Está em andamento uma intervenção urbanística do estilo "Convento dos Inglesinhos".
Em junho passado foi concedido um alvará de obras de alteração para o PALÁCIO DOS ANDRADES no Bairro Alto (Rua de São Pedro de Alcantâra, 25 a 37).
Este palácio - também conhecido como Palácio Cunha e Meneses, ou dos Lumiares - foi erguido em 1703. Encontra-se em avançado estado de degradação e vai ser agora transformado numa unidade hoteleira. A intenção, de adaptar o que resta do antigo palácio num hotel de qualidade, poderia ser uma boa notícia para a cidade.
O problema é que, mais uma vez, a CML aprovou o pedido do proprietário para escavar caves de estacionamento. Todo o interior vai ser demolido - apenas as fachadas exteriores irão ser preservadas. A Unidade de Projecto do Bairro Alto (UPBA), que não foi consultada pelo Departamento de Urbanismo da CML, não conhece detalhes do projecto para além dos que acabei de descrever. Não se percebe como é que a UPBA não foi ouvida, apesar de ter no seu quadro um historiador que se dedica exclusivamente à história do Bairro Alto. O esvaziamento das competências das unidades de projecto dos bairos históricos (uma péssima iniciativa do ex-presidente Santana Lopes) leva a que projectos mediocres e maus sejam aprovados em bairros históricos.
Também parece que de nada valeu o facto de nos últimos anos tanto se ter falado dos efeitos negativos da abertura de caves de estacionamento nas zonas históricas da cidade.
Neste caso concreto, para além da questão das águas/solos, pôe-se mais uma vez o problema da destruição de património arqueológico uma vez que, num local da cidade como aquele, é mais do que certo existirem vestígios arqueológicos importantes para a cidade.
Lisboa não pode continuar, eternamente, a repetir os mesmos erros!
É importante averiguar o processo de obra deste palácio. Não faz sentido nenhum que um hotel no Bairro Alto precise de estacionamento subterrâneo. Os hotéis de charme no centro de Paris, Londres, Amesterdão, etc, não têm estacionamento subterrâneo - porque é que em Lisboa tem de ser ao contrário? Na verdade, se um promotor tem de operar transformações tão radicais, violentas mesmo, num imóvel com valor patrimonial, automáticamente contradiz o conceito de "Hotel de Charme". Eventualmente, estamos perante um hotel convencional disfarçado de hotel de charme.
Como agravante, o Palácio dos Andrades está localizado entre dois imóveis classificados: do lado direito o PALÁCIO LUDOVICE e, mesmo em frente, a IGREJA DE SÃO ROQUE. Escavar caves enormes junto destes dois monumentos classificados é acção pouco aconselhável.
As informações que constam do AVISO afixado no imóvel são as seguintes:
"A CML emitiu em 27-06-2007, o ALVARÁ DE OBRAS DE ALTERAÇÃO nº 253/EO/2007. Titular do alvará, HERSAL - Investimentos Turísticos S. A. As obras foram aprovadas por despacho de 10-04-2007 do Sr. Presidente da Câmara António Carmona Rodrigues. Prazo para conclusão das Obras: 8 meses"
Em junho passado foi concedido um alvará de obras de alteração para o PALÁCIO DOS ANDRADES no Bairro Alto (Rua de São Pedro de Alcantâra, 25 a 37).
Este palácio - também conhecido como Palácio Cunha e Meneses, ou dos Lumiares - foi erguido em 1703. Encontra-se em avançado estado de degradação e vai ser agora transformado numa unidade hoteleira. A intenção, de adaptar o que resta do antigo palácio num hotel de qualidade, poderia ser uma boa notícia para a cidade.
