04/05/2007

A «Recuperação do Campo Pequeno» na OE #3

Só após a execução deste sistema estrutural nas fundações da Praça se procedeu à escavação para construção de cada túnel (quadro de betão armado), o que foi realizado com recurso a estruturas de contenção provisória laterais, constituídas por perfis metálicos verticais (HEB140), entre os quais foram colocados barrotes de madeira e que foram escoradas lado a lado com recurso a tubos metálicos (Fig. 10).


Fig. 10 - Fotografias do faseamento construtivo dos túneis

Para a transmissão da carga vertical dos pilares, durante a construção, admitiram-se dois sistemas estáticos de equilíbrio da carga representados na Figura 11 (modelos a) e b)).

Como modelo base considerou-se o comportamento em flexão, tendo-se pré-esforçado as vigas transversais de forma a equilibrarem, na quase totalidade, a estimativa “possível” da força transmitida pelos pilares. Refira-se que os maciços de fundação dos pilares foram carotados de forma a permitir a passagem dos cabos de pré-esforço. A continuidade das armaduras ordinárias destas vigas transversais foram apenas asseguradas lateralmente. Complementarmente a este sistema de transmissão de carga, considerou-se judicioso assegurar o equilíbrio para uma parcela importante da carga total através de micro-estacas inclinadas que contribuem também para a estabilidade lateral do conjunto. Para a sua execução a fundação foi também furada, sendo posteriormente injectada com calda de cimento.


Fig. 11 - Modelos estáticos de equilíbrio de cargas

Para além das vigas transversais, previram-se ainda vigas longitudinais de travamento, com pré-esforço axial, e que, complementarmente, contribuem para a ligação das contenções 2 e 3.

Plano de Instrumentação e Observação

Face à importância do edifício, enquanto monumento classificado, a construção das estruturas de contenção e consequente processo de escavação obrigou a um rigoroso controlo dos movimentos do edifício existente, assim como das estruturas de contenção, bem como a evolução do pré-esforço nas ancoragens, pelo que foram instalados diversos equipamentos de observação durante o período de duração da obra. A observação topográfica foi efectuada com um total de 162 alvos.

Os deslocamentos horizontais das contenções e do terreno foram medidos com recurso a inclinómetro, em tubos instalados no interior da parede moldada e em furos realizados no terreno atrás das estruturas de contenção, num total de 25 tubos. Nas ancoragens e tirantes foram instaladas 15 células de carga.

A periodicidade das leituras foi, em geral, quinzenal, tendo sido reduzida sempre que se considerou necessário, nomeadamente durante a construção dos túneis sob o edifício ou aquando da obtenção de valores anómalos.


Fig. 12a - Deslocamentos horizontais da fachada

Fig. 12b - Deslocamentos verticais da fachada

Nas figuras 12a e 12b apresentam-se os deslocamentos medidos nos alvos instalados na fachada exterior do edifício, respectivamente no que se refere aos desvios ortogonal e altimétrico. Foi registado um deslocamento máximo, na perpendicular à fachada e no sentido do exterior do edifício, da ordem de 25 mm, e um assentamento vertical da mesma ordem de grandeza. Verifica-se, ainda, que os maiores deslocamentos foram registados nos torreões, sendo que na zona da coroa circular os valores máximos obtidos foram da ordem de 10 a 15 mm. Verificou-se que a grandeza dos deslocamentos observados foi um pouco superior aos valores previstos, apesar de se terem mantido sempre dentro de valores admissíveis. Refere-se, ainda, que, da observação topográfica realizada nos elementos estruturais existentes na zona dos túneis, registaram-se, durante a sua execução, deslocamentos inferiores a 1 mm, o que realça a eficiência do sistema de transmissão de carga idealizado.

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