In Público (19/10/2007)
Inês Sousa
«O clube tem dez dias para responder, mas a autarquia alega que a sua proposta é inviável, por violar o PDM
A Câmara Municipal de Lisboa (CML) propôs o indeferimento do projecto apresentado pelo Clube de Tiro de Monsanto (CTM), anunciou ontem o vereador dos Espaços verdes, José Sá Fernandes, durante uma conferência de imprensa realizada no Espaço Monsanto, em Lisboa.
Este projecto, que inclui um conjunto de medidas minimizadoras de impacte ambiental, prevê a construção de um muro com uma extensão de 615 metros e nove de altura, numa zona classificada pelo Plano Director Municipal (PDM). No despacho assinado a 16 de Outubro pelo presidente da CML, António Costa, e por Sá Fernandes, e a que o PÚBLICO teve acesso, pode ler-se que a proposta, "face ao PDM em vigor é, desde logo inviável." Mas só depois de o CTM responder, num prazo de dez dias úteis previsto no Código de Processo Administrativo, é que a câmara poderá tomar uma decisão final.
A concessão do CTM, em Monsanto há mais de 40 anos, terminou em Fevereiro deste ano, pelo que a CML terá concedido um prazo de três meses para que os terrenos fossem desocupados. Entretanto, o clube foi sempre adiando a entrega do projecto para a minimização do impacte ambiental, ao mesmo tempo que continuava a exercer a sua actividade. No inicio de Setembro, a CML determinou a suspensão da prática de tiro em Monsanto.
Durante a conferência de imprensa, José Sá Fernandes mostrou-se sempre indignado com a presente situação em que se encontra aquela zona: "Não percebo como é que se pode permitir a actividade de tiro em Lisboa, com chumbo a cair em cima da cabeça das crianças", argumentou o vereador do Bloco de Esquerda, referindo-se ao facto de as crianças que ali se deslocam para efeitos de educação e sensibilização ambiental serem, muitas vezes, atingidas com chumbo. Sá Fernandes também considerou "inaceitável" a "coligação negativa que se está a gerar para destruir Lisboa", fazendo alusão ao facto de o PSD ter proposto, na última reunião de câmara, a manutenção da actividade no campo de tiro, até que fosse tomada uma decisão final pela CML.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do CTM, Carlos Duarte Ferreira, afirmou que a rejeição do projecto apresentado "terá uma resposta técnica e jurídica". E chamou também a atenção para a existência de 17 funcionários a trabalhar no clube, "alguns dos quais há 30 ou 40 anos, e que moram com as famílias nas instalações de Monsanto".
O vereador do BE garantiu já ter pedido aos serviços da CML para que procurassem um espaço alternativo para as instalações do Clube de Tiro.
A prática de tiro no clube em Monsanto estava a contaminar os solos com chumbo, para além de provocar muito ruído»
Finalmente alguém teve coragem nesta cidade para pôr certos senhores na ordem. Parabéns!
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