Passo centenas de vezes por ano pela Almirante de Reis. Acompanho a saga de um grupo de sem abrigo que se alojou há mais de 1 ano no vão de uma porta do grande bloco abandonado que ocupa quase todo o quarteirão da Portugália.
Primeiro apropriaram-se do vão da porta, ali dormindo e fazendo as suas necessidades. Dizem-me até que por vezes copulando. Depois a CML (no tempo em que existia) limpou o local. Mas eles voltaram há longos meses (quando a CML já tinha desaparecido – só resta o presidente) e ocuparam também o passeio. Uma dúzia de cobertores, um cheiro pestilento e marcas de profunda sujidade demarcam o seu espaço privativo.
Nas últimas semanas, autorizados pela inacção municipal, cozinham num fogareiro ao ar livre, deixando a parede com marcas de fumo e empestando a zona. Alcoolizados, por vezes implicam com transeuntes. Mais recentemente decoraram o local (o espaço público) a seu modo, completando o simulacro de casa ou da percepção que possuem do que é uma casa. O lixo em redor é imenso e cresce pelo passeio fora.
Resultado: um estendal nojento de porcaria, um cheiro nauseabundo, uma exposição pública da indignidade a que aquelas PESSOAS e a nossa cidade chegaram. A população local, residentes e trabalhadores, passou a usar o passeio do outro lado para transitar.
Despojados de capacidade crítica e de cidadania, não é aos sem abrigo que se deve assacar a culpa, mas sim aos poderes públicos que permitem a estabilização/consolidação destes comportamentos de usurpação do espaço público e de exibição de miséria.
Não se pretende retirá-los da avenida para os pôr na travessa, maquilhando as mazelas. Pretende-se que haja respeito da CML em primeiro lugar por estes cidadãos tão frágeis que necessitam de ser ajudados, e intervenção atempada da acção social municipal em articulação com os serviços públicos de segurança social. E pretende-se que a CML respeite a cidade e os cidadãos que não devem estar sujeitos à imundice do sítio.
Poderá a CML continuar a ignorar?
Nuno Franco
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ResponderEliminarA CML assiste indiferente à progressão do abandono e degradação, que vai subindo a Av. Almirante Reis. Aliás, a decrepitude começou a deixar os bairros mais antigos e tradicionais e começa a aespalhar-se por um dos eixs centrais da cidade...
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