As redes nos andaimes das obras. Aquilo que há uns anos atrás não passava de simples protecção e de segurança para trabalhadores e peões - uma rede amarrada a um andaime, manhosa e esburacada, a tapar uma obra inestética - adquiriu mais tarde o estatuto de tela, um pouco mais cuidada, em alguns casos até de bom gosto. Daí não veio nenhum mal ao mundo, antes pelo contrário, a cidade saiu beneficiada. Assim se mantiveram durante alguns, poucos, anos.
O problema começou quando, subvertendo este espírito, as telas passaram a constituir um negócio, ao adquirirem a categoria de mega-anúncios. Consta que o custo da colocação de um andaime era coberto pelo valor pago pelo anunciante e ainda sobrava dinheiro. E ainda dava um bom lucro para o anunciante e para a empresa fabricante das telas. Ganhavam assim todos. Excepto a cidade que se via receptáculo dessas fortíssimas agressôes visuais.
O problema agravou-se quando as referidas telas começaram a surgir, estrategicamente colocadas em locais bem visíveis,incluindo zonas nobres, como é o caso do Marquês de Pombal. cobrindo suspeitos andaimes em obras paradas ou simplesmente inexistentes. Do negócio passara-se á ilicitude.
Mas o problema adquire uma gravidade excepcional quando é o próprio município a surgir como protagonista dessa perversão. É o caso do telão a três fachadas, Av. Fontes Pereira de Melo, um super-mega-giga cartaz, anunciando um alegado record reabilitador da Câmara. Já algo desbotado e sujo da poluição, como a mensagem que propangandeia e o simbolismo que traz, foi colocado há vários anos num andaime de uma “obra de santa engrácia”, que não só nunca mais começa, como nunca mais é suspensa e muito menos acaba... mas que é encimada por uma bateria de projectores, como se de coisa basto meritória se tratasse.
Deprimente...
Guilherme Alves Coelho
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