A 1ª referência sobre a possível construção de um terminal de cruzeiros no Porto de Lisboa é no Plano Estratégico do Porto de Lisboa (PEPL), apresentado em 2006. Da análise desse plano decorre que:
Os cruzeiros são uma área de negócio em expansão e, em Portugal o Porto de Lisboa só é superado pelo do Funchal.
Número de acostagens navios de Cruzeiros:
2001 2002 2003 2004 2005
221 226 272 278 255
Fonte: Relatório Analítico C - PEPL
Apesar da ligeira redução no número de navios em 2005, a sua tonelagem e calado tem vindo a aumentar (esta é uma tendência mundial), o que é comprovado pelo número de passageiros desembarcados:
Número de passageiros desembarcados (em milhares):
96 97 98 99 2000 2001 2002 2003 2004 2005
115 113 139 161 189 148 164 209 241 239
Regista-se a mesma quebra ligeira em 2005, que acompanhou uma tendência mundial.
Assume-se que a maior parte destes passageiros dessembarcados fica apenas algumas horas em Lisboa, sendo levados em autocarros de excursão e não realizando despesas significativas, até porque Lisboa é mais um porto de escala do que partida ou chegada de rotas.
Volume da área de negócio dos cruzeiros:
2001 % * 2002 % 2003 % 2004 %
782.586 € 2,1 757.988 € 1,9 1.005.052 € 2,3 1.158.342 € 2,6
* - percentagem do volume de negócios total da APL
Fonte: Relatório Analítico C - PEPL
Portanto, embora em crescimento, a área de negócios dos cruzeiros tem um peso pequeno no volume total, especialmente se comparada com a área de Exploração do Património (alugueres de terrenos, edifícios e afins...) que representa entre 28 e 30% do bolo total.
Além disso, os cruzeiros dão, objectivamente, grandes prejuizos à APL, representando em 2004, 43,7% do resultado operacional negativo:
Resultados operacionais (proveitos-custos) da área de negócio dos cruzeiros:
2001 % * 2002 % 2003 % 2004 %
-999.400 € 11,2 -1.479.843 € 22,5 - 1.519.854 € 62,7 -3.866.962 € 43,7
* - percentagem do prejuizo total da APL
Fonte: Relatório Analítico C - PEPL
Assim, é assumido neste Relatório que "esta área mostra-se de pouco interesse para o porto" mas de interesse para a cidade e para o país, devendo, no futuro "entidades externas" ao porto ajudar a suportar este prejuizo. (???) Pois é, está mal explicado...
Os actuais cais de acostagem em Santa Apolónia e Rocha do Conde de Óbidos estão saturados e não permitem a acostagem dos navios de calado e tonelagem cada vez maior que são utilizados.
Assim, no Relatório Síntese do PEPL é previsto construir um terminal de cruzeiros no Jardim do Tabaco, com um investimento estimado de 30 milhões de euros e prevendo a conclusão em 2010. O Terminal surge sempre associado ao projecto de reabilitação da Baixa-Chiado, invocando a reabilitação e reordenamento da zona ribeirinha.
A obra que neste momento está já a decorrer é a de dragagem, retirada de lodos (algo que a APL já deveria ter feito há muito) e consolidação da muralha. No local não encontro nenhuma informação sobre valor e cronograma da empreitada. Foi adjudicada às empresas SOMAGUE e SETH.
Há mais pormenores técnicos na nota de imprensa da APL que vai em anexo.
A retórica oficial está no discurso da Secretária de Estado que também aí vai.
Vão ainda as imagens que apareceram na comunicação social.
E é tudo o que sabemos...
De qualquer forma, podemos perguntar: para que servem as Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha de Conde de Óbidos?
Os cruzeiros são um grande negócio, atodos os níveis, para Lisboa.
ResponderEliminarMas com 15km d efrente ribeirinha, tinha mesmo de ser frente a Alfama?
E a Doca de Pedrouços? E a Doca de Alcântara?
Em vez de abrir as portas da cidade histórica para o rio.....querem fecha-las. Este projecto é (mais) um atentado à nossa cidade. As cidades são primeiro que tudo para quem as habita, só depois para quem as visita. Excluindo o "muro" de centenas de metros, Alfama vai ter ainda na sua frente navios de alturas muito superiores a qualquer edifício desse bairro.
ResponderEliminarIsto tudo para turista de calções e sandálias ter uma boa vista para a cidade histórica.....por algumas horas ? Por favor...ACORDEM !!!
Julio Amorim