In DN
"O PS tenta tudo por tudo para alargar a maioria
António Costa e José Sá Fernandes estavam ontem a negociar um acordo na Câmara Municipal de Lisboa. À hora do fecho desta edição, não era ainda claro se o acordo seria alcançado.
Mesmo que o seja, tal nunca proporcionará ao presidente eleito uma maioria de governação. O PS elegeu seis vereadores, o Bloco um (o próprio Sá Fernandes) e para se fazer maioria são precisos pelo menos nove vereadores (ao todo são 17, presidente incluído).
Sá Fernandes impunha para a negociação um caderno de encargos pesados. Seis condições, entre as quais a proibição de novos empreendimentos na frente ribeirinha e o cancelamento da permuta que permitiu à Bragaparques ficar com metade dos terrenos da Feira Popular (entretanto desactivada), cedendo em troca à câmara municipal os terrenos do Parque Mayer. Também recusa governar se o elenco camarário integrasse, com pelouro, membros da antiga maioria camarária (ou seja, do grupo de três eleitos do PSD e do grupo de três eleitos de Carmona Rodrigues).
Outras condições prendiam-se com a implementação em Lisboa do Plano Verde do arquitecto Ribeiro Telles (pelo qual Sá Fernandes poderia ficar responsável no executivo camarário), com a reestruturação do universo empresarial da autarquia (operação que seria centrada na EPUL) e ainda com uma política de habitação que obrigasse qualquer novo empreendedor a colocar no mercado 20 por cento dos imóveis vendíveis sob preços controlados.
O presidente eleito conversou também com Helena Roseta, estando à espera de um entendimento com o Bloco de Esquerda para fazer avançar essas conversas de forma mais consequente. Aparentemente, Roseta enfrentava problemas com o seu número dois, Manuel João Ramos, que recusava qualquer espécie de entendimento com o PS. (O DN tentou, em vão, contactar Manuel João Ramos).
A confirmar-se uma divisão entre os dois eleitos da lista independente de Roseta, isso faria com que, mesmo a ex-militante do PS alinhando com António Costa, a maioria ficasse a um vereador de ser absoluta. A dificultar o acordo Costa/Roseta estará também o facto de a número três da lista do PS, Ana Sara Brito, ter com a ex-militante do PS uma relação péssima. As duas desentenderam-se na campanha presidencial de Manuel Alegre.
Helena Roseta adiantou ontem ao DN que, "até há semana passada, houve conversas com o presidente" sobre uma eventual coligação, "mas desde aí não sei de mais nada, pelo que a iniciativa agora terá que ser dele".
Quanto a pelouros, não quis dizer que pastas poderá assumir: "Esse assunto pertence a uma conversa entre mim e o presidente." No entanto, referiu a sua experiência à frente da Câmara de Cascais. "Não é necessário haver coligação para haver pelouros. Em Cascais distribui pelouros e governei sem maioria."
Ao longo de toda a campanha, a ex-militante do PS colocou duas condições para colaborar com António Costa na governação da cidade: que o pelouro do urbanismo fosse gerido no executivo camarário de forma colectiva; e o que do plano de revitalização da Baixa-Chiado fosse eliminado o projecto de construir três parques de estacionamento"
Sem comentários:
Enviar um comentário