O problema é que, mais uma vez, a CML aprovou o pedido do proprietário para escavar caves de estacionamento. Todo o interior vai ser demolido - apenas as fachadas exteriores irão ser preservadas. A Unidade de Projecto do Bairro Alto (UPBA), que não foi consultada pelo Departamento de Urbanismo da CML, não conhece detalhes do projecto para além dos que acabei de descrever. Não se percebe como é que a UPBA não foi ouvida, apesar de ter no seu quadro um historiador que se dedica exclusivamente à história do Bairro Alto. O esvaziamento das competências das unidades de projecto dos bairos históricos (uma péssima iniciativa do ex-presidente Santana Lopes) leva a que projectos mediocres e maus sejam aprovados em bairros históricos.
Também parece que de nada valeu o facto de nos últimos anos tanto se ter falado dos efeitos negativos da abertura de caves de estacionamento nas zonas históricas da cidade.
Neste caso concreto, para além da questão das águas/solos, pôe-se mais uma vez o problema da destruição de património arqueológico uma vez que, num local da cidade como aquele, é mais do que certo existirem vestígios arqueológicos importantes para a cidade.
Lisboa não pode continuar, eternamente, a repetir os mesmos erros!
É importante averiguar o processo de obra deste palácio. Não faz sentido nenhum que um hotel no Bairro Alto precise de estacionamento subterrâneo. Os hotéis de charme no centro de Paris, Londres, Amesterdão, etc, não têm estacionamento subterrâneo - porque é que em Lisboa tem de ser ao contrário? Na verdade, se um promotor tem de operar transformações tão radicais, violentas mesmo, num imóvel com valor patrimonial, automáticamente contradiz o conceito de "Hotel de Charme". Eventualmente, estamos perante um hotel convencional disfarçado de hotel de charme.
Como agravante, o Palácio dos Andrades está localizado entre dois imóveis classificados: do lado direito o PALÁCIO LUDOVICE e, mesmo em frente, a IGREJA DE SÃO ROQUE. Escavar caves enormes junto destes dois monumentos classificados é acção pouco aconselhável.
As informações que constam do AVISO afixado no imóvel são as seguintes:
"A CML emitiu em 27-06-2007, o ALVARÁ DE OBRAS DE ALTERAÇÃO nº 253/EO/2007. Titular do alvará, HERSAL - Investimentos Turísticos S. A. As obras foram aprovadas por despacho de 10-04-2007 do Sr. Presidente da Câmara António Carmona Rodrigues. Prazo para conclusão das Obras: 8 meses"
Entretanto, o proprietário entregou no dia 25 de Outubro de 2007 um pedido de demolição (processo nº 1746/EDI/2007). Preparem-se porque em breve a escadaria monumental barroca, pórticos, os telhados em tesoura e tudo o mais que ainda resta de valor vem abaixo. Quanto ao que vai surgir no lugar da actual ruína, resta esperar que seja obra minimamente digna da história do lugar.
Meu Deus, o nosso atraso é aterrador. E vejo que o projecto foi aprovado nos últimos dias de funções do Prof. Carmona Rodrigues. Devia-se investigar... afinal o ex presidente da Câmara é arguido num processo ligado a questões imobiliárias.
ResponderEliminarserá que isto nunca mais tem fim? è sempre a destruir...já chega.
ResponderEliminarVoltamos sempre ao mesmo ponto: os cidadãos são muito pouco participativos na defesa do que lhes pertence. Há muito a ideia de que não há nada a fazer, de que estas coisas não nos dizem respeito, que os que têm o poder é que têm que fazer, etc, etc.
ResponderEliminarEnquanto não nos capacitarmos de que só nós podemos defender o que é nosso - e temos essa obrigação - nada mudará. Os fulanos do poder hão-de continuar a preocupar-se apenas com as exigências dos mestres-de-obras, dos corruptos do futebol, dos grandes senhores do mundo. E nós se algumas vezes levantamos a voz, quase sempre é tarde. E não evitamos a destruição da cidade.
Chamar nomes aos tipos quando aparecem na televisão, não chega.
É preciso estarmos atentos e evitar que destruam o que nos pertencem.
o novo executivo tem agora uma moportunidade para mostrar o que vale, emudar o estado das coisas.os empreiteiros e empresas do imobiliario terao de aprender que o futuro passa pelareabilitacao, restauros, remodelacao do que ja temos. Basta de destruicao!
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