IN JN 22-05-2007 Ana Fonseca, José António Domingues
"Alta tensão" e "perigo de morte" são as duas frases com que os cerca de 500 utentes diários do Centro de Saúde de Marvila, em Lisboa, se deparam logo que entram naquelas instalações. A existência de um posto de transformação da EDP no interior do centro tem provocado a indignação e o alerta de utentes, médicos e demais trabalhadores. Porém, mesmo após as obras realizadas há cerca de cinco anos no local, a situação não foi alterada. Por outro lado, a EDP alega "que não há estudos conclusivos sobre a eventual nocividade do equipamento", disse ao JN o porta-voz da empresa.
O novo centro de saúde de Marvila já está pronto há mais de dois anos, no Bairro dos Lóios, em Chelas, mas como continua encerrado (ver caixa), a população da freguesia - uma das maiores de Lisboa - é obrigada a deslocar-se ao que se localiza na Rua Dr. Estêvão Vasconcelos, junto à estação de comboios de Braço de Prata. Além da dificuldade dos acessos, os utentes que ali procuram soluções para as suas maleitas deparam, junto à recepção, com uma porta cinzenta onde o "Perigo de Morte" espreita como se de um qualquer mau agoiro se tratasse. "Aquilo até faz impressão, o que vale é que a gente se habitua a tudo", confessou Marília Santos, que se deslocou ao centro para acompanhar a mãe.
No exterior, ao lado da entrada do centro de saúde, também existe uma porta cinzenta igual à do interior, mas de onde, conta outro utente, "tiraram as placas a dizer alta tensão e perigo de morte, se calhar para não dar tanto nas vistas", alvitrou.
Para os cerca de 25 médicos que por dia atendem 500 pessoas, a situação é considerada preocupante, como nos confirmou um dos técnicos. "É gravíssimo existir uma coisa destas aqui. Trata-se de um equipamento de alta tensão que emite radiações. Isto, além do perigo de poder explodir, sabe-se lá, apesar de eles virem cá fazer a manutenção".
Também o presidente da Junta de Freguesia de Marvila considera a situação alarmante "A maioria dos prédios da zona tem postos de transformação no interior, era prática normal na altura em que os construíram. Mas não há dúvida que o caso é complicado, ainda mais sendo num centro de saúde", disse Belarmino Silva. Mas mais uma vez, o porta-voz da EDP lembrou ao JN que o "posto de transformação se encontra devidamente licenciado pela Direcção Geral de Energia e de Geologia".
Além destes problemas, o Centro de Saúde tem outros, designadamente as fossas existentes no rés-do-chão. "Há uns tempos puseram silicone à volta das fossas, mas no Verão o cheiro continua a ser insuportável", garantiu um dos funcionários. Depois, adiantou, "como apanha sol, de manhã à noite, quando o ar condicionado está avariado, o centro parece uma estufa. Ninguém consegue estar lá dentro". Há também gabinetes médicos "cheios de humidade", assegurou.
Novo centro pronto há mais de 2 anos
O novo Centro de Saúde de Marvila está pronto há mais de dois anos mas continua encerrado. O equipamento, explicou o presidente da Junta de Freguesia, "feito no âmbito de um protocolo entre a Câmara Muinicipal e o Governo, situado num local com bons transportes, está em condições de ser aberto". Porém, o autarca assegura estar "farto de alertar o Ministério de Saúde para o facto e parece que andam a atirar o caso uns para os outros". É que o centro que está a funcionar actualmente, "além dessa questão do posto de alta tensão, é um edifício com muitos andares e escadas estreitas. Quando os elevadores se avariam é muito complicado para a maioria dos utentes". Por outro lado, como os transpotes escasseiam, "as pessoas têm muito dificuldade em lá chegar", finalizou"
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