In Jornal de Notícias (18/7/2007)
José António Domingues
«A Comunidade Portuária de Lisboa, que reúne vários operadores do porto de Lisboa, alertou ontem para os riscos de especulação imobiliária caso a gestão das zonas ribeirinhas passe para a autarquia lisboeta.
"Estes terrenos são muito valiosos e tememos que se houver mudança de gestão da zona ribeirinha deixemos de ter esta zona e passemos a ter aqui especulação imobiliária", disse o presidente da Comunidade Portuária de Lisboa, João Carvalho, durante uma conferência de imprensa ontem em Lisboa.
Num documento distribuído aos jornalistas, os responsáveis da Comunidade Portuária vão mais longe e consideram que "passar para a gestão camarária as áreas da zona ribeirinha do Tejo, não significa preservar essas zonas, mas receamos antes pelo contrário, abri-los à voragem da especulação imobiliária".
Acrescentam que se esta zona está hoje razoavelmente preservada "foi exactamente porque se impediram excessos aos apetites camarários".
A discussão em torno da futura gestão das zonas ribeirinhas marcou a campanha eleitoral para a câmara de Lisboa, depois de ter sido conhecido o convite feito a José Miguel Júdice, mandatário da candidatura de António Costa (PS), para liderar o projecto governamental de reabilitação da frente Tejo da cidade.
O projecto equivaleria a uma nova Expo'98 na zona ocidental e envolveria como parceiros as câmaras de Lisboa e Oeiras e Administração do Porto de Lisboa (APL), que veria a sua autonomia reduzida. (...)»
Estas declarações do responsável da CPL dão vontade de rir, porque uma coisa foi o historial da APL há 12-15 anos (abertura da frente ribeirinha ao público, desmantelamento de armazéns, etc.), outra, bem diferente, foi a sua actuação nos últimos anos, com projectos de hotéis, edifícios de escritórios, interfaces que não o são, derrube sistemático de árvores, aumento do terminal de contentores, atentados ao sistema de vistas e, imagine-se, até um projecto recente de centro comercial para o Jardim do Tabaco!
Por isso, entre a especulação imobiliária da CML e a do governo, por via da APL, venha o diabo e escolha. Eu já escolhi: CML, porque, ao menos, é passível de ser referendada publicamente.
A APL não é eleita pelo povo, a CML é. Obviamente que pode e haverá especulação, mas pelo menos haverá provavelmente uma visão de conjunto.
ResponderEliminarmeteusNão me queiram convencer agora que a comunidade portuária é movida apenas por interesses altruístas.
ResponderEliminarAo menos a CML é um órgão eleito e que é responsabilizável pelos seus actos!
espera tudo menos tanta "cara de pau"...
ResponderEliminardesculpem-me a boçalidade, mas não me ocorre outra coisa.
Este tipo de declarações são uma gritante falta de respeito para com os habitantes de Lisboa! "Estes terrenos são muito valiosos e tememos que se houver mudança de gestão da zona ribeirinha deixemos de ter esta zona e passemos a ter aqui especulação imobiliária" O que é que está a acontecer agora? Mas eles acham que os lisboetas são atrasados mentais? Isto é gozar com as pessoas!
ResponderEliminarApesar da Extraordinária Importância Económica da Actividade Portuária, ou por causa disso, não é possível deixar a APL agir como está a fazer. Veja-se o Hotel que está em construção frente ao CCB, operação identificada como Qualificação Urbana pela APL e que corta como não conheço outra, toda a largura disponível, acabando com ciclovias e outras vias. É inadmissível a liberdade que têm as autoridades portuárias principalmente em zonas urbanas. Não limitemos a questão da APL a Lisboa.
ResponderEliminarÉ, chamam-lhe "Qualificação urbana", a esse horror que está a crescer entre a Torre de Belém e o Padrão dos Descobrimentos... Como é possível?
ResponderEliminarEntretanto, deixa-se cair aos bocados aquela casa lindíssima, abaixo do Jardim da Princesa, e que foi residência do governador da Torre de Belém ...