In Público (4/10/2007)
Luís Filipe Sebastião
«Oeiras aposta na requalificação da frente ribeirinha com novos projectos urbanísticos e no prolongamento do passeio marítimo
3000 pessoas é a estimativa da carga máxima de ocupação prevista para o empreendimento do Alto da Boa Viagem
19pisos será a altura máxima das seis torres a construir, das quais três serão para habitação e as restantes para hotel de 5 estrelas
8000pessoas será a capacidade máxima do pavilhão multiusos para espectáculos musicais e desportivos
20milhões de euros é o investimento para a construção do pavilhão no modelo de parceria público-privado
Tomás Taveira: "Sempre que começo a desenhar começo com um quadrado e depois perco o controlo da mão"
O projecto urbanístico no Alto da Boa Viagem vai levar para uma área actualmente abandonada entre a Marginal e a auto-estrada de Cascais (A5) entre duas a três mil pessoas. O complexo residencial, de serviços e comércio poderá agravar as condições de acessibilidade na zona do Jamor, mas foi ontem apresentado pela Câmara de Oeiras como um dos projectos para requalificar a frente ribeirinha do município.
O estudo urbanístico para o Alto da Boa Viagem, que visa intervir em 40 hectares na freguesia de Caxias, foi aprovado pela autarquia de Oeiras em Maio. O projecto "multifuncional de luxo" deverá receber cerca de 1400 habitantes, em cerca de 430 fogos repartidos por três torres, com entre 17 e 19 pisos, e moradias. Um hotel de cinco estrelas do grupo Vila Galé, com 19 andares e três torres, acrescentará mais 430 unidades de alojamento turístico, estando também previstos edifícios para equipamentos, serviços e comércio. Na parte mais alta do terreno, próximo da CREL, será construído o novo pavilhão multiusos de Oeiras, numa área com mais de 15 mil m2, com capacidade para até oito mil pessoas, vocacionado para espectáculos e provas desportivas. Os moradores da zona de Caxias já manifestaram as suas reservas aos impactos negativos que o empreendimento poderá provocar nas acessibilidades da zona.
O autor do pavilhão, Tomás Taveira, apresentou ontem o projecto para o Alto da Boa Viagem como um exemplo de "intervenção sustentável" em Oeiras. O arquitecto, numa intervenção na conferência Waterfront Expo 2007, a decorrer na antiga FIL, não poupou elogios pela forma como a autarquia da periferia da capital tem cuidado dos dez quilómetros da sua frente ribeirinha, que conhece desde miúdo, quando se deslocava de Lisboa para ir a banhos na praia da Torre, levando "três horas para ir e outras três para voltar" a casa.
"Gostava de construir aqui, mas tenho que me conter", admitiu o arquitecto face à zona da antiga casa de chá do Alto da Boa Viagem, colada à Marginal, à linha da CP e ao rio, salientando que a frente marítima tem sido poupada à densificação urbana para que os munícipes possam usufruir dos usos balneares e de lazer. Depois explicou como chegou às for-
mas deste projecto: "Sempre que co-
meço a desenhar começo com um quadrado e depois perco o controlo da minha mão e aparecem coisas como estas."
Passeio até Algés
O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, assistiu à intervenção de Taveira e adiantou, à margem da conferência, que o projecto para o Alto da Boa Viagem atrairá "entre duas a três mil pessoas", num empreendimento de média densidade e de alta qualidade. O pavilhão multiusos será construído no âmbito das parcerias público-privadas a lançar pela autarquia, modelo que já foi aprovado pelo executivo municipal para a construção do futuro Centro de Congressos, na Quinta da Fonte (Porto Salvo), e para o Centro de Formação Profissional na Outurela. As obras deverão arrancar em 2008.
O autarca gostaria de ver concluído até 2012 o prolongamento do passeio marítimo entre a Torre e Algés. Actualmente está em curso a construção da segunda fase entre Santo Amaro de Oeiras e Paço de Arcos, mas a câmara vai lançar o estudo para uma terceira fase até Caxias. Isaltino Morais aposta também na construção da piscina olímpica, com 136 metros, nas Fontainhas, para onde está previsto um hotel de charme e um spa.
