In Público Online (15/11/2007)
José António Cerejo
«a A Câmara de Lisboa quer despejar a Companhia de Dança de Lisboa, já na próxima quarta-feira, das instalações que lhe cedeu em 1993, no Palácio do Marquês de Tancos. A companhia foi notificada na sexta-feira, mas o seu director, José Manuel Oliveira, garante que não sairá porque tem um protocolo válido até 2013.
A intenção de obrigar o grupo a abandonar os espaços nobres do palácio, situado perto do Largo do Caldas, foi-lhe comunicada em Junho passado, na vigência da comissão administrativa que geriu o município após a saída de Carmona Rodrigues. Os motivos então invocados centravam-se na intenção de ali instalar o gabinete do vereador da Cultura e no projecto de posterior venda do imóvel, bem como no incumprimento do protocolo de cedência.
Em resposta, a companhia contestou a alegada violação do protocolo, que foi renovado por dez anos em 2003, e logo após a eleição do novo executivo solicitou uma audiência a António Costa e a diversos vereadores. "Não me responderam, nunca cá vieram e agora querem-nos despejar à força", afirma José Manuel Oliveira, acrescentando que vai fazer tudo o que puder para impedir o despejo, que significaria "o fim da companhia". Na Internet está a correr uma petição contra a decisão camarária em http://www.petitiononline.com/NdespCDL/petition.html»
Para os ignorantes que desconhecem as actuações e a qualidade artística da companhia de dança de Lisboa, aconselho-os a consultar o site desta companhia: Conheço a Companhia de Dança de Lisboa e o seu Director Artístico, José Manuel Oliveira. Tenho acompanhado as suas actuações e aprecio o nível artístico dos seus espectáculos. As imagens que foram passadas pela televisão foram aquelas que mais convinham ao Presidente Costa e aos seus capangas – Que preferiram lançar o terror ao diálogo. Enviando um carga policial, logo pelas oito horas da manhã, arrombando portas centenárias à martelada( quer agora os municipes vão ter que pagar) aterrorizando os jovens bailarinos, que foram surpreendidos pelo uso da violência policial no interior das instalações – Jovens provenientes de vários países, que acreditaram que aqui poderiam dar o melhor das suas carreiras e que foram brutamente destruídas. As imagens passadas pela televisão e referidas no Público, são de um espaço ocupado por um idoso, que ali se instalara como guarda do palácio, muito antes da Companhia de Dança de Lisboa ter sido autorizada ao abrigo de um protocolo camarário, pelo que esta Companhia nada podia fazer face a um facto consumado. Vários executivos camarários tiveram conhecimento dos riscos que tal ocupação representava para o edifício mas preferiram tolerar a sua presença. Usando-a como arma de arremesso. Além de nunca terem feito quaisquer obras, a intenção era dificultar a actividade da CDL – por forma a que abandonasse o Palácio. Os bailarinos estavam instalados em apartamentos contíguos ao terraço; os salões eram usados apenas para a dança. No passado dia 17 de Novembro a CDL realizou ali um espectáculo para chamar atenção da ameaça do despejo. Eu e várias dezenas de pessoas estivemos lá – mas não vimos lá ninguém do actual executivo camarário – e, no entanto, o convite foi-lhe enviado.
ResponderEliminarO Sr Costa tem os mesmo tiques ditatoriais que a maioria socialista que nos desgoverna. Tanto assim que se recusou aceitar uma recomendação, aprovada por todos os partidos, com excepção dos socialistas, na última Assembleia Municipal:
“A Companhia de Dança de Lisboa foi fundada em 1984 e tem, desde essa data, apresentado um valioso trabalho de divulgação da dança, formação de intérpretes e a difusão de novas linguagens performativas, tendo realizado centenas de espectáculos.
Vieram, recentemente, a público notícias sobre a intenção da CML de despejar esta companhia do espaço municipal que ocupa no Palácio do Marquês de Tancos, sem que seja claro qual o destino que se pretende vir a dar a este espaço, nem se perspective nenhuma alternativa que possibilite a continuação do trabalho da Companhia de Dança de Lisboa.
Considerando que cabe ao município a criação das condições para que esta companhia para que continue a desenvolver a suas actividade, na cidade de Lisboa.
O Grupo Municipal do PCP propõe à Assembleia Municipal de Lisboa, na sua reunião de 20 de Novembro, que recomende à CML:
• 1. Suspender o processo de despejo da Companhia de Dança de Lisboa;
• 2. Estudar, com a direcção da Companhia a cedência de um espaço municipal alternativo que salvaguarde a continuação da sua actividade.
