Email recebido de AAS:
«A Baixa, apesar de estar sem gestão e sem estratégia, continua a ser o centro histórico por excelência... Embora seja vista por nós cada vez mais como um "limbo híbrido", os turistas teimosamente insistem em visitá-la (...). Os que conseguem escapar às vergonhosas e miseráveis esplanadas onde cada batata frita tem que ser defendida de bandos de pombos ou vendedores de óculos e droga, lá conseguem encontrar "ilhas" de qualidade patrimonial e identidade local como a Confeitaria Nacional, o Nicola, etc.
"Ilhas" bem dispersas numa "cidade fantasma" onde falta o "elemento aglutinador de vivência", o tal "pulsar dinâmico e cosmopolita" que caracteriza outras cidades europeias. Neste sentido até é grave que a afluência turística esteja a aumentar, pois quantos mais vierem mais serão aqueles que chegarão à conclusão de que Lisboa, apesar do seu potencial, tem pouco para oferecer, numa típica história lusitana do "podia ter sido mas não foi".
Nesta perspectiva, venho também falar de fiscais, da Câmara de Lisboa e da sua actuação nos poucos estabelecimentos típicos que restam no grupo a que costumamos chamar "tascas" ou "casas de pasto". Sem me querer referir, com o perigo de generalização, a possíveis actividades "paralelas" no rigor da sua actuação, diria apenas que esse rigor pode ser caracterizado por um "toque de Midas" que tem o dom de conseguir transformar tudo quanto tocam em "inox". Basta visitar a microscópica Adega dos Lombinhos, na Rua dos Douradores, para nos apercebermos da alienante capacidade de destruição da aplicação de regras globalizantes "à letra", e sem qualquer sensibilidade para tradições locais, valores patrimoniais e autenticidade e identidade cultural. Até o WC é uma cápsula "inox" destacada no espaço do estabelecimento (...).
E agora passamos a um exemplo positivo de sobrevivência e resistência nesta saga do "inox". Estou a falar da apreciada Casa de Pasto Estrela da Sé, no Largo da Igreja de Santo António. Digo "apreciada" pois é visitada por elites culturais, sociais e políticas, mas isso não lhe vale de nada pois não usufrui de qualquer reconhecimento oficial ou protecção. E é aqui que entra o termo resistência.
Pois tem sido graças à consciência cultural dos proprietários e corajosa tenacidade face às investidas da "Brigada do Inox" que a Estrela da Sé ainda pode oferecer a autenticidade tão "apreciada" do seu interior inalterado. Ironia suprema! O Professor, na sua campanha eleitoral, elegeu a Estrela da Sé como o seu restaurante preferido ! Karamba! Professor!
António Sérgio Rosa de Carvalho
Lisboa »
E desolador!
ResponderEliminarOs engravatados de Bruxelas aseptisaram a velha Europa das tradições.
Gostava de ver essas Brigadas do Inox a fiscalizarem as multinacionais tipo MacDonald.
Já é dificil comer os verdadeiros jaquinzinhos, que mais parecem Jaquinzões...pobre país!
Governado por gente tão ignorante!
Valia a pena enviar esses zelosos fiscais e seus directores a Veneza, à Sicilia ou a vizinha Espanha.
Ainda não perceberam o que é o turismo, estão todos convencidos que vêm a Lisboa para ir a expo ou aos centros comerciais.