In Diário de Notícias (11/7/2007)
JOÃO PEDRO HENRIQUES
NUNO FOX-ARQUIVO DN (foto)
«José Miguel Júdice - mandatário de António Costa
Tem sido muito criticado pelas candidaturas adversárias à de António Costa, de que é mandatário, por ter aceitado ser uma espécie de comissário da reabilitação da frente Tejo ocidental. Como comenta?
Já percebo que é assim a política. À falta de melhores argumentos ataca-se o carácter das pessoas. Mas quem aceita algumas responsabilidades tem de saber viver com isto.
Mas algumas críticas foram muitas duras.
Sim. E o que digo é que depois de iniciar estas funções - se o convite do engenheiro Sócrates se mantiver - irei ter uma conversa com Telmo Correia e José Sá Fernandes. O primeiro tratou disto como um tacho e o segundo afirmou que eu iria estar a representar os interesses de promotores imobiliários que são clientes do meu escritório. Ora isto é ofensivo. Mas será sempre uma conversa tranquila, disso pode ter a certeza.
Fernando Negrão afirmou que parecia haver aqui uma espécie de "trade off": o senhor teria aceitado ser mandatário de António Costa porque antes tinha aceitado comissariar a tal reabilitação da frente ocidental ribeirinha.
Pois, é mais uma. Diga-me: afinal que é o negócio de eu aceitar uma função que será desempenhada sem receber nada? Aceitei ser mandatário de António Costa porque concordo com o projecto, assim como há dois anos aceitei ser mandatário de Maria José Nogueira Pinto.
O que é facto é que houve muito silêncio à volta deste convite e o silêncio tem na política essa "virtude": adensa sempre as suspeitas...
Mas isso foi porque o primeiro-ministro entendeu - e a meu ver bem - que não devia divulgar a notícia porque isso influenciaria a campanha em Lisboa. Repare: este projecto vai ser bom para Lisboa.
Mas afinal qual será a sua função ao certo?
Isso não posso dizer porque o modelo não está ainda completamente definido. Posso dizer que haverá três sociedades [para o Cais do Sodré, Belém e zona da Docapesca], e o convite é para as coordenar.
Há alguma relação entre este convite e o facto de se ter demitido do PSD?
Ai, não, não, não (risos). Isso [a demissão] foi meses antes. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Não vou filiar-me no PS. E há outra coisa: o Governo não pode estar permanentemente a ser atacado por só colocar em funções públicas pessoas que são do PS e depois ser atacado por fazer um convite a uma pessoa que não é do PS. Assim não se faz nada.
Se este convite se confirmar, será a sua última tarefa antes de se reformar da vida pública?
Sim, certamente. Quando acabar esta tarefa, que deverá prolongar-se por três anos e meio, terei 61 anos. Já adiei e vou voltar a adiar algumas tarefas que tinha planeado, como escrever um livro sobre o Mediterrâneo. Faço notar que em mais de 30 anos de vida política é o primeiro cargo público que aceito - e é de borla. Tudo o que eu ganhei foi a trabalhar.»
À borla...
ResponderEliminarCá para mim, acabou de se esgotar o argumento de que em Portugal os políticos ganham pouco...
Um dos grandes sucessos literários no universo da gestão em Portugal é um livro escrito pelo Prof. Cesar das Neves intitulado "Não há almoços grátis"
ResponderEliminarComo é que isto só se sabe agora? como é possível? quem escondeu? porquê? como é que andaram este tempo todo a falar da zona ribeirinha e não disseram que o mandatário da candidatura irá assumir um papel de relevo?
ResponderEliminarE a Gabriela Ventura? porque é que não disse que era quadro da Mota-Engil? porque é que omitiu?
Sinto, numa palavra só: DESCONFORTO.