IN DN - 19-05-2007 FRANCISCO ALMEIDA LEITE
"Com três letrinhas apenas se escreve PSD. Um partido com um aparelho forte e influente que se divide por letras no concelho de Lisboa, letras que correspondem a bairros ou conjuntos de freguesias. São as secções do partido, que ao contrário do que se passa a nível nacional, onde imperam os "barões", são dirigidas por "chefes" locais, que na sua grande maioria vive da política e à sombra da política.
O mais curioso é que Fernando Negrão, o candidato do PSD às eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa, já prometeu acabar com "uma prática de excesso de assessores do presidente da CML e dos vereadores". Segundo Negrão, "o excessivo recurso a assessores contribui para desresponsabilizar e desmotivar os funcionários municipais". E acarreta "um acréscimo de despesas e dinheiros públicos que não é aceitável, nomeadamente em tempo de dificuldades financeiras". O candidato laranja disse mesmo que irá promover "uma redução drástica do número de assessores". Carmona Rodrigues, que se terá afastado, para já, da corrida à CML, mostrou-se também contra os "assessorismos".
A verdade é que a prática tem sido outra. Os tais "chefes" são quase todos assessores da CML ou funcionários de empresas municipais, ou então chegam a vereadores. Este dois últimos casos encaixam em Sérgio Lipari Pinto, presidente da secção A, que agrupa Benfica e São Domingos de Benfica. Funcionário da Gebalis, da qual foi director-geral, este licenciado em Direito é um homem que passou por Macau nos anos da administração portuguesa.
Lipari apoia neste momento a líder da distrital do PSD/Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, depois de ter estado com Helena Lopes da Costa e António Preto. Um trabalhador incansável, que conhece Benfica como as palmas das suas mãos, Lipari chegou a vereador com Carmona e Gabriela Seara, mas tomou o partido de Marques Mendes na queda da CML.
Na secção B manda António Prôa, morador desde pequeno no bairro de Alvalade, que não concluiu o curso de Engenharia no Técnico, mas está desde a década de 90 na vida autárquica de Lisboa. Foi deputado municipal, vereador mais que uma vez e até a sua mulher era assessora no gabinete de Fontão de Carvalho, requisitada à CMVM. O próprio Prôa foi várias vezes assessor, do ministro Pedro Lynce à ministra Maria Graça Carvalho, as duas vezes no Governo de Durão Barroso.
Luís Newton Parreira, um jovem de vinte e tal anos, dirige a secção D, dos bairros da Lapa ou de S. Sebastião da Pedreira. A secção é histórica, por lá passou Sá Carneiro e é lá que está filiado Cavaco Silva. Newton não acabou ainda o curso de Engenharia Naval, o que não o impediu de ser até há pouco tempo adjunto do vereador Paulo Moreira e durante dois anos assessor da vereadora Gabriela Seara.
Rodrigo Neiva Lopes lidera a pequena secção E, onde a escassez de militantes contrasta com a sua influência. Com apenas 26 anos e licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais na Lusíada, Neiva Lopes estava colocado como assessor de Marina Ferreira, a última vice- -presidente da câmara. Antes disso, mais jovem ainda, esteve a assessorar Valadares Tavares no Instituto Nacional da Administração. O jovem e ambicioso Rodrigo, talvez o mais político das secções de Lisboa, é também deputado municipal e lidera uma espécie de "Chechénia" no PSD.
Rodrigo Saraiva, de 31 anos, está à frente da secção F - onde estão inscritos Manuela Ferreira Leite, Pedro Santana Lopes ou Álvaro Barreto - desde o dia 25 de Janeiro deste ano. Curiosamente o mesmo dia em que chegou a vereador da Juventude na CML, em substituição de Gabriela Seara, que suspendeu o mandato na sequência do caso Bragaparques. Saraiva já foi secretário-geral da JSD, onde era considerado o "homem da máquina". Na secção F sucedeu a Fernando Ribeiro Rosa, um militante que foi adjunto de Barroso e chefe de gabinete de Santana Lopes. Rodrigo também teve a sua quota-parte: foi assessor de Gabriela Seara antes de lhe tomar o lugar.
Na secção H está o ex-deputado Alexandre Simões, quadro superior do Ministério das Finanças e um "caso à parte". Na I manda Francisco Oliveira e na Oriental o sociólogo Ismael Ferreira, um académico que foi assessor do seu colega de militância em Lisboa... Rodrigo Saraiva, o líder da F."
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