Num concelho em que "70 por cento do território tem exposição para o Tejo e para o mar", o autarca de Oeiras mostrou-se satisfeito pela abertura com que as sucessivas administrações do porto de Lisboa têm vindo a colaborar com as autarquias. »
Não é em Lisboa mas é como se fosse. Este projecto é a machadada final em Caixas. Uma aberração completa, fruto do sistema ptolomaico que emana de arquitectos como o Sr. Taveira, que ainda não está contente com os diversos atentados que tem feito por Lisboa, desde o pólo de arquitectura em Monsanto, até à pintura dos prédios da Zona J de Chelas. Inenarrável projecto, este, que acabará com uma zona verde, um horizonte entre estuário e serra. Não foi a Srª Celeste Cardona que acabou com Caxias, é agora o Sr. Isaltino e Cia. Ilda. Um aborto, este projecto. Uma vergonha, a que um governo sem pálas poria imediatamente fim. Aguardemos.
como é que ainda é possível entregar projectos ao Taveira!? Só um cego é que não vê o lixo que as suas obras constituem.
ResponderEliminarPróprio do 3º mundo e da corrupção que por aqui grassa. O empreiteiro Vicente Antunes foi um dos maiores finciadores da campanha do Isaltino e agora tem a paga, cam a provação deste projecto. E ainda falam em qualidade...
ResponderEliminarMas como diz o Vitalino canas, isso da corrupção é umas coisitas menores... o que me surpreende é como é que o Isaltino continua impune. Deve saber muita coisa de muita gente...
Eu concordo com as preocupações deste post.
ResponderEliminarMas acho que a pintura dos edifícios da antiga zona J (agora chama-se bairro do condado) não só ficou bonita como valorizou um espaço público deprimido e degradado.
E o Taveira teve obras muito interessantes, embora normalmente muito mal enquadradas no seu contexto urbano
O anonimo deveria perguntar aos habitantes da zona J se gostam de viver naqueles predios.
ResponderEliminarQuando ao desenho urbano do Alto da Boa viagem é absurdo e retrogado em parte nenhuma do mundo se faz ruas sem saida! Infelizmente em Portugal somos um pouco atrasados e continuamos com praticas urbanisticas e desenho urbano do seculo passado.
Os maus exemplos estão ai para todos verem, Alto do Lumiar, Parque das Nações, Projecto urbano do Sporting, e Projecto Urbano de Benfica/Colombo, todos são um desastre. Ponham os olhos na baixa pombalina um projecto urbano construido ao longo de 250 anos e que funciona!
não é por nada, mas não foi o Taveira que fez o faculdade de arquitectura na ajuda....
ResponderEliminarIsto de se disparar no escuro para todos os lados tem o risco de se acertar no próprio pé. :\
Parece-me importante que qualquer notícia deva procurar pautar-se pelo rigor factual e pela isenção de opinião. Está-se aqui perante uma notícia que saíu num jornal considerado credível e rigoroso, mas que no entanto demonstra, precisamente, uma ausência de profissionalismo.
ResponderEliminarTalvez não fosse mau o Sr. Jornalista Luis Filipe Sebastião informar-se melhor sobre a autoria do "polo de arquitectura de Monsanto" que, ao invés de ser do arquitecto Tomás Taveira pertence ao arquitecto Augusto Brandão.
As minhas desculpas ao jornalista Luis Filipe Sebastião, pois o alvo do meu cometário consistia no último parágrafo do texto apresentado, que só agora reparei não se tratar já da notícia publicada no jornal O Público. Desta forma trasnfiro para o autor do blog, o Sr. Paulo Ferrero, a minha sugestão de ser rigoroso.
ResponderEliminarJá no que toca à isenção na opimião, retiro o que disse, pois está no seu direito de a manifestar.