30/04/2007

A «Requalificação do espaço público da envolvente do Marquês de Pombal» da CML. Att. Vereador António Prôa

«A intervenção do túnel do Marquês foi uma oportunidade ganha no âmbito da requalificação do espaço público da envolvente do Marquês de Pombal. (...) os arranjos à superfície, que estão em fase de acabamento, vão contribuir para uma maior e melhor apropriação do espaço público pelos lisboetas, nomeadamente, pelo redesenho dos passeios e seu calcetamento, requalificação dos canteiros do Parque Eduardo VII, plantação de arvoredo no Parque Eduardo VII e na Avenida Fontes Pereira de Melo e remodelação dos equipamentos de iluminação pública. (...) As obras de requalificação constituíram um excelente exemplo de respeito pela envolvente e o pré-existente. (...) Exemplo disso foi a intervenção efectuada ao nível da iluminação pública – através da colocação de mais de 70 novos candeeiros, 40 dos quais são novos e os restantes 30 recuperados, num investimento de 105 mil euros –, e calcetamento dos passeios. Na Avenida Fontes Pereira de Melo, a CML recuperou um desenho de calçada registado como patrimonial no livro das Calçadas, existente ao longo de parte do passeio da Av. Fontes Pereira de Melo, na Baixa Pombalina e na Av. Da República. (...) Ao nível do arvoredo, a requalificação da zona envolvente do Marquês de Pombal incluiu a plantação de 250 arbustos e o transplante de 130 árvores (lódãos, palmeiras e plátanos), no âmbito da construção do túnel do Marquês. Estes exemplares estão, actualmente colocados no Parque Eduardo VII, Marvila e Eixo Norte-Sul. A taxa de sucesso destes transplantes foi de mais de 90 por cento. (...) Durante a visita às obras de requalificação da zona, António Prôa, anunciou ainda a instalação de 50 jacarandás na Avenida Fontes Pereira de Melo e no Parque Eduardo VII, doados pela empresa RBensimon, Publicidade e Marketing, ao abrigo da Lei do Mecenato, no valor de 12.500 euros. (...) Em fase de projecto, adiantou António Prôa, no final da visita, está a colocação de peças de arte pública, ao longo da Avenida Joaquim António Augusto de Aguiar, artéria que ficou impossibilitada de ser arborizada devido à construção do túnel do Marquês.», pode ler-se no blogue do Sr.Vereador.

Acontece que,

1. A Av.Joaquim António de Aguiar deixou de ser uma avenida e entrada nobre de Lisboa, para ser mais um bocado de capital entregue à periferia. O «arranjo» à superfície é uma perfeita montra de mau gosto. Vista do Marquês é uma aberração, e vista de norte é um precipício. Não há uma única árvore. As placas centrais estão colocadas aleatoriamente, como se fosse uma gincana, o solo foi betumado e passado a rolo compressor para parecer que ali passou o "pugresso". Vai ter obras de arte? Ora...

2. A Av.António Augusto de Aguiar, outrora uma das avenidas mais selectas e bonitas de Lisboa, tem agora no seu extremo sul uma boca de túnel digna de auto-estrada, com placa gigantesca, a que só faltam luzes fluorescentes (virão ainda?), está sem uma única árvore, enfim, é para ali uma coisa. Compreendo o desinteresse ... já quase ninguém vive ali, e quem ali trabalha chega com os olhos no chão e parte com os olhos no chão.

3. O extremo sul da Avenida Fontes Pereira de Melo parece uma brincadeira com corrimão, aqui, placa ali, semáforo acolá, num emaranhado de metal, sinalética e não sei mais o quê. Ah, já me esquecia dos jacarandás. Sim, uma bela árvore, cujos exemplares mirrados e já tolhidos pelo vento e pela poeira, terão uma copa frondosa possivelmente daqui a 20 anos.

Parabéns pela «requalificação»!

Enquanto isso, na esquina da Av.António de Aguiar com a Fontes Pereira de Melo, jaz um edifício antigo em gaveto, à espera do camartelo e a cidade à espera de mais um pseudo-arranha-céus. Na Joaquim António de Aguiar, do lado esquerdo da subida, ali estão 2-3-4 edifícios de bela traça, à espera da mesma «sorte».

Uma vergonha, esta cidade, tipicamente terceiro-mundista.

2 comentários:

  1. Com o maior respeito por quem vem a Lisboa mas não habita na cidade, julgo que a questão mais pertinente é a prioridade desta obra em relação a outras necessidades dos seus habitantes, que são quem contribui para a Câmara e quem vota para eleger os seus orgãos autárquicos. Com efeito este túnel vem servir essencialmente que entra na cidade ou quem pretende sair dela, ou seja os que não habitam na cidade. Como tal não é uma prioridade dos lisboetas. Quando existem tantos problemas suficientemente conhecidos, a Câmara gasta dinheiro direccionado para quem não é da cidade. Até como estratégia politica não deixa de ser questionável.

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  2. Claro que sim, esse é o cerne do problema: trata-se de um túnel para quem vive fora de Lisboa, que convida a trazer o carro, em vez de dissuadir a isso. Enfim, o mundo virado do avesso.

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