24/05/2007

Jardim Botânico recebe Lineu no tricentenário do seu nascimento

In Público (24/5/2007)
Ana Machado

«O que faz Carl Linneaus e duas das suas filhas, vestidos como mandava o rigor do século XVIII, a assistir a uma apresentação sobre a informatização e modernização de um dos mais importantes herbários do país? O naturalista sueco responsável pela classificação das espécies, mas conhecido como o rei das plantas, devido à sua paixão pela botânica, não podia faltar à inauguração das novas instalações do herbário de criptogâmia, plantas sem flor do Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural, em Lisboa, que decorreu ontem, no dia em que Lineu completaria 300 anos.
Ao todo são 150 a 180 mil exemplares que, entre eles, contam com colecções como a de líquenes de Carlos Tavares, antigo professor da Faculdade de Ciências da UL, que está entre as dez mais importantes do mundo, explica a liquenóloga Palmira Carvalho, investigadora do Jardim. Parte da colecção vai agora estar também on-line, em http://brotero.politecnica.ul.pt. "As colecções não servem de nada, se não forem divulgadas", defende.
Carl Linneaus foi convidado pelo Jardim Botânico, para celebrar esta inauguração do novo herbário, que João Luís Baptista Ferreira, o investigador responsável pelo herbário afirma que veio salvar a colecção. "Hoje os armários de herbário já não são guardados em armários fedorentos. Perdemos 50 por cento da colecção", diz sobre a deficiente condição de armazenamento a que foi sujeita nos últimos anos.
Maria Amélia Loução, directora do Jardim, diz que esta inauguração é a homenagem a Lineu: "O amor que Lineu tinha pelas plantas, que permitiu classificar numa geração milhares de espécies, 23 classes, tem aqui a nossa homenagem."
Para recriar quem era Lineu e o ambiente em que viveu - um nobre de mau feitio, na Suécia próspera do século XVIII, que sonhou em ordenar o caos da biodiversidade - o biólogo César Garcia vestiu-se ontem de Lineu para ensinar, no Jardim Botânico, como se colhe, classifica e armazena uma colecção de plantas, um herbário, prática que a nobreza contemporânea do naturalista tanto apreciava. "Trazia sempre as filhas consigo, para ver se arranjava pretendentes. E lançou a moda, entre a senhoras da alta sociedade, de colher plantas e formar colecções", conta Fernando Catarino, biólogo e ex-director do Jardim Botânico, enquanto seguia Lineu e a sua corte improvisada pelos corredores do Jardim.
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Enquanto isso, a pré-campanha em Lisboa é «vulgar de Lineu».

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