
A Praça do Comércio.
De local de grande comércio desde sempre a Terreiro do Paço com D. Manuel e, depois, a Praça do Comércio com D. José I a instalar-se na Ajuda depois do Terramoto.
Há uma dimensão de marketing na Praça do Comércio nascida após a tragédia. O terramoto foi o drama. Marcou Lisboa e o País. A reconstrução foi o novo horizonte que marcou a viragem da Baixa lisboeta. O poder político da época quis fazer do Terreiro do Paço um símbolo de confiança em novos tempos e nova esperança para o País.
Eis alguns dados recolhidos no site Nonio.
Simbolizando poder e glória, ao centro da praça, com 14 metros de altura, é colocada a estátua equestre de D. José I, o rei da época da reconstrução idealizada por Eugénio Santos com todo o aval político do Marquês de Pombal.
Ali já se fizera mito comércio ao longo dos tempos. Como agora o Paço real foi para a Ajuda, o Terreiro do Paço retoma a designação popular agora oficializada: Praça do Comércio.

De acordo com a Wikipedia, aqui e aqui, os edifícios circundantes (hoje pintados com o rosa republicano) foram sempre uma sede de poder. O arco ali existente agora, Arco do Triunfo, porta para a Baixa pela Rua Augusta, foi projectado logo após o terramoto, tal como o resto da Praça, pelo arquitecto Veríssimo José da Costa. Mas só foi construído entre 1862 e 1873.
«Na parte superior do arco podemos ver esculturas esculpidas por Calmels, enquanto num plano inferior podemos ver esculturas esculpidas por Vitor Bastos. As esculturas de Calmels representam a Glória, coroando o Génio e o Valor. As esculturas de Vitor Bastos representam Nuno Álvares Pereira, Viriato, Vasco da Gama e o Marquês de Pombal».
«Virtutibus Maiorum»
O site Epigrafia garante a tradução da intrigante inscrição existente ao alto do Arco. Leio: «No cimo do arco, pode ler-se, em latim “Virtvtibvs Maiorvm Vt Sit Omnibvs Docvmento”, que se traduz por “Às Virtudes dos Maiores, Para Ensinamento de Todos”». E, no final da inscrição, três letrinhas apenas: PPD. Significarão, aqui, de acordo com esta interpretação, «Pecunia Publica Dedicat»: «(Construído) com o Dinheiro do Povo, Dedica»… Suponho que seria uma fórmula antiga, quiçá romana de referir a força do poder do Estado - muito ao gosto de um absolutista como o Marquês (desde que o poder absoluto fosse controlado por ele).
Volto atrás para completar uma nota. A descrição da parte superior do Arco feita neste site agrada-me: «Aí foram colocadas várias estátuas: no cimo, a Glória coroa o Génio e o Valor. Sobre os pilares, figuras importantes da História de Portugal: Viriato, chefe dos Lusitanos; Nuno Álvares, herói da independência; Vasco da Gama, o primeiro capitão que chegou à Índia por mar e o Marquês de Pombal que reconstruiu Lisboa. Existem ainda duas estátuas que representam o Rio Tejo e o Rio Douro».

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