In DN 12-05-2007
"Um dos quarteirões "mais crentes" de Lisboa situa-se no bairro de Alvalade. Isto a avaliar pela quantidade de casas de culto que ali coexistem. Umas mais discretas que outras, aos domingos a fé move milhares de pessoas das mais diversas religiões e isso nota-se nas ruas que, ao longo da manhã, ficam entupidas de carros "obrigados" a estacionar em segunda fila e em cima dos passeios.
São sete as religiões que "disputam" a adesão de fiéis, sejam eles de Alvalade, de outras zonas da capital ou até dos arredores. O DN cruzou-se com crentes que, todos os domingos, se deslocam dos concelhos de Mafra ou de Sintra para ouvir a palavra de Deus no bairro de Alvalade. Dizem que a sua crença começou ali e é ali que a pretendem renovar todas as semanas.
Ao DN, o presidente da Junta de Freguesia de São João de Brito, Joaquim Fernandes Marques, confirma que "a maioria das pessoas que frequentam essas igrejas não são desta freguesia". No entanto, adianta que não é visível qualquer animosidade entre os fiéis. "As nossas actividades são frequentadas por crentes de diversas religiões que se respeitam mutuamente", sublinha o autarca.
Convivência religiosa
A igreja católica São João de Brito, construída em 1955, no Largo Frei Heitor Pinto, continua a ser a mais imponente em termos de edificado e também das mais frequentadas - as cinco eucaristias de domingo chegam a ser assistidas por 2500 católicos, sendo a celebração das 08.00 emitida em directo pela Antena 1.
Na Maná - com sede instalada em Alvalade desde 1989, num salão na Rua João Saraiva com capacidade para duas mil pessoas -, todos os domingos, o apóstolo Jorge Tadeu, fundador da igreja, ensina "o povo a seguir os métodos de Jesus". A mensagem é transmitida aos presentes directamente e aos crentes de todo o mundo através da Maná Satélite. "Estamos na Europa toda, em África e nas Américas", diz ao DN, acrescentando que há reuniões em português e em russo.
No nº 29 da Rua do Centro Cultural, uma artéria abaixo da João Saraiva, "mora" desde 1998 o Centro Cristão Vida Abundante, onde aos domingos se reúnem cerca de 800 pessoas - muitas são crianças ou adolescentes que ali vão "Apanha(r) Deus". Enquanto no 1.º piso decorre a celebração para os adultos que "abraçam" a bíblia, "as crianças vão para outro espaço onde a palavra divina é comunicada de forma mais acessível", diz o pastor Jorge Pinto.
A Rua Acácio de Paiva é a que concentra o maior número de templos de diferentes cultos. Mas as quatro que aqui "moram" são talvez das mais discretas. No n.º 17 é a existência de uma bíblia na vitrina que indica que ali se reúnem os seguidores dos Cultos Evangélicos, cujas celebrações nos dizem serem aos sábados. O 25 B é ocupado pelo Centro de Ajuda Espiritual, cujo lema é: "Páre de sofrer." Apesar de na porta constar a informação "caso deseje ajuda fora do horário estamos disponíveis para atendê-lo a qualquer hora, todos os dias", o pastor mandou dizer que não recebia o DN.
Na Igreja Adventista do Sétimo Dia também não fomos recebidos, mas com uma diferença: não se encontrava ninguém no n.º29. Quanto ao Reino das Testemunhas de Jeová passa despercebido do alto do seu 3.º andar do n.º25 da mesma rua, a Acácio Paiva.
Despercebidos não passam, de forma alguma, as pessoas e os carros que, aos domingos, congestionam este quarteirão do Bairro de Alvalade, dos mais concorridos no que à fé diz respeito na cidade de Lisboa. Uma afluência de pessoas que muito agrada aos comerciantes da zona"
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