Aprovada por maioria. Votos a favor: PCP, PEV, BE; Abstenção: 1 deputado do PSD; votos contra: PS. “
COMPANHIA DE DANÇA DE LISBOA
www.cidadevirtual.pt/cdl
Fundada em 1984 por José Manuel Oliveira, seu actual Director, e pelo seu primeiro Director Artístico Rui Horta (8/84 a 4/87), tem como grandes objectivos a Divulgação da dança, tendo como actividade regular, desde esse ano, a formação de interpretes e de público, a par da criação e produção de coreografias, apresentadas em cerca de 2000 espectáculos (80% ,dos quais, no país).
Como três momentos a assinalar os espectáculos, de estreia nacional Évora 85.01.22,no Jardim da Cascata do Palácio Nacional de Belém, dedicado ao Presidente da República, em Setembro de 1987 e a estreia absoluta do espectáculo Cabo da Boa Esperança em 22.04.00, dia dos 500 anos do Brasil, no Teatro Municipal de São Paulo.
De 1/88 a 5/90, teve como responsável pela direcção artística o norte-americano Mark Haim. A CDL, produziu e remontou mais de 80 obras de coreógrafos nacionais e estrangeiros - Rui Horta, Patrice Soriero, Marc Bogaerts, Igal Perry, Mary- Jane O'Reilly, David Parsons, José Seabra, Monica Levy, Vitor Garcia, Mark Haim, P. Ribeiro, Gerri Houlihan, Lionel Hoche, Conceição Abreu, Célia Gouvêa e César Moniz.
A partir de 87 até 92, promove, no espaço dedicado aos jovens coreógrafos a estreia de quarenta e duas novas obras.
Em 1990 co-produziu com o serviço ACARTE da F.C.Gulbenkian o espectáculo a "Bailarina do Mar", coreografado por Paula Massano, com música original de A.Pinho Vargas, a partir da obra " A Menina do Mar" de Sophia de Melo Bryner.
De 5/93 a 10/94, sob a Direcção Artística de Olga Roriz transformou-se de Companhia de repertório na primeira companhia profissional de autor em Portugal, produzindo três espectáculos.
A partir de Outubro de 1995, sob a direcção de um Conselho Artístico, presidido pelo seu Director e constituido por Irina Stupina e Célia Gouvêa, retoma a sua actividade como Companhia de repertório moderno e contemporâneo.
Desde Janeiro de 1996 a Julho de 1997 a CDL, prepara a sua nova etapa, tendo em criação o espectáculo "Cabo da Boa Esperança", cuja ante-estreia teve lugar a 8 de Julho de 1997, junto à Torre de Belém, comemorações dos 500 anos da partida de Vasco da Gama para a histórica viagem que o levaria à India.
No plano internacional, espectáculos em: Bruxelas, Barcelona, Vigo, Santiago de Compostela, Pontevedra, Badajoz, Ourense, Cáceres, Praia, Mindelo, Milão, Brugge, Florença, Sevilha, Paris, São Paulo, Salvador, Ilhéus, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Lages, Jaraguá do Sul, Fortaleza, Sobral, Macaíba, Natal, Recife, Belém do Pará, Petropólis, Rio de Janeiro, Telavive e Cap Town.
A partir de 2000 e em resultado da recriação da responsabilidade da CDL, tendo como Assistente da Direcção Inês Pinto passa a designar-se, "Cabo da Boa Esperança – 520 anos depois".
Entre 1999 e 2006, internacionalização do espectáculo r“Cabo da Boa Esperança" com apresentações regulares em Portugal, Brasil Espanha e Cabo Verde .
Em 2003 e 2005, criação e itinerância a nível nacional e internacional dos espectáculos “Nos Silêncios da Lua – o Apelo do Mar” , “Mar é Morada di Sodade” e " A Saudade do futuro..."
Em 2007: Estreia nacional do espectáculo ante-estreado em Compostela 2000 “ Na Abertura do Horizonte – a Cidade da Utopia”, dedicado a José Afonso e a Agostinho da Silva, criação do espectáculo "Ao Encontro do Princípio...”, para comemorar os 25 anos da CDL.
Para todos os espectáculos, estão em preparação tournées, 2007 / 2008, a nível nacional e mundial.